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Capítulo IV Modalidades de Financiamento 2018 - 2019 Modalidades de Financiamento 1. Médio e longo prazo 1.1 Reembolso de Empréstimos 3 Reembolso de Empréstimos Empréstimo Financeiro: contrato pelo qual uma das partes (mutuante) cede à outra (mutuário) uma certa importância, ficando esta última obrigada a restituir o capital recebido acrescido do juro respetivo. Amortização1 é o processo mediante o qual se extingue gradualmente uma dívida, por meio de uma série de prestações destinadas ao pagamento dos Juros e reembolso do Capital. ____________________________ 1 Corresponde ao conceito financeiro usado em sentido lato; quando usado em sentido restrito significa reembolso de capital. 4 Problemas Fundamentais da Amortização A planificação da amortização de uma dívida por meio de pagamentos regulares e periódicos, vencendo juros a uma taxa i, obriga ao conhecimento de três fatores essenciais: 1. Valor das Prestações 2. Número de Prestações 3. Taxa de Juro do Empréstimo A interdependência destes 3 fatores é tal que se se conhecerem 2 deles é possível calcular o terceiro por meio das fórmulas financeiras apropriadas e conhecidos que sejam os 3 fatores poder-se-á elaborar o Mapa de Serviço da Dívida. Reembolso de Empréstimos 5 Atendendo a que o mutuário tem a obrigação de restituir o capital recebido e de pagar os juros, cada pagamento efetuado (prestação) poderá destinar-se ao reembolso do capital, ao pagamento de juros ou à combinação dos dois. As diferentes combinações quanto à constituição das prestações originam a existência de várias Modalidades de Amortização. Reembolso de Empréstimos 6 1. No que respeita ao Reembolso do Capital, distinguem- se duas hipóteses: • Reembolso do Capital por meio de vários pagamentos escalonados a efetuar em datas previamente fixadas; • Reembolso do Capital por meio de um pagamento único no fim do prazo do empréstimo. Reembolso de Empréstimos 7 2. Quanto ao Pagamento de Juros, distinguem-se três hipóteses: • Pagamentos escalonados a efetuar em datas previamente fixadas; • Pagamento único de juros no início do prazo do contrato; • Pagamento único de juros no fim do prazo do contrato. Reembolso de Empréstimos 8 Cada uma das modalidades de reembolso pode combinar- se com cada uma das modalidades de pagamento de juros, dando origem a seis modalidades principais de Amortização de Empréstimos, nomeadamente: 1. Reembolso do Capital por meio de quotas constantes e pagamento de Juros escalonados no tempo; 2. Reembolso do Capital por meio de quotas constantes e pagamento global de Juros no início do prazo; 3. Reembolso do Capital por meio de quotas constantes e pagamento global de Juros no fim do prazo; Reembolso de Empréstimos 9 4. Reembolso do Capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e Juros pagos escalonadamente; 5. Reembolso do Capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e Juros pagos antecipadamente no início do contrato; 6. Reembolso do Capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e Juros pagos postecipadamente também no fim do contrato. Pode-se referir ainda, mais uma modalidade de amortização: 7. Reembolso do Capital e pagamento de Juros por meio de prestações escalonadas e constantes (Método Francês). Reembolso de Empréstimos 10 Sendo: C : Valor do empréstimo n : Número de períodos (prazo) i : Taxa de juro jp : Juro vencido no momento p mp : Reembolso de capital referente ao período p Tp : Prestação referente ao período p Mp : Valor do capital reembolsado até ao final do período p (inclusive) Rp : Débito residual no período p (Valor em dívida no final do período p após o pagamento da prestação referente a esse período) Reembolso de Empréstimos Modalidades de Financiamento 1. Médio e longo prazo 1.1 Reembolso de Empréstimos 1.1.1. Método Francês 12 Reembolso do capital e pagamento de juros por meio de prestações escalonadas e constantes Esta modalidade, designada por Método Francês, tem vindo a ser muito utilizada nos empréstimos de longo prazo, caracterizando- se por as prestações serem todas de igual valor, sendo compostas pelo juro vencido em cada período acrescido do reembolso de capital. Principais características: • As datas de reembolso coincidem com as datas de pagamento dos juros; • O serviço do empréstimo (reembolso do capital e pagamento de juros) é constituído por prestações constantes; • O serviço do empréstimo começa no fim do primeiro período; • Os juros periódicos são calculados sobre o valor em dívida no início de cada período. 13 Admitindo que o valor do empréstimo contraído no momento zero é C, a amortizar em n períodos e vencendo juros à taxa i durante todo o prazo, temos: Estamos na presença de uma renda imediata com termos normais e constantes. 0 1 2 ............. p p+1 n +C -T -T …… -T -T …… -T __|_____|_____|_____________|_____|___________|___ Método Francês 14 a n i C T Valor do Empréstimo (Capital Inicial) Prestação Cada uma das prestações T contém uma parte mp destinada ao reembolso do Capital Inicial C e outra ao pagamento dos Juros do respetivo período jp. T = mp + jp o que determina a progressividade das quotas de reembolso segundo uma progressão geométrica de razão (1+i). a n i C = T Método Francês 15 O valor do empréstimo deverá coincidir com a soma dos reembolsos (mp), isto é: C = m1 + m2 + ..... + mn Como o reembolso é escalonado, o capital em dívida vai diminuindo à medida que se vão entregando os reembolsos de capital (mp). Assim, o capital em dívida após o pagamento do primeiro reembolso será C - m1. Incidindo o juro sobre o capital em dívida e uma vez que este diminui progressivamente, também o juro tende a ser cada vez menor, isto é: J1 > J2 > J3 > ... >Jn Mas como as prestações são constantes, implica que os reembolsos de capital sejam crescentes, ou seja, m1 < m2 < m3 < ... < mn Método Francês 16 Cálculo de Valores referentes ao Mapa de Serviço da Dívida a) Prestação (T): De acordo com uma renda imediata e normal b) Débito Residual após o pagamento da prestação p (Rp): c) Juros incluídos na prestação de ordem p (jp): d) Reembolso de Capital da prestação de ordem p (mp): p p 1j R i p p 1 pR R m p pm T j a n i C T Método Francês 17 Mapa de Serviço da Dívida Período Prestação Débito Residual no fim do período (Rp) Total (T) Juros (jp) Reembolso (mp) 0 - - - R0 = C 1 T j1 = R0 x i m1 = T – j1 R1 = R0 – m1 2 T j2 = R1 x i m2 = T – j2 R2 = R1 – m2 … … … … … p T jp = Rp-1 x i mp = T – jp Rp = Rp-1 – mp … … … … … n T jn = Rn-1 x i mn = T – jn Rn = Rn-1 – mn = 0 J = jp M = mp = C Método Francês 18 Derivações do Método Francês 1. Reembolso do Capital e Pagamento de Juros por meio de Prestações Escalonadas, Constantes e Diferidas Distinção entre Prazo de Diferimento e Prazo de Carência Prazo de diferimento é o número de períodos em que não há serviço de dívida, isto é, não existem pagamentos nem para reembolso do capital nem para satisfazer os juros vencidos. Prazo de carência é o número de períodos em que não há serviço de reembolso do capital mas existe serviço (pagamento) dos juros vencidos. 19 Derivações do Método Francês Seja C o valor do empréstimo a amortizar por meio de n prestações periódicas, constantes e postecipadas, vencendo-se a primeira delas no fim do período de ordem k+1, sendo os juros contados à taxa i. C -T -T -T -T _|____|___________|____|__________|____|_______|_0 1 …. k k+1 ….. k+p-1 k+p ….. k+n T a n i (1 + i)-k T a n i 20 Derivações do Método Francês Equação Fundamental: Nota: O valor total dos juros pagos corresponderá ao somatório dos juros a partir do momento k, acrescidos dos juros acumulados no período de diferimento. C = (1 + i)-k T a n i 21 Derivações do Método Francês Mapa de Serviço da Dívida * Reembolso do capital inicial e dos juros do período de diferimento Período Prestação Débito Residual no fim do período (Rp) Total (T) Juros (jp) Reembolso (mp) 0 - - - R0 = C 1 - Acumulação de juros - R1 = C (1 + i) 2 - Acumulação de juros - R2 = C (1 + i) 2 … … … … … k - Acumulação de juros - Rk = C (1 + i) k k+1 T jk+1 = Rk x i mk+1 = T – jk+1 Rk+1 = Rk – mk+1 … … … … … k+n T jk+n = Rk+n-1 x i mk+n = T – jk+n Rk+n = Rk+n-1 – mk+n Rn = 0 22 Derivações do Método Francês 2. Reembolso do Capital e Pagamento de Juros por meio de Prestações Escalonadas, Constantes e com Prazo de Carência Seja C o valor do empréstimo a amortizar por meio de n prestações periódicas, constantes e postecipadas, vencendo-se a primeira delas ao fim do período de ordem k+1, sendo os juros contados à taxa i e com o prazo de carência igual a k períodos. C -j -j -T -T -T -T _|____|___________|____|__________|____|_______|_ 0 1 …. k k+1 ….. k+p-1 k+p ….. k+n C = T a n i C = T a n i 23 3. Reembolso do Capital e Pagamento de Juros por meio de Prestações Escalonadas, Constantes e com Diferentes Taxas de Juro Considere-se o empréstimo C a amortizar em n períodos por meio de prestações constantes e postecipadas, vencendo-se a primeira delas no 1º período, contratado à taxa i, mas com a possibilidade de revisão de taxa no caso de se verificarem alterações sensíveis no mercado de capitais. Exemplo: No fim do 1º período de ordem p as partes contraentes acordaram em alterar a taxa para i’ (i’ > i), mantendo-se inalterável o número de prestações. Derivações do Método Francês 24 É de notar que sendo i’> i e permanecendo inalterável o prazo, as prestações a partir de ordem p+1 (inclusive) terão valor nominal superior aos das p primeiras prestações. A resolução do problema passa por duas fases: 1ª : Fase de contratação inicial; 2ª : Fase com introdução das alterações. Teremos que proceder à elaboração de um novo quadro de amortização que contemple a alteração da taxa de juro. Derivações do Método Francês 25 1ª : Fase de Contratação Inicial Derivações do Método Francês C -T …. -T -T ……. -T _|_____|____________|_____|_____________|__ 0 1 …. p p+1 ……. n C = T a n i 26 2ª : Fase com Introdução das Alterações Derivações do Método Francês Rp =? -T ……. -T _____________|_____|_____________|__ p p+1 ……. n Rp = T a n-p i -T’=? ……. -T’=? _____________|_____|_____________|__ p p+1 ……. n Rp: capital em dívida no momento da alteração da taxa, o qual vai dar origem a novas prestações de diferente valor T’. Rp = T’ a n-p i’ Modalidades de Financiamento 1. Médio e longo prazo 1.1 Reembolso de Empréstimos 1.1.2. Método Americano 28 Reembolso do capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e juros pagos escalonadamente Esta modalidade é designada por Amortização Americana. Principais características: O reembolso de capital é constituído por uma única prestação no fim do prazo; O capital em dívida em cada momento é constante, logo os juros no fim de cada período também serão constantes (jn = C x i) desde que não haja alteração da taxa de juro; Os juros são pagos no fim de cada período. 29 Sendo: jn = C × i Trata-se de um operação típica de Regime de Juro Simples, dado que os juros são pagos no momento do seu vencimento, os mesmos saem do processo de capitalização. Método Americano C -j -j …. -j -j-C _|_____|_____|_______________|_____|__ 0 1 2 …. n-1 n C = j a n i + C (1 + i)-n Modalidades de Financiamento 1. Médio e longo prazo 1.1.3 Outras modalidades de financiamento Reembolso do capital por quotas constantes e pagamento de juros escalonados no tempo Modalidades de Financiamento 32 Nesta modalidade de amortização os reembolsos m são constantes, ou seja, o capital reparte-se equitativamente por cada período de reembolso, sendo m = C/n. Sendo o reembolso feito por meio de quotas constantes, o juro devido em cada período é cada vez mais reduzido. Tp = m + Jp Reembolso do capital por meio quotas constantes e pagamento de juros escalonados no tempo C -T1 -T2 …. -Tn-1 -Tn _|_____|_____|_______________|_____|__ 0 1 2 …. n-1 n 33 J1 = C x i J2 = (C – m) x i J3 = (C – 2m) x i Logo: Valor das Prestações: T1 = m + J1 T2 = m + J2 Logo: Débito Residual: Rp = C – p x m Como: C = m x n logo, Rp = m (n – p) pJ C p 1 m i pT m 1 (n p 1) i Reembolso do capital por meio quotas constantes e pagamento de juros escalonados no tempo Reembolso do capital por quotas constantes e pagamento de juros no início do prazo Modalidades de Financiamento 35 Reembolso do capital por meio de quotas constantes e pagamento de juros no início do prazo Nesta modalidade de amortização os reembolsos m são constantes, ou seja, o capital reparte-se equitativamente por cada período de reembolso, sendo m = C/n. C-J -m -m …. -m -m _|_____|_____|_______________|_____|__ 0 1 2 …. n-1 n C = J + m a n i Reembolso do capital por quotas constantes e pagamento de juros no fim do prazo Modalidades de Financiamento 37 Reembolso do capital por meio de quotas constantes e pagamento de juros no fim do prazo Principais características: O reembolso de capital é constituído por prestações constantes m = C/n; O reembolso de capital começa no fim do primeiro período; Os juros são pagos global e postecipadamente no fim do prazo. C -m -m …. -m -m-J _|_____|_____|_______________|_____|__ 0 1 2 …. n-1 n C = m a n i + J (1 + i)-n Reembolso do capital por pagamento único no fim do prazo e juros pagos no início do contrato Modalidades de Financiamento 39 Reembolso do capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e juros pagos no início do contrato nC J C(1 i) C-J -C _|_________________________________|__ 0 n nC J C(1 i) Reembolso do capital por pagamento único no fim do prazo e juros pagos no fim do contrato Modalidades de Financiamento 41 Principais características: O reembolso de capital é constituído por uma única prestação no fim do prazo; O pagamento de juros também é constituído por uma única prestação no fim do prazo; Recorre-se aos conceitos base do Regime de Juro Composto. Reembolso do capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e juros pagos no fim do contrato C -C-J _|_________________________________|__ 0n 42 Trata-se de uma operação financeira simples (há um único pagamento), pelo que para determinar o juro a pagar podemos aplicar diretamente a fórmula do Regime de Juro Composto: S = C + J J = S - C S = C ( 1 + i )n C = S ( 1 + i )-n n J C 1 i 1 Reembolso do capital por meio de um pagamento único no fim do prazo e juros pagos no fim do contrato Modalidades de Financiamento 1. Médio e longo prazo 1.2 Locação financeira 44 Regime Jurídico do Contrato de Locação Financeira: DL nº 149/95 de 24 de junho, alterado pelos DL nº 265/97 de 2 de outubro, DL nº 285/2001 de 3 de novembro e DL nº 30/2008 de 25 de fevereiro. Locação Financeira é o contrato pelo qual uma das partes se obriga, mediante retribuição, a ceder a outra o gozo temporário de uma coisa, móvel ou imóvel, adquirida ou construída por indicação desta, e que o locatário poderá comprar, decorrido o período acordado, por um preço nele determinado ou determinável mediante simples aplicação dos critérios nele fixados. Locação Financeira 45 Pagamentos a efetuar pelo Locatário: Pagamento Inicial (Pi): realizado na data do contrato; Termos da Renda (T): n termos de valor constante; Valor Residual (Vr): a pagar no fim do contrato, caso o locatário exerça a opção de compra. Desta forma, o Valor Inicial de um contrato de Leasing (Vi) será dado pela expressão: Locação Financeira r i i n V V = P+T + (1+i)n i a 46 Nos casos em que o pagamento inicial seja igual ao valor dos restantes termos, temos: Locação Financeira r i n V V = T + (1+i)n 1 i a Modalidades de Financiamento 2. Curto prazo 2.1 Letras Regime de Juro Simples (RJS) DESCONTO BANCÁRIO DE LETRAS Operação de crédito de curto prazo, na qual a instituição financeira antecipa ao seu cliente o valor de um título de crédito, de que este seja portador, tornando-se proprietária do crédito. Letra: título de crédito através do qual o credor (sacador) ordena ao devedor (sacado ou aceitante) que pague certa quantia, resultante de uma operação comercial – valor nominal – em determinada data, ao seu portador (sacador, tomador ou endossado). 48 Regime de Juro Simples (RJS) Lei Uniforme de Letras e Livranças As letras e livranças estão reguladas por Lei Uniforme, estabelecida pela Convenção Internacional assinada em Genebra em 7 de Junho de 1930. Esta Convenção foi aprovada em Portugal: • Decreto-Lei n.° 23.721, de 29 de Março de 1934; • Decreto-Lei n.º 26.556, de 30 de Abril de 1936; • Complementada e atualizada por vária legislação, onde abundam as necessárias alterações e adaptações introduzidas face à entrada em vigor do euro e às taxas de juro aplicadas. 49 Desconto Bancário de Letras As empresas ao descontarem nos bancos as letras de que são portadoras, vão suportar encargos com a operação que serão deduzidos ao valor nominal no ato do desconto. Estes, são normalmente constituídos pelas seguintes componentes: 50 Prémio de Desconto (J): engloba os juros relativos ao período compreendido entre a data de desconto e a data de vencimento da letra, calculados pela fórmula do Desconto por Fora: Min. Comissão de Cobrança (y): encargo em benefício da instituição de crédito que incide sobre o Valor Nominal da letra: Percentagem do Valor Nominal (com limites mínimos e máximos), podendo ser negociada pelas partes envolvidas na operação. Imposto de Selo (i’): imposto retido na fonte pela instituição de crédito para posterior entrega nos cofres do Estado. A taxa de imposto de selo incide sobre o montante do prémio de desconto (J) e da comissão (y). Atualmente a taxa é de 4%. Portes e Outras Despesas (P): encargo em benefício da instituição de crédito respeitante a despesas diversas cobradas pelos serviços prestados (portes, telefones, telefax e outros). Valor por letra, de acordo com as tabelas da instituição de crédito. 51 Desconto Bancário de Letras Para efeitos de cálculo de juros, o Prazo (n) a considerar corresponderá o número de dias que decorre entre a data de desconto e a data de vencimento do título de crédito, acrescido de mais dois dias (art. 38º da Lei Uniforme relativa a Letras e Livranças), que é o lapso de tempo facultado por lei ao devedor para pagamento da letra. 52 Nota: O cálculo dos juros devidos ou a receber obedece a convenções de contagem de dias. Pode ser uma das seguintes: • Dias efetivos de juros / Dias efetivos do ano (365 ou 366) • Dias efetivos de juros / 360 (depósitos: DL 88/2008) • 30 dias / 360 (crédito à habitação: DL 88/2008) Desconto Bancário de Letras 53 Assim, o valor recebido pelo desconto é designado por Produto Líquido do Desconto (Pl) e corresponde ao valor nominal do título menos os juros, a comissão de cobrança, o imposto de selo e os portes e outras despesas. Exemplo: Juro recebido de uma aplicação de 10.000€ à taxa nominal anual de 10%, entre 29 de Janeiro de 2012 e 5 de Junho de 2012 (ano bissexto): • efetivo / efetivo: 2 + 29 + 31 + 30 + 31 + 5 / 366 = 0,349 Juro = 349,73 € • efetivo / 365: 2 + 29 + 31 + 30 + 31 + 5 / 365 = 0,35 Juro = 350,68 € • efetivo / 360: 2 + 29 + 31 + 30 + 31 + 5 / 360 = 0,355 Juro = 355,56 € • 30 / 360: 1 + 30 + 30 + 30 + 30 + 5 / 360 = 0,35 Juro = 350,00 € Desconto Bancário de Letras Sendo: Pl : Produto líquido do desconto M : Valor nominal da letra n : N.º de dias que falta para o vencimento do título de crédito i : Taxa de juro contratual i’ : Imposto de selo y : Comissão de cobrança P : Portes a) Desconto Bancário de uma Letra Pl = M – Mni – Mni x i’- y – yi’ – P Pl = M – Mni (1 + i’) – y (1 + i’) – P 54 Desconto Bancário de Letras b) Desconto Bancário de Várias Letras O portador propõe ao banco o desconto de várias letras (k). O Produto Líquido do Desconto corresponderá ao somatório do produto líquido de cada uma das letras. M1, M2, ..., Mk: Valores nominais das letras n1, n2, ..., nk: Número de períodos que falta para o vencimento de cada letra (na prática é expresso em dias) yp: Comissão de cobrança por cada letra (p = 1, 2,..., k) P: Portes por letra 55 Desconto Bancário de Letras Caso Geral Pl = M1 – M1n1i – (M1n1i x i’) – y1 – (y1 x i’) – P + + M2 – M2n2i – (M2n2i x i’) – y2 – (y2 x i’) – P + + Mk – Mknki – (Mknki x i’) – yk – (yk x i’) – P k k k p p p p p 1 p 1 p 1 i Pl M 1 i' M n y kP 360 k p p 1 i Pl kM M n 1 i' ky 1 i' kP 360 56 Admitindo que as letras têm iguais valores nominais M1 = M2 = ... = Mk, pelo que valor nominal de cada letra = M Desconto Bancário de Letras c) Taxa Efetiva da Operação de Desconto (t) Nas operações de desconto comercial a taxa efetiva de juro é superior à taxa de juro convencionada (contratual) e isto porque: • Para além da taxa de juro existe o imposto de selo e outros encargos; • Tanto os juros como os demais encargos são pagos antecipadamente. 57 Desconto Bancário de Letras A taxa de custo efetivo do desconto (t), será a taxa que torna o valor nominal equivalente ao produto líquido do desconto quando este é capitalizado para o momento do vencimento, sendo, na realidade, a taxa aplicada ao desconto bancário de uma letra. Pl = M ( 1 + t)-n 1 Pl M t n 1 M = Pl ( 1 + t)n 58 Desconto Bancário de Letras Exemplo: O portador de uma letra de 500€, emitida em 31 de Julho e vencível em 27 de Novembro do mesmo ano, desconta-a numa instituição bancária em 10 de Agosto. A letra está domiciliada numa instituição de crédito e pretende-se: a) O produto líquido do desconto. b) A taxa efetiva anual da operação. Considere as seguintes condições bancárias:Taxa 27% ao ano Imposto de Selo 4% Comissão de Cobrança Normal 0,3% Mínima 0,6€ por letra Máxima 25€ por letra 59 Desconto Bancário de Letras Resolução: Pl M ____|_____________________________|________ 10/08 27/11 (desconto) (vencimento) 60 €15,455Pl 56,129,43500Pl )04,01(003,0500)04,01( 360 27,0111500 500Pl a) Pl Pl = M – Mni (1 + i’) – y (1 + i’) – P Contagem dos dias: 21 + 30 + 31 + 27 + 2 = 111 dias Desconto Bancário de Letras b) Taxa efetiva anual (t = TAEG) 61 1 n 1 111 360 M t 1 Pl 500 t 1 455,15 t 0,3564 t 35,64% Desconto Bancário de Letras REFORMA DE LETRAS A reforma consiste na substituição de um título comercial, vencível em determinada data, por outro ou por outros, a vencer, geralmente, em datas posteriores, por forma que na data da transformação o valor atual do título a substituir seja igual ao valor atual do título substituto ou à soma dos valores atuais dos títulos substitutos. 62 A substituição de várias letras por um outro conjunto de várias outras letras: Equivalência de Títulos A substituição de várias letras por uma: Capital Único Desconto Bancário de Letras Quando o aceitante amortiza parte da letra que se vai vencer, a reforma diz-se parcial. Quando a letra é substituída na sua totalidade por outra ou outras, a reforma diz-se total. Sendo: M : Valor nominal da letra a reformar Z : Amortização da letra a reformar M’ : Valor nominal da nova letra n : Data de vencimento da letra a reformar n1 : Data da reforma n’ : Data de vencimento da nova letra 63 Desconto Bancário de Letras * Valor Nominal da nova letra não inclui Juros e Encargos (JE) * Valor Nominal da nova letra inclui Juros e Encargos (JE) M’= M – Z M’= M + JE – Z 64 Desconto Bancário de Letras a) Reforma de uma Letra por Outra Caso: Uma entidade aceitou uma letra de Valor Nominal M a vencer ao fim de n períodos e no período n1 solicita a sua reforma entregando a quantia Z e aceita uma nova letra de Valor Nominal M’ a vencer ao fim de n’ períodos, contados a partir da data da reforma. 65 Desconto Bancário de Letras a.1) Reforma na data de vencimento (n1 = n) M ___|___________|______________________ 0 n aceite vencimento - Z M’ ___|__________________|_____ 0 = n1 n’ reforma M’ = M - Z 66 Desconto Bancário de Letras a.2) Reforma depois da data de vencimento (n1 > n) M ___|___________|_____________|________ 0 n n1 aceite vencimento reforma - Z M’ ___|__________________|_____ 0 n’ Nota: ic : taxa de juros de mora que representa a contagem de juros a favor do credor. Geralmente é superior a i dado o seu caráter penalizador. M’ = M + M ic (n1 – n) - Z 67 Juros de Mora Desconto Bancário de Letras a.3) Reforma antes da data de vencimento (n1 < n) M ___|___________|__________|________ 0 n1 n aceite reforma vencimento - Z M’ ___|________________________|_____ 0 n’ Nota: id : taxa de atualização ou desconto de juros que representa a contagem de juros a favor do devedor. Pode ser igual a i. M’ = M – M id (n – n1) - Z 68 Desconto de Juros Desconto Bancário de Letras b) Reforma de uma ou várias Letras por Outras ∑ M’ = Valor da dívida à data da reforma M1 M2 _|__________|__________|_ n1 n0 n2 vencimento reforma vencimento - ∑ Z M1’ M2’ M3’ M4’ _|___________|_____|_____|_____|_ 0 n1’ n2’ n3’ n4’ 69 Desconto de Juros Juros de Mora ∑ M’ = M1 + M1 ic (n0 – n1) + M2 – M2 id (n2 – n0) - ∑ Z Desconto Bancário de Letras Modalidades de Financiamento 2. Curto prazo 2.2 Livranças DESCONTO BANCÁRIO DE LIVRANÇAS Livrança: título de crédito em que o emitente (ou subscritor) promete ao beneficiário (ou tomador) pagar a si, ou a quem este ordene, uma determinada importância (valor nominal) na data fixada (vencimento). Comparativamente com o desconto bancário de letras, a operação de desconto de livranças apresenta algumas diferenças ao nível do cálculo dos juros e encargos: • Os juros correspondentes ao prazo de financiamento são pagos postecipadamente; a contagem do prazo é feita de forma idêntica à das letras, isto é, contagem em dias, não esquecendo a adição de dois úteis; 71 Desconto Bancário de Livranças • Não há lugar a comissão de cobrança; • O Imposto de Selo sobre os juros é de 4%; • A selagem da livrança sobre o valor nominal (w) é sempre suportada no início da operação. O Produto Líquido do Desconto é dado pela seguinte expressão: Pag M Mni Mnii' 72 Deste modo, na data de vencimento o subscritor deverá pagar: Pl M M w Pl M(1 w) Pag M Mni(1 i') Desconto Bancário de Livranças A taxa efetiva do desconto (t = TAEG) é calculada da seguinte forma: 1 n1 ni 1 i' t 1 1 w 73 Desconto Bancário de Livranças
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