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Nosso Sistema Jurídico Precisa de um Código de Processo Civil Coletivo

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Nosso Sistema Jurídico Precisa de um Código de Processo Civil Coletivo? 
 
 
Antônio Porfírio Filho 
 
 
Surge no âmbito das discussões jurídicas, mais doutrinárias que outras, e oxalá 
no ambiente das faculdades de Direito, tal qual aquela que parece ter sido o marco no 
País[1], a importância de elaboração de um Código de Processo Coletivo para cuidar de 
interesses de perfil coletivo, em todas as suas acepções. 
Em face dessa nova ideia, um dos questionamentos trazidos às mesas é se 
nosso sistema jurídico precisa de um Código de Processo Civil Coletivo (?). 
Inicialmente interessa salientar o seguinte: se fosse simples tecer considerações a 
respeito da importância deste assunto, não seria relevante fazer distinções sobre 
conceitos embrionários ao tema, como por exemplo, as partes; a coisa julgada; a 
execução de sentença; os interesses sociais; os direitos individuais homogêneos[2]. No 
entanto, como se trata de questão direta, exige resposta também direta, de pronto 
posiciono-me, afirmativamente, pela importância de se criar um CPC para o sistema 
jurídico brasileiro, pelas razões seguintes[3]. 
Afora as várias definições e conceitos postos ao processo, pode-se dizer que, em 
um senso pragmático, serve, no caso concreto, como instrumento à tutela de direitos 
violados ou prestes a serem lesados, isto por que “a função jurisdicional do Estado é 
exercida, de um modo geral, para tutelar direitos ameaçados ou lesados”[4]. 
Consoante é cediço, os interesses protegidos se apresentam à forma de direitos 
individuais (e individuais homogêneos) e direitos trans-individuais: coletivos stricto 
sensu e difusos. A importância dessa distinção paira principalmente no tocante à forma 
como a sua tutela é exercida, ou seja, qual o mecanismo a ser utilizado para o exercício 
do direito subjetivo: ação civil pública, ação coletiva[5]. 
Conforme assenta a melhor doutrina, ainda se vislumbram muitas dúvidas sobre 
o meio processual a ser utilizado judicialmente, quando direitos individuais 
homogêneos e direitos difusos e coletivos stricto sensu estão em litígio. Diz-se que tal 
ocorrência se dá por um desprestígio ou até mesmo uma carência de domínio sobre o 
tema, seja de ordem doutrinária ou jurisprudencial, em decorrência da ausência de uma 
melhor e maior análise distintiva dos conceitos desses direitos; e, a partir disso, o que 
fazer e como fazer com eles, para que cheguem efetivamente, a quem os reclama, sendo 
que, a identificação desses, bem como a detecção da abrangência da efetivação da coisa 
julgada cumulada com a execução da sentença são assuntos ainda não esmiuçados no 
Direito pátrio[6]. 
Não obstante tais considerações, nota-se que o sistema jurídico pátrio, de forma 
modelar, contém leis que tratam da tutela de direitos coletivos e da tutela coletiva de 
direitos. Os primeiros, pela Lei nº 7.347/1985, denominada Lei da Ação Civil Pública; a 
segunda, pela lei 8.078/90, CDC; o Mandado de Segurança Coletivo, art. 5º, LXX, b, 
CF/88. 
A distinção entre direitos coletivos e tutela coletiva de direitos é fundamental à 
discussão ora trazida a lume. Isso por que uma das razões de se cogitar a importância da 
elaboração de um Código de Processo Civil Coletivo (CPCC) ao ordenamento jurídico 
brasileiro passa justamente por essa observação, já que, na pragmática judicial, 
processualmente são tratados como se faz com os direitos individuais. Já que o atual 
CPC foi pensado para tutelar essa categoria de direitos, com respaldo em uma sociedade 
então individualista[7]. 
As inferências do texto são de que, sem dúvidas, primamos pela inserção de um 
CPCC no ordenamento jurídico pátrio, o que permitirá que a dinâmica de trabalho dos 
operadores do direito ficará mais rica de conteúdo e certeza sobre o tema, o que 
contribuirá à segurança jurídica, tendo em vista que as mudanças no trato das relações 
intersubjetivas proporcionaram novas formas de pensar os interesses daí decorrentes, de 
forma que a compreensão de sua importância passa pela inserção de um código que 
venha a suprir todas as lacunas ainda existentes no trato com os direitos coletivos e os 
direitos individuais homogêneos, de forma que sejam inseridos em seus devidos lugares, 
o que sem dúvida será de bom grado à consecução da tutela desses direitos. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ARENHART, Sérgio Cruz. A TUTELA DE DIREITOS INDIVIDUAIS 
HOMOGÊNEOS E AS DEMANDAS RESSARCITÓRIAS EM PECÚNIA. 
Material do Curso de Pós-Graduação LFG. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual – Procedimentos 
especiais.Rio de Janeiro: Forense, 2010. 
 
ZAVASCKI, Teori Albino. PROCESSO COLETIVO. TUTELA DE DIREITOS 
COLETIVOS E TUTELA COLETIVA DE DIREITOS. 3 ed. Revisada e atualizada. 
São Paulo: Editora dos Tribunais, 2008. Material didático do Curso de Direito 
Processual Civil LFG. 
 
 
 
[1]O estudo do processo coletivo no direito brasileiro é ainda incipiente. A 
Universidade de São Paulo-USP por intermédio de seus alunos do curso de pós-
graduação, com a coordenação de Ada Pellegrini Grinover, no intuito de ampliar o 
debate acerca do processo coletivo e visando à unificação da legislação que hoje se 
encontra esparsa desenvolveu o Anteprojeto de Código Brasileiro de Processo Coletivo. 
[2]A respeito deste tópico, vê a Leitura Complementar XVIII, p. 57, do tema trazido 
pelo professor Zavascki: teoria geral do processo coletivo. 
[3]A necessidade de fomento à pesquisa ao Processo Coletivo e a unificação da 
legislação é necessidade atual e não pode ser ignorada. Disponível 
em: http://www.fmd.pucminas.br/ - acessado em: 03.10.2011. 
[4]Conforme ZAVASCKI 
[5]Barbosa Moreira: O Brasil pode orgulhar-se de ter uma das mais completas e 
avançadas legislações em matéria de interesses supra-individuais, de modo que, se ainda 
é insatisfatória a tutela de tais interesses, certamente “não é a carência de meios 
processuais que responde por isso”. (p. 36) 
[6]A nova compreensão desses dois institutos (autor individual e coisa julgada) deu 
ensejo a que se percebesse, com clareza, que a “a visão individualista do devido 
processo judicial está cedendo lugar rapidamente, ou melhor, está se fundindo com uma 
concepção social, coletiva. Apenas tal transformação pode assegurar a realização dos 
direitos ‘públicos relativos’ a interesses difusos” (ZAVASKI, p. 32). 
[7]O surgimento das ações coletivas é fruto da superação, no plano jurídico-
institucional, do individualismo exacerbado pela concepção liberal que o Iluminismo e 
as grandes revoluções do final do século XVIII impuseram à civilização ocidental.

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