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caderno civil III

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Direito Civil III - Responsabilidade Civil (prof. Patrícia Serra)
11/08/2014
A responsabilidade civil ganhou importância maior com a promulgação da CF/88 e do CDC, na década de 90. Passou a ser não mais lecionada como "obrigações", passando a ser um instituto analisado a parte. Isso fez com que os próprios doutrinadores de Direito Civil também estimulassem essa autonomia em fase anterior, ainda na vigência do CC de 1916.
A responsabilidade civil tem um conceito muito atrelado ao de obrigação, apesar de serem institutos separados. O instituto da responsabilidade civil é igual a obrigação de indenizar. Para se obrigar alguém a indenizar, esta pessoa deve ter uma obrigação clássica (fazer, dar, não-fazer), naturalmente imposta à ela. 
Para se obrigar alguém a indenizar, deve haver descumprimento prévio de obrigação. Ou, ainda, descumprir dispositivo legal no momento de um infortúnio. Neste caso, não havia vinculação jurídica prévia entre os sujeitos ativos e passivos, mas por conta de uma situação, surge a obrigação de indenizar por conta da violação de comando legal (uma pessoa que atropela a outra na rua imprudentemente). 
Art.186, CC - responsabilidade civil genérica (definição). A responsabilidade civil nunca será primária, devendo haver um descumprimento prévio de algo. Neste artigo também se esta ínsito o brocardo romano ninguém pode infringir dano a outrem.
Para se averiguar responsabilidade, primeiro se analisa se houver violação a contrato ou cláusula geral (responsabilidade extracontratual). Relações entre responsabilidade civil e penal existem, mas não se confundem. 
A regra em matéria de responsabilidade civil é fazer com que os vitimados estejam integralmente reparados do dano, tenha o violador culpa levíssima ou dolo. Dessa forma, a culpa no Direito Civil será sempre ampla, o que se difere da culpa do Direito Penal, que é medida para que se estabeleça a pena. Tendo isso como regra, a exceção no Direito Civil é medir a culpa para se dosar a responsabilidade civil no caso concreto (indenização). 
Multa não se traduz no instituto da responsabilidade civil. A responsabilidade civil está presente no caso de indenização. 
Responsabilidade civil -> instituto vitimológico. 
Obs.: existem atos lícitos que geram obrigação de indenizar, contrariando a regra de que deve haver ilicitude. Um exemplo é a desapropriação estatal sobre uma propriedade privada, que gera uma obrigação do Estado de indenizar. 
14/08/2014
A obrigação de indenizar sempre será de trato sucessivo (houve transgressão a uma obrigação originária, sendo esta legal ou convencional). 
Com o surgimento do CC de 2002, surgiu uma diferença de metodologia. Hoje classificamos nosso sistema legal, ordenamento jurídico ganhando dinâmica no campo indenizatório, de maneira diferente. 
Há uma busca incessante dos elementos configuradores da responsabilidade civil - deve ser provado no caso concreto elementos configuradores que ensejam indenização. Esses elementos no CC de 1916 eram retirados da responsabilidade regra (presente no inconsciente humano; intuitos como se fossem "instinto", busca pelo "culpado"). 
No geral, 3 elementos devem surgir sempre: ato ou atividade do agente; um nexo causal (o lesado precisa provar que aquele ato ou atividade do agente tem um liame entre este e o dano); dano. Isso foi constatado desde os primórdios do direito civil, primeiramente no brocardo romano "não há responsabilidade sem dano". A ação de indenização tem prazo de 3 anos para ser interposta a partir da ocorrência do fato lesivo. 
Circunstância de fato - concedida pelo nexo causal. É o chamado elemento material. A metodologia para solucionar ou propor bem uma ação indenizatória é esmiuçar uma situação fática. Os outros elementos estão traduzidos na lei, sendo explicitados pelo ordenamento jurídico como um todo, sendo os ditos elementos formais (Quando se diz que o ato é doloso, pela doutrina civil, se chega a essa conclusão pois a lei deu forma ao estudo do dolo). 
Os elementos caracterizadores da responsabilidade civil no passado eram vistos pela subjetividade. Hoje estão presente no art.186, CC (aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, elemento ato, violar direito e causar dano a outrem, elemento nexo causal, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito, elemento dano). Culpa - elemento acidental. Existe definição objetiva no CC, não sendo estão este elemento primário tal como visto pelo CC de 1916. 
Art.187, CC - também comete ato ilícito quem excede o exercício de seu direito manifestamente. Ex.: resguarda sua propriedade de maneira excessiva. 
Existem dois conceitos de ato ilícito (oriundo do sistema dual): com base em ato culposo e com base em critérios objetivos, finalísticos. Hoje, então, sistema de responsabilidade civil e dual, trabalhando com dicotomia responsabilidade civil objetiva x subjetiva. Uma se baseia no ato culposo do agente (art.186),e outra se baseia no critério objetivo (art.187). 
Direito Civil III - 18/08/2014
Ato ilícito - Art.186 (subjetivo) e art. 187 (objetivo), todos do CC. A responsabilidade subjetiva é aquela que tem como ponto central a prova pela vítima de que o agente ofensor agiu culposamente. A objetiva tem como características o desvio dos fins sociais / econômicos da lei.
No caput do art.927, CC, diz que aquele que por ato ilícito comete dano fica obrigado repará-lo (conceito de responsabilidade civil). No parag. único do mesmo artigo, diz-se que haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, algo objetivado, nos casos especificados em lei (ex.: art.225, CF) ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, em lesão a direito de outrem. Hoje esta norma não se reserva somente a casos de empresariais, mas também a particulares (deriva do fato de ser uma cláusula aberta).
Atividade de risco - cunho de periculosidade e habitualidade (presente na grande maioria das atividades empresariais organizadas). 
O termo responsabilidade extra-contratual se refere ao fato da responsabilidade ser aquela derivada de lei (não há vinculação entre ofensor e ofendido). A contratual faz o contraponto com a primeira, sendo normalmente estudada no direito das obrigações (existe vinculação prévia entre ofensor e ofendido). 
Responsabilidade direta x responsabilidade indireta
Pode decorrer de lei ou negócio jurídico a responsabilidade. Como regra, a figura do agente (cometer o fato lesivo) é a mesma da do responsável (aquele que responde pela indenização). Este é o conceito de responsabilidade direta. Aquele que foi ofensor deve ter diminuído seu patrimônio em prol do ofendido. Em direito civil, patrimônio é a projeção econômica da pessoa. 
Responsabilidade indireta : os pais / responsáveis por menores respondem por ilícitos praticados por estes. Se o menor incapaz tiver mais patrimônio que os pais, o próprio menor responde (art.928, CC). Este artigo não descaracteriza os responsáveis como devedores principais. Toda vez que a dignidade dos responsáveis estiver sendo violada, mitiga-se a responsabilidade, desde que o incapaz tenha projeção econômica, tendo este responsabilidade subsidiária. 
 Um outro exemplo da figura do agente ser diferente da figura do responsável são nos casos de objetos que presumidamente estão sob guarda de uma pessoa. Exemplo: objetos atirados pela janela do apartamento no prédio. Mesmo que o dono da unidade não tenha sido o agente, este será o responsável. O máximo que a pessoa pode fazer é, em uma ação autônoma, reaver o que acha que ressarciu injustamente. 
Dessa forma, na responsabilidade indireta, o responsável é diferente daquele que praticou o ato. 
RESUMO:
O instituto da responsabilidade civil se estrutura doutrinária e jurisprudencialmente em um estudo dicotômico, ou seja, em modalidades especiais, que se contrapõem e fazem se fidelizar o sistemalegal de responsabilidade civil. São elas: a responsabilidade extracontratual, dita derivada de lei, normalmente identificada a partir de transgressões que se amoldam às cláusulas gerais definidoras de atos ilícitos; sendo certo que a responsabilidade contratual é aquela que exige uma vinculação jurídica prévia entre ofensor e ofendido, para que se caracterize o inadimplemento negocial. 
Já a diferença entre responsabilidade civil subjetiva e a objetiva, se reflete no próprio sistema dual de responsabilidade civil, no qual se tem por um lado, uma responsabilidade calcada no ato culposo do agente e na qual a vítima tem o encargo de qualificar a conduta do chamado ofensor como culposa (responsabilidade subjetiva). De outro viés, tem-se a chamada responsabilidade objetiva, como aquela que se deriva independentemente da existência de culpa, pois se baseia no risco da atividade normalmente desenvolvida pelo ofensor. Pode estar esta última modalidade taxada em lei ou ser resultante da acomodação do fato lesivo à cláusula geral prevista na segunda parte do parag. Único do art. 927, CC.
Por fim, se vê estabelecida a diferença entre a responsabilidade direta e a indireta, neste caso tendo-se como regra a direta, na qual a figura do agente, também chamado ofensor, é a mesma pessoa do responsável; do contrário, se tem a indireta, como exceção, onde a figura do agente é diversa da pessoa do responsável. 
Direito Civil III - 21/08/2014
Responsabilidade civil objetiva:
A responsabilidade objetiva mais do que ter a culpa como mero qualificador de conduta como elemento que lhe é indiferente, se caracteriza pela inexistência desse qualificador à sua caracterização, visto que se baseia já na origem na chamada teoria do risco.
Ato Ilícito
A omissão, já entendida como um comportamento negativo que gera obrigação de indenizar, se encontra prevista em lei de forma literal conforme primeira parte do art.186, CC. Já a definição de estado necessidade é vista pelo CC como excludente de antijuridicidade em matéria de responsabilidade civil. 
Direito Civil III - 28/08/2014
Requisitos Essenciais Para A Caracterização Da Responsabilidade Civil 
Conclusões acerca da responsabilidade civil
1) A culpa civil (visa reconstituir a pessoa lesada) é diferente da culpa penal (visa socializar o apenado); isso ocorre pois a primeira regra, art.186, CC, diz que aquele que praticou o ato lesivo tem um único objetivo - levar o ofensor a indenizar a vítima para que esta retorne ao seu status quo ante.
Em regra a culpa é lato sensu, derivando do princípio da restitucio in integro. 
O estudo da omissão, ou seja, atos negativos, atos que se exteriorizam caracterizando uma situação - alguém deveria agir e deixou de realizar dever jurídico causando prejuízo a outrem, é feito pelo seu aspecto de relevância para que se pegue aquele que tinha dever jurídico imposto contra si e deixou de fazer algo para evitar a ocorrência do fato lesivo. 
A regra diz respeito a que o ato culposo do agente é o primeiro requisito essencial para a responsabilidade civil subjetiva, e que esta culpa será lato sensu. Entretanto existe a culpa como qualificadora no sentido estrito - negligência e ocorrência de falta de cautelas normais; ou seja, imprudência (gênero do ato culposo stricto sensu). Tem o condão de limitar os efeitos do ato culposo.
Culpa stricto sensu - imprudência; falta de diligência, falta de habilitação, etc. Sempre traz aspecto mínimo de previsibilidade do ponto de vista do homem médio.
A culpa do direito civil é apresentada como regra em matéria de responsabilidade civil é a chamada culpa lato sensu (em sentido amplo), porque o legislador civil, na fidelização aos princípios de que toda e qualquer vítima deve ter o seu patrimônio restituído integralmente, para retornar à sua posição socioeconomica anterior ao fato lesivo, se utilizou daquele elemento de forma a que, em regra, não se estabelecesse diferença entre o ato doloso e o culposo propriamente dito, neste intento de se reparar a vítima integralmente. Metodologia usada no art.186, CC.
Apesar desta regra, a doutrina civil, por um rigor metodológico, optou trabalhar as características da culpa apenas no seu sentido estrito (stricto sensu), porque os elementos essenciais do ato culposo na modalidade estrita, traz em si a análise dos seus elementos essenciais, quais sejam, a prática de uma ação ou omissão voluntária, por falta de diligência ou cautelas normais exigíveis de um homem médio, pois se denota o desvio de conduta esperada de qualquer pessoa. 
Na análise dessa culpa, no passado havia alguns artigos, todos ligados à responsabilidade civil indireta onde já se presumia a possibilidade de imputação de responsabilidade civil à pessoas diversas daquelas que praticaram o ato lesivo. 
Culpa presumida: hoje é analisada para questões históricas e doutrinárias em sua maioria. Sofreu transição, partindo do estado da presunção para a hoje denominada culpa objetiva. Entretanto, hoje existe para casos determinados. NUNCA ESTEVE POSITIVADA, sendo construção jurisprudencial e doutrinária.
Dano in re ipsia - o fato fala por si causando responsabilidade civil. 
Art.932 c/c art. 933,CC - objetividade na responsabilidade. 
Direito Civil III - 01/09/2014
Aspectos revisionais com relação ao capítulo de conduta culposa
Elementos puros da responsabilidade civil (servem para teoria objetiva e subjetiva): ato ou atividade do agente ofensor, nexo causal e dano. 
conduta culposa - tem maior relação com a responsabilidade civil subjetiva. O elemento culpa inicialmente tem relevância apenas conceitual; ela assume maior importância somente quando a vitima precisa ter o ônus de qualificar a conduta do agente como ato culposo. Na responsabilidade subjetiva, a vítima tem o encargo de qualificar a conduta do agente ofensor como culposa. Caso contrário, o pedido será improcedente.
Na conduta culposa, o ônus é da vítima. Se propõe a ação indenizatória com culpa provada. Se alguém retirou o ônus da vítima de culpa provada, ocorreu uma das duas hipóteses: a lei estabeleceu a responsabilidade indireta ou a lei especial taxou responsabilidade objetiva. 
A culpa presumida no CC atual está sendo trabalhada na forma de responsabilidade objetiva.
Acidente de trânsito: culpa contra a legalidade; caso de culpa presumida (colisão por trás; aqueles que descumprem via preferencial). Essas presunções são iuris tantum (relativa, admite prova em contrário). 
Culpa como qualificadora - surge quando presentes alguns elementos intrínsecos através do bonem partem familia (homem médio): 
1) na culpa stricto sensu, a conduta será voluntária (ação ou omissão) mas o resultado será involuntário; o agente não espera ser responsabilizado;
2) há ainda previsão ou previsibilidade mínimas;
3) falta de cautela, atenção ou diligência. 
Tudo que é taxado hoje como responsabilidade objetiva era trabalhado antigamente como culpa presumida (esta sempre é igual a responsabilidade subjetiva).
Exemplos de culpa presumida que hoje é culpa objetiva: (existem as chamadas excludentes de ilicitude - força maior, fato de terceiro e caso fortuito).
Art.932, I e II, CC (responsabilidade indireta por fato de outrem; se esse outrem é menor, lhe falta discernimento, compreensão. Se o outrem é um curatelado, lhe falta higidez, ou seja saúde. Não cabe ação de regresso contra o real agente).
Art.932, III, CC (algumas pessoas se vinculam à outrem recebendo a denominada preposição, se submetendo de maneira profissional ao patrão ou comitente. Quando isso acontece, a responsabilidade do patrão será objetiva. Cabe ação de regresso contra o preposto). 
Art.932, IV, CC (dono de hotel, hospedaria, casa ou estabelecimento onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educando). 
Art. 932, V, CC (os que gratuitamente houverem participadonos produtos do crime, até a concorrente quantia). 
Art.933, CC - relação com o artigo anterior. Independência de culpa. 
Art. 936, CC - responsabilidade por animais; responsabilidade objetiva. excludente de responsabilidade: fato de terceiro (culpa da vítima) e força maior. 
Responsabilidade indireta objetiva: 
1) por fato de outrem (art.932 e 933, todos do CC);
2) por fato de animal (art.936, CC);
3) por fato da coisa (prédios em ruína ou coisas lançadas de prédio) - art.937, 938, todos do CC.
Art.937, CC- dono de edifício ou construção e sua responsabilidade. 
Art.938, CC - responsabilidade de quem reside em apartamento. 
Responsabilidade indireta objetiva: obrigação de ressarcir o dano por fato praticado por outrem. Aquele que ressarcir será diferente do agente do ato danoso. 
Obs.: no CC de 1916, no que diz respeito ao cuidado com animais, existiam 2 excludentes que foram retiradas do CC atual: aquele que provava que cuidava bem do animado e caso o animal seja provocado por outro.
Formas de se objetivar responsabilidade civil: taxando a situação em lei e limitando as excludentes de responsabilidade civil (exemplo típico: cuidado com animal).
Resumo - As hipóteses tratadas como responsabilidade indireta, no CC, foram todas objetivadas, se adotando apenas duas metodologias, a saber: 
Por previsão expressa de apuração de responsabilidade civil independentemente da existência de culpa; ou, quando se restringiu o trabalho com as excludentes de responsabilidade civil, isso porque o legislador civil ora adota uma metodologia, ora adota outra.
As hipóteses do art.932, CC, são consideradas situações seguras à imputação de obrigação de indenizar, pois o art.933, CC, faz referência expressa de que a responsabilidade civil será apurada "mesmo que não haja culpa por parte das pessoas indicadas no texto do art. 932, CC". 
Já nos art.936, 937 e 938, todos do CC, o legislador optou por deixar a cargo da doutrina e jurisprudência nacionais a objetivação da responsabilidade civil; sendo certo que no art. 936 adotou como metodologia a restrição de excludentes de responsabilidade civil em favor da pessoa vitimada. 
Direito Civil III - 11/09/2014
 Dano Moral combinado com pagamento de Dano Estético - possibilidade, de acordo com STJ.
A doutrina brasileira ainda se encontra divergente, por conta da tese ainda defendida pelo professor Sérgio Cavalieri no sentido de que o dano moral é um gênero do qual o dano estético é espécie. Para quem assim entenda, não se viabiliza a acumulação de pedidos de danos moral e estético, oriundos do mesmo fato, isso porque o dano moral falaria por si diante dos reflexos negativos externos ou internos resultantes da prática lesiva. 
Contudo, prevalece o entendimento de que o dano estético é diverso do dano moral, pois se revela de uma deformidade física, a afetar a constituição da pessoa humana, alterando a sua aparência, de forma a gerar repulsa social à figura da vítima (efeito negativo externo do dano). Já o dano moral afeta frontalmente a subjetividade da vítima, de maneira a fazer concluir que o efeito é negativo e interno à pessoa vitimada. Esta diferenciação básica, tal como inferida em precedentes judiciais, deu origem ao enunciado 387 da súmula de jurisprudência do STJ, para admitir a cumulação de pedidos indenizatório independentes e/ou autônomos diante da caracterização dos danos moral e estético. 
Dano Moral - elemento que não deve estar no plural, pois diz respeito à subjetividade da pessoa vitimada, que é única. Já os reflexos negativos do dano moral que podem ser plurais. 
Art.944, CC - referente à extensão de dano. 
 Direito Civil III - 18/09/2014
Modalidades especiais de Responsabilidade Civil 
Responsabilidade civil constitucional (capítulo VI, livro "programa de responsabilidade civil" - cavalieri)
Na CF, existem 6 hipóteses de responsabilidade civil. Isso representa a prova objetiva de que o instituto da responsabilidade civil foi constitucionalizado.
A CF exemplificou casos de indenização em casos de violação à honra e imagem (art.5, VI e X). Se esse dispositivo não existisse, ainda assim haveria dano moral previsto da Constituição.
Em regra, o dano moral foi feito para conter violações contra a dignidade da pessoa humana. No que diz respeito ao dano moral em relação à PJ, o STJ firmou súmula 227 que diz ser cabível dano moral para Pessoa Jurídica.
Uma outra prova de que a CF prevê responsabilidade civil será a previsão da responsabilidade civil da administração pública. Está no artigo 37, parag. 6, da CRFB. No CC/02, se encontra no art.43. 
No que diz respeito à previsão constitucional, entidades privadas, prestadoras de serviços públicos, respondem sob a teoria do risco administrativo (risco criado pela administração quando desenvolve atividade que é a sua essência; é uma especialização do chamado "risco criado"; previsão somente na doutrina, não existindo positividade). Contudo, na CF anterior à de 1988, não havia previsão disso. Houve construção doutrinária que defendia o que acabou sendo positivado pela atual Carta Magna.
Excludentes de responsabilidade civil do Estado (somente existe na doutrina):
1) força maior
2) fato de terceiro
3) culpa exclusiva da vítima
RESUMO:
O dano moral é a primeira hipótese tratada de responsabilidade civil constitucional, visto que não só se centra à indenização o necessário resguardo à pessoa humana, mas, também, nas hipóteses exemplificadas no próprio texto constitucional, quais sejam, incisos V e X do artigo 5 da CRFB.
Já a segunda hipótese diz respeito à responsabilidade civil da administração pública com base na chamada teoria do risco administrativo, admitindo-se tal modalidade de risco como aquela que representa ou se especifica pelo risco criado quando do desenvolvimento de uma atividade afeita à administração pública (artigo 37, parag. 6, da CRFB c/c artigo 43, CC). A doutrina e a jurisprudência nacionais, na proposta de uma melhor e adequada interpretação desses dispositivos legais, admite apenas 3 excludentes de responsabilidade civil como aptas à romper o nexo causal na espécie, especificadas no caso fortuito ou força maior, no fato exclusivo da vítima ou, por fim, nas situações oriundas de fato de terceiro, desde que tragam em si as características de imprevisibilidade e irresistibilidade.
Direito Civil III - 22/09/2014
Art.1, III e art.5, V e X, todos da CF - inerentes ao dano moral.
A grande novidade do art.37,parag.6, CF, foi ter trazido expressamente a previsão de que particular, no exercício de função pública, responderá na responsabilidade como se Estado fosse.
 
Continuação das modalidades especiais de responsabilidade
Ato Omissivo
A doutrina da adm. Pública no que tange a responsabilidade civil evoluiu. Antes, deveria ser provada a culpa do agente público que provocou o dano. Contudo, hoje se responsabiliza objetivamente o Estado, sendo o ato omissivo ou comissivo e se provando que o Estado esteve envolvido diretamente com o dano.
Nesse sentido, quando o espaço é público limitado (escola, presídio, etc.) e administrado pelo Estado, a primeira coisa a ser observada é se ele deu causa direta ao fato lesivo. A doutrina / jurisprudência entendem que nesses casos se sai do art.186, CC, e se passa a trabalhar com base na teoria objetiva.
O Estado deve ter medidas preventivas provadas em juízo para evitar fatos lesivos, mostrando que diante de situações de perigo, ele não foi omisso. Caso isso seja provado, se rompe o nexo causal, demonstrando a ocorrência de força maior.
O ato omissivo então tem essa característica: se a causa diretamente pode ser imputada ao agente estatal. Quando isso não ocorre, o Estado se vê numa situação de impossibilidade de onipresença e onisciência, devendo ser provada a culpa do agente do Estado (retorna-se à regrado art.186, CC).
Dessa forma, num espaço amplo, não determinado, administrado pelas noções ditas acima, só se tem responsabilidade civil do Estado por omissão com base na culpa. Ex.: num roubo à transeunte, a vítima deve provar que o agente de segurança se omitiu no caso concreto, provando a sua falha (art.186, CC).
Exceção: espaço amplo administrado pelo Estado considerado de alto risco. O STF, pelo informativo 502,entende que, se o Estado é acionado várias vezes para que a via pública seja provida de mais segurança, em virtude de ser área de risco, e fica inerte, novamente se aplica a teoria do risco administrativo. Dessa forma, os requisitos são: recorrência de violência; notificações reiteradas ao Estado e sua inércia. 
Resumo
A responsabilidade civil do Estado se estrutura a partir de uma divisão entre atos comissivos (por ação positiva propriamente dita) ou por atos omissivos (por atos negativos, que se traduzem em não fazer o que deveria ser objeto de investigação pelo descumprimento de um dever legal), isso porque a teoria do risco administrativo tem como norte a teoria do risco criado no desenvolvimento de atos comissivos ou ditos omissivos próprios, que têm como base a teoria da causalidade imediata ou necessária à ocorrência do dano.
A doutrina e a jurisprudência dão o seguinte tratamento jurídico à responsabilização do Estado, sendo certo que quando o Estado não é o causador direto do fato lesivo e o evento danoso se fizer ocorrente em espaço público amplo, sem uma garantia específica do ente estatal na sua vigilância, estaremos diante da dita omissão imprópria, quando se terá o Estado respondendo civilmente, desde que se prove a falta impessoal do serviço estatal diante de um eventual ato culposo praticado por agente seu, nos moldes do artigo 186, CC.
RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Começa em épocas absolutistas, com o Estado nunca sendo responsabilizado. O que ocorria era a responsabilidade subjetiva do agente público.
numa segunda fase, continuava se fundando na culpa do agente público, mais a culpa de terceiro no que diz respeito à responsabilidade do Estado (como o empregador em relação ao seu preposto).
após, tem-se a teoria do órgão, com o Estado sendo representado por este (responsabilidade “indireta” estatal).
já na teoria da culpa, deve ser provado que o Estado teve prestação defeituosa. O ônus recai sobre o lesado. 
na última fase, surge a responsabilidade objetiva Estatal. fundada na Teoria do Risco Administrativo, que diz que a administração pública gera dano aos administrativos. assim, deve o Estado indenizar pelos prejuízos causados, independentemente de prova por parte da vítima. 
neste caso, deve ser analisada a relação de causalidade entre a conduta do Estado e o dano, pois mesmo nesses casos, responsabilidade objetiva, deve restar presente o nexo causal.
na responsabilidade objetiva não se fala de ato ilícito, mas resta a responsabilidade pelo dever de cuidado em relação aos administrados. no Brasil, tal teoria se encontra presente no §6º, art.37, CRFB.
O Brasil adota ainda a teoria do risco integral em caso de dano nuclear. nesses casos, há responsabilidade mesmo com ocorrência das “excludentes de nexo causal”. isso ocorre dado o risco da atividade nuclear em si e pelo fato da União ser dotada de exclusividade na exploração de tal serviço.
na lei que regula a atividade nuclear, consta que a responsabilidade será subjetiva. esse dispositivo foi considerado inconstitucional por violar dispositivo expresso da CRFB, que estabelece a teoria do risco integral.
na questão da responsabilidade objetiva do Estado, a conduta do agente público deve ter relação com suas incumbências públicas. a ação pode ser a que diretamente causou o dano ou que deu azo indiretamente à lesividade. no caso de concorrência de causas, a responsabilidade de causas pode ser atenuada, seja por culpa da vítima, ou seja por situações semelhantes. na concorrência de causas, a responsabilidade estatal continua sendo objetiva.
DANOS POR OMISSÃO
O §6º, art.37, CRFB deixa impressão de que o Estado somente responde objetivamente em ato comissivo. entretanto, há divergência: uns acreditam que a inanição estatal parte para a responsabilidade subjetiva, sendo analisada a culpa. já outros, como Cavalieri, acredita que a omissão também é responsabilidade objetiva estatal, com o surgimento da culpa lato sensu.
informativo 502, STF – responsabilidade objetiva estatal.
omissão genérica: a inação do Estado não é causa imediata do dano. o lesado deve provar que se o Estado tivesse agido o dano não teria ocorrido (caindo para a seara da responsabilidade subjetiva).
Direito civil III - 29/09/2014
 responsabilidade do estado por erro judiciário (art. 5, nc. 75, CF)
a corrente minoritária entende que a responsabilidade do juiz deve estar no art.37,CF. 
Nesse sentido, o legislador constituinte pensou que quando o juiz praticar dano por ato de jurisdição impróprio, será aplicado o art. 37, CF. se for por ato próprio, o Estado só será responsabilizado em caso de erro judiciário e quando o preso ficar acautelado além do necessário. 
assim, o juiz, em regra é responsabilizado civilmente de forma pessoal caso pratique o ato de jurisdição próprio (art. 133, CPC).
RESUMO:
a responsabilidade civil por erro judiciário diz respeito a uma especialidade do gênero responsabilidade civil da adm. pública, visto que se restringe ao tratamento dado pelo legislador constituinte no art.5, inc. LXXV, CRFB, quando o Estado fica obrigado a indenizar o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. isso porque, a doutrina brasileira divide os atos jurisdicionais em próprios e atos jurisdicionais impróprios; no que respeita aos próprios, se leva um conta a prestação jurisdional propriamente dita, para que o juiz responda pessoalmente pelos danos que der causa, com fundamento no art. 133, CPC, que é subjetiva (ato culposo do juiz). 
já no que se refere aos chamados atos de jurisdição impróprios, a doutrina e jurisprudência nacionais se pacificam, como não poderia deixar de ser, no sentido de que são atos meramente administrativos, já abarcados pelo art.37, §6°, CRFB, quando o juiz é visto como verdadeiro agente público, podendo causar danos a terceiros, no exercício da gestão da serventia pública.
art.7°, XXVIII - quarta hipótese de responsabilidade civil constitucional
na primeira parte do inciso, o trabalhador , urbano ou rural, tem direito a um seguro social a cargo do empregador oriundo de acidente de trabalho. esse seguro será devido mesmo que o empregado seja o único causador do acidente. indenização administrativa, sendo requerida ao INSS.
na segunda parte do inciso, diz-se que pode haver indenização civil por dano, a título de dolo ou culpa, do empregador ao empregado, sendo a ação proposta na justiça do trabalho. esta responsabilidade majoritariamente é vista como sendo SUBJETIVA.
nesse sentido, súmula, STF n° 229 - a indenização acidentária não exclui a do direito comum.
essa súmula faz referência direta ao art. 7°, XXVIII, CRFB. o empregado pode ajuizar a ação mesmo que haja culpa levíssima do empregador. contudo, se não for possível provar dolo ou culpa do empregador, caiu-se em alguma excludente de responsabilidade (porém o seguro do INSS sempre será devido).
RESUMO:
o art.7°, XVIII, CRFB prevê duas modalidades de indenização, quais sejam, a dita acidentária e a indenização de direito comum (chamada indenização civil), sendo certo que a primeira parte do dispositivo legal prevê a indenização acidentária, de natureza meramente administrativa, que tem como fundamento o risco integral (sistema de seguridade social), e indenização de direito comum, chamada civil, que tem como motivação exclusivamente o disposto no art. 7°, XVIII, segunda parte, facultando o empregado à propositurade uma ação indenizatória com base no ato culposo do empregador. neste sentido, a doutrina e jurisprudência nacionais assentaram entendimento pela não recepção do enunciado 229 da súmula de jurisprudência do STF, para impedir nestes termos, qualquer tipo de graduação de culpa a acarretar eventual irresponsabilidade por parte do empregador, em caso de acidente de trabalho.
Direito Civil III - 09/10/14
CDC - traz plano individual e coletivo para as relações de consumo.
o legislador consumerista estruturou a responsabilidade sob duas vertentes:
1) o consumidor pode ser afetado por acidente de consumo. a pessoa, ao adquirir algo ou serviço, percebe inadequação. falha que implica na quebra do dever de segurança (responsabilidade civil pelo fato - situação - do produto ou serviço). afeta-se a integridade psico-física do consumidor. art.12-14, CDC. essa relação é regida sob a circunstância de que o consumidor é USUÁRIO FINAL.
art. 88, CDC - vedada intervenção de terceiros (denunciação da lide) que possa trazer enfraquecimento à tese autoral.
quando se refere à FATO, deverá ser remetido o raciocínio para ACIDENTE, e não em vício. este se refere à INADEQUAÇÃO, e não risco à incolumidade. além disso, diz-se que produto DEFEITUOSO não é o mesmo que produto VICIADO.
art.12, §3°, CDC - excludentes de responsabilidade nas relações de consumo. CDC não adotou o risco integral, mas sim a teoria do risco do empreendimento (risco criado pelo produtor / fornecedor / importador).
2) o consumidor pode ainda ser afetado por vício no produto (art. 18, CDC). 
RESUMO:
o trato da responsabilidade civil nas relações de consumo se dá a partir da distinção existente entre a responsabilidade civil por fato do produto ou serviço da responsabilidade advinda do vício. a distinção é simples e importa na mera diferença entre situações que geram acidente de consumo, colocando em relevância a segurança do consumidor (responsabilidade pelo fato) de outras circunstâncias que geram apenas o comprometimento quanto a quantidade ou qualidade do que é posto no mercado (responsabilidade civil pelo vício de inadequação).
a lei consumerista prevê para o fato do produto ou serviço excludentes típicas às relações de consumo, tais como não disponibilização do produto ou serviço no mercado; não existência de defeito; e, por fim, a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.
com relação à culpa de terceiro, a doutrina e jurisprudência nacionais só admitem a exclusão do nexo causal se o fato de terceiro não tiver ligação com o risco da atividade empreendida pelo fornecedor de produto ou serviço, sendo certo que deverá se apresentar a culpa de terceiro com as características de imprevisibilidade e irresistibilidade, essenciais ao rompimento do nexo causal.
Direito Administrativo III - 13/10/2014
Responsabilidade de profissional liberal:
art.14, §4°, CDC - acidente de consumo. tal responsabilidade está neste artigo pois, mesmo havendo serviço de liberal, o dever de segurança ainda existe. o principal profissional pensado nesse sentido foi o da área médica, cujo dever primordial é de manter a incolumidade do paciente. exceção do CDC à teoria da responsabilidade objetiva, pois aqui se fala em responsabilidade pessoal (subjetiva).
a aplicação desse dispositivo pressupõe atividade plenamente liberal do profissional (entendimento de jurisprudência de que médico afiliado a plano de saúde faz com que este responda solidariamente). 
por construção doutrinária, entende-se que neste caso existe outro caso de culpa presumida, que é uma modalidade existente somente na doutrina, em nosso ordenamento jurídico (lembrando que a responsabilidade subjetiva via de regra se dá por culpa provada, estando esta, e tão somente esta, positivada - art.186, CC. o outro caso de culpa presumida em nosso ordenamento será o da culpa contra legem em acidente de trânsito).
no que diz respeito ao médico, entende-se o seguinte:
a) se for obrigação de meio, tem-se aplicação da responsabilidade subjetiva com culpa provada (se o profissional liberal adotou todos os procedimentos inerentes ao caso do paciente). na grande maioria dos casos, a responsabilidade será com base na prova apresentada pela vítima.
b) se for obrigação de resultado, tem-se aplicação da responsabilidade civil subjetiva com base na culpa presumida (presunção iuris tantum de que o médico liberal tem culpa pelo dano causado). decorrente da busca pelo chamado resultado vitorioso (risco assumido pelo médico): cirurgia plástica, algumas cirurgias oftamológicas, tratamento ortodentário, etc. contudo, se na inversão do ônus da prova, o médico prova que o tratamento era pra tratar problema acessório, volta-se para a obrigação de meio, pois esta é a regra. nesse mesmo sentido, art. 951, CC.
RESUMO:
A responsabilidade civil do profissional liberal se encontra prevista de um lado no CODECON, tal como se vê explicitada no art.14, §4°, e, de outro no artigo 951, CC, o qual, no mesmo diapasão do CODECON, prevê a responsabilidade civil com base na conduta culposa daquele profissional.
apesar da expressa previsão de que a responsabilidade civil daqueles profissionais autônomos se dá mediante a verificação de culpa, a doutrina e jurisprudência nacionais estabelecem a distinção, para tanto, entre obrigações de meios e de resultado. a regra é a verificação de obrigações de meios, qual seja, a de que foram usados meios, procedimentos ou recursos considerados regulares e legítimos para o simples tratamento o paciente; de outro viés, tem-se a chamada obrigação de resultado, pela qual o profissional liberal assume o cumprimento de um dito resultado vitorioso, sendo certo que o paciente busca somente essa obrigação. 
da distinção acima, a doutrina se divide para delimitar a distribuição do ônus da prova, de forma que se a obrigação for de meios, caberá à vítima provar a conduta culposa do profissional liberal; se de resultado, inverte-se o ônus da prova com pedido de inversão (art.6, VIII, CODECON) do ônus da prova em virtude do que caberá ao profissional liberal, dito ofensor, provar que não agiu culposamente, podendo se valer de toda e quaisquer excludentes de responsabilidade civil. 
Direito civil III - 30/10/2014
Responsabilidade em contrato de transposição
O contrato de transporte é considerado pela doutrina e jurisprudência, o contrato de maior relevância social, sendo certo que, por conta disso, passou apenas no CC/02 a ter tratamento específico nos artigos 730 e 756 desse diploma legal. Deve-se registrar que o legislador civil teve a preocupação de demonstrar que a cláusula de incolumidade é da essência de todo e qualquer contrato de transporte, visto que a natureza deve ser levada sã e salva ao seu local de destino.
Por conta desse tratamento legal, o CC/02, com relação à esta modalidade de contrato, é concebida como meio especial, o que importa dizer que qualquer legislação outra com ele incompatível é considerada revogada na parte que lhe for divergente (art.732).
Outra característica importante se restringe à previsão legal de que o contrato que interessa ao legislador civil como especial é aquele formalizado mediante retribuição, tornando importante o cunho de onerosidade que deve ser visto como regra.
O tema de maior debate na doutrina e jurisprudência se dá em relação ao artigo 735 do CC/02, o qual estabelece que a responsabilidade do transportador deve ser excluída por culpa de terceiro, valendo o registro que este dispositivo de lei importou em mera reprodução ou revigoramento do enunciado 187 da súmula de jurisprudência do STF.
Como o elemento culpa é trabalhado no seu sentido amplo, tornou-se dominante o entendimento de que a única modalidade de culpa a ensejar responsabilidade civil no transportador se restringe àquela específica pelo ato culposo em sentido estrito. Ou seja, o ato doloso de terceiro é considerado de força maior e tem o condão de excluir a responsabilidadecivil.
Direito civil III - 03/21/2014
Responsabilidade civil do transportador terrestre
1) responsabilidade civil do prestador de serviço público (transportador terrestre): art.37, ¶ 6°, CRFB.
2) responsabilidade civil do preposto: art. 7°, XXVIII, CRFB.
3) responsabilidade civil com relação aos passageiros: art.730, CC + art.14, CODECON.
Responsabilidade contratual - vincula o passageiro e o transportador pela cláusula de segurança. 
Em 1912, época da primeira lei sobre o tema, aplicar-se-ia a responsabilidade objetiva contratual ao transportador. Esta seria excluída com culpa exclusiva da vítima, força maior e dolo de terceiro (equiparável à força maior).
Precedentes judiciais levaram em conta que poderiam ocorrer 3 aspectos: passageiro vitimado, pedestre atropelado e preposto lesionado.
No caso do passageiro vitimado, há responsabilidade objetiva pois faltou segurança na prestação do serviço. 
O preposto tem direito à indenização do INSS, fora a indenização do empregador em caso de dolo ou culpa.
No que tange o pedestre atropelado, a regra é mover a ação com base na culpa presumida. Ao envolver transportador, se for usada essa ideia, seria dado tratamento diferenciado ao passageiro e atropelado, o que viola o princípio da isonomia jurídica. Assim, o pedestre atropelado passou a ser equiparado à vítima passageira do evento lesivo (apesar da permanência da ideia de responsabilidade extracontratual). 
Indenização do empregado contra empregador: indenização subjetiva. 
Indenização do empregado face o INSS: indenização objetiva.
A responsabilidade civil do transportador terrestre deve ser tratada sob os 3 aspectos acima delimitados, sendo certo que a preocupação maior está na possibilidade de se impor a responsabilidade objetiva ao transportador por ter vitimado pessoa estranha à relação de consumo que lhe é originária, qual seja, aquela estável estabelecida entre passageiro e transportador.
Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência nacionais, visando a um tratamento igualitário entre as pessoas vitimadas, faz impor a conjugação do art.37, ¶6°, CRFB com o art.17, CODECON, para que todas as vítimas do evento lesivo sejam equiparadas a consumidor quando do trato da relação processual.
Deve-se entender que esse tratamento especial não desnatura a natureza de responsabilidade extra contratual inerente à relação entre o transportador e pedestre vitimado, sendo a benesse acima uma mera metodologia interpretativa da legislação aplicável ao tema no transportador.
Súmula 187, STF: se houver culpa de terceiro, embora o transportador tenha direito de regresso, não se afasta a indenização. Contudo, havendo dolo oriundo de terceiro, a indenização do transportador se afasta. Ex.: roubo em interior de ônibus. Se relaciona com art.735, CC.
Contudo, se houver resquício de culpa do transportador, como conivência de seus prepostos com os assaltantes, a indenização volta a recair sobre o transportador.
Súmula 145, STJ: transporte desinteressado se relaciona com art.736, CC. Quem realiza este tipo de transporte, responde por danos somente em caso de culpa grave ou dolo. Assim, aplica-se o art.186, CC.
O transportador não pode auferir lucro indireto com o transporte feito.
Se houver atropelamento e lesão ao carona, este tem direito de mover ação com base em simples culpa, subjetiva, tal como se fosse o atropelado, tendo em vista a necessidade da isonomia judicial. Caso contrário, a situação do carona seria pior, pois ficaria limitado à mover ação somente em caso de dolo ou culpa grave.
Súmula 161, STF: cláusula de não indenizar é inoperante, haja vista o interesse público prevalente. Se relaciona com o art.734, CC.
Os enunciados das Cortes Superiores revitalizados pelo CC/02 são literalmente reproduzidos e relacionados na legislação civil. São eles: enunciado 187, STF, que teve a sua redação reproduzida com total identidade no art. 735, CC, para admitir-se que a responsabilidade contratual do transportador não é elidida pela chamada culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Apesar da literalidade do artigo, pela jurisprudência nacional ainda dominante somente o dolo de terceiro assemelhado à força maior está apto a excluir a responsabilidade civil do transportador. 
Enunciado 161, STF, intimamente relacionado com o artigo 734, CC, que traduz e impõe a inoperância (entender como "sem efeito") da cláusula de não indenizar (ver também artigos 25 e 51, CODECON).
Enunciado 145, STJ, o qual submete o transporte gratuito, dito próprio ou de mera cortesia, às regras da responsabilidade subjetiva, essa conceituada nos moldes do art.186, CC. Mesmo que o acidente de trânsito vitime um carona e também um pedestre estranho ao contrato gratuito, a doutrina e jurisprudência nacionais entendem que deve ser afastada a aplicação do art.392, CC aos contratos de transporte de mera cortesia, aplicando-se aquele artigo 186, na preservação de um tratamento igualitário às pessoas envolvidas no mesmo acidente de trânsito.

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