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Teoria do Espelho O JORNALISMO COMO ESPELHO DA REALIDADE É a teoria mais antiga. Inspira-se no Positivismo do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857). A teoria acredita e defende a ideia de objetividade no jornalismo. Essa corrente vê o jornalista como um comunicador desinteressado, e que conta a verdade sempre, "doa a quem doer". Para o senso comum, é até hoje a concepção dominante no jornalismo ocidental. Tem dois momentos históricos: • Meados do século 19. Nascimento do jornalismo informativo, que separa opinião de informação. • Início do século 20 - o jornalismo aparece associado a objetividade, aqui entendida como método criterioso de pesquisa e checagem dos fatos. A teoria do espelho pressupõe que as notícias são como são porque a realidade assim as determina. A metáfora é autoexplicativa.Ela foi a primeira metodologia usada na tentativa de compreender porque as notícias são como são, ainda no século XIX. Sua base é a ideia de que o jornalista reflete o que é a realidade, ou seja, as notícias são como são porque a realidade assim as determina. A imprensa funciona como espelho da realidade, apresentando um reflexo do cotidiano. Essa teoria acredita que o jornalista é um mediador desinteressado, cuja missão é emitir um relato equilibrado e honesto sobre as suas observações. Seu dever é informar e informar quer dizer, buscar a verdade acima de qualquer coisa. Mas essa teoria é pobre e insuficiente por natureza. A simples argumentação de que a linguagem neutra é impossível, bastaria para refutar a teoria do espelho, pois não há como transmitir significado direto dos acontecimentos. Uma fonte pode distorcer o que realmente aconteceu, não é difícil encontrarmos lacunas nesta teoria. Sempre há um mediador entra o fato e o repórter o que pode ocasionar uma distorção da realidade. Onde surgiu? Essa teoria surgiu em meados do século XIX, quando os fatos mudar os comentários e acredita-se que a palavra pode refletir a realidade. O que será ainda mais reforçado a partir das regras de narração e dos procedimentos profissionais criados em 1920. Nas palavras de Walter Lippman eles trariam rigor do método cientifico aos jornalistas, evitando a subjetividade. Teoria do Newsmaking A teoria do newsmaking pressupõe que as notícias são como são porque a rotina industrial de produção assim as determina. • Há superabundância de fatos no cotidiano. Sem organização do trabalho jornalístico é impossível produzir notícias. • O PROCESSO DE PRODUÇÃO DA NOTÍCIA É PLANEJADO COMO UMA ROTINA INDUSTRIAL. Os veículos de informação devem cumprir algumas tarefas neste processo: • Reconhecer, entre os fatos, aqueles que podem ser notícia (seleção); • Elaborar formas de relatar os assuntos (abordagem/angulação); • ORGANIZAR, temporal e espacialmente, o trabalho para que os acontecimentos noticiáveis possam ser trabalhados de maneira organizada. "Embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a submissão a um planejamento produtivo. As normas ocupacionais teriam maior importância do que as preferências pessoais na seleção das notícias." Diante da IMPREVISIBILIDADE dos acontecimentos, as empresas jornalísticas precisam colocar ordem no tempo e no espaço. Para isso, estabelecem determinadas práticas unificadas na produção das notícias. É dessas práticas que se ocupa a teoria do newsmaking. Dentre as práticas apresentadas por essa teoria, destacam-se as seguintes: • Noticiabilidade: Critérios que escolhem, entre inúmeros fatos, uma quantidade limitada de notícias. • Sistematização: rotina de divisão das ações que envolvem a pauta, a reportagem e a edição. • Valores-notícia: senso comum das redações. Qualquer jornalista sabe dizer o que é notícia e o que não é de acordo com o senso comum. Teoria da Agulha Hipodérmica A teoria da “agulha hipodérmica” surgiu no período entre guerras, nas décadas de 1920 e 1930 e ainda sob o impacto da propaganda política desencadeada intensivamente na primeira guerra mundial. O impacto da propaganda de guerra seria uma imensa e assustadora capacidade de intervenção dos meios- estabelecendo a analogia com a seringa de injeção (a capacidade de inserir conteúdos no organismo). Trata-se de uma teoria bastante simples, baseada na psicologia dos instintos, segundo a qual o comportamento humano é herdado (está inscrito) nos mecanismos biológicos do homem e, portanto, tem uma natureza não radical. Se a questão dos comportamentos e a reações humanas é definida pela estrutura biológica dos homens, isto significa que estes agem instintivamente e assim, de maneira mais ou menos uniforme (seria um comportamento da espécie). Essa visão fundamenta os dois pressupostos articulados pela teoria da agulha hipodérmica: a onipotência dos meios, a vulnerabilidade das pessoas. O comportamento dos indivíduos frente aos meios se configura dentro do esquema simples e mecânico do estimulo/resposta: os meios estimulam, os indivíduos reagem de forma semelhante, mecanicamente. Essa teoria baseada na observação e no impacto da situação pós-guerra, não resistiu aos investimentos científicos que se seguiram. Ao longo da década de 1940, várias pesquisas foram empreendidas, dando conta que o alcance dos meios enfrenta uma série de limites, e as reações dos indivíduos são atravessadas por variáveis tanto de uma ordem psicológica quanto social. • É uma abordagem global dos "mass media", não levando em conta a diversidade e especificidade das mídias e seus diferentes impactos na percepção e nas formas de cognição humanas. • Teoria da propaganda e sobre a propaganda. • Enfoques da teoria: Tipo de organização social e estrutura psicológica dos indivíduos • Preocupação central: que efeitos tem os "mass media" numa sociedade de massas? Teoria do Gatekeeper Essa teoria surgiu nos anos 50, nos Estados Unidos, como forma de deferência ao jornalismo e ao seu poder. Acredita que o processo de produção da informação é um processo de escolhas, no qual o fluxo de notícias tem que passar por diversos "gates" (portões) até a sua publicação. Entende que há intencionalidade no jornalismo e que o processo é arbitrário e subjetivo. A teoria esbarra em alguns limites: • A análise da notícia apenas a partir de quem a produz; • Esquece que as normas profissionais interferem no processo; • Desconsidera a estrutura burocrática e a organização. A teoria do Gatekeeper pressupõe que as notícias são como são porque os jornalistas assim as determinam. Diante de um grande número de acontecimentos, só viram notícias aqueles que passarem por uma cancela ou portão e quem decide isso é um selecionador, que é o próprio jornalista. Ele é o responsável pela progressão da notícia ou por sua morte caso não a deixe ser publicada. O termo surgiu em 1947, no campo da psicologia, criado pelo psicólogo Kurt Lewin. Foi aplicada ao jornalismo em 1950 por David Manning White. Ele estudou o fluxo de notícias dentro de uma redação e percebeu que poucas eram escolhidas e publicadas, então ele resolveu estudar quais pontos funcionavam como cancelas. Ele concluiu que a forma de escolher as notícias foram subjetivas e arbitrárias. Muitas foram rejeitadas por falta de espaço, outras consideradas repetidas e algumas pelo tempo, pois chegaram tarde. A teoria foi perdendo seu prestígio, pois constataram-se que as escolhas das notícias se davam por tempo ou espaço e não por avaliação individual de noticiabilidade. A teoria do gatekeeper por tanto fala que as notícias são como são porque o jornalista as determina, mas vemos diariamente vários fatores que nos mostra que as notícias são como são por determinação do espaço ou mesmo pelo tempo que ela chegaas redações, ou ainda pela organização que as determina (linha editorial). Teoria do Agendamento (agenda- setting) Teoria do Agendamento, o jornalismo como distribuidor de saberes. "(...)em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que o mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende aquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas." Donald Shaw , 1979 (In: WOLG , 1994) A origem do conceito de agendamento está no pensamento de Walter Lippman. Jornalista norte-americano de grande atuação em pesquisas de opinião nos Estados Unidos da primeira metade do século passado, Lippman constituiu uma das mais respeitadas obras de estudos da cultura de massa e opinião pública da época, com ressonância até hoje. Para ele, " a notícia não é um espelho das condições sociais, mas um relato de um aspecto que se impôs". É seguindo esta linha de pensamento , que o autor aproxima os conceitos de notícia e opinião pública. No entanto, a formulação clássica do conceito surge nos Estados Unidos no final da década de sessenta com Maxwell E. McCombs e Donald Shaw. A Teoria do Agendamento pressupõe que as notícias são como são porque os veículos de comunicação nos dizem em que pensar, como pensar e o que pensar sobre os fatos noticiados. A teoria do agendamento defende a ideia de que os consumidores de notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos veiculados na imprensa, sugerindo que os meios de comunicação agendam nossas conversas. Ou seja, a mídia nos diz sobre o que falar e pauta nossos relacionamentos. A hipótese do agenda setting não defende que a imprensa pretende persuadir. A influência da mídia nas conversas dos cidadãos advém da dinâmica organizacional das empresas de comunicação, com sua cultura própria e critérios de noticiabilidade. Nas palavras de Shaw, citado por Wolf, "as pessoas têm tendência para incluir ou excluir de seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo". É disso que se trata o agendamento. Na maioria dos casos, estudos baseados nessa teoria referêm-se a confluência entre a agenda midiática e agenda pública. Entretanto, seus objetivos não são verificar mudanças de voto ou de atitude, mas sim a influência da mídia na opinião dos cidadãos sobre que assuntos devem ser prioritariamente abordados pelos políticos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o assunto violência tem espaço diário nos jornais. Adivinhem que tema os políticos mais falam? A ação da mídia no conjunto de conhecimentos sobre a realidade social forma a cultura e age sobre ela. Para Noelle Neumann, citada por Wolf, essa ação tem três características básicas: • Acumulação: é a capacidade da mídia para criar e manter relevância de um tema. • Consonância: as semelhanças nos processos produtivos de informação tendem a ser mais significativas do que as diferenças. • Onipresença: o fato da mídia estar em todos os lugares com o consentimento do público, que conhece sua influência. Concluindo, a teoria do agendamento nos diz, que as notícias pautam nosso dia a dia, nossas conversas e isso acontece com o poder da mídia de selecionar o mais importante e nos fazer enchegar que aquilo é sim o mais importante. As vezes o poder convencimento da mídia parece manipulação, mas não é, a mídia simplesmente expõe as notícias que julgam importante e o público, tradicionalmente, acredita sem duvidar e repassa aquele assunto para frente, sem questionar. Teoria da Espiral do Silêncio A teoria começou a ser estudada na década de 60, com base nas pesquisas sobre efeitos dos meios de comunicação em massa e foram elaborados pela socióloga e cientista política alemã Elizabeth Noelle-Neuman. Segundo Noelle- Neuman “O resultado é um processo em espiral que incita os indivíduos a perceber as mudanças de opinião e a segui-las até que uma opinião se estabelece como atitude prevalecente, enquanto as outras opiniões são rejeitadas ou evitadas por todos, à exceção dos duros de espírito” Nessa teoria o importante são as opiniões dominantes, e estas tendem a se refletir nos meios, a opinião individual passa por um processo de crivo do coletivo para ganhar a força. Sobre essa teoria é importante lembrar que existe um enclausuramento dos indivíduos no silêncio quando estes tem opiniões diferentes dos vinculados pela mídia.No momento em que uma opinião individual difere da maioria ou do pensamento coletivo, pode ocorrer uma reação de isolamento social do indivíduo, em que as pessoas alteram a sua forma de pensar ou são silenciadas.Por exemplo o preconceito racial, ele existe mas está “camuflado” na sociedade. A mesma mídia que diz publicar o que é de opinião pública é aquela que é indiferente à população quando esta precisa. A Teoria do Espiral do Silêncio ajuda a entender como a mídia funciona em relação à opinião pública e silencia suas idéias. Noelle-Neuman dizia que para entender melhor como funciona a Espiral do Silêncio, é preciso conhecer os três mecanismos pelos quais a teoria influencia a mídia sobre o público: 1) Acumulação: excesso de exposição de determinados temas na mídia 2) Consonância: forma semelhante como as notícias são produzidas e veiculadas 3) Ubiqüidade: presença da mídia em todos os lugares.
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