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Responsabilidade Civil P2 - Responsabilidade nas Relações de Consumo

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Responsabilidade Civil P2
Relação Jurídica de Consumo
Consumidor é definido pelo art. 2º do CDC como “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Vale lembrar que a defesa do consumidor elevou-se ao status de proteção constitucional (art. 5º, XXXII, CF/88). Código tem um sistema protetivo da parte vulnerável na relação e não poderia ser utilizado sem que a preocupação com a quebra do princípio da isonomia fosse uma constante.
Importante ressaltar que a pessoa jurídica que incorpora em sua linha de produção produto adquirido de terceiro, fazendo, assim, parte de sua atividade lucrativa, não poderá ser enquadrado como consumidor final, sendo retirado sua proteção pelo CDC, devendo qualquer tutela ser requerida com fulcro no Código Civil ou Comercial.
A qualidade de final dada ao destinatário é empregada sempre que a pessoa física ou jurídica adquire certo produto com a intenção de atingir o ciclo econômico final da mercadoria, ou seja, o produto é absorvido pelo patrimônio particular do então consumidor. O produto destina-se à fruição do adquirente, podendo, dessa forma, dispor do bem, salientando-se que, embora o consumidor possa dispor do bem, não pode praticar atividades de comércio, pois, dessa maneira, não se estaria diante de um consumidor final, mas sim de um intermediário ou destinatário final fático que pode ou não receber a proteção da lei especial.
A definição de consumidor é uma característica restritiva feita para delimitar que está sob a proteção do Código de Defesa do Consumidor. Existe, no entanto, algumas situações especiais onde o legislador resolveu criar equiparações, qual seja no parágrafo único do art. 2º, no art. 17 e no art. 29.
O parágrafo único trata da equiparação para a coletividade de pessoas. O art. 17 equipara as vítimas do chamado acidente de consumo (responsabilidade pelo fato) à consumidores. Já o art. 29 tutela os direitos das pessoas que por meio de oferta, publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas, cláusulas abusivas e contratos de adesão sofressem qualquer tipo de violação ou abuso de direito, enquadrando-se aqui tanto a pessoa física como a jurídica, independente do fim planejado para o produto.
O art. 3º do CDC tratou de definir o conceito de fornecedor, polo oposto ao consumidor, da seguinte maneira:
Art. 3o. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvam atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Dessa forma, fornecedor é aquele que abastece o mercado consumidor com produtos ou serviços de forma habitual, visando uma remuneração, devendo haver o caráter profissional.
Após ter definido os sujeitos da relação de consumo cabe, pelo momento, trabalhar em cima dos objetos da relação de consumo. São eles o produto (art. 3º, § 1º, do CDC) e o serviço (art. 3º, § 2º, do CDC). O primeiro pode ser entendido como qualquer bem de valor econômico, objeto de interesse do homem, e que, ao fazer parte do mundo jurídico através de uma relação de consumo é abrangido pelo Código. Já o segundo pode ser conceituado como o fornecimento de certa atividade colocada no mercado a disposição dos consumidores em geral; é, com o fruto do trabalho, desenvolver a produção de atividades que satisfaçam as necessidades humanas em determinada área específica, como por exemplo os serviços prestados pelas empresas de transporte e bancárias.
Da responsabilidade pelo fato no CDC
Disciplinada nos artigos 12 a 17 do CDC, tem como principal característica a responsabilidade objetiva, ou seja, a vítima, ao buscar o ressarcimento, deve comprovar o dano e o nexo causal. Não há que se falar em culpa (em qualquer de suas modalidades: negligência, imprudência e imperícia), eis que o fornecedor assume o risco do negócio. O fornecedor ao desenvolver suas atividades no mercado e aspirar os benefícios do negócio (bônus) assume, também, os ônus de sua atividade.
O sistema de responsabilidade nas relações de consumo optou pela sistemática da responsabilidade objetiva, visto que seria impossível para o consumidor comprovar os elementos da culpa em relação a atuação do fornecedor. Ou seja, os danos ficariam sem reparação.
De suma importância nesse momento é fixar a ideia de defeito. O defeito tem origem em um problema do produto/serviço, diferenciando-se do vício pela extensão do dano ao consumidor. Enquanto que no vício, o dano atinge de um modo geral, o aspecto funcional do produto e o aspecto financeiro (puramente) em relação ao consumidor, o defeito tem como característica atingir o próprio consumidor em sua integridade física e psíquica, saúde, segurança, vida, etc.
Sendo assim, havendo problemas no produto/serviço que venham a atingir o próprio consumidor teremos a caracterização da responsabilidade pelo fato do produto e serviço, respondendo, os fornecedores, pelos danos causados aos consumidores. 
No caput do art. 12 vê-se um rol taxativo de legitimados para integrar o polo passivo de uma demanda indenizatória, vez que estes são os mais capazes, a priori, para demonstrar a inexistência de defeitos, sendo, regra geral, o comerciante ilegitimado para responder, eis que não conhece o processo produtivo e não participou da criação do produto causador dos danos ao consumidor.
Em relação às situações em que os fornecedores (fabricante, o construtor, o produtor ou importador) não têm o dever de responder pelos danos causados aos consumidores, o CDC, trouxe, expressamente, três casos: o primeiro, ocorre quando o fornecedor não colocou o produto no mercado, no segundo, quando, embora haja colocado o produto no mercado, não existe defeito no produto, e, terceiro, quando houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Como exemplo, podemos destacar: no primeiro caso um produto falsificado, que não foi inserido no mercado pelo seu fabricante. No segundo, a comprovação, pelo fornecedor, da inexistência do defeito, ou seja, que não há problema ou que não há relação com o dano ocorrido com o consumidor. No terceiro caso temos a situação em que o consumidor desrespeita as informações constantes do manual ou ainda quando um terceiro modifica ou causa o fato que gera o dano. 
Cabe sublinhar que a jurisprudência tem admitido o caso fortuito e a força maior como excludentes de responsabilidade por dano causado por fato do produto/serviço.
Da responsabilidade pelo vício no CDC
Entende-se por vício do produto impropriedade de natureza qualitativa ou quantitativa que tornam os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas, nestes últimos casos, as variações decorrentes de sua natureza.
Tais vício podem ser aparentes ou ocultos, dependendo da possibilidade de fácil ou difícil percepção. Nas palavras de Vasconcellos e Benjamin, vício oculto é “aquele que o consumidor só consegue detectar com conhecimento técnico especializado ou com esforço (físico ou mental) substancial”.
Resumindo, O vício caracteriza-se pelo produto (ou serviço) inadequado ao fim ao qual se destina, uma televisão que não funciona, um celular que não efetua ligações, um livro com páginas em branco etc. Os vícios podem ser aparentes – fácil constatação – ou ocultos – que não podem ser visualizados de plano (normalmente ocorrem com a utilização do produto e ao longo dos tempos).

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