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FÁRMACOS SIMPATOMIMÉTICOS O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O sistema nervoso autônomo é dividido em simpático, parassimpático e entérico. O simpático e o parassimpático nem sempre apresentam atividades contrárias, pois há alguns órgãos em que as ações dos dois componentes do SNA são simplesmente diferentes. Em geral, o SNA simpático está envolvido com situações de luta, fuga e perigo. Para evitar a fonte de perigo, é necessário um aumento na circulação, para que o músculo receba maior quantidade de sangue. Isso ocorre aumentando a frequência cardíaca e a força de contração do miocárdio. É necessária uma broncodilatação. Preparando assim o organismo para essas situações. Dilatação da pupila (midríase). Lipólise. Transpiração. Glicogenólise e gliconeogênese. O SNA parassimpático está relacionado com repouso e digestão. Promove contrações, peristaltismo e aumento das secreções no TGI, miose (acomodação da visão para perto), relaxamento dos esfíncteres, broncoconstrição. Diminui a frequência dos batimentos cardíacos e a pressão arterial. A salivação é estimulada por ambos, mas a resultante da ação do parassimpático é mais líquida, enquanto no simpático, mais viscosa e proteica. A distribuição anatômica do simpático e do parassimpático ocorre a partir de dois neurônios, o pré-ganglionar e o pós-ganglionar. O simpático é tóraco-lombar, enquanto o parassimpático é crânio- sacral. O simpático apresenta neurônios pré-ganglionares curtos e pós-ganglionares longos, e o contrário ocorre para o parassimpático. É através da distribuição anatômica que podemos começar a compreender melhor a divisão do SNA, porque no parassimpático, o neurotransmissor predominante é a acetilcolina, que é liberada tanto pelo neurônio pré-ganglionar como o pós-ganglionar. Ela atua nos seus receptores e exerce suas ações. O SNA SIMPÁTICO No SNA simpático, a noradrenalina predomina no neurônio pós-ganglionar, pois no neurônio pré-ganglionar há predomínio da acetilcolina. Nas glândulas sudoríparas, o neurotransmissor liberado pelo neurônio pós-ganglionar do simpático é a acetilcolina. Além disso, na medula suprarrenal encontram-se células neuroendócrinas pós-sinápticas que sintetizam e liberam adrenalina por conversão de 85% da noradrenalina nesta. Nesse processo, a noradrenalina é produzida dentro de uma vesícula, vai pro citosol, e lá é convertida em adrenalina, que retorna para a vesícula para que seja liberada por exocitose. A síntese da noradrenalina começa com a TIROSINA, um aminoácido que é transportado para o interior do neurônio no terminal pré-sináptico, pelo transportador de L-aminoácidos aromáticos (simporte com o sódio). A TIROSINA é convertida em L-DOPA pela tirosina-hidroxilase. A etapa de conversão de tirosina em L-DOPA é a ETAPA LIMITANTE, a enzima fica saturada em elevadas concentrações de tirosina. Essa L-DOPA é descarboxilada pela DOPA-descarboxilase e gera a DOPAMINA. A DOPAMINA é transportada para o interior de vesículas pelos transportadores de monoamina vesicular (VMAT), por antiporte de íons H⁺. No interior da vesícula, a DOPAMINA é hidroxilada pela dopamina-β-hidroxilase, formando NORADRENALINA. Dependendo do tipo celular, a NORADRENALINA pode ser convertida em ADRENALINA se houver a enzima feniletanolamina- N-metiltransferase, no citosol, para onde vai pelo transportador de monoaminas oxidase. Quando ocorre potencial de ação nesse neurônio, a entrada de íons Ca2+ no terminal sináptico vai gerar a exocitose das vesículas contendo o neurotransmissor resultante do processo anterior, liberando o conteúdo na fenda sináptica. A noradrenalina na fenda sináptica pode atuar em receptores pré ou pós-sinápticos. Os pré- sinápticos são chamados de autorreceptores, que podem ser inibitórios (inibe a liberação das vesículas) ou excitatórios (estimula a liberação das vesículas). Os autorreceptores funcionam como um mecanismo de regulação da sinapse, e são muito comuns no SNA simpático. HIDROXILAÇÃO HIDROXILAÇÃO DESCARBOXILAÇÃO METILAÇÃO Citosol Citosol Vesícula Citosol A ação da noradrenalina é terminada pelo processo de recaptação. Na membrana do neurônio pré-sináptico há um transportador de noradrenalina, que a capta e joga para o interior da célula, através de simporte com íons Na+. Nenhuma molécula carreia a noradrenalina até esse transportador, ela simplesmente se difunde, e, como ela está em alta concentração, sua ligação a essa proteína de membrana é muito fácil de ocorrer. Existe uma classe de antidepressivos chamada de inibidores de recaptação das monoaminas, pois inibe a recaptação de noradrenalina e dopamina. Uma vez no interior da célula, a noradrenalina é degradada pela monoamina-oxidase (MAO) ou pela catecol-O-metiltransferase (COMT), que a transformam em metabólito, que vai ser eliminado pela urina. A COMT é amplamente distribuída, presente em células neuronais e não neuronais, como o fígado. A MAO apresenta dois subtipos, MAO-A e MAO-B, e é encontrada nas células não adrenérgicas, como fígado e epitélio intestinal. Os metabólitos da noradrenalina são ácido vanililmandélico (VMA), na periferia, e 3- metoxi-4hidroxifenilglicol (MOPEG), no SNC. Obs.: os inibidores da recaptação da dopamina no núcleo estriado acabam gerando uma dessensibilização dos receptores desse neurotransmissor, o que tem como consequência discinesia (distúrbio da atividade motora, movimentos repetitivos e involuntários) tardia. Antidepressivos podem inibir a recaptação e a MAO (a noradrenalina fica em altas concentrações no neurônio pré-sináptico, podendo voltar pra vesícula ou pra fenda sináptica através do transportador de noradrenalina), potencializando a ação do neurotransmissor. Os receptores pós-sinápticos: RECEPTORES ADRENÉRGICOS São todos acoplados à proteína G. Receptores α1-adrenérgicos – Aumenta a captação de Ca2+ → contração muscular. – Contração dos músculos lisos vasculares (exceção TGI) → aumenta RVP e PA. – Glicogenólise (fígado). Receptores α2-adrenérgicos – INIBITÓRIOS – proteína Gi. – ↓ liberação de neurotransmissores (autorreceptores). – ↓ secreção de insulina (pâncreas). Receptores β1-adrenérgicos – Coração → efeito cronotrópico (frequência) e inotrópico (força) positivos. – Aparelho justaglomerular → liberação de renina → gera liberação de aldosterona e ↑ PA. Receptores β2-adrenérgicos – Relaxamento muscular. – Broncodilatação (asma = alívio imediato com aplicação de agonista β2). – Vasodilatação (ao contrário do α1, que promove vasoconstrição). – Relaxamento da musculatura lisa uterina (fármaco pode evitar contrações em parto prematuro). – Glicogenólise (fígado). OS FÁRMACOS SIMPATOMIMÉTICOS Essas substâncias podem ter uma ação direta sobre os receptores pós-sinápticos, ou uma ação indireta, causando: Inibição da recaptação dos neurotransmissores; Bloqueio do autorreceptor; Estimulação da liberação de noradrenalina (por meio da inibição do α2, um receptor inibitório); Inibição da degradação, inibindo as enzimas MAO e COMT; Ou o somatório dos efeitos acima. Ação direta ocorre por meio de uma ligação direta no receptor, com agonistas α e β adrenérgicos, podendo os fármacos ser seletivos ou não. Além disso, fármacos podem apresentar também ação mista (direta + indireta). A TIRAMINA está presente em alguns alimentos fermentados, como queijos, vinhos e salsichas. É necessário ter muito cuidado com pacientes que utilizam antidepressivos (inibidores da MAO), pois a tiramina aumenta a liberação da noradrenalina, podendo causa uma hiperestimulação adrenérgica. Fármacos antiobesidade, como a SIBUTRAMINA, que inibem a recaptação de noradrenalina no hipotálamo (onde ocorre o equilíbrio da fome/saciedade), geram um maior risco de cardiopatia. O ORLISTAT (XENICAL) é um inibidor da lipase pancreática, impedindo a absorção de lipídios flatulências com escapes. É o único fármaco antiobesidade liberado. A inibição da recaptação não é tão seletiva quanto a ação direta, que depende dos vários tipos de receptores. ACÃO DIRETA ADRENALINA - Agonista não seletivo (afinidade relativa ao receptor: α₁ = α₂; β₁ = β₂) USO CLÍNICO - Broncoespasmo (β2) → asma aguda e choque anafilático (tratamento de emergência). - Parada cardíaca. - Associado a um anestésico local prolonga sua ação → α1 realiza vasoconstrição, diminuindo a probabilidade do fármaco anestésico ganhar a circulação sistêmica e prolongando sua ação local. EFEITOS COLATERAIS - Taquicardia. - Tremor fino das mãos (β₂). - Hipertensão (α₁). - Hiperglicemia (α₂). - Transtornos no SNC – e.g., ansiedade e pânico. NORADRENALINA - Afinidade relativa ao receptor: α₁ = α₂; β₁ >> β₂. Seus efeitos sobre α₁ (vasoconstricção), α₂ e β₁ (↑ débito cardíaco e força de contração) são semelhantes aos da adrenalina. Possui relativamente pouco efeito sobre β₂. Leva a aumento da resistência vascular periférica (RVP) e da pressão arterial (sistólica e diastólica). ISOPROTERENOL ou ISOPRENALINA - Agonista β não seletivo, tendo pouco efeito sobre receptores α. USO CLÍNICO → aliviar a broncoconstrição, como na asma (é obsoleto devido aos efeitos cardíacos de β₂). EFEITOS COLATERAIS → arritmia cardíaca; ↓ PA média e tremor das mãos. DOBUTAMINA - Agonista β₁ seletivo. Constituída por uma mistura racêmica: o Isômero (+): potente agonista β₁ e antagonista α₁ o Isômero (-): fraco agonista β₁ e potente agonista α₁ o Os efeitos sobre α₁ acabam se anulando. USO CLÍNICO → insuficiência cardíaca. METAPROTERENOL, SALBUTAMOL e TERBUTALINA - Agonistas β₂ seletivos. USO CLÍNICO → asma aguda (salbutamol aerossol); bronquite crônica; enfisema e retardar parto prematuro (salbutamol → tocolítico intravenoso → causa relaxamento da musculatura). - Possui resposta imediata, porém curta duração, sendo usado em emergências. EFEITOS COLATERAIS → vasodilatação periférica e tremor (músculo esquelético) β₂, e taquicardia β₁ (não são totalmente seletivos). METOXAMINA, FENILEFRINA, OXIMETAZOLINA e TETRAIDRAZOLINA - Agonistas α₁ USO CLÍNICO – Metoxamina (administração sistêmica) → choque. – Fenilefrina, oximetazolina e tetraidrazolina (administração tópica) → descongestionantes nasais. EFEITOS COLATERAIS – ↑ pressão arterial. – Bradicardia reflexa. – ↓ oxigenação da mucosa nasal (necrose tecidual e perda do olfato). O uso é frequentemente acompanhado de hipersensibilidade de rebote e retorno dos sintomas. AÇÃO INDIRETA TIRAMINA Presente em alimentos fermentados, e.g., vinho tinto e queijo. Normalmente metabolizada no trato gastrintestinal e no fígado pela MAO. Utilizada como ferramenta farmacológica. Transportada pelo NET. ↑ [noradrenalina] na fenda sináptica. A tiramina é absorvida, atinge a circulação sistêmica e chega aos terminais noradrenérgicos. Ela entra nas vesículas através do transportador de monoamina-oxidases e desloca a noradrenalina para fora das vesículas, ficando em maior quantidade no citosol. No citosol, a noradrenalina não vai mais precisar de potenciais de ação para que os íons Ca2+ entrem e ela seja liberada por exocitose das vesículas, ela vai simplesmente ser transportada pelo transportador de noradrenalina. Além disso, por inibir a MAO, não vai haver degradação dessa noradrenalina deslocada no citosol. Logo, a tiramina é um simpatomimético indireto. Quando um indivíduo toma antidepressivos inibidores da MAO, essa enzima não irá metabolizar a tiramina (que chega ao organismo por meio da alimentação). Sem a metabolização da tiramina, essa substância estará em excesso no corpo, e promoverá um aumento de noradrenalina na fenda sináptica. Essa grande quantidade de noradrenalina ativará seus receptores de forma intensa (gerando vasoconstrição, aumento da PA, etc.), podendo levar a um mal súbito. Parte da NE citosólica é degradada pela MAO. Outra parte é liberada através do NET (transportador de NE). VMAT = transportador de monoamina vesicular. ANFETAMINA Elevação súbita e perigosa ↑↑ [NA] MECANISMO DE AÇÃO Desloca as catecolaminas endógenas das vesículas de armazenamento (como tiramina); Inibidor fraco da MAO; Bloqueia a recaptação de catecolaminas pelo NET; - Possui pouca ação nos receptores α- e β-adrenérgicos. USO CLÍNICO → narcolepsia, obesidade e TDAH. AGENTES RELACIONADOS À ANFETAMINA o Metanfetamina (N-metilanfetamina; cristal…): - Droga de abuso (↑ razão efeito central/periférico). o Metilfenidado: - Crianças com TDAH. o Modafinil: psicoestimulante → narcolepsia - Mecanismo de ação não completamente conhecido; inibe os transportadores de NA, DA; aumenta as concentrações sinápticas de NA, DA, 5-HT e glutamato, enquanto diminui as de GABA. AÇÃO MISTA EFEDRINA • Encontrada em várias plantas (chineses usam a mais de 2000 anos). • 1924, introduzida na medicina ocidental como 1º fármaco simpatomimético ativo oralmente. Relacionado estruturalmente a anfetamina Inibidores da recaptação de catecolaminas: - Cocaína; - Antidepressivos tricíclicos, e.g., imipramina. Inibidores da monoamina oxidase (IMAO) → ANTIDEPRESSIVOS - Fenelzina e iproniazida (não-seletivos) ; - Clorgilina e moclobemida (seletiva MAO-A); - Seleginina (seletiva MAO-B) → tratamento de Parkinson MECANISMO DE AÇÃO → promove liberação de noradrenalina e é agonista de receptores β-adrenérgicos. USO CLÍNICO o Tratamento de asma (após descoberta); o Em misturas de descongestionantes usa-se pseudoefrina (1 dos 4 enantiômeros da efedrina). • O uso da pseudoefedrina como um precursor na síntese da metanfetamina levou à restrições na sua venda. • Estimulante fraco do SNC. • Ação termogênica, por isso usado como emagrecedor, mas o uso causa dependência. • Efeitos indesejados: - Hipertensão; - Taquicardia; - Psicose aguda com superdosagem; - Dependência; - Insônia. • Contra-indicada quando são administrados inibidores da MAO.
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