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TCC Politicas Sociais como ferramenta para garantia dos direitos do idoso

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Prévia do material em texto

GILMAR SILVA SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
POLITICAS SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA 
GARANTIA DOS DIREITOS DO IDOSO 
Andradas 
2018 
 
 
 
 
Andradas 
2018 
 
 
 
 
 
 
GILMAR SILVA SANTOS 
 
 
 
 
POLITICAS SOCIAIS COMO FERRAMENTA PARA GARANTIA DOS 
DIREITOS DO IDOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado ao 
Curso de Serviço Social da Universidade Norte do 
Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. 
 
Orientador: Luciana Sacoman Burke Soares 
 
 
 
 
 
SANTOS, Gilmar Silva. POLITICAS Sociais como ferramenta para a garantia dos 
direitos do Idoso 2018. 52. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social) - 
Sistema de Ensino Presencial Conectado. Universidade Norte do Paraná, Andradas, 
2018. 
RESUMO 
O tema abordado neste trabalho visa refletir sobre a ocorrência do envelhecimento, 
não como um fato fenomênico, mas como um processo natural no decurso da vida 
dos seres humanos, as implicações enquanto ente social, bem como sua 
vulnerabilidade frente a sociedade. Será demonstrada a existência das políticas 
sociais criadas para que se efetivasse a garantia dos direitos previstos para os idosos, 
no entanto, será exposto o senário brasileiro atual, o qual demonstra que o 
envelhecimento da população não tem sido acompanhado por medidas que garantam 
todos os direitos deste público. Frisar-se-á por oportuno, o surgimento dos direitos do 
idoso, sua origem pelo mundo, bem como sua implantação em nossa Carta Magna, 
as fontes de sua criação e análise das legislações até tempos atuais, destacando as 
alterações ocorridas e ainda as medidas que já foram utilizadas no país. Será 
destacado a importância da observância da velhice, como o transpasse para uma 
sociedade diversa e ligeiramente incutida aos grupos minoritários e vulneráveis. Por 
fim será destacada a importância da aplicação de medidas sociais voltadas para o 
idoso, afim de proteger seus direitos fundamentais, garantindo um envelhecimento 
saudável. Também serão analisadas situações como violência, descaso, exclusão 
social e preconceito, destacando que no Brasil, houve grandes intervenções na 
política brasileira com avanços e retrocessos no que se refere, de um lado, a 
implementação das políticas neoliberais e, de outro, um processo de lutas e 
conquistas da população idosa na efetivação de leis constitucionais que promovessem 
a dignidade da pessoa idosa. Por fim será abordada a importância do Serviço Social 
como forma interventora da garantia dos direitos dos idosos, bem como serão 
apresentados os temas das Conferências Nacionais dos Direitos do Idoso, ocorridos 
no país e as sugestões eficazes sobre a aplicabilidade de medidas sociais voltadas 
ao envelhecimento populacional o qual nos proporciona desafios, tais como a 
mudança de estereótipos de velhice, novos papéis sociais desempenhados pelos 
mais velhos, novos horizontes econômicos com o adiamento da idade para 
aposentadoria e o nascimento de um novo público de consumidores, novas 
possibilidades para transformar o ócio e tempo livre em momentos de saúde e 
desenvolvimento pessoal. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Idoso, Família, Assistente Social. 
 
ABSTRACT 
 
 
The aim of this paper is to reflect on the occurrence of aging, not as a phenomenon, 
but as a natural process in the course of human life, its implications as a social entity, 
as well as its vulnerability to society. It will be demonstrated the existence of the social 
policies created to ensure the guarantee of the rights provided for the elderly, however, 
will be exposed the current Brazilian senate, which shows that the aging of the 
population has not been accompanied by measures that guarantee all rights this 
public. The emergence of the rights of the elderly, their origin around the world, as well 
as their implementation in our Magna Carta, the sources of their creation and analysis 
of the laws until current times, highlighting the changes that have taken place and also 
the measures which have already been used in the country. Emphasis will be placed 
on observance of old age as it transcends it to a diverse and slightly inculcated society 
of minority and vulnerable groups. Finally, the importance of applying social measures 
aimed at the elderly will be highlighted, in order to protect their fundamental rights, 
guaranteeing a healthy aging. It will also analyze situations such as violence, neglect, 
social exclusion and prejudice, highlighting that in Brazil, there have been major 
interventions in Brazilian politics with advances and setbacks, on the one hand, on the 
one hand, the implementation of neoliberal policies and, on the other, a process of 
struggles and achievements of the elderly population in the implementation of 
constitutional laws that promote the dignity of the elderly person. Finally, the 
importance of Social Work as an intervening way of guaranteeing the rights of the 
elderly will be addressed, as well as the themes of the National Conferences on the 
Rights of the Elderly in the country and the effective suggestions on the applicability of 
social measures aimed at the aging of the population which brings us challenges such 
as changing old age stereotypes, new social roles played by older people, new 
economic horizons with postponing retirement age and the birth of a new consumer 
audience, new possibilities for transforming leisure and free time in moments of health 
and personal development.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Keywords: Elderly, Family, Social Worker. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho de pesquisa aos meus 
pais, a quem tenho como meus eternos heróis, 
que embora não estejam mais entre nós, 
permanecem vivos em meus pensamentos. À 
Deus rogo para que permita encontrá-los e 
abraça-los novamente. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 Agradeço primeiramente a Deus por alcançado mais essa 
conquista, á ele toda honra e gloria. 
 A minha querida e amada família pelo apoio prestado de forma 
incondicional. Amo cada um de vocês. 
 A minha tutora de classe, que com muita competência me 
auxiliou na realização deste trabalho, não somente isto, mas pelas 
demonstrações de carinho, afeto, dedicação e amor. 
 A coordenadora e todos os profissionais que trabalha em meu 
polo. Obrigado pelo apoio nos momentos difíceis dessa caminhada. 
Obrigado pela paciência e carinho que vocês me dispensaram. 
 Aos amigos que mesmo de maneira inconsciente contribui para 
a realização deste trabalho. 
 As minhas colegas de curso. Obrigado pela amizade, carinho e 
afeto vocês fizeram com que a jornada fosse mais agradável e feliz. 
Amo vocês. 
 Obrigados a todos vocês, tem um pouco de vocês neste 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deus é nosso refúgio e fortaleza, auxilio 
sempre presente na adversidade. Salmos 46:1 
( bíblia King James Atualizada ) 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 
 
1 OS DIREITOS SOCIAIS DO IDOSO NO BRASIL ................................................. 11 
1.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS .............................................................................. 11 
1.2 DIREITOS HUMANOS ........................................................................................11 
1.2.1 – 1ª Dimensão: Liberdade ................................................................................ 12 
1.2.2 – 2ª Dimensão: Igualdade ................................................................................ 13 
1.2.3 – 3ª Dimensão: Fraternidade ............................................................................ 14 
 
2 LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO IDOSO COMO DIREITO SOCIAL.............. 16 
2.1 NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ........................................................... 19 
2.1.1 O Princípio da Solidariedade ............................................................................ 20 
2.1.2 O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ................................................. 21 
2.2 NA POLITICA NACIONAL DO IDOSO – LEI 8.842 DE 1994 .............................. 22 
2.2.1 Considerações importantes sobre a Política Nacional do Idoso – PNI ............. 23 
2.3 NO ESTATUTO DO IDOSO – LEI 10.741 de 2003 ............................................. 24 
2.3.1 Importância jurídica do Estatuto do Idoso ........................................................ 28 
2.3.2 Deveres da família, comunidade, sociedade e Estado ..................................... 28 
2.4 DEMAIS LEIS INFRACONSTITUCIONAIS DE DESTAQUE ............................... 34 
 
3 AS POLITICAS SOCIAIS VOLTADAS PARA O IDOSO E A INTERVENÇÃO DO 
SERVIÇO SOCIAL PARA SUA APLICABILIDADE ................................................. 35 
3.1 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ................................................................... 35 
3.2 – ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E SUAS ESTATISTICAS ATUAIS ..... 36 
3.3 – A ORIGEM DAS POLÍTICAS PUBLICAS E SUAS DIFERENCIAÇÕES .......... 37 
3.4 – A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL COMO INTERVENTOR DE DIREITOS . 44 
 
4 As Conferências Nacionais dos Direitos do Idoso – CNDI como efetivação das 
políticas públicas SOCIAIS ..................................................................................... 47 
4.1 – I Conferência Nacional dos direitos da Pessoa Idosa. Tema: Construindo a Rede 
Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa. .................................................... 47 
4.2 – II Conferência Nacional dos direitos da Pessoa Idosa. Tema: Avaliação da Rede 
Nacional de Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa: Avanços e Desafios 48 
4.3 – III Conferência Nacional dos direitos da Pessoa Idosa. Tema: O compromisso 
de todos por um envelhecimento digno no Brasil ...................................................... 48 
4.4 IV Conferência Nacional dos direitos da Pessoa Idosa. Tema: Protagonismo e 
Empoderamento da Pessoa Idosa – Por um Brasil de todas as Idades .................... 49 
4.5 V Conferência Nacional dos direitos da Pessoa Idosa. Tema: Os Desafios de 
Envelhecer no Século XXI e o papel das políticas públicas. (Previsão para agosto de 
2019) ......................................................................................................................... 49 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51 
 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente trabalho de pesquisa traz como tema, as políticas sociais como 
garantia da efetivação dos direitos do idoso. Para isto é preciso compreender alguns 
fatores que, em caráter introdutório passaremos a tratá-los. 
O envelhecimento é processo natural decorrente da diminuição orgânica e 
funcional, que não decorre originalmente de patologia, vindo a acontecer com o 
decorrer do tempo de forma inevitável, podendo ser definido como um fenômeno 
natural e que em decorrência disto, geralmente apresenta um aumento da fragilidade 
e vulnerabilidade, que consequentemente traz consigo, agravos à saúde e ao estilo 
de vida destes entes sociais. 
Segundo Jacob e Filho (2006), “o envelhecimento fisiológico é definido como um 
conjunto de alterações que ocorrem no organismo humano que implica em perda progressiva 
da reserva funcional sem que comprometa as necessidades básicas de manutenção de vida. 
(JACOB-FILHO et al., 2006). Explicam ainda que, em contrapartida, “o envelhecimento 
patológico denomina-se como conjunto de alterações que ocorrem no organismo em 
decorrência de doenças e do estilo de vida que acompanha o indivíduo até a fase idosa”. 
(JACOB-FILHO et al., 2006). 
Com tais considerações, resta configurada a notória entrada dos idosos para 
os grupos minoritários e vulneráveis, motivo pelo qual se justifica o interesse de 
pesquisar sobre as possíveis maneiras de ao menos amenizar o problemas nesta faixa 
etária por que passam as pessoas. 
Como problema central deste trabalho de pesquisa, será analisado o seguinte 
questionamento: Qual a melhor forma de aplicabilidade da legislação que trata dos 
assuntos voltados para o idoso no Brasil? Neste interim será demostrada, 
sinteticamente a legislação que estabelece as diretrizes para os cuidados do idoso no 
Brasil, qual seja, a LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003, que dispõe sobre 
o Estatuto do Idoso e dá outras providências. A referida lei já tem 15 anos de atuação 
em nosso ordenamento jurídico, no entanto, verifica-se que sua plena aplicabilidade 
demonstra estar aquém do verdadeiro objetivo para o qual fora criada, tendo como 
desafio a sua plena efetivação. A falta de políticas de cuidados para os idosos que 
precisam de apoio é um dos desafios citados. Outros problemas que merecem 
destaque são a dificuldade de acesso a saúde, falta de abordagem de respeito com o 
idoso nas escolas, falta de política de emprego à estes, entre outros. 
10 
 
O objetivo geral da pesquisa é demonstrar a importância das políticas sociais 
voltadas para o idoso como instrumento para efetivação de direitos, onde se inicia 
com uma abordagem histórica dos direitos do idoso no Brasil e seus avanços, realiza 
uma explicação detalhada das medidas sugeridas pelos Estatuto do Idoso através da 
Lei 10.741/03, as quais, teoricamente se demonstram eficazes para a problemática 
exposta. 
No tocante aos objetivos específicos, primeiramente serão elencadas as fontes 
dos direitos dos idosos em nosso ordenamento jurídico, e demonstrado que elas são 
extraídas exclusivamente dos direitos fundamentais, onde serão expostos para uma 
melhor compreensão, as três primeiras dimensões dos direitos humanos; no segundo 
objetivo específico serão expostas as legislações que já existiram no Brasil e sua 
progressão até chegar no atual Estatuto do Idoso, e terá como foco mostrar suas 
mazelas e a falta de políticas voltadas para sua aplicabilidade, sendo realizada uma 
demonstração dos parâmetros de eficácia das medidas sugeridas pela referida lei, 
juntamente com os motivos que a dificultam; o terceiro objetivo específico, será 
aclarado, em tópico próprio, as política públicas voltadas para o idoso existentes, bem 
como a importância do serviço social, como intermediador de direitos entre o idoso e 
a lei existente. 
A metodologia empregada foi exclusivamente a revisão bibliográfica e teve 
caráter exploratório, tendo em vista a necessidade de se buscar na letra de lei os 
fundamentos legais para melhor compreensão do tema, bem como em obras 
referentes ao assunto estudado, sendo utilizadas fontes primárias e secundárias de 
pesquisas, as quais foram realizadas em livros, revistas online, publicações avulsas, 
dicionário online, etc., de maneira física e virtual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 OS DIREITOS SOCIAIS DO IDOSO NO BRASIL 
Os direitos sociais da pessoa idosa, está intimamente ligado ao diagrama dos 
direitos humanos e fundamentais inerentes a todos. Desta forma, em caráter 
preliminar, faz-se necessárioexplanar, de maneira sucinta, os conceitos relacionados 
aos direitos humanos e aos direitos fundamentais, sendo que este trata-se dos direitos 
relacionados a liberdade e a igualdade, e aquele aos direitos positivados na 
Constituição Federal. Nota-se, portanto, que seu conteúdo é praticamente o mesmo, 
diferindo-se apenas pelo plano em que estão consagrados. 
1.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Os Direitos Fundamentais, são os direitos básicos individuais, sociais e 
políticos e estão previstos na Constituição Federal de uma nação, os quais devem ser 
protegidos pelo Estado. No Brasil a Carta Magna de 1988, estabelece em seu artigo 
5º, um rol de direitos fundamentais a todo o povo brasileiro, seja nato ou naturalizado, 
estendendo-se ainda, aos estrangeiros. Estão subdivididos em três núcleos, sendo 
eles: os direitos individuais e coletivos; os direitos sociais e da nacionalidade; e os 
direitos políticos. 
A vida, a saúde, a liberdade, a igualdade, a segurança, a educação, a moradia, 
o trabalho, a assistência aos desamparados são alguns dos exemplos dos Direitos 
Fundamentais contidos no artigo 5º caput, de nossa Constituição Federal, e in verbis: 
 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade (BRASIL, 1988 online) 
 
1.2 DIREITOS HUMANOS 
 Ao contrário dos direitos fundamentais, os quais estão balizados internamente 
nas legislações de uma nação, e são fornecidas pelo Estado para todos seus 
cidadãos, os Direitos Humanos tem suas definições voltadas a todos os seres 
humanos e em nada se confunde com aquele. Possuem caráter universal e atemporal, 
12 
 
e valem para todas as pessoas do mundo. As confusões entre Direitos Humanos e 
Direitos fundamentais se dão em virtude deste último ser necessariamente inspirado 
no primeiro. 
 Dadas exordiais explanatórias, verifica-se que os direitos humanos são direitos 
inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, 
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. A Declaração 
Universal dos Direitos Humanos em seu preâmbulo, estabelece e determina o ideal 
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, em relação a proteção 
de tais direitos. 
 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta 
da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no 
valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e 
mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores 
condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a Assembleia 
Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos 
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as 
nações (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1988 p.4). 
 
Os direitos humanos são estabelecidos aos moldes das necessidades de cada 
época de acordo com os contextos históricos dos períodos vividos, o que dá a eles 
uma visão de progressão e/ou evolução. No ano de 1979 o Karel Vasak, jurista tcheco-
francês, inspirado no lema da revolução francesa (liberdade, igualdade e 
fraternidade), fez a primeira divisão dos direitos humanos em dimensões, de acordo 
com a seguinte estrutura: 
1.2.1 – 1ª Dimensão: Liberdade 
A primeira dimensão dos direitos humanos é relativa a diminuir a influência do 
Estado na vida particular dos indivíduos, o que representava o Estado Liberal. 
Conforme expresso, esta dimensão tratava-se da abstenção do Estado na vida do 
indivíduo, ou seja, de acordo com esta teoria, a intervenção do Estado se dá pelo 
dever de proteção de sua esfera de autonomia, todavia necessitava, por conseguinte, 
de uma atuação ativa do mesmo, para que tais direitos fossem garantidos aos 
homens. 
13 
 
 
1.2.2 – 2ª Dimensão: Igualdade 
Com a Revolução Industrial, o senário mundial se vê numa descontrolada 
marcha de desenvolvimento das técnicas de produção em grande escala, que por 
consequência gera um alto crescimento econômico no século XIX. Todas as benesses 
obtidas no referido período, não trouxe tão somente benfeitorias à sociedade. A 
garantia da liberdade e intervenção mínima do Estado estabelecida pela primeira 
dimensão dos direitos, denota-se por um desequilíbrio, social, já que o exacerbado 
desenvolvimento se deu com o sacrifício da classe trabalhadora. 
O conjunto estabelecido pelo crescimento econômico, o enriquecimento de 
uma pequena classe e a produção em grande escala passa a suscitar inúmeros 
problemas no âmbito social, acarretando por conseguinte o descontentamento da 
população. A igualdade conquistada na primeira dimensão, prevista no sistema liberal 
em relação a intervenção mínima do Estado, passa a ser vislumbrada de maneira 
estritamente formal. Desta forma, faz-se necessária a intervenção do Estado para 
trazer o equilíbrio social e garantir aos povos, os direitos que passaram a serem tão 
somente intrínsecos aos cidadãos. 
Em síntese, a primeira dimensão do sistema liberal, a qual inibia a atuação do 
Estado, no contexto na revolução industrial, é provocador do aumento da 
desigualdade vindo a população atuar pela clemência de um sistema de contrapesos, 
a transformar a igualdade formal em material para que houvesse um desenvolvimento 
da sociedade de forma geral, e não apenas uma pequena classe, vislumbrava-se 
portanto o apelo pela igualdade social. 
Nas palavras de Paulo Bonavides, nesta fase: 
 
Estado social é enfim Estado produtor de igualdade fática. Trata-se de 
um conceito que deve iluminar sempre toda hermenêutica 
constitucional, em se tratando de estabelecer equivalência de direitos. 
Obriga o Estado, se for o caso a prestações positivas; a promover 
meios, se necessários, para concretizar comando normativos de 
isonomia. (BONAVIDES, Paulo. Op. cit. p. 343) 
 
14 
 
 
A segunda dimensão desencadeou uma série de direitos sociais, merecendo 
destaque os direitos trabalhistas, e ainda a seguridade social para aqueles que 
adentravam no avanço da idade. 
 No ínterim desta fase, destaca-se por oportuno a dignidade da pessoa humana, 
e por conseguinte alguns dos direitos do idoso passam a ter singelos olhares do 
Estado, que aportou na consistência dos direitos voltados a igualdade econômica, 
social e cultural, que deve se dar através de prestação positiva obrigatórias impostas 
ao Estado para alcançar a justiça social. Embasados na doutrina de André de 
Carvalho Ramos (RAMOS, P. 324. 2014) temos duas espécies de direitos sociais, à 
saber: i) direitos prestacionais. Exemplos: liberação de medicamentos em favor dos 
necessitados; ii) direitos de abstenção, os quais o Estado deveria se abster de 
interferir de modo indevido. Exemplos: liberdade de associação sindical e direito de 
greve. 
1.2.3 – 3ª Dimensão: Fraternidade 
 Direitos de terceira dimensão tem suas especificidades no tocante a 
solidariedade ou fraternidade, sendo conferidos de forma geral a toda sociedade, 
salvaguardando interesses coletivos ou difusos, não se destinando apenas à proteção 
dos interesses individuais, de um grupo ou de um determinado Estado. Destaca-se 
neste contexto dimensional, a preocupação com as gerações humanas presentes e 
futuras. Esta dimensão encontra origem na chamada terceira revolução industrial ou 
tecno-científica, a qual se dá pelos avanços tecnológicos da comunicação e de 
transportes. 
Para melhor elucidação em relação aos direitos coletivos e difuso, faz-se mister 
trazer a baila o conceito previsto no Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 
81 in verbis: 
 
Art. 81. A defesa dos interessese direitos dos consumidores e das 
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se 
tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para 
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que 
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de 
15 
 
fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja 
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a 
parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos 
individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem 
comum. (BRASIL, 1990 online) 
 
Sobre a terceira dimensão, o direito ao desenvolvimento, à autodeterminação 
dos povos, de propriedade, de comunicação, progresso, direito a paz, ao meio 
ambiente, são alguns dos exemplos que compõem o seu rol, sendo alguns deles 
coletivos e outros difusos, percebendo-se neste aspecto, sua caraterística de direitos 
transindividuais, ou seja são concebidos para a proteção de coletividades ou grupos 
e não à proteção do homem isoladamente. 
Paulo Bonavides, em relação aos direitos de terceira geração, destaca: 
 
Com efeito, um novo polo jurídico de alforria do homem se acrescenta 
historicamente aos da liberdade e da igualdade. Dotados de altíssimo 
teor de humanismo e universalidade, os direitos da terceira geração 
tendem a cristalizar-se no fim do século XX enquanto direitos que não 
se destinam especificamente à proteção dos interesses de um 
indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Tem primeiro por 
destinatário o gênero humano mesmo, num momento expressivo de 
sua afirmação como valor supremo em termos de existencialidade 
concreta. (BONAVIDES, Paulo. Op. cit. p. 569) 
 
É certo que as dimensões dos direitos humanos seguem marcha ininterrupta 
com relação a progressão, no entanto, para o objeto desta obra acadêmica, não se 
faz necessário o estudo das demais dimensões, já que fora exatamente neste 
momento histórico, que começam serem visualizados os grupos minoritários e 
vulneráveis, dentre os quais estão contidos os direitos do idoso. Em decorrência disto, 
ocorre o surgimento das políticas sociais de proteção destes grupos, o que será 
melhor especificado no discorrer deste trabalho de pesquisa. 
16 
 
2 LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO IDOSO COMO DIREITO SOCIAL 
 Percebe-se que a presença da pessoa idosa, desde os primórdios contempla 
os quadros sociais verificados na coletividade, contribuindo de forma veemente para 
que a engrenagem social tenha seu pleno desenvolvimento, seja na condição ativa, 
através de ações materiais, seja na passiva como ente social portador de direitos e 
deveres objeto de demandas a seu direcionamento, e ainda na condição de meros 
conselheiros, que se justifica pela experiência adquirida e compartilhada com os mais 
jovens, no sentido de contribuir com o pensar e agir da sociedade contemporânea. 
Daí se extrai o motivo pelo qual estabelecer políticas sociais voltadas ao idoso. 
A Doutora em serviço Social Jeanete Liasch Martins de Sá, traz suas 
afirmações sobre o tema: 
 
O idoso é um ser de seu espaço e de seu tempo. É o resultado do seu 
processo de desenvolvimento, do seu curso de vida. É a expressão das 
relações e interdependências. Faz parte de uma consciência coletiva, 
a qual introjeta em seu pensar e em seu agir. (SÁ 2002, p. 1120) 
 
Deveras, a conscientização a que se refere a autora em comento, já pode ser 
visualizada em nosso ordenamento Jurídico na Carta Magna Brasileira de 1988, na 
Política Nacional do Idoso – Lei 8.842 de 1994 e no Estatuto do Idoso – Lei 10.741 de 
2003, no entanto importa salientar que desde 1948 a proteção dos direitos do idoso já 
era conhecida pela Declaração Universal de Direitos como versa seu artigo XXV, in 
verbis 
 
XXV. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de 
assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais 
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, 
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de subsistência em 
circunstâncias fora de seu controle. (Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, 1988 p.4) 
 
 
 O escopo geral sobre os direitos do idoso na Constituição Federal, está previsto 
17 
 
num único artigo de forma expressa, qual seja, art. 230 in verbis: 
 
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as 
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à 
vida. 
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados 
preferencialmente em seus lares. 
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade 
dos transportes coletivos urbanos (BRASIL, 1988. Online) 
 
A garantia dos direitos do idoso, está intimamente ligada à promoção da 
dignidade da pessoa humana, tal qual fora estabelecida na Carta Magna Brasileira de 
1988, como um dos fundamentos da referida Constituição, podendo ser visualizada 
logo em seu artigo 1º. Destarte, todos os cidadãos são iguais em dignidade sendo 
desconsiderada por oportuno sua faixa etária, tal artigo denota-se como preceptor 
constitucional é o que afirma o professor Ingo Wolfgang Sarlet 
 
[...] na condição de princípio fundamental, a dignidade da pessoa 
humana constitui valor-guia não apenas dos direitos 
fundamentais, mas de toda a ordem constitucional, razão pela 
qual se justifica plenamente sua caracterização como princípio 
constitucional de maior hierarquia axiológico-valorativa. 
(SARLET 2005, p.35) 
 
 A atuação do Estado na garantia dos direitos dos idosos é essencial para que 
ocorra sua efetivação, no entanto, faz-se necessário a participação de forma 
harmônica de diversos outros polos, para que se obtenha a eficácia esperada dos 
referidos dispositivos legais. Desta forma, pretende-se que Estado, Família e 
Sociedade sejam protagonistas que comungam do princípio da solidariedade para 
com seus idosos, trabalhando de forma integrada para garantir a valorização dos 
idosos enquanto entes sociais. 
 
Em relação as leis brasileiras referentes ao idoso merecem destaque além da 
18 
 
Constituição Federal de 1988, as seguintes legislações: 
 
a) 1989: Portaria Federal de nº 810/89 do Ministério da Saúde, que determina a 
normatização do funcionamento padronizado de instituições ou estabelecimentos de 
atendimento ao idoso. (BRASIL.1989, online) 
 
b) 1991: aprovação dos Planos de Custeio e de Benefício da Previdência Social, 
estabelecendo novas regras para a manutenção do valor real dos benefícios. 
 
c) 1993: Estatuto do Ministério Público da União e a Lei nº. 8.742/93 – Lei Orgânica 
de Assistência Social (LOAS) –, reconhecida como política de seguridade social 
responsável pela garantia de proteção social à população socialmente mais exposta 
a riscos. (BRASIL. 1993, online) 
 
d) 1994: Política Nacional do Idoso. Lei 8.842 de 4 de Janeiro de 1994. (BRASIL. 1994, 
online) 
 
e) 1995: Decreto nº. 1.605, de 25/08/1995, que regulamentou o Fundo Nacional de 
Assistência Social. (BRASIL. 1995, online) 
 
f) 1996: Decreto nº. 1.948, de 03/07/1996, que regulamentou a Política Nacional do 
Idoso e criou o Conselho Nacional do Idoso. (BRASIL. 1948, online) 
 
g) 2003: Lei 10.741 de 01 de Outubro de 2003 – Estatuto do Idoso. (BRASIL. 2003, 
online) 
 
h) 2004: Política Nacional de Assistência Social (PNAS).Aprovado pela Resolução 
CNAS 145, de 15 de outubro de 2004. 
 
i) 2006: Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e o Pacto pela Saúde, instituído 
pela Portaria do Ministério da Saúde nº 399/06, que se constitui em um conjunto de 
reformas institucionais do Sistema Único de Saúde – SUS –, compartilhado pela 
União, pelos estados e municípios. 
 
j) 2010: Lei nº 12.213, de 20 de janeiro de 2010, que instituiu o Fundo Nacional do 
19 
 
Idoso, autorizando a dedução do Imposto de Renda a pessoas físicas e jurídicas para 
doações realizadas aos fundos municipais, estaduais e nacionais do idoso, sendo que 
a verba é gerida pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. 
 
 Torna-se válido trazer à baila, neste trabalho acadêmico explanações de 
algumas destas legislações, as quais foram fundamentais para efetivação dos direitos 
sociais do idoso: 
2.1 NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 No que tange ao direito do idoso, conforme já elencado, temos apenas um 
artigo na Constituição Federal tratando deste assunto, porém extraímos do texto 
Constitucional, de maneira intrínseca, vários outros pontos de destaque em relação a 
proteção dos indivíduos em idade avançada, como por exemplo no direito 
previdenciário previsto em seu artigo 201, I e no direito assistencial previsto no artigo 
203, I e V. 
Em seu Título VIII – da Ordem Social, verificamos com mais ênfase o direito 
dispensado aos idosos, mais precisamente no citado artigo 230. É certo que a 
hermenêutica estabelece linhas diversas de interpretação do referido dispositivo legal, 
portanto a que mais se adequa em relação a proteção dos direitos em comento 
merece destaque no presente trabalho, é o que se extrai do entendimento de André 
Ramos Tavares, ao afirmar que “O título VIII é inteiramente dedicado ao tratamento da 
‘Ordem Social’. É necessário esclarecer, contudo, que o tema insere-se no contexto dos 
denominados direitos sociais” (TAVARES 2008, p.772). 
Os direitos sociais estão presentes no artigos 6º ao 11º e correspondem a 
educação, saúde, trabalho, alimentação, moradia, lazer, segurança, previdência 
social, proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. 
Alexandre de Moraes, explica tais direitos como Direitos Fundamentais do homem: 
 
Caracterizando-se como verdadeiras liberdades positivas, de 
observância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por 
finalidade a melhoria de condições de vida aos hipossuficientes, 
visando à concretização da igualdade social. (MORAES 2008, p. 193) 
 
20 
 
Desta maneira tais artigos devem receber tratamento do Estado como atuação 
positiva, no sentido de sempre buscar a igualdade social dos menos favorecidos. 
Neste contexto as políticas públicas encontram vasto campo de atuação, quando, em 
destaque verificamos, as explanações contidas no 193, onde o constituinte define que 
“A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e 
a justiça sociais”. Isto posto, temos que visando corrigir as desigualdades, políticas 
sociais voltadas aos destinatários deste aparato legal, em especial ao idoso, foco 
desta obra, quer parecer extremamente necessárias para sua efetivação. 
Percebe-se que a responsabilidade emanada pelo legislador para amparar os 
idosos, não se concentra apenas no Estado, mas começa no núcleo familiar, 
passando pela sociedade e por fim o Estado. Em linhas gerais, observa-se que o 
intento seja, de fato a atuação articulada de todos os setores sociais e políticos para 
a proteção do idoso, e de forma ampla garantir os direitos das pessoas maiores de 
sessenta anos. Ao analisar o artigo 230, sobre a família, encontramos o 
posicionamento de Fernando Capez: 
 
Tem-se que o conceito de família a ser aplicado deve ser o mais 
abrangente possível, ou seja, para abrigar qualquer parente em 
linha reta (consanguíneo ou legal) além dos colaterais até o 
quarto grau. (CAPEZ 2008 p. 579) 
 
Na busca do melhor conceito de família, encontra-se posicionamentos 
diversificados estabelecidos por inúmeros autores, no entanto para todos eles, a 
família é considerada a base da sociedade, sendo que seu chamamento para o 
cuidado com os idosos nada mais é do que buscar a interação entre as gerações, e 
ainda buscar o despertar de sentimentos de respeito e solidariedade com estes entes, 
por muitos, queridos. 
2.1.1 O Princípio da Solidariedade 
Em relação à solidariedade, esta deve ser compreendida, não apenas como 
um sentimento, mas como um princípio norteador que agregado com outro princípio, 
a dignidade da pessoa humana, consagra-se como ápice para o árduo trabalho social 
a ser desenvolvido em relação à proteção dos direitos do idosos. Sobre os princípios, 
21 
 
Humberto Ávila, afirma que são “normas finalísticas, que exigem a delimitação de um 
estado ideal de coisas a ser buscado por meio de comportamentos necessários a essa 
realização” (ÁVILA 2006, p 91). 
Para entender a presença inserta do princípio da solidariedade no artigo 230 
da atual Constituição no ano de 1988, faz-se necessário elencar que este vem sendo 
construído desde a antiguidade, já sendo possível sua visibilidade nas teorias 
clássicas de Platão e Aristóteles quando se buscava uma convivência social justa e 
harmoniosa. O pós-revolução industrial, quando o senário passou a demonstrar a 
opressão e exploração dos trabalhadores, contribuiu para o desenvolvimento de 
olhares críticos. Em consequência disto surgiram os sindicatos dos trabalhadores e 
associações como forma de elencar ideais de união e ajuda ao próximo, como forma 
de se viver melhor e promoção da justiça social solidária. 
A solidariedade foi recebida pela Constituição de 88, como norma e objetivo da 
República Federativa do Brasil, conforme se extrai do seu artigo 3º. A presença da 
solidariedade no artigo 230 da Constituição é visualizada quando o referido artigo 
determina a união entre os já citados protagonistas da Ordem social, à saber: a família, 
a Sociedade e o Estado. 
2.1.2 O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 A dignidade da pessoa humana é princípio essencial do ordenamento jurídico 
Brasileiro, e pressupõe a ideia de maioral em relação aos demais, sendo oportuno 
apontar o entendimento de André Ramos Tavares ao afirmar ser este também “o 
reconhecimento daquilo que se poderia denominar como ‘direito à velhice” (TAVARES 2008, 
p. 550). Desta forma entendemos que o reconhecimento da garantia deste princípio 
quer parecer o direito da “dignidade do idoso”, ou “direito à velhice”. O Autor 
complementa seu raciocínio dizendo: 
 
Ora, decorrência desse posicionamento constitucional está em que os 
direitos referidos aos idosos não são apenas aqueles indicados 
expressamente pela norma constitucional do art. 230. São todos 
aqueles imprescindíveis para garantir dignidade à vida daqueles que se 
encontrem na condição de “idosos”. Nessa perspectiva, o direito à 
velhice coloca-se como direito que há de tutelar-se desde o início da 
vida do indivíduo. (TAVARES 2008, p. 550) 
22 
 
 
Efetivamente, resta evidenciado que a velhice é consagrada na Constituição 
brasileira como fruto da dignidade da pessoa humana, sendo nesse aspecto que 
também permeia o direito do idoso, fazendo-se entender que toda sociedade é 
responsável pela tutela desse direito. 
O contexto constitucional não é carta solitária em relação a proteção do idoso. 
Neste caso, O Estatuto do Idoso se apresenta como a parceria necessária para o 
avanço legislativo referente a espécie, pois reúne e sistematiza os direitos e 
obrigações dos protagonistas geradores do amparo ao idoso. Conhecer a estrutura 
do referido Estatuto é fundamental para entendera como são reguladas as políticas 
sociais voltadas ao idoso. No entanto, antes de dispensarmos ao estudo do Estatuto 
do Idoso, faz-se necessário sintetizar um aparato legal criado no ano de 1994. 
2.2 NA POLITICA NACIONAL DO IDOSO – LEI 8.842 DE 1994 
 Muito embora tenha sido inserido as questões do envelhecimento na 
Constituição Federal de 1988, não se tinha especificidade tampouco os referidos 
moldes, sendo que apenas no ano de 1994 foi instituída uma política nacional 
específica para os idosos através da Lei 8.842 de 1994, que cria condições para 
promoção da autonomia, integração e participação efetiva do idoso na sociedade. 
 Para a lei em questão, destacam-se os 5 princípios norteadores da seguinte 
forma: 
A Política Nacional do Idoso tem sua base em cinco princípios estabelecidos 
no art. 3º apresentados da seguinte maneira: 
 
I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso 
todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na 
comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 
II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, 
devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; 
III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; 
IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das 
transformações a serem efetivadas através desta política; 
23 
 
V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as 
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser 
observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na 
aplicação desta Lei. (BRASIL, 1994 online) 
 
A referida lei foi criada sob a ótica de que a garantia do acesso da pessoa idosa 
aos direitos que lhe são assegurados perante lei é expressão da sua cidadania e, 
como tal, deve ser viabilizado tanto pela esfera governamental, quanto pela sociedade 
civil. 
Foi através dos olhares voltados para este quadro que percebeu-se a 
necessidade e a importância de se criar condições para que ao processo de 
envelhecimento fosse garantido as pessoas a qualidade de vida e melhores condições 
durante a velhice, sendo necessária a execução de políticas públicas voltadas a 
pessoa idosa visando a real efetivação dos direitos já previstos em lei. 
2.2.1 Considerações importantes sobre a Política Nacional do Idoso – PNI 
 Conforme elencado a PNI foi instituída através da lei Federal 8.842 de 04 de 
janeiro de 1994, criando o Conselho Nacional do Idoso. Contém 6 Títulos, que 
estabelecem sua finalidade; princípios e diretrizes; trata da organização e gestão; das 
ações governamentais; do Conselho Nacional e suas disposições gerais. 
 Esta lei estabeleceu as competências das entidades e dos órgãos públicos com 
tal finalidade, promoveu a articulação e integração de ministérios que foram movidos 
para a elaboração de plano governamental em nível nacional. Percebe-se portanto 
que esta foi a primeira legislação para assegurar os direitos do idoso, Para a sua 
coordenação e gestão, foi designada a Secretaria de Assistência Social do MPAS, 
que mais tarde se transformou no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome - MDS. Pela Lei 8.842, na ocasião também foi gerado o Conselho Nacional dos 
Direitos do Idoso – CNDI, sendo implementado no ano de 2002. 
 O Objetivo central da PNI era o de assegurar os direitos do idoso, promoção 
de sua autonomia e interação com a sociedade. Trouxe o conceito brasileiro de idoso, 
como sendo a pessoa maior de 60 anos, evoca os direitos do idoso como sendo direito 
de cidadania assegurados pela família, pela sociedade e pelo Estado; proíbe qualquer 
tipo de discriminação; coloca diretrizes, como participação e convívio social, 
24 
 
participação na formulação, implementação e avaliação de políticas, planos, 
programas e projetos; prioridade de atendimentos no lar; capacitação e reciclagem 
para os prestadores de serviços; informação e divulgação das políticas, serviços, 
planos, programas e projetos; divulgação de informações sobre aspectos 
biopsicossociais do envelhecimento; prioridade no atendimento em órgãos públicos e 
privados prestadores de serviços; apoio a estudos e pesquisas sobre questões do 
envelhecimento (BRASIL, 1994 online). 
 Importante salientar que estão contidas também nesta Lei as obrigações 
relativas aos órgãos e às entidades no que diz respeito à criação de locais especiais 
para suporte às necessidades e atendimento aos idosos (centros de convivência, 
centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho e 
atendimento domiciliar). Destaca-se também na PNI o incentivo a criação de 
universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às 
diferentes formas do saber; a participação do idoso no mercado de trabalho e a 
proibição de qualquer tipo de discriminação. 
2.3 NO ESTATUTO DO IDOSO – LEI 10.741 DE 2003 
O Estatuto do Idoso é uma Lei orgânica destinada a regulamentar os direito das 
pessoas com idade avançada, e para efeitos desta Lei, são considerados idosos, nos 
termos do artigo 1º, as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Seu surgimento 
está ligado com o que prova as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatísticas (IBGE), segundo o referido Instituto “A expectativa de vida do brasileiro subiu 
para 72,3 anos em 2006”, número que cresceu consideravelmente, já que “em 1960, era 
de 54,6 anos.” (INSTITUTO 2010, online). 
A referida lei é composta por sete títulos, e contém118 artigos que estabelecem 
as garantias ao direito do idoso. As normas contidas nesta Lei versam sobre os direitos 
fundamentais, como o Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade, aos Alimentos, 
à Saúde, à Habitação, ao Transporte, Medidas de Proteção; Política de Atendimento 
ao Idoso; Acesso à Justiça; e também sobre os Crimes. 
Cumpre destacar que o Estatuto do Idoso é o resultado do trabalho de diversas 
entidades entre as quais se encontra a Sociedade Brasileira de Geriatria e 
Gerontologia, além de profissionais de diversas áreas como da saúde, direitos 
humanos e assistência social, além dos parlamentares do Congresso Nacional. 
25 
 
Vigente desde 2004, o Estatuto veio consagrar e ampliar os direitos que já existiam 
através da Política Nacional do Idoso através da Lei 8.042 de 1994, bem como os 
previstos na Constituição Federal de 1988, se consolidando como um poderoso 
instrumento para a garantia da cidadania e vida digna dos cidadãos daquela faixa 
etária. 
 Além de direitos fundamentais acima elencados, cumpre expor que ao longo 
de seus artigos, pode-se destacar no Estatuto, desde garantias prioritárias, até 
aspectos relativos a transporte, direitos à liberdade, respeito a vida, além de 
especificar as devidas funções das entidades de atendimento, questões sobre 
educação, cultura, esporte e lazer e ainda as ações por parte do Estado como da 
sociedade. As questões elencadas recebem um tratamento minucioso neste 
regulamento, no entanto para uma melhor compreensão das mais significativas resta 
expô-las de maneira sintética conforme segue: 
 
a) Aposentadoria 
 
O Estatuto não faz menção em relação a aposentadoria por idade, no entanto 
extrai-se do artigo 34, aos idosos que não possuam meios para subsistência, com 
mais de 65 (Sessenta e cinco) anos, nem de tê-la provida por sua família, a garantia 
do benefício mensal de 1 salário mínimo, nos termos da Lei Orgânica de Assistência 
Social. 
De acordo com o artigo 29, Parágrafo único, o reajuste dos benefícios devem 
ocorrer na mesma data dos reajustes do salário mínimo, porém seus percentuais 
devem ser definidos em regulamento próprio. 
 
b) Incentivos culturaisO artigo 23 promove o estabelecimento do desconto de pelo menos 50% nas 
atividades culturais, de lazer e esportivas, além do acesso prioritário aos respectivos 
locais; 
 
c) Gratuidade nos transportes públicos 
 
Está garantido nos termos do artigo 39 a gratuidade em transportes coletivos 
26 
 
públicos aos maiores de 65 anos, com as ressalvas estabelecidas pelos §§ 1, 2 e 3, 
que estabelece o detalhamento no caso do transporte coletivo intermunicipal e 
interestadual, devendo ficarem reservadas duas vagas gratuitas por veículo para 
idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos e desconto de 50% para os 
idosos da mesma renda que excedam essa reserva; 
 
d) Prioridade na tramitação dos processos 
 
 Os processos cuja tramitação se deem nas esferas judiciais ou administrativas 
deverão priorizar os casos cuja participação se dê por pessoas maiores de 60 anos. 
Vale dizer, que o Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas para 
idosos, é o que se extrai do artigo 70 do Estatuto. Importante salientar que a prioridade 
de que trata este artigo não sessará com a morte do figurante, mas se estenderá ao 
cônjuge, companheiro(a) com união estável maior de 60 anos. 
 
e) Espaços ou horários especiais nos meios de comunicação 
 
 Trata-se de uma garantia, que tem suas finalidades originadas da necessidade 
de conscientização do público idoso, em relação a saúde, participação na sociedade 
entre outros assuntos, já que é através dos meios de comunicação que as pessoas 
podem melhor se informar dos mais diversos assuntos de seu interesse. De acordo 
com tal determinação, jornais, rádios, televisão, internet devem ter espaços voltados 
a público da terceira idade. Ocorre que tal dispositivo, não tem atuação coercitiva, que 
obrigam tais veículos de comunicação a obedecer a norma imposta pelo artigo 24 do 
Estatuto, que também não prevê sanções para seu descumprimento. Vale dizer que 
a regular contida neste sentido, é forte meio para a quebra dos preconceitos existentes 
em face da população idosa, e sua aplicabilidade traria além de outros pontos 
importantes, um conceito melhor sobre o amor aos idosos, bem como o incentivo ao 
amparo e cuidado pela família, sociedade e Estado. 
 
f) Planos de Saúde 
 
 Muito embora a Política Nacional de Saúde do Idoso, tenha sido regulada antes 
de sua entrada vigor, este diploma vem com o intuito de garantir sua efetividade dando 
27 
 
a ela respaldo jurídico necessário para que os gestores tenham meios para tornar 
suas ações efetivas e com primazia de atendimento. Em relação ao Sistema Único de 
Saúde, o idoso tem direito de receber o que for necessário para seu tratamento 
conforme os dispostos no Estatuto, o que engloba o fornecimento gratuito de 
medicamentos, principalmente os de uso continuo, assim como próteses, órteses e 
demais recursos para relativos ao seu tratamento de saúde. 
 É certo que neste contexto, encontra-se as mazelas originadas pela falta de 
recursos públicos entre outras situações que tornam falho o atendimento dispensado 
para o idoso fornecido pelo SUS, fazendo com que os idosos busquem alternativas 
em planos particulares, que para sua manutenção, muitas vezes, sacrificam suas 
necessidades básicas. Nesta seara, a lei veda a discriminação do idoso com a 
cobrança de valores diferenciados e abusivos em razão da sua faixa etária. 
 Outro aspecto importante em relação a saúde do idoso presente no Estatuto, é 
possibilidade do atendimento domiciliar em casos de incapacidade de locomoção, 
quando da necessidade de realização de perícias do INSS para obtenção de laudos 
que lhes garantam direitos. Nestes casos o profissional de saúde é quem deverá se 
locomover até a residência do idoso para realização dos referidos trabalhos, fazendo 
com que este não seja obstáculo para perpetuação do seu direito. 
 Por fim, no quesito saúde a Lei 13.466 de 2017 trouxe uma alteração importante 
no artigo 15, onde estabelece a preferência especial dos idosos acima de 80 anos 
sobre os demais idosos, exceto nos casos de emergência. 
 
g) Habitação 
 
 O direito à habitação tem suas previsões no contexto constitucional de direitos 
sociais, dentre os quais, são conferidos a dignidade da pessoa humana, ou seja, o 
conceito de moradia digna integra o conceito de subsistência, o que gera a destinação 
de recursos públicos para programas habitacionais. Neste aspecto, o Estatuto tem 
previsões para garantir ao idoso prioridade para a compra de moradia nos programas 
habitacionais, mediante a reserva de 3% das unidades, sendo prevista, ainda, a 
implantação de equipamentos urbanos e comunitários voltados para acessibilidade 
das pessoas nesta faixa etária. 
 Caso verificada a inexistência do seio familiar, ou faltar condições financeiras 
para subsistência do idoso, a este será garantido a assistência integral de longa 
28 
 
permanência, para que se opere as garantias previstas da moradia digna. O Estatuto 
obriga ainda que as instituições que abrigarem idosos, mantenham padrões de uma 
vida digna e saudável para os mesmos compatíveis com suas necessidades, o que 
inclui alimentação regular, higiene constituindo infração administrativa o seu não 
cumprimento destes quesitos. 
2.3.1 Importância jurídica do Estatuto do Idoso 
Além das questões consideradas significativas, merece destacar que o trâmite 
do Estatuto do Idoso durou 6 (seis) anos pelo Congresso Nacional até ser, sancionado 
pelo então Presidente da República em outubro de 2003. 
Suas normas encontram seara em preceitos amplamente debatidos pela 
sociedade, revelando um caráter protetivo dos direitos de parcela da população, dada 
como minoritária e dotada de vulnerabilidade. 
A partir de sua entrada em vigor, os idosos passam a ter proteção jurídica para 
usufruir de seus direitos sem depender de favores ou passar por situações 
constrangedoras para receber sua destinação. Mas para que tudo isso se torne 
possível, faz-se necessário que ocorra a adesão de toda sociedade na 
conscientização de seus preceitos para que haja a transformação, de fato, da teoria à 
pratica na vida dos idosos que integram a nação brasileira e seu ordenamento jurídico. 
 
2.3.2 Deveres da família, comunidade, sociedade e Estado 
 
Encontra-se destaque nesta legislação em seu artigo 3º., a obrigação da 
família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público em assegurar ao idoso, com 
prioridade a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, 
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e 
à convivência familiar e comunitária. Neste aspecto, salvo melhor juízo, subentende-
se que tal prioridade supera toda faixa etária restante, quais sejam: jovens, adultos e 
crianças. A garantida da prioridade está prevista no § 1º, inciso III do artigo 3º deste 
Estatuto, in verbis: 
 
§ 1º A garantia de prioridade compreende: 
29 
 
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos 
públicos e privados prestadores de serviços à população; 
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais 
públicas específicas; 
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas 
relacionadas com a proteção ao idoso; 
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e 
convívio do idoso com as demais gerações; 
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em 
detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou 
careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; 
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de 
geriatria egerontologia e na prestação de serviços aos idosos; 
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de 
informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais 
de envelhecimento; 
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência 
social locais; 
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. 
(BRASIL 2003, online) 
a) O papel da família 
 As determinações contidas no Estatuto, reforçam a ideia de que o princípio da 
dignidade da pessoa humana consagrado pelo texto constitucional, deve nortear, 
inclusive as relações familiares. Sendo a família, de fato, o núcleo da sociedade é esta 
a responsável pelo desenvolvimento do indivíduo, não tendo apenas o cunho 
reprodutivo, sendo também fonte de afeto e solidariedade, o que vai além de meros 
laços sanguíneos. Prevê o artigo 229 da Constituição Federal, “Os pais têm o dever de 
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar 
os pais na velhice, carência ou enfermidade” (BRASIL, 1988). Daí o entendimento de que 
como os pais têm o dever de cuidar dos filhos enquanto menores, os filhos maiores 
devem amparar os pais na sua velhice. 
30 
 
 
 Na ótica deste entendimento o Estatuto estabelece as diretrizes que 
determinam o papel da família nos cuidados com o idoso. Nesta seara, o abandono 
material dos pais idosos, gera responsabilidade civil em relação a estes, bem como 
responsabilidades penais. Nas palavras de Marco Antônio Vilas Boas: 
 
Infelizmente precisou que tal dispositivo ficasse assim escrito. É 
vergonhoso que a obrigação alimentar, mais moral que material, 
necessitasse ficar registrada na Lei Maior. Este dever é anterior a 
qualquer lei. É uma obrigação de cunho afetivo e moral. Qualquer filho 
que tenha caráter e sensibilidade terá que cumprir fielmente este dever 
de consciência (VILAS BOAS 2005 p. 31) 
 
Em relação a responsabilidade penal, para melhor ilustrar o intento deste 
tópico, importante trazer à baila os ditames previstos no artigo 133 do Código Penal:
 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, 
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-
se dos riscos resultantes do abandono: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 Aumento de pena: 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou 
curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (BRASIL. 1948, 
online) 
 
Fica desta forma elencado, que o Estatuto do Idoso prescreve que compete 
principalmente à família, a obrigação de garantir ao idoso a efetivação do direito à 
31 
 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, 
à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e 
comunitária. O violação destes direitos desencadeia a responsabilização dos filhos, 
com base nos artigos nos arts. 186 e 927 do Código Civil, in verbis: 
 
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito (BRASIL. 2002 online). 
 
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo (BRASIL. 2002 online). 
 
 Em decorrência do abandono material os pais idosos têm o direito de receber 
pensão alimentícia dos filhos quando estes não possuírem meios próprios, ou 
recursos suficientes para subsistência, recursos estes, para manutenção própria, 
alimentação, remédios, assistência médica, pagamento de despesas básicas como 
água, luz, gás, telefone e até cuidadores ou empregados, se o idoso não puder viver 
sozinho. De acordo com Orlando Gomes (1978 p. 455) “alimentos são prestações para 
satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si”. 
 O direito a alimentos decorre do princípio da solidariedade familiar e pode ser 
considerado um direito fundamental por ser essencial para a sobrevivência do 
indivíduo. De acordo com o art. 11 do Estatuto do Idoso, "os alimentos serão prestados 
ao idoso na forma da lei civil". No Código Civil, é bom relembrar, a matéria está disciplina 
nos arts. 1.694 a 1.699. 
 Em decorrência do abandono afetivo, como inúmeros casos de filhos que 
deixam seus pais em asilos e não retornam mais, sequer para visita-los, os idosos 
acabam sendo privados da convivência familiar, afrontando com veemência os 
disposto no artigo 3º do presente Estatuto, sobre a assistência afetiva. 
 É com base nas consequências projetadas pelo abandono afetivo, que o 
legislador encontra base para assim preceituar, uma vez que a omissão por parte dos 
filhos em relação a este preceito, gera aflição, dor, sofrimento e até a morte. Álvaro 
Villaça Azevedo, pontua que: 
32 
 
 
O descaso entre pais e filhos é algo que merece punição, é abandono 
moral grave, que precisa merecer severa atuação do Poder Judiciário, 
para que se preserve não o amor ou a obrigação de amar, o que seria 
impossível, mas a responsabilidade ante o descumprimento do dever 
de cuidar, que causa o trauma moral da rejeição e da indiferença. 
(AZEVEDO 2004 p. 14) 
 
 Insta salientar, que o abandono afetivo dos filhos gera o dever de indenizar e essa 
indenização tem um caráter punitivo, compensatório e pedagógico. 
b) O papel da comunidade e da sociedade 
 Os institutos constitucionais que versam sobre a proteção dos direitos e 
garantias fundamentais, tende a alcançar a todos os cidadãos sem exceções, e o 
principal instrumento legal para proteção aos direitos do idoso é o Estatuto. Consta 
do artigo 3º que também é obrigação da comunidade e da sociedade assegurar os 
direitos do idoso. 
 Num ambiente onde parte da população se deixa levar pelo preconceito e 
discriminação, bem como pelo descaso e omissão de seus deveres, impera a 
necessidade de tomadas de providências por parte do Estado para que seja garantido 
os direitos dos idosos. É neste senário que a sociedade tem o seu papel, na condição 
de espectadores e defensores dos direitos alheios. 
O dever que os filhos têm de cuidar dos idosos da família, deve ser entendido 
como uma obrigação natural, vindo antes do dever legal, trata-se portanto de um dever 
de consciência e de solidariedade. Porém, conforme expresso, parte da população, 
não entente desta maneira, e expõe seus idosos a tratamentos degradantes, 
constrangedores com abusos financeiros, e ainda sob atos de violência. 
A sociedade ao tomar conhecimento de situações como estas, não deve se 
calar, devendo utilizar dos recursos disponíveis para denúncias afim de que os autores 
sejam responsabilizados. Como ferramenta a ser utilizada para esta finalidade o 
Ministério dos Direitos Humanos criou o chamado “Disque 100”, que funciona 24 horas 
por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo 
o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel 
33 
 
(celular), bastando discar 100. O serviço pode ser considerado como “pronto socorro” 
dos direitos humanos pois atende também graves situações de violações que 
acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, 
possibilitando o flagrante. A promotora de Justiça da 1ª. Promotoria de Defesa dos 
Direitosdos Idosos de Curitiba, Terezinha Resende Carula, em entrevista para o site 
de entretenimento da Jusbrasil em 2015 explicou que no seu trabalho cotidiano, ela 
se depara com muitos casos de abandono e falta de cuidado aos idosos por parte dos 
próprios familiares. Diante disso, a promotora questiona, com indignação: “É possível 
imaginar que um filho não tenha consciência de que deve amparar o pai ou a mãe na velhice? 
Do ponto de vista da consciência humana, é um sentimento elementar”. E, a partir da 
experiência no dia a dia, declara: “O que mais espanta é a falta de amor. Quando a pessoa 
é chamada a cumprir a lei, é porque não cumpriu antes seu dever de amor”. (JUSBRASIL. 
2015 online) 
A participação da sociedade nos cuidados com o idoso, se consolida de 
diversas formas, e pode contar com um importante órgão que são os Conselhos 
Municipais dos Direitos do Idoso, os quais são os receptores das demandas de cada 
localidade. Desta forma percebe-se através dos relatórios de atividades destes 
Conselhos, demandas diversificadas de um conselho para o outro, algumas se 
destacam com demandas de atividades de lazer, outras localidades o ponto forte são 
os atendimentos relativos a abandono, violência, esquecimento em asilos, entre 
outros. 
Mensurar o dever da sociedade neste importante rito é tarefa difícil, podendo 
ser resumida de forma que o entendimento principal é que também seja protagonista 
deste mecanismo de proteção de direitos. 
c) O papel do Estado 
 De acordo com tópicos anteriores a família tem o principal papel na proteção 
dos direitos do idoso, sendo que tal responsabilidade é considerada como norma 
estruturante da parentalidade, com respeito ao direito de convívio familiar sadio, 
orientado pelo amor e cuidado o que proporcionará a inviolabilidade da dignidade do 
familiar idoso. Considerando que o idoso é pertencente ao grupo dos vulneráveis, 
cumpre ao Estado proteger seus interesses, atuando firmemente na criação de 
políticas públicas de apoio ao idoso, bem como para inibir através de sanções as 
34 
 
violações legais e abusos dentre outras situações negativas relacionadas com esta 
parte da população. 
 Conforme expresso, família, comunidade, sociedade e Estado tem parcela de 
responsabilidade na mantença da ordem relativa aos cuidados com o idoso. No 
entanto, amor e responsabilidade é algo que não se pode obrigar, porém o abandono 
material ou moral do idoso, além de ser quesito para desconstrução de tudo que se 
vive em sociedade, é algo que contribui para a paralisação do crescimento do povo 
brasileiro como cidadãos. 
 Pode-se observar que o mecanismo do Estatuto do Idoso gira em torno da 
busca de suprimento para perfazer as necessidades primárias e secundárias da 
pessoa idosa, e veio para reafirmar os direitos que já eram, de certa forma, garantidos 
na Constituição. Isto trouxe para o idoso a expectativa de que seus direitos e arbítrios 
estão, de certa forma, garantidos. E para que se contemple tal entendimento, faz-se 
necessária a atuação dos três figurantes (Família, Sociedade e Estado) através de 
políticas públicas voltadas para o idoso. 
2.4 DEMAIS LEIS INFRACONSTITUCIONAIS DE DESTAQUE 
 Torna-se válido expor que, além das legislações já elencadas, muitas leis 
infraconstitucionais também trouxeram benesses a população idosa, a exemplo disto 
temos as três seguintes: 
a) A Instrução Normativa RFB 1.131, de 21 de fevereiro de 2011, que estabelece as 
diretrizes em relação a dedução do imposto de renda em favor do idoso, em que a 
pessoa física poderá deduzir na Declaração, as doações feitas para os fundos 
nacional, estadual ou municipal do idoso; 
b) A Lei Federal nº 12.008, de 29 de julho de 2009, que garante ao idoso e outros 
sujeitos com enfermidades consideradas graves, o a prioridade na tramitação de 
processos administrativos e judiciais, sendo que para isto, basta apenas que o 
interessado junte provas de sua condição e requerer junto a autoridade competente. 
c) A Lei Federal nº 11.433, de 28 de dezembro de 2006, que institui o Dia Nacional do 
Idoso, que deve ser comemorado no dia 1º de outubro ficando os órgãos públicos 
responsáveis pela coordenação e implantação da Política Nacional do Idoso – PNI –, 
por promoverem e realizarem eventos e divulgação para valorização do idoso na sociedade. 
35 
 
3 AS POLITICAS SOCIAIS VOLTADAS PARA O IDOSO E A INTERVENÇÃO DO 
SERVIÇO SOCIAL PARA SUA APLICABILIDADE 
3.1 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS 
 A velhice sempre foi tema de atenção e sua preocupação é destacada como 
tendência natural entre os povos. No entanto, foi no século XX que se teve um marco 
importante em relação a relevância de se estudar o processo de envelhecimento das 
pessoas. O campo da geriatria e gerontologia se consolidou pela busca de novos 
saberes médicos, os quais investiram em estudos sobre o corpo envelhecido. O 
avanço das pesquisas mundiais incentivou um grupo de médicos brasileiros a criarem 
as primeiras jornadas de geriatria no Brasil, o que aconteceu em meados dos anos de 
1950. As primeiras extensões universitárias em relação ao envelhecimento aconteceu 
em 1962, o que profissionalizou a categoria médica afastando daquele senário, todos 
os profissionais não médicos que atuavam no campo da geriatria 
 Outro fator de suma importância, que também contribuiu para análise acerca 
do tema, foi o surgimento das aposentadorias, que ocorreu no final do século XIX, na 
Alemanha, quando o governo estabeleceu um sistema nacional que dispensava o 
pagamento de uma pensão aos trabalhadores do comercio, indústria e rurais com 
mais de 70 anos. Esta ideia foi espalhada pelo mundo, chegando ao Brasil no ano de 
1923 quando foi editada uma lei especificamente para os ferroviários, e mais tarde 
para as demais classes, conforme manchete da revista online 
SUPERINTERESSANTE publicada em 18 de abril de 2011. 
Nesta ocasião a velhice passou a ser objeto de discursos de legisladores 
sociais, o que contribuiu para a criação de instituições específicas para acolher a 
velhice menos favorecida. É certo que alguns idosos menos pobres encontravam 
refúgio no seio familiar, sendo mantidos pelas próprias famílias, com algum auxílio do 
governo, enquanto outros eram confinados em asilos ou outras instituições públicas 
com a mesma finalidade. 
Os asilos, durante muito tempo, foram associados a imagem de um local de 
acolhimento de pessoas pobres e incapazes de subsistir na sociedade, o que 
contribuiu veementemente para a criação da imagem da velhice como sendo, a fase 
final da vida, fim das expectativas, fim das esperanças, e de tudo aquilo que se pode 
ter de bom na vida. 
36 
 
Vale dizer, ao passo que as legislações sobre aposentadorias começam a 
trazerem novidades como a redução da idade para se aposentar, aposentadorias 
especiais entre outras, bem como o aumento da expectativa de vida nos países 
desenvolvidos, a velhice passou a ser vista pela sociedade como uma importante fase, 
o que contribuiu para a desconstrução da imagem associada a doenças, dependência 
etc. Verifica-se neste contexto, a criação da categoria de codinome “terceira idade” ou 
“melhor idade”, que trouxe consigo o fim da crise da sociedade em relação ao 
envelhecimento populacional. A noção de terceira idade, e o fato da sociedade ter se 
voltado para esta população em relação a trazer melhorias e um envelhecimento 
saudável, despertou os polos da economia, por enxergar neles, a partir de então, uma 
considerável massa de novos consumidores. Quer seja bom ou ruim, esta ideia de 
nova classe consumeristas, passa a inserir a “terceira idade” na sociedade de forma 
extraordinária. 
O termo terceira idade surgiu na França, em meados dos anos60, quando os 
franceses passaram a associar a velhice como a arte do bem-viver, e trazendo um 
rótulo aos aposentados como membros da terceira idade. A faixa etária considerada 
da terceira idade era de 60 a 80 anos, e a partir desta idade, seria considerada 
decadencial, ou seja, aqueles que já estariam compondo a quarta idade, segundo 
Clarice Peixoto, (PEIXOTO, 1998). 
 Nesta época o Brasil ainda era considerado um país jovem, sendo que 
somente a partir dos anos 70, a terceira idade passou a ter maior visibilidade, sendo 
consolidado efetivamente após 1980 os discursos sociais a este respeito. 
3.2 – ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E SUAS ESTATISTICAS ATUAIS 
 O aumento da longevidade se relaciona com os resultados positivos obtidos 
pelos avanços da medicina nos critérios preventivos, que proporcionaram a 
descoberta de cura para diversas doenças. Estes avanços somados a descoberta de 
vários métodos anticoncepcionais, a inserção da mulher no trabalho e o exacerbado 
aumento do custo de vida da população que por consequência reduzem a natalidade, 
faz com que haja significativamente o aumento do número de pessoas mais velhas 
em determinado país, exatamente o que aconteceu no Brasil. 
 Uma pesquisa recente do IBGE, divulgada no Jornal Nacional em 27/07/2018, 
(G1.GLOBO 2018 online) revelou que daqui a 20 anos, Brasil vai ter mais idosos do que 
37 
 
crianças, e segundo pesquisa, a população vai encolher a partir de 2047. Em 2060, 
quando a projeção termina, o número estimado é de 228 milhões de habitantes. 
 A realidade vivida nas décadas passadas, por certo são diferentes da atual, já 
que para aquela, a preocupação era em relação a criação de políticas públicas 
voltadas para o idoso, e para esta a sua adaptação dado o aumento crescente da 
população alvo das referida políticas. A exemplo deste entendimento, temos as 
dificuldades econômicas encontradas no sistema previdenciário brasileiro 
desencadeado pelo aumento da população idosa, da diminuição da população 
economicamente ativa a longo prazo o que prejudica de forma significativa a economia 
do país. 
 O novo perfil relativo a terceira idade, dadas presentes dificuldades requer 
devidos ajustes nas políticas públicas existentes que envolvam, desde a melhora na 
saúde pública, passando por diversos pontos, e por fim, um sistema previdenciário 
mais eficiente. Para isto faz-se necessário o entendimento das referidas políticas 
públicas, suas origens e a diferenciação de políticas sociais das públicas, para que se 
obtenha sugestões do ponto de partida para suas melhorias. 
3.3 – A ORIGEM DAS POLÍTICAS PUBLICAS E SUAS DIFERENCIAÇÕES 
 Sua origem está atrelada ao contexto histórico de uma sociedade, inerentes à 
acontecimentos sociais, políticos e econômicos. Afloram da necessidade da 
sociedade no âmbito do surgimento de classes sociais. É uma consequência de um 
processo social desencadeado pela exploração de trabalho e para o suprimento das 
necessidades das classes sociais havidas neste contexto de criação. 
 Nesse sentido, sob síntese dos ensinamentos de Celso Hotz, (HOTZ, 2008) as 
políticas públicas têm suas ações voltadas a atuação estratégica do Estado para 
intervir na sociedade e atender necessidades, a partir de suas reivindicações em 
movimentos populares, luta de classes trabalhadoras, etc., as quais se apoiam no 
Estado, como um tutor capaz de implementar e intervir diretamente nas relações 
sociais, políticas e econômicas. Evaldo Vieira complementa o entendimento exposto: 
 
“Não tem havido, pois, política social desligada dos reclamos populares. 
Em geral, o Estado acaba assumindo alguns destes reclamos, ao longo 
de sua existência histórica. Os direitos sociais significam, antes de mais 
38 
 
nada, a consagração jurídica de reivindicações dos trabalhadores. Não 
significam a consagração de todas as reivindicações populares, e sim 
a consagração daquilo que é aceitável para o grupo dirigente do 
momento.” (VIEIRA, 1992, p. 23) 
 
As políticas sociais, por sua vez, encontram suas origens nas abordagens do 
Estado no âmbito do atendimento das necessidades básicas dos cidadãos. É a 
resposta direta do Estado, pelas reivindicações feitas pela sociedade, com finalidades 
na esfera social, garantindo ao cidadão, os serviços sociais, bens, e recursos 
necessários para sua estadia como ente da sociedade. Nas palavras de Maria 
Carmelita Yazbek, nas Políticas Sociais: 
 
O Estado envolve-se gradualmente numa abordagem pública através 
de procedimentos de intervenção nas relações sociais como 
legislações laborais, entre outros, sendo estes, pois, institucionalizados 
no âmbito da ação do Estado. Assim, ao se permitir aos cidadãos o 
acesso a recursos, bens e serviços sociais necessários, surgem as 
políticas públicas voltadas para realização de direitos, necessidades e 
potencialidades da sociedade de um Estado” (YAZBEK, 2008). 
 
 Em síntese, pode-se afirmar que política pública é gênero enquanto política 
social é espécie, sendo que a primeira é medida utilizada pelo Estado para atender as 
necessidades da sociedade de forma geral abrangendo diversas áreas, enquanto a 
segunda é utilizada pelo Estado para atender especificamente, as necessidades no 
âmbito social da população, na esfera do exercício da cidadania. 
 A exemplo de políticas públicas podemos citar o meio ambiente, o qual é 
reconhecido como um direito de todos, e para sua proteção amolda-se a Política 
Nacional do Meio Ambiente instituída pela Lei Federal 6.938. A água também é 
considerada de uso comum, e para proteção deste bem, e regulamentar seu uso foi 
criada a Política Nacional de Recursos Híbridos através da Lei Federal 9.433. Vale 
dizer que além destes exemplos, existem inúmeros outros. 
 As Políticas Sociais, conforme expresso estão ligadas, de forma específica, às 
necessidades sociais, a exemplo disto podemos citar a Política Nacional de 
Assistência Social – PNAS; A Política Nacional da Saúde aprovada pela Portaria 687 
de 30/03/2006 do Ministério da Saúde, entre outras, com destaque especial para a 
39 
 
Política Nacional do Idoso – Lei 8.842 de 04/01/1994. 
 Percebe-se que as tais políticas públicas assim como os programas de atenção 
voltados para os idosos vieram como um forte instrumento de defesa e desempenham 
um papel importante na sua interação com a sociedade, fazendo com que eles sejam 
retirados do esquecimento e tenham a possibilidade de terem uma condição social 
mais justa. Para o sucesso desta nova realidade e dos desafios que a acompanha, 
faz-se necessário a instituição de instrumentos legais como garantia da proteção 
social e ampliação dos seus direitos. 
 Conforme expresso, a partir de 1970, os intentos da proteção dos direitos do 
idoso, vão ganhando visibilidade no Brasil. Conforme consta, foi no ano de 1973 que, 
após um estudo realizado pelo Ministério da Previdência que constatou o aumento da 
população idosa no Brasil, foi apontada a necessidade de criação de políticas sociais 
voltadas para a população idosa. Um ano depois, 1974, deu-se início a criação de 
programas e projetos, assim como a edição de leis voltadas para o envelhecimento, 
destacando-se nesta ocasião, o Programa de Assistência ao Idoso – PAI; o programa: 
Projetos de Apoio à Pessoa Idosa – PAPI. 
 Ainda nesta época, em decorrência da estatística de crescimento do número 
de idosos na população brasileira, através de pesquisas realizadas por institutos desta 
finalidade, organizações privadas e públicas intensificam-se nas ações junto a 
população idosa. A exemplo disso temos o Serviço Social do Comércio – SESC, que 
nesta ocasião passou a adotar programas para a terceira idade, assim como a Legião 
Brasileira

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