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Texto 04- Referencias téc e teoricas do Judô - Marco Aurélio


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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO 
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS TÉCNICAS E TEÓRICAS DO JUDÔ: CONTRIBUIÇÃO 
PARA UM TRATAMENTO METODOLÓGICO MAIS SIGNIFICATIVO. 
 
 
 
 
 
Por 
 
MARCO AURÉLIO LAURIANO DE OLIVEIRA 
 
 
 
RECIFE 
 2000
 
 
 
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO 
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS TÉCNICAS E TEÓRICAS DO JUDÔ: CONTRIBUIÇÃO 
PARA UM TRATAMENTO METODOLÓGICO MAIS SIGNIFICATIVO. 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Coordenação 
de Pós-Graduação, como requisito 
complementar para conclusão do curso, 
de Especialização em Educação Física 
Escolar. 
 
 
RECIFE 
 2000
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Aos professores e amigos da ESEF-UPE, que incentivaram na 
conclusão deste trabalho. Especificamente, ao professor Paulo Cabral, 
que sempre me orientou com paciência e dedicação. 
 
 
 
A minha família, que sempre acreditou em mim. 
 
 
 
A meus alunos do Judô, que torceram e colaboraram com essa 
produção. Especialmente, aos que participaram diretamente com a 
construção do mesmo. 
 
Alunos da associação ESEF, 
 Flávio Archanjo 
 Flávio José (fotos) 
 Hamilton Sena 
 Paulo André “Dino” 
 Paulo Valois “monitor do PSA” 
 Tomé Peregrino 
 
Aos alunos do PSA, especialmente, 
 
 Alex Leandro 
 Fernanda Regina (afilhada) 
 Renata Cristina 
 
 
 
A todos muito obrigado!
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1.IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................. 5 
1.1. TEMA: ..................................................................................................................................... 5 
1.2. PESQUISADOR: .................................................................................................................... 5 
1.3. ENTIDADE: ............................................................................................................................. 5 
1.4. PERÍODO DE REALIZAÇÃO: ............................................................................................... 5 
2.PROBLEMA ............................................................................................................................ 5 
3.OBJETIVOS ............................................................................................................................ 6 
4.JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 7 
5.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 
CAPÍTULO I ............................................................................................................................. 12 
JUDÔ: SUA GÊNESE, SUA FILOSOFIA E O JUDÔ NO BRASIL. .................................. 12 
1. HISTÓRICO DO JUDÔ ............................................................................................................. 12 
2. OS MOTIVOS QUE LEVARAM A CRIAÇÃO DO JUDÔ ...................................................... 15 
3. BASES FILOSÓFICAS DO JUDÔ ............................................................................................. 17 
4. O JUDÔ NO BRASIL.................................................................................................................. 19 
CAPÍTULO II ........................................................................................................................... 25 
CARACTERÍSTICAS, QUALIDADES FÍSICAS DO JUDÔ, E A ORGANIZAÇÃO NAS 
ESCOLAS E ACADEMIAS. .................................................................................................... 25 
1.CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................. 25 
2.QUALIDADES FÍSICAS ............................................................................................................. 27 
3.2ORGANIZAÇÃO NAS ESCOLAS E ACADEMIAS ................................................................ 29 
CAPÍTULO III ......................................................................................................................... 33 
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO SOBRE DESENVOLVIMENTO E 
APRENDIZAGEM PARA O JUDÔ. ....................................................................................... 33 
1.DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM ....................................................................... 33 
CAPÍTULO IV .......................................................................................................................... 41 
AS TÉCNICAS DO JUDÔ ....................................................................................................... 41 
1.ABORDAGEM INICIAL ............................................................................................................. 41 
 
 
2.DIVISÃO TÉCNICA DO JUDÔ ................................................................................................. 43 
2.1. TÉCNICAS DE QUEDA ................................................................................................................................ 43 
2.2. TÉCNICAS DE PROJEÇÃO .......................................................................................................................... 43 
2.3. TÉCNICAS DE CONTROLE ......................................................................................................................... 44 
2.4. TÉCNICAS DE DEFESA PESSOAL ............................................................................................................. 44 
3.UKEMI WAZA - técnica de queda .............................................................................................. 44 
3.1. Ushiro Ukemi - queda para trás ....................................................................................................................... 45 
3.2. Mae Ukemi - queda para frente ....................................................................................................................... 46 
3.3. Yoko Ukemi - queda para o lado ..................................................................................................................... 47 
3.4. Zenppon Kaiten Ukemi - rolamento ................................................................................................................ 48 
4.NAGE WAZA - técnicas de projeção ......................................................................................... 49 
4.1. Tati Waza - técnica em pé ............................................................................................................................... 50 
4.1.1. Ashi Waza - técnica com pé ou perna ......................................................................................................... 51 
4.1.2. Koshi waza - técnica com o quadris ........................................................................................................... 52 
4.1.3. Te Waza - técnica com a mão ou braço ........................................................................................................ 53 
4.2. Sutemi Waza - técnica de sacrifício .............................................................................................................. 53 
4.2.1. Yoko Sutemi - sacrifício para o lado .......................................................................................................... 54 
4.2.2. Ma Sutemi - sacrifício na mesma direção ..................................................................................................... 55 
5.GO KYO .......................................................................................................................................56 
6.KATAME WAZA - técnicas de controle ..................................................................................... 61 
6.1. Osae komi Waza - técnica de imobilização ..................................................................................................... 62 
6.1.1. Osae Komi Waza (fotos) ............................................................................................................................ 63 
6.2. Shime Waza - técnica de estrangulamento ...................................................................................................... 65 
6.2.1. Shime Waza (fotos) ...................................................................................................................................... 66 
6.3. Kansetsu Waza - técnica de articulação .......................................................................................................... 67 
6.3.1. Kansetsu Waza (fotos) ................................................................................................................................ 68 
CAPÍTULO V ........................................................................................................................... 69 
SUBSÍDIOS PARA O JUDÔ CONVENCIONAL E PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO 
FÍSICA ...................................................................................................................................... 69 
1.VISÃO GERAL ............................................................................................................................ 69 
2.ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS HISTÓRICAS E FILOSÓFICAS ......................................... 70 
3.SUGESTÃO PARA ABORDAGEM DAS TÉCNICAS DO JUDÔ ............................................ 74 
4.SUGESTÕES METODOLÓGICAS ............................................................................................ 77 
UKEMI, NAGE E KATAME WAZA ........................................................................................... 77 
4.1. Ukemi Waza – técnicas de queda ................................................................................................................... 77 
4.2. Nage waza – técnicas de projeção ................................................................................................................. 78 
4.3. Katame Waza – Técnicas de controle ........................................................................................................... 79 
5.ANÁLISE DAS DISPONIBILIDADES MATERIAIS PARA O PROFISSIONAL DE 
EDUCAÇÃO FÍSICA ...................................................................................................................... 80 
6.CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 83 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 85
5 
 
 
1. IDENTIFICAÇÃO 
 
 1.1. TEMA: 
Referências Técnicas e Teóricas do Judô: contribuição para 
um tratamento metodológico mais significativo. 
 
 1.2. PESQUISADOR: 
Marco Aurélio Lauriano de Oliveira. 
 
 1.3. ENTIDADE: 
Escola Superior de Educação Física – UPE 
 
 1.4. PERÍODO DE REALIZAÇÃO: 
2º semestre de 1999. 
 
2. PROBLEMA 
Quais as referências técnicas e teóricas do judô que 
contribuirão para um tratamento metodológico e estruturação 
do planejamento contemplando sua essência, nas aulas 
formais e como conteúdo nas aulas de educação física? 
 
 
6 
 
 
3. OBJETIVOS 
 
GERAL: 
Analisar as referências técnicas e teóricas do Judô, 
elegendo e hierarquizando temas, contribuindo para a 
elaboração de planejamentos mais significativos, nas aulas 
formais e como conteúdo nas aulas de educação física. 
 
 
 ESPECÍFICOS: 
Analisar a literatura do Judô, resgatando desde a sua gênese 
os pontos essenciais para uma prática, consciente e crítica. 
 
Relacionar as principais técnicas do Judô selecionando-as de 
forma que permita uma melhor compreensão das mesmas. 
 
 
 
 
 
7 
 
 
4. JUSTIFICATIVA 
O Judô é hoje, um dos esportes mais praticados no Brasil. 
Apesar disso, são poucos os profissionais que se sentem em condições 
de tratá-lo como conteúdo em aulas de educação física, não sendo 
muito, também, os que ensinam o Judô em escolinhas ou academias de 
forma adequada. Suas práticas, muitas vezes, são baseadas numa 
metodologia de reprodução, ou seja, repetindo-se, quase sempre, o 
mesmo tratamento metodológico vivenciado no passado, sem, contudo, 
refletir sobre essa metodologia. Hoje, as Instituições de Ensino Superior 
do Brasil, tem contribuído na busca de metodologias mais apropriadas 
para o Judô, tentando aproximá-lo, o máximo possível, dos seus 
verdadeiros objetivos, promovendo uma melhor fundamentação, bem 
como, têm gerado ao longo dos anos, vários estudos sobre esta 
modalidade, estimulando as pessoas que trabalham com o Judô a 
buscarem uma melhor qualificação; bem como, estimulando pesquisas 
na área, em busca de aumentar os subsídios teóricos, que no caso do 
Judô são escassos. 
Sendo assim, com esse trabalho, teremos condições de 
contribuir com mais uma referência teórica para os alunos da graduação 
8 
 
 
dos cursos de educação física, para os professores de Judô e, para os 
professores de educação física que queiram utilizá-lo como conteúdo em 
suas aulas. Pretendemos, a partir das referências estudadas, eleger 
alguns aspectos importantes do judô que poderão ser abordados em 
aulas específicas e de educação física, como também, dentre as 
técnicas existentes, sugerir uma série de técnicas, que, utilizadas em 
aulas de Educação Física, contemplem o conhecimento da modalidade e 
sirvam de suporte para aprofundamentos posteriores, caso haja 
necessidade. Nesse caso, este estudo pretende minimizar dois 
problemas que interferem na escolha do Judô como conteúdo em aulas 
de educação física: a grande quantidade de técnicas que pertencem ao 
Judô, que têm levado alguns professores, a colocarem este conteúdo em 
segundo plano, quando solicitado pelos alunos, por entenderem que 
seria necessário à apreensão de todas as técnicas, para fazer uso do 
assunto com competência. É lógico, que, se o professor possuir vasto 
conhecimento sobre qualquer modalidade que queira abordar, ele terá 
mais tranqüilidade em eleger determinados conteúdos, porém, 
entendemos que não seja necessário um conhecimento aprofundado de 
todas as técnicas do judô para usá-lo com competência em aulas de 
9 
 
 
educação física, e sim, um conhecimento organizado, fundamentado em 
bons referenciais que permitam tratá-lo de forma adequada e 
significativa. O outro problema, é a dificuldade material, elemento 
complicador não só para o judô, como para qualquer outra modalidade 
esportiva, visto que, toda modalidade tem o seu material específico, que 
sem ele a atividade ficará deficiente. Tentaremos, entre outras coisas, 
com essa pesquisa, discutir estes aspectos e identificar até que ponto, 
dependendo dos objetivos eleitos, qual será o material necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
5. INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo tem como objetivo, pesquisar as 
referências teóricas e técnicas do Judô, e eleger alguns aspectos 
importantes que poderão ser abordados em aulas específicas de judô e 
de educação física, como também, dentre as técnicas existentes, sugerir 
uma série de técnicas, que possam ser utilizadas em aulas de Educação 
Física, que contemplem o conhecimento nessa modalidade. 
No primeiro capítulo, fazemos uma abordagem do Judô: sua 
gênese,sua filosofia e o Judô no Brasil, discutindo quais os 
equívocos cometidos na prática pedagógica e quais os aspectos que não 
devem ser esquecidos no Judô convencional ou em aulas de educação 
física. 
No segundo capítulo, analisamos as características, 
qualidades físicas do judô, e a organização nas escolas e 
academias. 
No terceiro capítulo, analisamos a importância do 
conhecimento do desenvolvimento e da aprendizagem para o judô. 
Tentaremos demonstrar as implicações na prática pedagógica do não 
11 
 
 
conhecimento desses temas. 
No quarto capítulo, veremos as técnicas do Judô, de forma 
bem detalhada, oferecendo uma grande quantidade de informações, que 
permitem ao leitor uma compreensão de todas as subdivisões, e 
classificações das mesmas. 
O quinto capítulo, tem como característica, a apresentação 
dos subsídios para o Judô convencional e para as aulas de 
educação física, baseados na análise dos assuntos tratados nos 
capítulos anteriores. 
Concluiremos, com as considerações finais, esperando ter 
proporcionado as reflexões necessárias, que venham contribuir para 
uma melhoria da prática pedagógica do Judô, como também, estimulado 
o uso deste tema como conteúdo em aulas de educação física. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 CAPÍTULO I 
 
 JUDÔ: SUA GÊNESE, SUA FILOSOFIA E O JUDÔ NO BRASIL. 
 
 1. HISTÓRICO DO JUDÔ 
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Judô não tem 
na sua criação a intenção de ser uma arte marcial, e sim uma 
modalidade de luta com objetivos esportivos e pedagógicos, criado a 
partir de uma arte marcial muito eficiente e antiga chamada Ju Jutsu. 
Tão antiga que as únicas referências que temos da sua origem, são 
baseadas em lendas, sendo a mais conhecida entre os meios judoísticos 
a que conta sobre: 
Um médico japonês, chamado Akiyama Shirobei 
que havia residido na China, durante alguns anos, teria 
aprendido uma famosa arte de luta, denominada “wou-chou”. 
Quando voltou ao Japão, constatou que para aplicar alguns 
golpes era necessário dispensar um grande esforço. Isso o 
deixou bastante desanimado. (Calleja, 1983, p.08) 
 
Uma vez que, pessoas com pouco porte físico, enfrentavam 
sérias dificuldades para vencer outros adversários fisicamente 
13 
 
 
superiores. Para refletir, de que forma uma pessoa poderia derrotar um 
adversário com superioridade física, isola-se em um mosteiro, baseando 
sua reflexão em torno da seguinte questão: 
 Se, uma vez que ataco, eu sou positivo, sou por 
conseguinte negativo assim que sou atacado. Ora, opor uma 
ação a outra ação não é vantajoso a não ser que a minha 
força seja superior a força adversa..... Pois, se a ação positiva 
é sempre aniquilada por uma ação positiva mais importante, 
como conjugar tal coisa até ao completo domínio? (Robert, 
1964, p.10). 
 
Um problema aparentemente sem solução, que segundo 
Calleja, teria sido resolvido durante uma tempestade quando Akiyama 
Shirobei observando duas árvores, a Cerejeira e o Salgueiro, percebeu 
a solução. Vendo que a Cerejeira apesar de ser uma árvore robusta, não 
resistia a adversidade do temporal e ao final do mesmo encontrava-se 
em pedaços, enquanto, o Salgueiro por ser uma árvore aparentemente 
frágil, porém flexível, curvava-se com o peso da neve que escorregava 
pelos seus galhos, possibilitando-os sempre retornar a posição original. 
Vendo este quadro, modificou as técnicas do “wou chou” baseando-as 
no princípio “Ceder para Vencer”. Como os movimentos do Salgueiro, 
que cedia ao peso da neve para resistir a tempestade. A essas novas 
técnicas dá o nome de JU JUTSU (técnica suave). (Calleja,1983 p. 08). 
14 
 
 
Não pretendemos aqui levantar discussões acerca das 
referências baseadas em lendas, para explicar a origem do Ju Jutsu. O 
que nos importa agora, é identificar elementos que possam contribuir 
para o aprendizado do Judô. 
Podemos perceber, que esta lenda tem como objetivo 
principal explicar o princípio que fundamenta o Ju Jutsu, o que 
poderemos constatar, ser válida para o Judô, uma vez que, o princípio 
“Ceder para Vencer”, poderá ser observado em todas as técnicas do 
Judo, principalmente, nas de projeção. Sabendo disso, concluiremos 
que, não é adequado aprender as técnicas do Judô, sem antes ter a 
clareza de como se utilizar deste princípio, na aplicação das mesmas, o 
que, sem dúvida, além de demandar em um esforço muitas vezes 
desnecessário e de pouca eficiência, a aprendizagem se dará de forma 
incompleta, uma vez que, é desprovida do entendimento essencial para 
a aplicação das técnicas.
15 
 
 
 
 2. OS MOTIVOS QUE LEVARAM A CRIAÇÃO DO JUDÔ 
Depois da sua criação, o Ju Jutsu se desenvolve largamente 
pelo Japão, segundo Calleja, foi de 1603 a 1867 o seu melhor período, 
sendo os guerreiros Samurai os seus mais diretos e perfeitos 
cultuadores. Apesar de existirem muitas academias de Ju Jutsu pelo 
Japão, não havia uma padronização, existindo academias 
especializadas em técnicas de solo, outras em técnicas de projeção, 
percussão etc. Os professores ensinavam as crianças os chamados 
“golpes mortais” e os confrontos geralmente ocorriam até a morte. 
(Calleja, 1983, p. 08). 
Em 1882, Jigoro Kano, um jovem estudioso e com formação 
na área de educação, licenciado em letras, realizou estudos em ciências 
estéticas e morais e tendo toda sua vida voltada para a educação. 
Dentre outras coisas, foi professor, vice presidente e reitor do Colégio 
dos Nobres, conselheiro do Ministro da Educação Nacional, diretor da 
Escola Normal Superior, diretor da Educação Primária no Ministério da 
Educação Nacional, Adido ao Palácio Imperial, torna-se o primeiro 
japonês a fazer parte do Comitê Olímpico Internacional e é considerado 
por muitos o pai da Educação Física no Japão. 
 Admirador e praticante de várias modalidades do Ju Jutsu, 
16 
 
 
 
por achar que qualquer atividade física deveria, antes de tudo, servir 
para a educação de seus praticantes, via no Ju Jutsu, grandes 
possibilidades educativas, contudo, seria necessário implementar 
algumas modificações, a começar pelos objetivos, uma vez que os 
principais objetivos do Ju Jutsu estavam ligados a guerra, tendo os seus 
principais praticantes, como já foi citado, os Samurai que eram 
verdadeiros guerreiros nas lutas corpo a corpo. 
Segundo Gama, Jigoro Kano, 
Baseado nas leis da dinâmica, ação e reação, 
selecionou as técnicas que ofereciam fundamentos científicos, 
criou sua própria disciplina, elaborou uma nova orientação, 
inseriu princípios básicos como do equilíbrio, gravidade e 
sistemas de alavancas nas execuções dos movimentos lógicos. 
Idealizou regras para confrontos esportivos, baseados no 
espírito IPPON-SHOBU (luta pelo ponto completo); substitui o 
nome Ju Jutsu, pois o fim visado já não era a arte guerreira e 
sim a valorização da vida. (Gama, 1986. p 04). 
 
A substituição do nome Ju Jutsu foi feita da seguinte forma: 
Manteve o prefixo “JU” (suave), substitui a palavra “JUTSU” (técnica) por 
“DO” (caminho ou via). Sendo assim, o Ju Jutsu reformulado passa a se 
chamar JUDÔ (Caminho Suave). Com a mudança do nome, procurava 
fortificar a idéia que não se tratava apenas de simples mudanças 
técnicas, objetivava-se com o Ju Jutsu modificado, a busca na melhoria 
17 
 
 
 
da qualidade de vida de forma geral. 
 3. BASES FILOSÓFICAS DO JUDÔ 
Segundo Gama, os ensinamentos do Judô fixaram suas 
raízes na fusão filosófica das quatro escolas de pensamentos ético-
religiosas desenvolvidas no Oriente: TAOISMO, SHINTOISMO, 
BUDISMO e CONFUCIONISMO. Que tem como síntese para o Judô, o 
entendimento, de desvincular as técnicas aprendidas no Dojo* doseus 
objetivos aparentes, que é superar outro adversário, mas sim, o de 
superar a si mesmo. Aprender a governa-se com sabedoria. (Gama, 
1986, p. 04) 
Os estudos para fundamentar o Judô em bases teóricas mais 
sólidas, longe do empirismo muito comum ao Ju Jutsu da época, 
continua a passos largos ao ponto que, em 1922, é fundada a Sociedade 
Cultural “Kodokan”** e um movimento social foi lançado, com base nos 
axiomas “Seryoku Zen Yo” (Máxima Eficácia) e “Jita Kyoei” 
(Prosperidade e Benefícios Mútuos)” (KODOKAN ISTITUTE apud, Caleja 
1983). 
 
 
* Dojo: local onde se pratica o Judô 
**Kodokan: Nome da primeira academia de Judô, fundada por Jigoro Kano 
18 
 
 
 
 
Completam-se as bases filosóficas que deverão nortear a 
prática do Judô. 
Sendo a “Máxima Eficácia, e Prosperidade e Benefícios 
Mútuos” a fórmula filosófica para a superação pessoal, de um elemento 
participante de uma sociedade, sem a qual essa superação tonar-se-á 
inviável se pretendida isoladamente do contexto social. 
Conforme o exposto, fica-nos claro, que Jigoro Kano, com o 
Judô, pretendera criar uma modalidade de luta, que não tivesse um fim 
em si mesmo, que a sua prática significasse, de alguma forma, um 
pensamento voltado para uma melhoria pessoal e da sociedade. 
Consequentemente, uma prática baseada no pensamento crítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 4. O JUDÔ NO BRASIL 
Sendo o judô hoje, um dos esportes mais praticados no 
Brasil, nem por isso, podemos concluir que sua prática tem se dado 
adequadamente, uma vez que, observamos no decorrer dos anos, que 
além de sofrer as influências que muitas vezes são comuns a todos os 
esportes, como por exemplo: a necessidade que alguns professores 
sentem de aprimorar o mais rápido possível o seu atleta, (especialização 
precoce) o ganhar, como elemento mais importante na modalidade, 
(exacerbação da competição) a presença na mídia, como forma de 
ascender profissionalmente e outros motivos que desvirtuam o bom trato 
da modalidade esportiva. Acrescenta-se o fato que, o que tem norteado 
sua prática no decorrer dos anos, é o pouco conhecimento das suas 
bases históricas e filosóficas, como observaremos a seguir. 
Saray Giovana, realizou um estudo no Paraná, tendo como 
objetivo diagnosticar a aplicabilidade dos princípios judoísticos na 
aprendizagem do judô. O estudo foi realizado com atletas e técnicos 
membros da Federação Paranaense de Judô. Demonstrou no seu 
decorrer o quanto o Judô que hoje é ensinado encontra-se desarticulado 
dos objetivos da sua gênese e concluiu, mostrando a necessidade de um 
maior aprofundamento teórico, para garantir uma prática mais consciente 
20 
 
 
 
e crítica. (Saray Giovana, 1990 p.14). 
Nas entrevistas, quando se questionou os aspectos que 
diferenciam o judô de outras modalidades, obteve-se, de forma 
expressiva, a filosofia, como resposta. Entretanto, sobre os princípios do 
Judô, constata-se que a grande maioria não tem conhecimento dos 
mesmos. Ao tentar resgatar a utilização dos princípios durante aulas 
práticas de Judô, os praticantes responderam; “que quando se trata de 
aulas práticas se utilizam dos princípios para não lesionar o 
companheiro, em situação de confronto decisivo os princípios não tem 
muita importância”. (in Saray,1990, p.13). Com os técnicos, também 
ficou claro que a maioria não tem conhecimento dos princípios do Judô. 
Os autores concluíram que, tantos os praticantes quanto os técnicos são 
conscientes que o Judô possui uma filosofia, porém, não apresentam 
conhecimentos de seus princípios. (in Saray,1990, p.14). 
Estudos como esse, alerta-nos sobre a prática pedagógica, a 
qual o Judô está inserido no Brasil, que não se diferencia de forma 
significativa dos outros esportes, assim como ele se coloca. Em alguns 
casos, até se processa mais gravemente, uma vez que tem, no discurso 
a sua filosofia como sendo o elemento diferencial das outras 
modalidades esportivas, dando a entender aos leigos, ter algo mais a 
21 
 
 
 
oferecer. No entanto, constata-se que essa filosofia é pouco conhecida, 
consequentemente, não podendo ser utilizada adequadamente. 
Outras implicações que devem ter influenciado 
negativamente a prática pedagógica do Judô no Brasil, podem estar 
relacionada a sua chegada neste país, através do processo de imigração 
japonesa, que na ocasião desenvolve duas vertentes para a prática do 
Judô no Brasil. 
Segundo Calleja, O Judô chega ao Brasil de forma um pouco 
confusa por volta de 1925, apesar do seu precursor no Brasil, ser 
altamente graduado pela Kodokan, fez fama, em lutas violentas de Ju 
Jutsu, muitas vezes sangrentas e confrontando-se com as diversas 
modalidades de lutas existente no país. (Calleja, 1983. p.15) 
Fazendo uma leitura desse dado histórico, podemos observar 
que muitos praticantes do Judô quando da sua origem, eram antigos 
adeptos do Ju Jjutsu, que na ocasião, por não gozar de muita simpatia, 
se dirigiram para a prática do Judô, deparando-se com um pensamento 
filosófico de difícil absorção. Para alguns disseminadores do Judô, a sua 
filosofia não tinha sustentação, ou por estar além da sua época, ou muito 
provavelmente, pela própria necessidade temporal, que um pensamento 
filosófico precisa para se consolidar, basta observarmos, que as bases 
22 
 
 
 
filosóficas que deveriam nortear a prática do Judô só foram completadas 
em 1922. Impossibilitando que o Judô, chegasse ao Brasil de forma 
coesa no que se refere aos aspectos filosóficos. 
Paralelamente, a outra vertente, é a necessidade que 
imigrantes japoneses sentiam na manutenção da sua cultura “o Judô é 
entronizado por professores japoneses e torna-se um meio eficaz para 
manter o espírito japonês e enriquecer a formação dos jovens 
nipônicos... A grande preocupação dos japoneses era não perder as 
características orientais, ainda que muito distante” (Monteiro, 1998, p. 44 
e 45). 
 Percebendo-se, a influência do rigor da cultura japonesa, em 
prol, da aprendizagem do Judô nos judocas brasileiros, confundindo-se 
cultura com modalidade esportiva. Em contra partida, só progrediam no 
Judô, pessoas que se submetessem a este processo de aculturamento, 
dando oportunidade a professores autoritários e reprodutores de uma 
pedagogia, formada como única referência: o Dojo, serem os 
disseminadores do Judô no Brasil. Levando a prática pedagógica 
inerente ao judô a cometer equívocos muitas vezes irreparáveis, que 
observam-se até nos dias atuais. Levando Freitas a concluir que, 
23 
 
 
 
o Judô tem participado negativamente no 
desenvolvimento do psiquismo infantil por introjetar nas crianças, 
de forma autoritária, regras de conduta ditas “oficiais” mas que 
na realidade são as regras de conduta com as quais 
determinada classe social, por sinal hegemônica, procura a 
manutenção de uma certa ordem social e econômica..... 
Pautando-se quase sempre numa linha de trabalho não 
científica. (Freitas.1989, p. 35). 
 
Embora, possamos observar que não só o Judô, e sim todos 
esportes, muitas vezes tem atuado negativamente, como práticas 
pedagógicas com características reprodutoras dos valores das classes 
sociais hegemônicas, observamos no entanto que, a prática pedagógica 
está pautada no entendimento de educação do professor. Para Luckesi, 
a educação não se manifesta como um fim em si mesma, se processa 
de duas formas, como instrumento de manutenção ou transformação 
social. E a prática pedagógica, se processará de acordo com o 
entendimento de mundo que o educador tem. Ou realizará de forma 
consciente e crítica ou reproduz um modelo baseado no senso comum. 
(Luckesi, 1993. p.30à 32). Contudo, o judô brasileiro, teve todo um 
processo histórico que beneficiou essas práticas baseadas na 
manutenção de modelos das classes sociais hegemônicas. Basta 
salientar que a chegada do Judô no Brasil, além dos problemas já 
24 
 
 
 
relatados, coincide com o início da tendência de educação física 
militarista que segundo Ghiraldelli, tinha como objetivo principal, a 
obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta, a 
guerra, eliminando os fracos e premiando os fortes e tinha na disciplina 
exacerbada o pré-requisito básico para a sua manutenção, (Ghiraldelli, 
1992. p.18). Se o Judô serviu para mostrar superioridade física e para 
manter o modelo de cultura de um povo, facilmente foi utilizado ao longo 
dos anos como meio de manutenção dos modelos sociais hegemônicos. 
O importante hoje, é termos clareza quanto a qual o modelo 
de Judô queremos. Se optarmos pelo Judô de Jigoro Kano, precisamos 
o quanto antes nos apropriarmos do conhecimento histórico e filosófico 
do judô, como também, termos uma leitura crítica da realidade, para que 
possamos resgatar na essência do Judô, os elementos necessários 
para desenvolvê-lo de forma consciente e crítica, não mais o 
reproduzindo segundo modelos determinados pelas elites brasileiras. 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 CAPÍTULO II 
 
 CARACTERÍSTICAS, QUALIDADES FÍSICAS DO JUDÔ, E A 
ORGANIZAÇÃO NAS ESCOLAS E ACADEMIAS. 
 
 
 
1. CARACTERÍSTICAS 
 
O Judô é um esporte que tem como principal característica a 
utilização básica do desequilíbrio de um companheiro, para projetá-lo em 
um local revestido com vários colchões denominados de tatami. 
Um estudo da Caracterização do esforço em modalidades desportivas 
mensuráveis e não mensuráveis realizado por Silva (1988), traz acerca 
do Judô a seguinte caracterização. 
 O judô é um esporte extremamente complexo 
com características biomecâncias acíclicas, os movimentos não 
são repetitivos. Com muita dificuldade de identificar o esforço a 
ser realizado em uma competição, em virtude do que vai 
determinar o esforço em cada luta, é o oponente, e luta-se 
várias vezes no mesmo dia e nenhuma luta será igual a outra, 
portanto fica impossível para o professor detectar 
antecipadamente com precisão as situações de estresse a que 
serão submetidas seus alunos. (Silva, 1988 p.36). 
 
Possui uma variedade de técnicas, que, para o Judô 
competitivo há necessidade de grande parte ser vivenciada nos treinos, 
26 
 
 
 
não com os objetivos de aprendê-las para aplicá-las em competições, e 
sim, conhecê-las sabendo-se assim quais os procedimentos de esquivas 
ou contra golpes adequados a ocasião, paralelamente, o judoca 
competidor tem que se aprimorar em uma ou duas técnicas, que só 
serão eficientes se aplicadas com grande velocidade, independente do 
estado de fadiga em que se encontre. Não que nos treinos as técnicas 
não tenham que ser aplicadas com rapidez, mais os alunos descansam 
periodicamente, além de não haver a preocupação constante de não cair 
e também não existe a necessidade de atacar seguidamente até a 
exaustão o que em competição não é possível. O grau de concentração 
é muito elevado, pois o judoca tem que se antecipar ao oponente, 
identificando o tipo de ataque que será desprendido, além de planejar e 
realizar o seu próprio ataque. Toda essa elaboração mental tem que ser 
organizada em segundos e um leve descuido é suficiente para se perder 
uma luta. 
Como vimos, o Judô é um esporte com características muito 
complexas, de forma que, não teremos condições de estabelecer com 
segurança o grau de exigência que serão submetidos nossos alunos na 
ocasião de uma competição. Precisamos ter consciência, dessas 
dificuldades, para podermos estabelecer, o tipo de estresses que poderá 
27 
 
 
 
se instalar quando permitimos que participem de competições com nível 
de exigência elevado. É imprescindível que se tenha a compreensão das 
características do Judô, e assim possamos proteger nossos alunos, 
evitando traumas, por estarem submetendo-se a atividades com níveis 
de exigências além das suas capacidades. 
 
2. QUALIDADES FÍSICAS 
 
Outro aspecto que devemos considerar, para uma prática 
pedagógica do Judô com mais eficiência, é o conhecimento das 
qualidades físicas que estão envolvidas com a modalidade. Como vimos 
anteriormente, o Judô é um esporte complexo e a maior quantidade 
possível de informações a seu respeito, contribuirá com o professor na 
organização de suas aulas. 
Tubino (1979), relata as seguintes qualidades físicas para o 
Judô : 
1. Força explosiva dos membros superiores e inferiores 
2. Coordenação 
3. Ritmo 
4. Agilidade 
5. Flexibilidade 
28 
 
 
 
6. Equilíbrio dinâmico 
7. Equilíbrio recuperado 
8. Resistência aeróbica 
9. Resistência anaeróbica 
10. Resistência muscular localizada nos membros superiores 
e inferiores 
11. Descontração diferencial 
12. Descontração total 
Não existindo um total consenso entre os autores com 
relação as qualidades físicas do judô, porém, todos apontam as 
seguintes coincidências: 
Resistência: aeróbica, anaeróbica 
Velocidade: reação 
Força: estática - dinâmica - explosiva 
Equilíbrio: dinâmico- recuperado 
Vale salientar, que esse conhecimento, atrelado as 
características do Judô, permitirá que o professor tenha clareza de quais 
qualidades físicas estão sendo exigidas em um treino ou competição. 
Outro ponto, que justifica esse conhecimento está mais relacionado com 
a especificidade das técnicas do Judô, ou seja, saber quais as 
29 
 
 
 
qualidades físicas estão envolvidas diretamente com a aplicação de suas 
técnicas, o que possibilitará ao professor escolher o repertório de 
técnicas que serão vivenciadas pelo seu grupo, não permitindo a 
aplicação de outras com um nível de exigência elevado de determinadas 
qualidades físicas, que não sejam adequadas para o grupo de alunos em 
questão. 
 
3.2 ORGANIZAÇÃO NAS ESCOLAS E ACADEMIAS 
 
 
O judô no Brasil, está organizado na sua prática de duas 
formas: Em academias ou clubes e escolas, geralmente particulares. 
Nas academias e clubes, o judô assume características exclusivamente 
competitiva, ou seja, as pessoas que procuram o judô podem até ter 
outros objetivos, mais o objetivo do local é certamente o alto rendimento, 
com raras exceções. 
Nas escolas apresenta-se de forma um pouco diferenciada. 
Dependendo da escola e do professor, o judô poderá ter como objetivo 
principal a competição. 
O aspecto competitivo, tem se apresentado como um 
problema, uma vez que, vem levando muitos professores, por falta de 
30 
 
 
 
uma formação adequada, buscarem em seus alunos, a especialização 
precoce e a exacerbação da competição. Consequentemente, alunos 
que se inscreveram para essa prática, motivados por outros objetivos 
que não competitivos, decepcionam-se, além de serem eliminados 
precocemente, não por serem excluídos das aulas e sim por se 
depararem com atividades totalmente diferentes das que eles pensavam. 
Como afirma Lima, 
 .... um erro frequente na atuação dos treinadores e 
docentes de educação física, é dar pouquíssima atenção a 
forma como recebem e tratam as crianças quando estas se 
apresentam pela primeira vez, numa atividade desportiva 
organizada pelos adultos. ( Lima,1989. p. 29). 
 
 
 Outro erro que o autor aponta é, 
... dirigir a iniciação de modo a impor às crianças 
objetivos que elas não podem atingir. ..... Levando algumas 
crianças a serem eliminadas por não conseguirem alcançar os 
objetivos imposto, ainda causando um climade insegurança 
nos que ficaram, pois se falharem, serão também eliminados 
”. (Id. 1989. p. 30). 
 Muitas vezes, alguns professores, em busca de um 
aprimoramento exacerbado, levam a criança a desempenhar atividades 
que não estão ao seu alcance, consequentemente, não conseguem o 
aprimoramento desejado, além de, possivelmente, resultar em prejuízos 
31 
 
 
 
com conseqüências irreparáveis. Para Knapp “se a criança experimenta 
antes de estar preparada, pode sentir frustrações que a prejudicará no 
seu desenvolvimento posterior e a fará perder tempo.” Knapp (198? p. 
85). 
Ambos os autores, fortalecem a idéia de que toda experiência 
nova deve estar fundamentada nas reais possibilidades do educando, 
sob pena de não haver assimilação do que esta tentado se ensinar, 
pondo em risco todo o processo de desenvolvimento em que a criança 
se encontra. Essas distorções que levam a criança a experimentar 
situações que estão longe de sua realidade concreta, causam confusão 
mental, podendo até deixa-la numa situação inferiorizada, por acharem-
se incompetentes perante um grupo. 
Como vimos, a prática do Judô, poderá ser problemática, se 
o professor não tiver a competência necessária para lidar com essas 
questões, e possa promover a prática pedagógica do Judô consciente e 
crítica observando todos os fundamentos necessários para tratar o Judô, 
segundo os objetivos de Jigoro Kano, garantindo o conhecimento da sua 
história e o exercício da sua filosofia, como analisamos no capítulo 
anterior. 
O objetivo de abordarmos esse assunto é o fato que esses 
32 
 
 
 
problemas ocorrem dentro da escola, embora não concordemos que isso 
ocorra também nas academias e clubes, pois não existe um Judô 
diferente para cada local onde ele é desenvolvido, porém, na escola, 
penso, é inadmissível, se considerarmos a escola como o local onde 
todas as ações que lá aconteçam devam estar voltadas para a educação 
dos seus alunos. 
33 
 
 
 
 CAPÍTULO III 
 
 A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO SOBRE 
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM PARA O JUDÔ. 
 
 
1. DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM 
 
Vendo os capítulos anteriores, observamos que os problemas 
apresentados estão bem relacionados com o que, como e quando 
ensinar. Situação que vai recair na questão metodológica, que por sua 
vez passa também pelo entendimento de como se processa o 
desenvolvimento da criança juntamente com o como ela aprende. Pois, 
sem uma compreensão do desenvolvimento e dos mecanismos da 
aprendizagem, não será possível uma elaboração metodológica 
coerente. 
Segundo Oliveira, 1993 interpretando as idéias de Vygostsky, 
quando nos referimos ao desenvolvimento de uma criança, estamos 
querendo saber até onde ela chegou, ou o que ela é capaz de fazer 
sozinha, e a respeito de quando a aprendizagem deva acontecer, 
Vygostsky se refere a dois momentos, o primeiro é o Nível de 
Desenvolvimento Real, que é a etapa em que a criança é capaz de 
realizar uma determinada tarefa sozinha. O Segundo, é o Nível de 
34 
 
 
 
Desenvolvimento Potencial, que está relacionado a capacidade que a 
criança tem de realizar uma determinada tarefa com ajuda de outras 
pessoas. O autor procura demonstrar, que é a aprendizagem que 
impulsiona o desenvolvimento, visto que uma ação de ensino realizado 
no nível de desenvolvimento potencial apressaria a consolidação de uma 
determinada etapa de desenvolvimento, impulsionando a criança para o 
nível de desenvolvimento real, consequentemente pronta para outros 
tipos de aprendizagem. E deixa claro que uma ação pedagógica 
realizada em etapas anteriores a zona de desenvolvimento potencial não 
surtirá efeito, uma vez que, não existe maturidade suficiente para se 
processar a aprendizagem, como também, a intervenção realizada no 
nível de desenvolvimento real, não teria importância, pois se encontra 
em etapas já consolidadas. A partir desses dois níveis é que Vygostsky, 
define a Zona de Desenvolvimento Proximal, que seria a distância do 
nível potencial ao real, ou seja, a distância que a criança percorre da 
realização de tarefas com ajuda, para realizá-las sem ajuda. (Oliveira 
apud Vygostsky, 1993, p. 58 à 61). 
Acrescenta ainda, uma forte ligação do indivíduo com o 
ambiente sócio-cultural, determinando que sem a ajuda de outras 
pessoas o indivíduo não se desenvolve plenamente. 
35 
 
 
 
Sendo assim, vemos em Vygostsky, uma grande pista para 
uma prática pedagógica mais adequada, se concentrarmos nossas 
ações em valorizar, tanto as relações sociais, quanto, implementa-las no 
momento certo que venha a contribuir, para uma aprendizagem 
significativa, consequentemente, um avanço no desenvolvimento sem 
prejuízos para os alunos. 
Para Wallon, o desenvolvimento se processa numa dialética 
de desenvolvimento onde entram inúmeros fatores: metabólicos, 
morfológicos, psicomotores, psicotônicos, psicoemocionais e 
psicossociais. E temos dois aspectos importantes que fazem parte do 
movimento que são elementares do comportamento como a previsão 
(fator de antecipação) e a execução (fator de controle). O movimento é 
nessa perspectiva inteligência concreta. O movimento torna-se 
comportamento assentado no ajustamento entre os dados 
exteroceptivos (captados pela percepção) e os proprioceptivos 
(organizados pela memória e pelo conhecimento do próprio corpo). 
E é através do movimento e da ação que a criança se liberta 
das sensações e percepções. Liberdade que é simultaneamente 
conquista interior, pois toda ação exteriorizada é antes ação 
interiorizada. Portanto, não havendo separação da ação com a 
36 
 
 
 
consciência, estabelecendo a necessidade de um bom sincronismo 
desses dois fatores, para que a criança demonstre na sua ação o 
resultado do seu pensamento. 27). 
Diferente de Vygostsky e Wallon, Fonseca apud Piaget 
(1987), afirma que a inteligência do homem é vista mais como uma 
adaptação do homem ao mundo exterior. Adaptação esta, verificada de 
duas formas que ele chama de ASSIMILAÇÃO; como sendo todas as 
coisas, situações ou objetos que se encontram fora da criança para ser 
agido por ela, e é através da ação e do movimento que a criança 
incorpora o mundo exterior. A esse processo de incorporação ele chama 
de ACOMODAÇÃO” (id. 1987. p. 35 à 36). 
 
Ou seja, primeiro a criança assimila para depois acomodar 
sempre nessa ordem. E é através de constantes acomodações que o 
indivíduo transforma-se. Como se vê, Piaget, destaca o movimento 
como sendo o motor que possibilita a criança apreender os objetos. E 
dá a idéia de que cada passo da aprendizagem a frente exige a 
utilização de aprendizagens anteriores, ou seja, é numa inter-relação do 
passado, presente e futuro que a aprendizagem se estabelece. 
Vygostsky, Wallon e Piaget com concepções muitas vezes 
37 
 
 
 
diferentes no que se refere ao desenvolvimento e aprendizagem, são 
unanimes quando colocam a interação do indivíduo com o meio, 
variando talvez, no nível dessa interação. E será o movimento humano e 
a ação, dois dos fatores de grande importância para que ocorram a 
aprendizagem e o desenvolvimento. Sendo o movimento e a ação, algo 
muito mais significativo do que simples contrações musculares. 
Então, torna-se imprescindível que o professor que trabalhe 
com esportes, tenha conhecimento das teorias da aprendizagem, bem 
como do desenvolvimento motor das crianças que estão sobre a sua 
responsabilidade, garantindo com sua prática o desenvolvimento da 
criança sem traumas nem atropelos e promovendo aprendizagens 
significativas. 
Voltando a questão metodológica, como se pode percebernesse capitulo, a criança aprende de forma contínua e progressiva: 
engatinha, anda, corre, etc. Sempre de forma gradual e não uma série 
de saltos. Com o Judô, o aprendizado não deve ser diferente. Segundo 
Knapp, a criança deve ter idade apropriada para poder aprender certas 
atividades, a idade necessária não é a idade cronológica, mas a idade 
fisiológica, isto é, o grau de maturidade atingido pela criança. (Knapp, 
198?, p. 84). O grau de maturidade, deve ser respeitado pelo professor 
38 
 
 
 
ao elaborar atividades que sendo mau planejadas podem levar a que 
alguns alunos, impossibilitados de realizá-las, sintam-se inferiorizados. 
Não tendo espaço em grupos onde as atividades estão bem além da sua 
capacidade, sem ter oportunidade de melhorar, não veem saída a não 
ser abandonar o Judô. Sem contar os danos físicos ou emocionais 
imediatos ou em longo prazo que poderão se instalar. 
Com relação ao desenvolvimento motor, “é na puberdade 
que as crianças encontram-se em condições de desenvolver as 
capacidades físicas motoras” (TANI,1988 p. 89). Fato este que deve ter, 
pelos professores de Judô, muita atenção, pois, a maioria recebe seus 
alunos quando eles se encontram antes ou no início da puberdade, e a 
observação equivocada deste quadro também teria consequências não 
muito agradáveis. A taxinomia para o domínio motor, segundo (Tani, 
apud Harrow, 1988 p. 67), coloca as habilidades específicas, como o 
Judô, o período apropriado para as crianças que se encontram a partir 
dos 11 anos de idade. Contudo, vale salientar que essa faixa etária 
refere-se a idade provável, não necessariamente um aluno que 
encontra-se com 11 anos, estará plenamente no período das habilidades 
específicas, podendo ainda estar amadurecendo algumas habilidades 
básicas que é o período de desenvolvimento imediatamente abaixo das 
39 
 
 
 
habilidades específicas. 
Cabe ao professor observar este fenômeno e ter 
competência para lidar com estas questões, sem prejuízos para o aluno. 
Sabemos que não é tarefa fácil, porém, necessária, do contrário não 
será possível a aprendizagem das habilidades específicas sem que o 
aluno seja prejudicado. Visto que “a aquisição de uma habilidade não 
depende da iniciação precoce e sim da aprendizagem no momento 
oportuno,” (Tani, 1988, p. 89). Com relação ao desporto 
especificamente, o autor afirma que, “o desporto é muito importante, por 
proporcionar a criança o desenvolvimento das qualidades específicas 
que também é patrimônio cultural da humanidade... proporciona o 
desenvolvimento afetivo-social, cognitivo, como o desenvolvimento 
cárdio-respiratório.” (Id. 1988, p. 90). 
Podemos perceber que o esporte poderá ser um excelente 
meio para o desenvolvimento e da aprendizagem, contudo, vale a pena 
mencionar as implicações na formação da personalidade, como a 
questão da ética, da moral e dos valores inapropriados que poderão ser 
adquiridos em conseqüência de uma prática esportiva mau orientada. 
Pires afirma que, 
40 
 
 
 
O desporto mau utilizado, encobre processos 
poucos claros, degrada consciência, deturpa valores, manipula 
população, esquece princípios, desencadeia paixões 
desacerbadas, torna-se um fim em si mesmo.... Não chega 
praticar desporto, torna-se cada vez mais necessário e urgente 
repensar a sua filosofia, os seus princípios, as suas estratégias 
e as suas práticas. (Pires,1991. P. 41). 
 
É este tipo de esporte que não deve interessar ao professor 
de educação física, principalmente de Judô. Temos que garantir não só 
uma boa prática do Judô, com aprendizagens significativas, como 
também, garantir o desenvolvimento da criança sem atropelos, para que 
ela possa se desenvolver em toda sua plenitude e, paralelamente o 
professor não deve se furtar de tratar dos valores morais e éticos, que 
contribuam para a formação da personalidade da criança, conforme estar 
implícito nos princípios filosóficos do Judô. 
 
 
 
 
41 
 
 
 
 CAPÍTULO IV 
 
 AS TÉCNICAS DO JUDÔ 
 
1. ABORDAGEM INICIAL 
 
Antes de abordarmos as técnicas do Judô, faz-se necessário 
alguns esclarecimentos, para possibilitar uma melhor compreensão das 
mesmas, bem como, desse capítulo. 
Não apresentaremos todas as técnicas do Judô, uma vez que 
este trabalho não tem essa intenção e sim fornecer informações que 
possibilitem uma prática pedagógica mais significativa, para os 
professores de judô e de educação física que queiram tratá-lo como 
conteúdo em suas aulas. 
 Iniciaremos vendo como está organizado tecnicamente o 
Judô, usando os termos técnicos com as devidas traduções, com o 
objetivo de facilitar o entendimento das partes pertencentes ao Judô, 
bem como, a familiarização desses termos, uma vez que são usualmente 
veiculados nos meios judoísticos em todo mundo, sendo também 
didaticamente importantes se bem utilizados. Salientando, que sempre 
que possível, será oferecido, mais de um ponto de consulta, que vai 
ajudar para uma melhor compreensão das técnicas do Judô. 
42 
 
 
 
Veremos as técnicas de projeção que pertencem ao Go Kyo 
(Princípios de ensinamentos, que são uma série de técnicas de projeção 
elaboradas por Jigoro kano, em 1886 e reformuladas em 1920 por Jigoro 
Kano e os mestres da Kodokan). O Go Kyo, foi organizado observando o 
grau de dificuldade e continuidade das técnicas. No entanto, 
inicialmente, veremos suas técnicas organizadas por parte do corpo 
essencial para execução. Em seguida, observaremos em fotos o Go Kyo 
organizado segundo a última reformulação. Veremos também uma 
técnica chamada, Ippon Seoi Nage, que apesar de não pertencer ao Go 
Kyo, é considerada importante, por ser muito utilizada nos últimos anos. 
Finalizaremos o capítulo, com algumas técnicas de controle, 
selecionadas, de acordo com as possibilidades das mesmas servirem de 
base para futuros aprofundamentos. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
2. DIVISÃO TÉCNICA DO JUDÔ 
O Judô, está dividido em quatro grandes grupos, conforme 
poderá se observado na figura 1. 
 
 
Figura 1. Divisão técnica do Judô 
 
 2.1. TÉCNICAS DE QUEDA 
 
São as formas de cair, elemento fundamental para o Judô 
uma vez que o cair, é o ato mais frequente na sua prática. 
 2.2. TÉCNICAS DE PROJEÇÃO 
 
 São as correspondentes ao ato de projetar um companheiro 
no solo. As técnicas de projeções são consideradas as mais importantes 
 
JUDÔ Caminho suave 
 
Nage Waza TÉCNICA DE PROJEÇÃO 
Ukemi Waza TÉCNICA DE QUEDA 
Atemi Waza TÉCNICA DE DEFESA 
Katame Waza TÉCNICA DE CONTROLE 
44 
 
 
 
e as mais admiradas pelos judocas. 
 2.3. TÉCNICAS DE CONTROLE 
 
 São as que visam controlar os movimentos do companheiro, 
através de imobilizações, estrangulamentos e chaves de articulações. 
 2.4. TÉCNICAS DE DEFESA PESSOAL 
 
 Parte relacionada a defesa pessoal. Hoje pouco utilizada 
pelos praticantes de Judô, uma vez que o aspecto esportivo, não 
demanda tempo para essa prática, que também exige muita 
especialização. 
Nesse trabalho não consideraremos as técnicas de defesa 
pessoal, visto que o assunto não pertence ao foco de interesse do 
estudo. 
 
3. UKEMI WAZA - técnica de queda 
 
Conforme citado anteriormente, é a parte essencial do judô, 
por ser um pré-requisito para a iniciação às técnicas de projeção. São 
tão importantes que independente do nível de aprendizagem que os 
judokas se encontrem, nem o tipo de treino que vai realizar, antes de se 
iniciar a parte fundamental dos treinos, torna-se essencial realizá-las 
45 
 
 
 
como preparação. 
Para o iniciante, o ukemi waza, assume umaimportância 
ainda maior, uma vez que, o medo de cair interfere diretamente no 
acesso as técnicas de projeção, não havendo progresso significativo 
enquanto não se consiga cair razoavelmente bem. O ukemi waza está 
dividido em quatro grupos de acordo com a figura 2. 
 
 
 
Figura 2. Divisão das técnicas de queda. 
 
 3.1. Ushiro Ukemi - queda para trás 
 
 
Forma de cair pouco utilizada no Judô, uma vez que uma 
pequena quantidade de técnicas permite que se caia dessa forma, no 
 Ukemi Waza - TÉCNICA DE 
QUEDA 
Mae Ukemi – queda para frente 
Ushiro Ukemi – queda para trás 
Zenppon Kaiten Ukemi - rolamento 
Yoko Ukemi – queda para o lado 
46 
 
 
 
entanto, é um excelente exercício para a proteção da cabeça, já que a 
forma correta de cair exige a aproximação do queixo ao osso esterno, 
evitando assim, que a cabeça toque no dojo. É também muito útil, para 
situações fora do ambiente judoístico, quando houver a necessidade de 
cair dessa forma, visto que o ushiro ukemi corrige um dos principais 
defeitos quando se cai para trás, que é a colocação da mão para 
suportar o peso do corpo, o que as vezes não será possível ocasionando 
alguns traumas. 
 
 
Figura 3. Foto do momento final da queda para trás. 
 
 3.2. Mae Ukemi - queda para frente 
 
Também é uma forma de cair pouco utilizada, não tendo 
nenhuma técnica do Judô formal que permita a queda em mae ukemi. 
Sendo muito útil em ocasiões especiais, fora do ambiente judoístico, pois 
USHIRO UKEMI 
47 
 
 
 
possibilita a proteção de toda a parte frontal do corpo. 
 
Figura 4. Foto do momento final da queda para frente. 
 
 3.3. Yoko Ukemi - queda para o lado 
 
É o ukemi waza mais importante no Judô, uma vez que mais de noventa 
por cento das técnicas de projeção exigem esta forma de cair. 
 
Figura 5. Foto do momento final da queda para o lado. 
 
MAE UKEMI 
YOKO UKEMI 
48 
 
 
 
 3.4. Zenppon Kaiten Ukemi - rolamento 
 
 
Igualmente importante ao Ukemi anterior tendo a sua 
finalização da mesma forma. Além de ser uma aproximação do resultado 
de uma técnica de projeção é muito útil para ocasiões extra o dojo, pois 
permite rolar com certa suavidade protegendo as partes essenciais do 
corpo. 
 
Figura 6. Foto do momento inicial para queda com rolamento, o momento final é igual a queda lateral. 
 
 
 
 
 
 
ZENPPON KAITEN UKEMI 
49 
 
 
 
4. NAGE WAZA - técnicas de projeção 
 
As técnicas de projeção, podem ser divididas em dois 
grandes grupos, os Tati Waza (técnica em pé) que são as técnicas que o 
TORI (pessoa que aplica) permanece em pé ao final da projeção, não 
que ele não possa desequilibrar-se e cair junto com o UKE (pessoa que 
recebe a técnica), como acontece frequentemente em competições, mas 
a técnica não exige que ele caia para aplicá-la corretamente. O outro 
grande grupo é o Sutemi Waza, (técnica de sacrifício) esta sim o Tori 
tem que primeiro cair para executar a projeção corretamente. Observar, 
figura 7. 
 
 
 
Figura 7. Divisão das técnicas de projeção. 
 
 Nage Waza TÉCNICA DE PROJEÇÃO 
Tati Waza – técnica em pé 
 
Sutemi Waza – técnica de sacrifício 
 
50 
 
 
 
 4.1. Tati Waza - técnica em pé 
 
 Conforme explicado anteriormente, são as técnicas que o 
tori permanece em pé, poderá ser aplicada de três formas diferentes, 
relacionadas a parte do corpo que será essencial para execução. Com o 
pé ou a perna (ashi waza), com quadris (koshi waza) e com a mão ou 
braço (te waza). Observar figura 8. 
 
 
 
Figura 8. Divisão das técnicas em pé de acordo com a parte do corpo essencial para execução. 
 
 
 
 
 Tati Waza – técnica em pé 
Te Waza – técnica com a mão ou braço 
Koshi Waza – técnica com Quadril 
 
Ashi Waza – técnica com pé ou perna 
 
51 
 
 
 
Veremos agora a relação das técnicas de Tati Waza, 
pertencentes ao Go Kyo, organizadas de acordo com a parte do corpo 
principal para execução, acompanhadas com suas traduções. 
Posteriormente teremos a oportunidade de verificarmos essas técnicas 
em fotos organizadas no Go Kyo. 
 
 4.1.1. Ashi Waza - técnica com pé ou perna 
 
O SOTO GARI (Grande varrida por fora) 
O UCHI GARI (Grande varrida por dentro) 
KO SOTO GARI (Pequena varrida por fora) 
KO UCHI GARI (Pequena varrida por dentro) 
KO SOTO GAKE (Pequeno gancho por fora) 
O SOTO GURUMA (Grande rotação por fora) 
O GURUMA (Grande rotação) 
HIZA GURUMA (Rotação pelo joelho) 
ASHI GURUMA (Rotação pelo pé) 
DE ASHI HARAI (Varrer o pé avançado) 
OKURI ASHI HARAI (Varredura dos pés juntos) 
SASAE TSURI KOMI ASHI (Bloqueio do pé suspenso) 
52 
 
 
 
HARAI TSURI KOMI ASHI (Varredura do pé suspenso) 
UCHI MATA (Varredura da coxa por dentro) 
 
 4.1.2. Koshi waza - técnica com o quadris 
UKI GOSHI (Quadril flutuante) 
O GOSHI (Grande quadril) 
HARAI GOSHI (Varrer com quadril) 
KOSHI GURUMA (Rotação pelo quadril) 
TSURI KOMI GOSHI (Elevação pelo quadril) 
TSURI GOSHI (Quadril suspenso) 
HANE GOSHI (Quadril levantado) 
USHIRO GOSHI (Quadril para trás) 
UTSURI GOSHI (Mudança de quadril) 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
 4.1.3. Te Waza - técnica com a mão ou braço 
IPPON SEOI NAGE (Projeção por um ponto sobre ombro) 
MOROTE SEOI NAGE (Projeção com as duas mãos sobre o 
 ombro) 
TAI OTOSHI (Queda do corpo) 
UKI OTOSHI (Queda flutuante) 
KATA GURUMA (Rotação sobre ombro) 
SUKUI NAGE (Projeção da colher) 
SUMI OTOSHI (Queda em angulo) 
 4.2. Sutemi Waza - técnica de sacrifício 
 
São as técnicas que o tori precisa cair antes para projetar o 
companheiro. Podendo aplicá-las de duas formas, relacionadas a 
direção para a execução da técnica. Para o lado (yoko sutemi), e na 
mesma direção (ma sutemi) projetando-se de costas. 
 
Figura 9. Divisão das técnicas de sacrifício de acordo com a posição do corpo para execução. 
 Sutemi Waza – técnica de sacrifício 
 
Ma Sutemi – sacrifício na mesma direção(costas) 
Yoko Sutemi – sacrifício para o lado 
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Igualmente como fizemos com as técnicas de tati waza, 
Veremos a relação das técnicas de sutemi waza, pertencentes ao Go 
Kyo, organizadas de acordo com a direção para a aplicação das 
mesmas, acompanhadas com suas traduções. Posteriormente veremos 
todas as técnicas relacionadas do sutemi waza em fotos, organizadas 
também segundo o Go Kyo. Oferecendo duas possibilidades de 
consulta, para ter acesso a este conhecimento. 
 
 4.2.1. Yoko Sutemi - sacrifício para o lado 
 
YOKO OTOSHI (Queda lateral) 
YOKO WAKARE (Separação lateral) 
YOKO GURUMA (Rotação lateral) 
UKI WAZA (Queda flutuante) 
TANI OTOSHI (Queda no vale) 
YOKO GAKE (Gancho lateral) 
SOTO MAKI KOMI (Rolando por fora) 
HANE MAKI KOMI (Elevando e rolando) 
 
 
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 4.2.2. Ma Sutemi - sacrifício na mesma direção 
 
 
TOMOE NAGE (Projeção circular) 
SUMI GAESHI (Contra angulo, canto) 
URA NAGE (Projeção em inversão, para trás) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
5. GO KYO 
 
1º GO KYO 
DE ASHI HARAI 
HIZA GURUMA 
SASAE TSURI KOMI ASHI 
UKI GOSHI 
O SOTO GARI 
O GOSHI 
O UCHI GARI 
MOROTE OU IPPON SEOI NAGE 
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2º GO KYO 
KO SOTO GARI 
KO UCHI GARI 
KOSHI GURUMA 
TSURI KOMI GOSHI 
OKURI ASHI HARAI 
TAI OTOSHI 
HARAI GOSHI 
UCHI MATA 
58 
 
 
 
 
 
3º GO KYO 
KO SOTO GAKE 
TSURI GOSHI 
YOKO OTOSHI 
ASHI GURUMAHANE GOSHI 
HARAI TSURI KOMI ASHI 
TOMOE NAGE 
KATA GURUMA 
59 
 
 
 
 
 
 
 
4º GO KYO 
1. SUMI GAESHI 
2. TANI OTOSHI 
3. HANE MAKI KOMI 
4. SUKUI NAGE 
5. UTSURI GOSHI 
6. O GURUMA 
7. SOTO MAKI KOMI 
8. UKI OTOSHI 
60 
 
 
 
 
5º GO KYO 
1. O SOTO GURUMA 
2. UKI WAZA 
3. YOKO WAKARE 
4. YOKO GURUMA 
5. USHIRO GOSHI 
6. URA NAGE 
7. SUMI OTOSHI 
8. YOKO GAKE 
61 
 
 
 
6. KATAME WAZA - técnicas de controle 
 
 
As técnicas de controle são as que têm o objetivo de impedir 
os movimentos do companheiro. Dividem-se em três tipos, os Osae 
Komi Waza (técnicas de imobilizações), são as que têm como 
característica, a manutenção do companheiro com os omoplatas no solo 
durante um tempo determinado, sem que possua entrelaçamentos de 
pernas,. Shime Waza (técnicas de estrangulamento), tem como 
característica, provocar asfixia no companheiro através de ações 
implementadas na região do pescoço. Kansetsu Waza (técnicas de 
articulações), visa provocar estiramento ou torções nas articulações do 
companheiro. 
Das técnicas de controle, veremos as principais 
imobilizações, estrangulamentos e chaves de braços, garantindo um 
conhecimento básico para futuras aprendizagens, uma vez que, as 
técnicas restantes serão sempre variantes das estudadas. Observar, 
figura 10. 
 
62 
 
 
 
 
Figura 10. Divisão das técnicas de controle. 
 
 6.1. Osae komi Waza - técnica de imobilização 
 
HON KESA GATAME (Controle pela a gola de forma básica) 
KATA GATAME (Controle pelo ombro) 
KUZURE KESA GATAME (Controle pela gola com variação) 
MAKURA KESA GATAME (Controle pela gola em travesseiro) 
YOKO SHIHO GATAME (Controle dos quatro pontos pela lateral) 
KAMI SHIHO GATAME (Controle dos quatro pontos por cima) 
TATE SHIHO GATAME (Controle dos quatro pontos na vertical) 
 
 
 
 Katame Waza TÉCNICA DE CONTROLE 
Osae Komi Waza – técnica de imobilização 
Shime Waza – técnica de estrangulamento 
Kansetsu Waza – técnica de articulação 
63 
 
 
 
 6.1.1. Osae Komi Waza (fotos) 
HON KESA GATAME 
KATA GATAME 
KUZURE KESA GATAME 
KAMI SHIHO GATAME 
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MAKURA KESA GATAME TATE SHIHO GATAME 
YOKO SHIHO GATAME 
USHIRO KESA GATAME 
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 6.2. Shime Waza - técnica de estrangulamento 
 
 
 
NAMI JUJI JIME ( Estrangulamento em cruz normal) 
GIAKU JUJI JIME ( Estrangulamento em cruz invertido) 
KATA JUJI JIME ( Estrangulamento em forma de cruz) 
HADAKA JIME ( Estrangulamento com as mãos nuas) 
KATAHA JIME ( Estrangulamento pela asa) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
 
 
 
 6.2.1. Shime Waza (fotos) 
 
NAMI JUJI JIME 
GIAKU JUJI JIME KATA JUJI JIME 
KATAHA JIME 
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 6.3. Kansetsu Waza - técnica de articulação 
 
 
UDE GARAMI (Manter o braço) 
UDE GATAME (controle do braço) 
UDE HISHIGI JUJI GATAME(controle do braço estirado em cruz) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 6.3.1. Kansetsu Waza (fotos) 
UDE GATAME 
UDE GARAMI 
UDE HISHIGI JUJI GATAME 
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 CAPÍTULO V 
 
 SUBSÍDIOS PARA O JUDÔ CONVENCIONAL E PARA AS AULAS 
DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
1. VISÃO GERAL 
 
Onde iremos buscar subsídios para fundamentar o judô 
convencional como uma prática pedagógica significativa, e como 
conteúdo em aulas de educação física? 
De acordo com os assuntos estudados, podemos constatar 
que para podermos garantir uma boa prática pedagógica do Judô, 
vários elementos terão que ser considerados, sendo a formação do 
professor, o aspecto mais importante, uma vez que, o mesmo terá que 
se apropriar de diversas áreas do conhecimento, para tratar do assunto 
adequadamente. 
Observamos que o conhecimento da história do Judô é um 
elemento norteador que nos dará condições de estabelecer como será 
realizado o nosso trabalho, pois nela visualizaremos sobre quais 
princípios se fundamenta o judô, como também, sobre quais objetivos o 
judô foi criado. 
 Constatamos a existência de uma lacuna a respeito do 
70 
 
 
 
conhecimento da filosofia do Judô, bem como, de seus princípios, que 
terão de ser superados se pretendemos tratar o Judô adequadamente. 
A partir desse ponto, depois de termos claro quais os objetivos, os 
princípios e a filosofia do judô, poderemos estabelecer quais as técnicas 
que devem ser trabalhadas e qual o trato metodológico que daremos a 
elas. 
 
2. ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS HISTÓRICAS E FILOSÓFICAS 
 Quais os referenciais históricos que devem ser utilizados? 
Resgatar as origens do Judô desde a criação do Ju jutsu, 
percebendo o que existe em comum e as diferenças dos mesmos. Ou 
seja, quais eram os objetivos do Ju jutsu da época, como ele era 
praticado e o que se ensinava. Percebendo as distorções metodológicas 
do Ju Jutsu da época, será sem dúvida, possível estabelecer elementos 
importantes para o entendimento do judô. Como por exemplo: quais 
eram as preocupações de Jigoro Kano, com relação ao Ju jutsu que 
motivaram a criação do Judô; quais as modificações implementadas; e 
quais os objetivos propostos. Resgatar os princípios: “Ceder para 
vencer”, “Prosperidade e benefícios mútuos” e o da “Máxima eficácia”, 
utilizando-se destes princípios não só para o entendimento da 
71 
 
 
 
aplicabilidade das técnicas, como para contribuir com uma ação 
educativa para os alunos, na escola e fora dela. 
 O princípio “ceder para vencer” é sem dúvida considerado o 
mais importante, talvez por estar mais intimamente ligado as técnicas do 
Judô, no entanto, na própria tradução do nome Judô (caminho suave), 
ele nos dá outras indicações de sua importância, que deve extrapolar a 
melhor forma de aplicação das suas técnicas. Este princípio, apesar de 
pertencer inicialmente ao Ju Jutsu e incorporado ao Judô, foi inspirado 
na natureza, portanto, não é exclusivo dos mesmos. Ele nos permite 
tanto retornar a natureza para o entendimento de como ela se defende, 
como poderá servir de orientação ao aluno para analisar, objetivos 
pessoais ou sociais de forma crítica, permitindo não só o entendimento 
das dificuldades que deverão apresentar-se em sua vida, como também, 
o melhor caminho que deve ser percorrido, sem contudo desviar dos 
objetivos. Tanto a criança quanto o adolescente precisam perceber o 
quanto sua ação poderá influir na superação das dificuldades, e como 
elaborar estratégias coerentes para superá-las. Vemos neste princípio 
algo que transcende o judô, e sem dúvida era a intenção de Jigoro Kano, 
que o judô não fosse um fim em si mesmo. Contudo, os princípios 
“Prosperidade e benefícios mútuos” e o da “Máxima eficácia”, não 
72 
 
 
 
devemos considerá-los menos importantes. O primeiro, defende a 
importância da inter-relação com outro (social) para que todos possam 
prosperar. Esta inter-relação materializa-se, a medida que o aluno 
percebe que o companheiro precisa ser preservado na sua integridade 
física, estando sempre disponível como parceiro e que tem que 
promover o avanço dos teoricamente mais fracos, para que ele mesmo 
possa avançar na aprendizagem do Judô. Sendo assim, poderemos 
trabalhar a segurança e a solidariedade, com a compreensão da sua real 
importância, que é um ambiente onde o princípio “Prosperidade e 
Benefícios Mútuos” não seja apenas uma referência teórica e sim um 
pré-requisito para o desenvolvimento no Judô e na vida. Acrescentando 
o fato, que a prosperidade e solidariedade não se combinamnos dias 
atuais, uma vez que podemos observar com certa frequência em nossa 
sociedade, demonstrações egoístas e egocêntricas exacerbadas, onde 
pessoas na ânsia de ascender financeiramente ou socialmente usam de 
expedientes não muito lícitos. E nós, como educadores, precisamos 
trabalhar estas questões com muita insistência, para que nossos alunos 
tenham a compreensão crítica das relações sociais, sendo um agente de 
mudanças, em prol de uma sociedade mais justa, coerente e solidária. 
 O segundo, o da Máxima Eficácia, está relacionado com a 
73 
 
 
 
necessidade permanente da busca constante da “perfeição”, 
consequentemente, resultando na economia de gasto energético. Ter 
como princípio, a melhoria da eficiência, certamente não será importante 
exclusivamente para o Judô, como também, para qualquer outra 
necessidade no decorrer da vida. Cabe ao professor, saber trabalhar 
com esse princípio, articulado com os outros princípios, garantindo uma 
prática do Judô significativa, com um tratamento metodológico mais 
eficiente e com relevância social. Se a utilização dos princípios tiver a 
devida consideração pelos professores, os alunos não aprenderão o 
judô dissociado de um todo e ele não será um fim em si mesmo. 
Finalmente, percebemos na história e na filosofia do Judô, 
vasto campo para a exploração didática, onde será possível elaborar 
aulas de Judô ou aulas de educação física com o sentido e o significado 
que ele merece. 
 
 
 
 
 
74 
 
 
 
3. SUGESTÃO PARA ABORDAGEM DAS TÉCNICAS DO JUDÔ 
 
A respeito das técnicas do Judô, uma das grandes 
dificuldades, além da quantidade é o próprio entendimento para 
aplicação das mesmas, é a sua nomenclatura, que geralmente é 
utilizada como elemento complicador, pois os alunos, têm que aprendê-
las sem ter o entendimento do significado das palavras, tendo que 
relacioná-las com um movimento geralmente complexo. No entanto, na 
maioria das vezes, a tradução das técnicas, retrata qual é o movimento 
que deve ser realizado. A aprendizagem das técnicas paralelamente com 
a nomenclatura, além de dar mais significado a técnica, pois seria 
relacionada com um determinado movimento, facilitará e muito a 
aprendizagem de técnicas posteriores, proporcionando um excelente 
exercício cognitivo. 
 Supondo que o aluno tenha acesso a essa metodologia e 
aprendeu anteriormente essas técnicas: 
1ª O SOTO GARI - grande varrida por fora; 
2ª MOROTE SEOI NAGE - projeção pelo ombro com as duas mãos. 
Depois terá a necessidade de aprender mais uma técnica. 
3ª MOROTE GARI 
Podemos observar, que mesmo antes que o professor possa ensinar 
75 
 
 
 
como é a mecânica de funcionamento da técnica, o aluno por ter acesso 
ao conhecimento das palavras, terá condições de antecipar as 
características do movimento que será ensinado, além de poder 
classificar a que grupo de execução a técnica pertence. Apenas por 
observar as coincidências das palavras das duas técnicas anteriores 
com a terceira técnica, como por exemplo: a palavra Gari que é utilizada 
na primeira técnica significa “ ceifar ou varrer”, e a palavra Morote “com 
as duas mãos”, sendo assim MOROTE GARI significa “varrer com as 
duas mãos”. 
Outro aspecto que também facilitará o aprendizado, é a 
observação das características das técnicas, como a posição e a parte 
do corpo principal para execução. O conhecimento da posição e da parte 
do corpo principal para execução de uma técnica, é uma informação 
bastante útil, pois ajudará ao aluno enfatizar a parte do corpo que deverá 
ser mais exigida, como também, a sua postura final na execução de uma 
técnica. 
Utilizaremos a seguir, as técnicas do exemplo anterior para 
demonstrar este ponto. 
1º O SOTO GARI - técnica de perna 
2ª MOROTE SEOI NAGE - técnica de mão 
76 
 
 
 
Dois erros frequentes são associados a essas técnicas. A 
primeira (o soto gari) por ser uma técnica de pernas, deve ter como parte 
do corpo principal para execução “as pernas”, no entanto , a maioria das 
pessoas, crianças ou adultos, quando aprendem essa técnica, a ênfase 
inicialmente é colocada nos braços. Enquanto, na segunda (morote seoi 
nage) é uma técnica de mão e poucas pessoas, conseguem aplicá-la 
corretamente, enfatizando, na maioria das vezes, o quadril, quando 
deveria enfatizar a utilização das mãos. Como vimos, a informação da 
principal parte do corpo que deverá ser utilizada com mais ênfase, para a 
aplicação de uma determinada técnica, servirá também, para o aluno 
refletir se ele está aplicando a técnica corretamente, segundo as 
características exigidas pela própria técnica. 
 
 
 
 
77 
 
 
4. SUGESTÕES METODOLÓGICAS 
 UKEMI, NAGE E KATAME WAZA 
 
 
 4.1. Ukemi Waza – técnicas de queda 
 
Das Técnicas de quedas, abordaremos a importância de cair, 
não só para a prática do judô, como para o ser humano. O ato de cair é 
uma situação em nossas vidas que todos temos medo, pois não fomos 
acostumados a tal ação, apesar de quando criança termos caído muitas 
vezes, porém não poderíamos nos acostumar, uma vez que ninguém 
nos mostrou que existem formas de cair menos traumáticas. Sem 
dúvida, aprender a cair é um assunto muito importante, que deve ser 
abordado em todas as aulas de Judô ou de educação física, que trate 
esse conteúdo, sobretudo é essencial para iniciar-se nas técnicas de 
projeção, além de ser uma grande contribuição para a vida pessoal dos 
alunos. No entanto, o professor de Judô ou de educação física, deve ter 
em mente, que inicialmente, cair não é tarefa muito agradável para os 
alunos, uma vez que, qualquer pessoa ao entrar no Judô, principalmente 
crianças, quer mesmo aprender a derrubar. Para tanto, é aconselhável 
associar as atividades de queda, com brincadeiras ou jogos, levando o 
aluno a realizá-las das mais variadas formas possíveis. 
78 
 
 
 4.2. Nage waza – técnicas de projeção 
 
Com as técnicas de projeção, o professor precisa selecionar 
um grupo de técnicas, compatíveis com o nível de desenvolvimento e 
aprendizagem dos seus alunos, tendo o cuidado de não se impressionar 
com técnicas muito bonitas, com nível de exigência elevado, permitindo 
que os alunos as apliquem sem ter as condições necessárias para tal. O 
importante é ter em mente, que é imprescindível a qualidade e não a 
quantidade de técnicas que poderão ser aprendidas inadequadamente. 
Caso o professor tenha dificuldade de selecionar as técnicas para 
trabalhar com seus alunos, poderá orientar-se pelo Go Kyo, que 
encontra-se no capítulo IV. 
Se sua turma é de iniciação, começará pelo 1º Go Kyo, não 
tendo a preocupação de dar conta das 8 técnicas rapidamente, nem 
seguir a ordem estabelecida pelo mesmo. 
Para o Professor de educação física, são as técnicas de 
projeção, juntamente com os recursos materiais, os maiores entraves 
para que o mesmo trate o Judô como conteúdo em suas aulas. No 
entanto, tratando-se das técnicas de projeção, podemos agora 
dismistificar que para se trabalhar com o judô em aulas de educação 
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física, precisa-se ter o conhecimento de todas as suas técnicas, por que 
o aspecto que realmente importa é a percepção das possibilidades de 
aplicá-las, observando os princípios de aplicação, e um entendimento 
teórico que facilite aprendizagens posteriores. 
Dessa forma, o professor de educação física deverá garantir 
que seus alunos tenham a compreensão do Judô sobre todos aspectos: 
históricos, filosóficos e culturais. Ao utilizar as técnicas de projeção, o 
professor, deve ressaltar a compreensão das suas características e 
subdivisões,