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3 Aristóteles

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Prof. Ms. Maria Cristina Leite Gomes
2013
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Estagira – Macedônia
Nicômaco – médico de Amintas – pai de Felipe – avô de Alexandre
18 anos segue para a Academia de Platão
-343 volta a Macedônia como preceptor de Alexandre
-335 retorna a Atenas e funda o Liceu
-323 com a morte de Alexandre é expulso de Atenas
-322 morre em Calcídia
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Viveu a decadência da democracia ateniense
Atenas: domínio dos demagogos, indiferença em relação à coisa pública
Reação a esse estado de coisas
Saber enciclopédico
Quase totalidade das obras de fora do Liceu se perdeu
O que restou, apesar de extenso, nos chegou pela tradução dos monastérios
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Questões de filosofia primeira (metafísica)
Lógica (Organon)
Ciências naturais (Física e Acerca da Alma) 
Ética (Ética a Nicômaco) 
Política (Política)
Artes da Retórica e da Poética
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Rejeita a Teoria das Ideias, pois ela não explica o movimento dos entes materiais ordenado e harmonioso (cria mais dificuldades que as resolve):
“De um modo geral, enquanto o objeto da sabedoria é a procura da causa dos fenômenos, é precisamente isso que é deixado de lado (pois não diz nada a respeito da causa de onde vem o princípio da mudança) e, ao pensar explicar a substância dos entes sensíveis, se postulava a existência de outras espécies de substâncias. Mas, quando se trata de explicar como essas últimas são as substâncias das primeiras, são utilizadas palavras vazias: pois participar, como dissemos acima, nada significa.”
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Filosofia implica o abandono do senso comum e o despertar da consciência crítica que tem uma função libertadora para o homem. Se dá pelo espanto (pathos).
Nos apresenta uma verdadeira enciclopédia de todo saber produzido e acumulado pelos gregos em todos os ramos do pensamento e da prática.
Filosofia, assim vista, não é um saber sobre algo mas uma forma de conhecer todas as coisas possuindo procedimentos diferentes para cada campo que conhece.
Estabelece uma diferença entre esses conhecimentos em escala que vai dos mais simples aos mais complexos.
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Essa classificação e distribuição dos conhecimentos fixou os campos de investigação da filosofia como totalidade do saber humano.
Como saber possui seu objeto específico, procedimentos específicos para sua aquisição e exposição, formas próprias de demonstração de prova. Cada campo de conhecimento é uma ciência (episteme).
Antes de possuir tudo isso deve saber as leis gerais que governam o pensamento independente do conteúdo que possa vir a ter.
Esse estudo é a Lógica, que é instrumento de conhecimento em qualquer campo do saber.
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Garantia de um saber verdadeiro está na possibilidade de sua demonstração a partir de outro conhecimento já demonstrado como verdadeiro, mas isso leva a uma remissão ao infinito, impossível para a ciência.
Verdades evidentes – aquelas que dispensam demonstração – axiomas.
Princípio da não-contradição: condição axiomática fundamental.
“É impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo tempo ao mesmo sujeito, e na mesma relação...”
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Ciências produtivas: estudam as práticas produtivas ou as técnicas (ações humanas que tem por finalidade a produção de um objeto, de uma obra)
São elas: A arquitetura (edificação), a economia (produção agrícola, artesanato, comércio – produtos para sobrevivência e acúmulo de riquezas), a medicina (tem por fim produzir a saúde ou a cura), pintura, escultura, poesia, teatro, oratória, arte da guerra, da caça, da navegação, etc.
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Ciências práticas: estudam as práticas humanas enquanto ações que tem em si mesmas seu próprio fim, ié., a finalidade da ação se realiza nela mesma.
São elas: A Ética (cuja ação é realizada pela vontade guiada pela razão para alcançar o bem do indivíduo, e esse bem é constituído pelas virtudes morais: coragem, generosidade, fidelidade, lealdade, clemência, prudência, amizade, justiça, modéstia, honradez, temperança, etc.) e a Política (em que a ação é realizada pela vontade guiada pela razão para ter como fim o bem da comunidade ou do bem comum)
Finalidade da política é a vida justa, boa, bela e livre.
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Ciências teoréticas: estudam as coisas que existem independentes dos homens e de suas ações e que só podem ser contempladas por eles. (Theoria – contemplação da verdade). Não passam pela nossa ação fabricadora nem pela nossa ação moral e política.
São as coisas da natureza e as coisas divinas. Obedecem uma hierarquia, classificando-se por graus de superioridade, da mais inferior a mais superior.
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1. Ciência das coisas naturais submetidas à mudança ou ao devir: física, biologia, metereologia, psicologia (atenção: a alma – psychê, em grego – é um ser natural que existe de formas variadas em todos os seres vivos, plantas, animais e homens).
2. Ciência das coisas naturais que não estão submetidas à mudanças ou ao devir: as matemáticas e a astronomia (para os gregos os astros eram eternos e imutáveis).
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3. Ciência da realidade pura, que não é nem natural mutável, nem natural imutável, nem resultado da ação humana, nem resultado da fabricação humana. Trata-se daquilo que deve haver em toda e qualquer realidade, seja ela natural, matemática, ética, política ou técnica, para ser realidade. É o que Aristóteles chama de ser ou substância de tudo o que existe.
A seu estudo dá-se o nome de Metafísica (meta ta physica – aquilo que está para além da física).
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4. Ciência teórica das coisas divinas que são a causa e finalidade de tudo que existe na natureza e no homem. As coisas divinas são chamadas de θεϊκός em grego, portanto essa ciência recebe o nome de teologia (θεολογία).
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O do conhecimento da realidade última de todos os seres, ou da essência de toda realidade.
Como, em grego, ser se diz to on e os seres se diz ta onta (όντα), este campo é chamado de Ontologia).
Para Aristóteles se formava com a Metafísica e a Teologia)
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O do conhecimento das ações humanas ou dos valores e das finalidades da ação humana:
Das ações que tem em si mesmo sua finalidade: a ética ou a política, ou a vida moral (valores morais) e a vida política (valores políticos)
Das ações que tem sua finalidade num produto ou numa obra: as técnicas e as artes e seus valores (utilidade, beleza, etc.).
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O do conhecimento da capacidade humana de conhecer, isto é, do próprio pensamento em exercício:
A lógica, que oferece as leis gerais do pensamento;
A teoria do conhecimento, que oferece os procedimentos pelos quais conhecemos;
A epistemologia, isto é, as ciências propriamente ditas e o conhecimento científico.
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Ser ou realidade; 
prática ou ação segundo valores; 
conhecimento do pensamento em suas leis gerais e em suas leis específicas em cada ciência.
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Finalidade básica das ciências é desvendar a constituição essencial dos seres, procurando defini-los em termos reais.
Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade dos seres percebidos pelos sentidos.
Tudo que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito como elemento da realidade sensível.
A observação da realidade leva-nos à constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, captados pelos nossos sentidos.
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A ciência parte dessa realidade sensorial – empírica – para buscar as estruturas essenciais de cada ser.
A partir da existência do ser, devemos atingir a sua essência, através de processo que caminha do individual para o universal e genérico (indução).
Pretende resolver a contradição entre o caráter estático e permanente do ser em oposição ao movimento e transitoriedade das coisas (a polêmica entre Heráclito e Parmênides).
Interpretação ontológica.
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O ato: a manifestação atual do ser, aquilo que já existe.
A potência: as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo que ainda não é mas pode vir a ser.
O movimento e a transitoriedade ou mudança das coisas se
resumem na passagem da potência para o ato.
A árvore que está sem flores passa a florida, manifestando em ato aquilo que já continha em potência. E continuará sendo árvore mesmo quando perder as flores. Portanto ter flores não é característica essencial da árvore.
Pede nova distinção.
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A substância: aquilo que é estrutural e essencial do ser.
O acidente: aquilo que é atributo circunstancial e não essencial do ser.
A substância corresponde àquilo que mais intimamente o ser é em si mesmo.
Os acidentes pertencem ao ser, mas não são necessários para definir a natureza própria de cada ser.
O que determina a realidade de um ser?
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A investigação do ato e da potência do ser depende de alguns esclarecimentos sobre a causalidade, pois a passagem não se dá ao acaso, ela é causada.
Termo causa em Aristóteles tem sentido amplo: tudo aquilo que determina a realidade de um ser.
São 4 tipos de causas fundamentais.
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Causa Material: Refere-se à matéria de que é feita uma coisa.
Causa Formal: Refere-se à forma, à natureza específica, à configuração assumida por uma coisa, tornando-a um ser propriamente dito.
Causa Eficiente: Refere-se ao agente que produz diretamente a coisa.
Causa Final: Refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa.
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Causa Material: O mármore.
Causa Formal: Estátua de um homem e não de um cavalo.
Causa Eficiente: O escultor que a esculpiu.
Causa Final: Intenção do escultor em exaltar a figura do soldado.
Para Aristóteles, a causa formal está diretamente ligada à causa final na medida em que a finalidade de uma coisa determina o que os seres efetivamente são.
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A potência em si mesma não é capaz de formalizar o ser em ato. Para que se dê essa passagem é preciso a interveniência de um agente transformador (causa eficiente), guiado por uma finalidade (causa final). Assim, a causa final é que comanda o movimento da realidade.
É pela causa final que as coisas mudam, determinando a passagem da potência para o ato.
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Aristóteles define o homem como ser racional e considera a atividade racional, o ato de pensar, como a essência da natureza humana. Para ele:
“O que é próprio de cada coisa é, por natureza, o que há de melhor e de aprazível para ela (...) para o homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já que a razão, mais que qualquer coisa, é o homem. Donde se conclui que essa vida é também a mais feliz”. (EN) 
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Para ser feliz o homem deve viver de acordo com sua essência, isto é, de acordo com sua razão, a sua consciência reflexiva.
Orientando nossos atos para uma conduta ética, a razão nos conduz à prática da virtude.
A virtude representa o meio-termo, a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer.
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A virtude da prudência é o meio termo entre a precipitação e a negligência.
A virtude da coragem é o meio termo entre a covardia e a valentia insana.
A virtude da perseverança é o meio termo entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva.
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Prudência - permite ao entendimento refletir e agir sobre os meios que conduzem a atitudes racionais.  
Coragem - disposição para encarar perigos, suportar males e não retroceder, nem mesmo ante a morte. 
Temperança - aperfeiçoar constantemente a capacidade sensitiva de perceber o que esta ao seu redor, com a capacidade de manter seus instintos, utilizando razão.
Justiça - atribuir, ser honesto, considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa.
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Para Aristóteles a Ética e a Política não se dissociam. O homem é um Bios politikos mais que um Zoon politikon.
O cidadão recebe duas ordens de existência:
A vida privada – associação natural que tem como centro a casa e a família;
A vida pública – bios politikos – no qual o que lhe é próprio difere, de forma radical, do que é comum.
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Duas atividades são consideradas políticas por excelência:
Ação – praxis
Discurso - lexis
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A ação do homem público – político – deve estar pautada nas regras, nos costumes, aceitos e vivenciados pelos habitantes da polis, dos quais ele é apenas o representante. 
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