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Ecopedagogia - Livro Texto Unidade I

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Ecopedagogia
Professor conteudista: Franco Bonetti
Ecopedagogia
Unidade I
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................1
2 PERCEPÇÕES DO MEIO AMBIENTE: NOÇÕES BÁSICAS, AÇÃO HUMANA E IMPACTOS .........6
3 NOÇÕES BÁSICAS PARA A QUESTÃO AMBIENTAL ................................................................................7
4 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO ................ 12
5 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL: TECNOLOGIA E BIOÉTICA ...................................................................... 15
Unidade II
6 ELEMENTOS NATURAIS E CONSTRUÍDOS DO MEIO AMBIENTE .................................................... 18
7 FATORES FÍSICOS E SOCIAIS DO MEIO AMBIENTE ............................................................................. 19
8 SUSTENTABILIDADE SOCIAL: UM DESAFIO DO SÉCULO XXI .......................................................... 22
9 SAÚDE, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE: O DESAFIO DA PROMOÇÃO DA QUALIDADE
DE VIDA ................................................................................................................................................................... 23
10 EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE E SAÚDE: RECONHECENDO ESPAÇOS SOCIAIS E 
RESSIGNIFICANDO CONCEITO ........................................................................................................................ 26
11 DIVERSIDADE: DESIGUALDADE E ÉTICA ............................................................................................... 32
12 REFLEXÃO ......................................................................................................................................................... 33
Sumário
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1 INTRODUÇÃO
Para compreendermos as questões ambientais que 
enfrentamos na atualidade, é necessário, antes, mudarmos 
nossa percepção sobre tempo e espaço. Isso pelo fato de que 
vivemos em um planeta que surgiu há 4,5 bilhões de anos e 
que vem sendo modificado constantemente pela influência 
de todos os componentes do universo, físicos e energéticos, 
além das ações promovidas pelos seres vivos que o habitam 
hoje.
Para auxiliar nessa complexa compreensão, é preciso que 
os ambientes educacionais também sejam transformados, 
com uma abordagem voltada para a interdisciplinaridade e a 
transdiciplinaridade. Nesse contexto surge a ecopedagogia.
A ecopedagogia fundamenta-se na pedagogia voltada para 
a aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana, 
com o objetivo de promover a sustentabilidade das sociedades 
contemporâneas.
 
O conceito de ecopedagogia, criado por Francisco 
Gutiérrez, pesquisador do pensamento de Paulo Freire 
na Costa Rica, segue os princípios da “Carta da Terra”, 
documento anunciado em março de 2000 pela UNESCO 
e que foi adotado pela ONU no ano 2002 com o mesmo 
valor da “Declaração dos Direitos Humanos”. A “Carta da 
Terra” foi aprovada por um fórum da sociedade civil, com 
representante de todos os povos, com o status de documento 
da “cidadania planetária”.
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 Seguindo essa linha de raciocínio, a ecopedagogia trabalha 
a ideia de fundamentar as ações humanas no sentido de 
compartilhar com as demais vidas a experiência do planeta Terra 
através das mudanças das atuais relações humanas, sociais e 
ambientais. A formação dessa consciência ecológica depende 
da educação, ou seja, de conhecimentos e competências 
humanas capazes de promover sociedades sustentáveis e a 
preservação do meio ambiente. Para tanto, pesquisadores sobre 
a perspectiva da educação como ferramenta transformadora 
de pensamentos e conceitos geram um documento que nos 
auxilia nessa tarefa.
A CARTA DA TERRA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO
Primeiro Encontro Internacional — São Paulo, 23 a 26 de 
agosto de 1999. Organização: Instituto Paulo Freire — Apoio: 
Conselho da Terra e UNESCO-Brasil
Carta da Ecopedagogia
Em defesa de uma pedagogia da Terra
1. Nossa mãe Terra é um organismo vivo e em 
evolução. O que for feito a ela repercutirá em todos os 
seus filhos. Ela requer de nós uma consciência e uma 
cidadania planetárias, isto é, o reconhecimento de 
que somos parte da Terra e de que podemos perecer 
com sua destruição ou podemos viver com ela em 
harmonia, participando do seu devir.
2. A mudança do paradigma economicista é condição 
necessária para estabelecer um desenvolvimento 
com justiça e equidade. Para ser sustentável, o 
desenvolvimento precisa ser economicamente 
factível, ecologicamente apropriado, socialmente 
justo, includente, culturalmente equitativo, respeitoso 
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e sem discriminação. O bem-estar não pode ser só 
social; deve ser também sociocósmico.
3. A sustentabilidade econômica e a preservação do 
meio ambiente dependem também de uma consciência 
ecológica, e esta, da educação. A sustentatibilidade 
deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da 
educação, do planejamento escolar, dos sistemas de 
ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. 
Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser 
significativos para o(a) educando(a) e também para a 
saúde do planeta.
4. A ecopedagogia, fundada na consciência de que 
pertencemos a uma única comunidade da vida, 
desenvolve a solidariedade e a cidadania planetárias. 
A cidadania planetária supõe o reconhecimento e a 
prática da planetaridade, isto é, tratar o planeta como 
um ser vivo e inteligente. A planetaridade deve levar-
nos a sentir e viver nossa cotidianidade em conexão 
com o universo e em relação harmônica consigo, 
com os outros seres do planeta e com a natureza, 
considerando seus elementos e dinâmica. Trata-se 
de uma opção de vida por uma relação saudável e 
equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com 
os outros, com o ambiente mais próximo e com os 
demais ambientes.
5. A partir da problemática ambiental vivida 
cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços 
de convivência e na busca humana da felicidade, 
processa-se a consciência ecológica e opera-se a 
mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar 
do sentido da pedagogia, pois a condição humana 
passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia 
implica numa mudança radical de mentalidade em 
relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que 
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está diretamente ligada ao tipo de convivência que 
mantemos com nós mesmos, com os outros e com a 
natureza.
6. A ecopedagogia não se dirige apenas aos 
educadores, mas a todos os cidadãos do planeta. 
Ela está ligada ao projeto utópico de mudança nas 
relações humanas, sociais e ambientais, promovendo 
a educação sustentável (ecoeducação) e ambiental 
com base no pensamento crítico e inovador, em seus 
modos formal, não formal e informal, tendo como 
propósito a formação de cidadãos com consciência 
local e planetária que valorizem a autodeterminação 
dos povos e a soberania das nações.
7. As exigências da sociedade planetária devem 
ser trabalhadas pedagogicamente a partir da vida 
cotidiana, da subjetividade, isto é, a partir das 
necessidades e interesses das pessoas. Educar, para 
a cidadania planetária, supõe o desenvolvimento de 
novas capacidades, tais como: sentir, intuir,vibrar 
emocionalmente; imaginar, inventar, criar e recriar; 
relacionar e interconectar-se, auto-organizar-se; 
informar-se, comunicar-se, expressar-se; localizar, 
processar e utilizar a imensa informação da aldeia 
global; buscar causas e prever consequências; 
criticar, avaliar, sistematizar e tomar decisões. 
Essas capacidades devem levar as pessoas a 
pensar e a agir processualmente, em totalidade e 
transdisciplinarmente.
8. A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar 
das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar 
e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e 
aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, 
a poluição da água e do ar, entre outros, para intervir 
no mundo, no sentido de reeducar o habitante do 
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planeta e reverter a cultura do descartável. Experiências 
cotidianas aparentemente insignificantes, como uma 
corrente de ar, um sopro de respiração, a água da 
manhã na face, fundamentam as relações consigo 
mesmo e com o mundo. A tomada de consciência 
dessa realidade é profundamente formadora. O 
meio ambiente forma tanto quanto ele é formado 
ou deformado. Precisamos de uma ecoformação 
para recuperarmos a consciência dessas experiências 
cotidianas. Na ânsia de dominar o mundo, elas correm 
o risco de desaparecer do nosso campo de consciência, 
se a relação que nos liga a ele for apenas uma relação 
de uso.
9. Uma educação para a cidadania planetária tem 
por finalidade a construção de uma cultura da 
sustentabilidade, isto é, uma biocultura, uma cultura 
da vida, da convivência harmônica entre os seres 
humanos e entre estes e a natureza. A cultura da 
sustentabilidade deve nos levar a saber selecionar 
o que é realmente sustentável em nossa vida, em 
contato com a vida dos outros. Cotidianamente.
10. A ecopedagogia propõe uma nova forma de 
governabilidade diante da ingovernabilidade do 
gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a 
descentralização e uma racionalidade baseadas na ação 
comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, 
na participação, na ética e na diversidade cultural. 
Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta 
como uma nova pedagogia dos direitos que associa 
direitos humanos — econômicos, culturais, políticos 
e ambientais — e direitos planetários, impulsionando 
o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela 
desenvolve a capacidade de deslumbramento e de 
reverência diante da complexidade do mundo e a 
vinculação amorosa com a Terra.
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2 PERCEPÇÕES DO MEIO AMBIENTE: NOÇÕES 
BÁSICAS, AÇÃO HUMANA E IMPACTOS 
Conceitualmente, podemos afirmar que meio ambiente é 
o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a 
vida em todas as suas formas.
É inegável, porém, que o conceito de meio ambiente vem 
sendo construído pelas diferentes ciências, portanto é mais 
interessante considerá-lo uma representação social que evolui 
no tempo e espaço social em que é utilizada e, ainda, que pode 
admitir flexibilidade.
 
O que pode ser considerado definido são os aspectos 
que tratam o ser humano como agente e paciente de 
transformações intencionais por ele produzidas no seu 
ambiente, ou seja, o ser humano é parte integrante dos ciclos 
e fluxos que operam nos ecossistemas, neles intervindo, 
produzindo modificações intencionais e construindo novos 
ambientes.
Debates mundiais, ao considerar a questão ambiental em 
tempos de globalização, quando a tecnologia disponibiliza 
possibilidades ao homem para satisfazer suas necessidades 
e desejos, julgam inevitável o aumento da capacidade humana 
de intervir na natureza. Discussões e tensões relacionadas 
ao uso do espaço e dos recursos naturais são frequentes 
no atual modelo de civilização, no qual a crescente e 
desordenada urbanização acaba por impor consequências 
quase sempre indesejáveis, em que a exploração dos recursos 
naturais passou a ser feita de forma descontrolada. Recursos 
não renováveis correm o risco do esgotamento definitivo 
onde sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados 
de seu equilíbrio, produzindo efeitos devastadores como, 
por exemplo, o esgotamento do solo e a contaminação da 
água.
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Nesse cenário, o meio ambiente e os seus recursos naturais 
se tornaram uma preocupação para o planejamento social, 
político e econômico dos governos, considerando que a questão 
ecológica está estreitamente ligada à interdependência mundial, 
ultrapassando fronteiras, pois, se um país resolve fazer um 
experimento atômico, o mundo todo sofre as consequências 
dessa ação. 
3 NOÇÕES BÁSICAS PARA A QUESTÃO 
AMBIENTAL
Para compreendemos melhor a questão do meio ambiente 
e sua importância na qualidade de vida do homem, torna-se 
importante a definição de alguns conceitos básicos, antes de 
iniciarmos o levantamento de questões mais específicas:
Biosfera. Bios significa “vida”. A biosfera é uma película de 
terra firme, água, energia e ar que envolve todas as partes do 
planeta Terra e que se estende um pouco acima e um pouco 
abaixo da superfície. É o habitat viável de todas as espécies de 
seres vivos.
Ecologia. Palavra derivada do grego: oikos significa “casa” 
e logos quer dizer “estudo”. Sinteticamente, é o estudo do meio 
ambiente em que vivemos e sua relação e interação com todos 
os seres vivos.
Impacto ambiental. Todo e qualquer tipo de alteração 
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente causada por qualquer forma de matéria ou 
energia resultante das atividades humanas que afetam a 
saúde, a segurança e o bem estar da população, quer direta 
ou indiretamente; as atividades sociais e econômicas; o 
conjunto de todos os seres vivos de uma região, a biota; 
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a 
qualidade dos recursos ambientais.
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Unidades de conservação. São espaços de território 
nacional, incluindo as águas jurisdicionais, com características 
naturais relevantes, de domínio público ou propriedade privada, 
legalmente instituídos pelo poder público com os objetivos e 
limites definidos, sob regimes especiais de administração, aos 
quais se aplicam garantias adequadas de proteção. Existem 
unidades de conservação de proteção integral, garantindo 
a preservação total da natureza, e de uso sustentável, que 
permitem seu uso controlado
Floresta. Com alta densidade de árvores, a floresta é uma 
entidade biológica formada por um conjunto complexo de formas 
vegetais interdependentes, as quais se dispõe em camadas. 
Flora silvestre. É o conjunto das espécies vegetais naturais 
nativas de uma região ou país.
Flora exótica. É o conjunto das espécies vegetais não 
nativas de uma região, as quais foram adaptadas ao local ou 
importadas. 
Mata Atlântica. Área de formação vegetal com grande 
riqueza de espécies. Em geral apresenta três estratos: superior, 
com espécies arbóreas de altura entre 15 a 40 metros; 
intermediário, com alta densidade de espécies, constituído por 
arbustos, arboretos e árvores de pequeno porte, entre 3 e 10 
metros; e um terceiro, composto por grande variedade de ervas 
rasteiras, cipós, trepadeiras, além de palmeiras e samambaias. 
Ela abriga grandevariedade de espécies da fauna brasileira, 
como, por exemplo: onça, sagui-de-tufo-preto, paca, cotia, 
tucano-de-bico verde, caxingulê, mono-carvoeiro, entre 
outras. 
Área de proteção ambiental. É a área destinada à proteção 
ambiental, visando assegurar o bem-estar das populações 
humanas e a conservação ou melhoria das condições ecológicas 
locais.
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Reservas biológicas. Correspondem a áreas delimitadas 
com a finalidade de preservar e proteger integralmente a fauna 
e a flora, para fins científicos e educativos, em que é proibida 
qualquer forma de exploração dos seus recursos naturais.
Estações ecológicas. Basicamente, são áreas representativas 
de ecossistemas brasileiros. Elas são destinadas à realização de 
pesquisas básicas e aplicadas de ecologia, à proteção do ambiente 
natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista. 
Nessas áreas não há exploração do turismo.
Parques. São áreas geográficas de extensão 
considerável, demarcadas e protegidas pelo poder público, 
dotadas de atributos naturais excepcionais — ou seja, são 
ricas em espécies. Os parques são objeto de preservação 
permanente, submetidos à condição de inalienabilidade 
e indisponibilidade em seu todo. Destinam-se a fins 
científicos, culturais, educativos e recreativos. São criados e 
administrados pelos governos federal, estadual e municipal, 
visando principalmente à preservação dos ecossistemas 
naturais englobados contra quaisquer alterações que os 
desvirtuem.
Áreas de preservação permanente. Pelo art. 2º da lei 
4771/65, consideram-se de preservação permanente as florestas 
e demais formas de vegetação natural situadas:
• ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o 
seu nível mais alto em faixa marginal com largura mínima 
estabelecida pela própria lei;
• ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água 
naturais: 
• nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados 
olhos d'água, qualquer que seja a sua situação topográfica;
• no topo de morros, montes, montanhas e serras;
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• nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 
45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;
• nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras 
de mangues;
• nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha 
de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) 
metros em projeções horizontais;
• em altitudes superiores a 1.800 (mil e oitocentos) metros, 
qualquer que seja a vegetação.
A seguir, na figura 11, as áreas brasileiras consideradas áreas 
de preservação permanentes:
Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando 
assim declaradas por ato do poder público, as florestas e demais 
formas de vegetação natural destinadas:
• a atenuar a erosão das terras;
• a fixar as dunas;
• a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e 
ferrovias;
1 Disponível em: http://www.webciencia.com
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• a auxiliar a defesa do território nacional, a critério das 
autoridades militares;
• a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor 
científico ou histórico;
• a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de 
extinção;
• a manter o ambiente necessário à vida das populações 
silvícolas;
• a assegurar condições de bem-estar público.
 
Poluição. É a degradação da qualidade ambiental resultante 
de atividades que direta ou indiretamente:
• prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da 
população; 
• criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
• atinjam desfavoravelmente a biota; 
• afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; 
• lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos. 
Recursos naturais. São a atmosfera, as águas interiores, 
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, 
o subsolo e os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Foram elencados aqui apenas alguns conceitos que 
considerados fundamentais, porém que não se esgotam, mesmo 
porque, como já citado, esta é uma área do conhecimento que só 
recentemente vem despertando a atenção em razão da urgência 
de ações práticas. 
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4 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO
Apesar dos conceitos e paradigmas que já elencados, 
o conceito de meio ambiente e sua gestão constitui um 
tema recente em nosso país, embora em carta datada de 
1º de maio de 1500, enviada ao rei de Portugal, Pero Vaz 
de Caminha já relatasse as belezas naturais brasileiras. 
Entretanto, os problemas relacionados aos recursos 
ambientais sempre foram, de certa forma, tratados de forma 
isolada no Brasil, dificultando os mecanismos necessários 
à gestão do meio ambiente. Assim, apenas recentemente, 
a população e as estruturas de governo têm atendido às 
demandas no que se refere à conservação e à preservação 
dos recursos naturais.
A história começa, aproximadamente, com a vinda 
da Família Real para o Brasil, quando foi criado o Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro em 1808 e que hoje é uma 
fundação vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. 
Até a década de 50, contudo, não havia no Brasil uma 
preocupação significativa com os aspectos ambientais, 
apenas determinações relacionadas aos aspectos mais 
urbanos, como o saneamento, a conservação e a preservação 
do patrimônio natural, histórico e artístico, e à solução de 
problemas provocados por secas e enchentes.
A industrialização, entre 1930 e 1950, dotou o país de 
instrumentos legais e de órgãos públicos que refletiam 
as áreas de interesse da época e que, de alguma forma, 
estavam relacionados à área do meio ambiente, tais como: 
o Código de Águas — Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 
1934; o Departamento Nacional de Obras de Saneamento 
(DNOS); o Departamento Nacional de Obras contra a Seca 
(DNOCS); a Patrulha Costeira e o Serviço Especial de Saúde 
Pública (SESP).
O processo de degradação da 
natureza em grande escala iniciou-se 
com as conquistas do Império Romano, 
que dizimava milhares de quilômetros 
quadrados de florestas europeias e 
asiáticas para a passagem de seu 
exército, utilizando a madeira retirada 
na construção de suas majestosas 
armas de guerra.
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Nesse período também vamos encontrar medidas de 
conservação e preservação do patrimônio natural, histórico e 
artístico mais significativas, como, por exemplo: a criação de 
parques nacionais e de florestas protegidas nas regiões nordeste, 
sul e sudeste; o estabelecimento de normas de proteção dos 
animais; a promulgação dos códigos de floresta, de águas e 
de minas; a organização do patrimônio histórico e artístico; 
a disposição sobre a proteção de depósitos fossilíferos, e a 
criação, em 1948, da Fundação Brasileira para a Conservação 
da Natureza.
Na Conferência Internacional promovida pela UNESCO, 
em 1968, sobre a Utilização Racional e a Conservação dos 
Recursos da Biosfera, o Brasil — que, já na década de 1960, 
havia se comprometido com a conservação e a preservação 
do meio ambiente efetivadas, por meio de sua participação 
em convenções ereuniões internacionais — agora, como 
membro das Nações Unidas, assinou acordos, pactos e termos 
de responsabilidade entre países, no âmbito da Declaração 
de Soberania dos Recursos Naturais. A década de 1970 
foi marcada pelo agravamento dos problemas ambientais 
e, consequentemente, pela maior conscientização desses 
problemas em todo o mundo.
Foi realizado, em Brasília, de 21 a 27 de agosto de 1971, 
o I Simpósio sobre Poluição Ambiental, por iniciativa da 
Comissão Especial sobre Poluição Ambiental da Câmara dos 
Deputados. Pesquisadores e técnicos do país e do exterior 
participaram do simpósio com o objetivo de colher subsídios 
para um estudo global do problema da poluição ambiental 
no Brasil.
Contudo, somente após a participação da delegação 
brasileira na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente 
Humano, realizada em 1972, em Estocolmo, Suécia, é que 
medidas efetivas foram tomadas com relação ao meio ambiente 
no Brasil. Representantes de aproximadamente 113 nações 
A primeira reunião da ONU, por 
meio da UNESCO e do PNUMA, para 
o meio ambiente e a saúde humana foi 
realizada em 1972, em Estocolmo, na 
Suécia.
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participaram do evento, 90% dos quais pertenciam ao grupo 
dos países em desenvolvimento. 
Nessa época, apenas 16 nações possuíam entidades de 
proteção ambiental. Liderados pela delegação brasileira, 
os países em desenvolvimento, defendiam seu direito 
às oportunidades de crescimento econômico a qualquer 
custo. Ao final, foi proclamada, como forma ideal 
de planejamento ambiental, aquela que associasse a 
prudência ecológica às ações pró-desenvolvimento, isto é, 
o ecodesenvolvimento, sendo ainda aprovada a declaração 
de que o subdesenvolvimento é uma das mais frequentes 
causas da poluição no mundo. Nessa conferência foram 
aprovados 25 princípios fundamentais que orientam as 
ações internacionais na área ambiental.
A Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), foi criada 
pelo Decreto nº 73.030, de 30 de outubro de 1973. Ela propôs 
a discussão, junto à opinião pública, da questão ambiental, 
buscando fazer com que as pessoas se preocupem mais com o 
meio ambiente e evitem atitudes predatórias. Em 1977, a UNESCO 
e o PNUMA promoveram a Conferência Intergovernamental 
sobre Educação Ambiental, que influenciou a adoção dessa 
disciplina nas universidades brasileiras.
A SEMA propôs, em 1981, o que seria de fato a primeira 
lei ambiental, no Brasil, destinada à proteção da natureza, 
a Lei nº 6.902, de importância significativa em relação ao 
meio ambiente brasileiro. O governo federal criou unidades 
de conservação, como parques nacionais, reservas biológicas, 
reservas ecológicas, estações ecológicas, áreas de proteção 
ambiental e áreas de relevante interesse ecológico. Nos 
estados e municípios a preocupação centrou-se na proteção 
de mananciais e cinturões verdes em torno de zonas 
industriais, porém, em 1985, apenas 1,49% da área total do 
país é ocupada por unidades de conservação.
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A promulgação da Constituição de 5 de outubro de 1988 
finalmente promoveu a formulação da nossa política ambiental, 
dedicando um capítulo inteiro ao meio ambiente, colocando 
responsabilidades partilhadas entre o governo e a sociedade 
quanto à sua preservação e conservação. De 3 a 14 de junho 
de 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência da ONU 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio-
92 (ECO-92), da qual participaram 170 nações e que tinha como 
objetivos:
• identificar estratégias regionais e globais para ações 
referentes às principais questões ambientais; 
• examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças 
ocorridas depois da Conferência de Estocolmo; 
• examinar estratégias de promoção de desenvolvimento 
sustentado e de eliminação da pobreza nos países em 
desenvolvimento.
As autoridades brasileiras estavam sendo pressionadas 
com relação à adoção de medidas efetivas de proteção ao 
meio ambiente pela sociedade, que já vinha se organizando 
nas últimas décadas. Preocupadas com a repercussão 
internacional da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, 
em 16 outubro de 1992, promovem a criação do Ministério 
do Meio Ambiente (MMA), visando otimizar a política do 
meio ambiente no Brasil.
5 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL: TECNOLOGIA E 
BIOÉTICA
Como já foi dito, pesquisas e estudos relacionados ao 
meio ambiente são bastante recentes, sendo que definições 
como a de meio ambiente e de desenvolvimento sustentável, 
por exemplo, ainda estão em construção pela comunidade 
científica. No entanto, existe uma terminologia própria 
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de elementos que formam as bases gerais do que se pode 
chamar de pensamento ecológico, que adotou três noções 
centrais como referência: meio ambiente, sustentabilidade e 
diversidade.
Meio ambiente. Visto que é um conceito ainda em 
construção, vem sendo definido de modo distinto por 
especialistas de diferentes ciências, portanto é mais sensato 
estabelecê-lo como uma “representação social”, uma visão 
que evolui no tempo e depende do grupo social em que é 
utilizada, sendo fundamentais na formação de opiniões e no 
estabelecimento de atitudes individuais, as representações 
coletivas dos grupos sociais aos quais os indivíduos 
pertencem. Essas representações sociais são dinâmicas, 
evoluem rapidamente e interferem de forma significativa 
quando se trata de decidir e agir com relação à qualidade de 
vida das pessoas.
De um modo genérico, “meio ambiente” tem indicado um 
“espaço” (com seus componentes bióticos e abióticos e suas 
interações) em que um ser vive e se desenvolve, trocando 
energia e interagindo com ele, sendo transformado e 
transformando-o. No caso do ser humano, ao espaço físico 
e biológico soma-se o “espaço” sociocultural. Interagindo 
com os elementos do seu ambiente, a humanidade provoca 
tipos de modificação que se transformam com o passar da 
história. E, ao transformar o ambiente, o homem também 
muda sua própria visão a respeito da natureza e do meio em 
que vive.
 Assim se distinguem, por exemplo, os elementos naturais 
e construídos, urbanos e rurais ou físicos e sociais do meio 
ambiente, porém tais categorias não devem ser tidas realidades 
imutáveis, pois há gradações. Vamos conhecer algumas delas. 
Componentes bióticos e abióticos são os elementos de um 
ecossistema.
O conceito de meio ambiente deve 
ser considerado uma “representação 
social”, uma visão que evolui no tempo 
e depende do grupo social em que é 
utilizada.
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Componentes bióticos. São os seres vivos: os animais, o 
homem, os vegetais, fungos, protozoários e bactérias; e também 
as substâncias que os compõem ou são geradas por eles.
Componentes abióticos. São os seres não vivos: a água, 
gases atmosféricos, sais minerais e todos os tipos de radiação 
(Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 1992).
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