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Processo civil - Execução civil e Tutela Coletiva 72 páginas

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T.102. Módulo de Processo Civil Execução Civil e Tutela Coletiva
aCUR50
ENFA5E
Aula 1
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Assuntos tratados:
1° Horário.
S Cumprimento de sentença / Introdução / Princípios / Princípio da máxima efetividade da execução / Princípio da menor onerosidade do executado/ Nulla executio sine titulo / Nulla titulus sine lege / Princípio da patrimonialidade / Princípio do desfecho único ou do resultado único da execução / Princípio da disponibilidade da execução / Lealdade e boa-fé processual / Princípio da primazia da tutela específica ou princípio da maior coincidência possível
2° Horário.
S Princípio do contraditório / Princípio da responsabilidade objetiva do exequente / Execução de títulos judiciais / Diferenças entre a execução dos artigos 461 e 461-A e a do artigo 475-J do Código de Processo Civil / Obrigação de dar, fazer ou não fazer / Obrigação de pagar quantia em dinheiro / Natureza jurídica da multa / Liquidação de sentença
1° Horário
Cumprimento de sentença
Introdução
Há um tempo atrás o módulo se chamaria processo de execução e atualmente não se pode dizer isso. Em 2006, o Código de Processo Civil passou por duas grandes reformas, que só serão superadas pelo novo Código de Processo Civil, que será aprovado na Câmara dos Deputados. Até 2005, sempre que se falava em execução, falava-se em ação autônoma de execução que gerava um processo de execução, seja aparelhado por um título executivo extrajudicial, seja por uma sentença condenatória (título executivo judicial).
T.102. Módulo de Processo Civil
Execução Civil e Tutela Coletiva
Aula 1
Desde 1973, em relação há alguns procedimentos especiais (como por exemplo a ação possessória), a possibilidade de a execução prosseguir dentro do mesmo processo que originou a sentença. Esses processos, que eram muito específicos, eram denominados processos sincréticos, pois, num único processo, era realizada a atividade de cognição e depois se executava a decisão.
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Acesso nosso site: www.cursoenfase.com.br
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Em 2005, com a alteração no Código de Processo Civil, instaurou-se o procedimento de cumprimento de sentença, que substitui a ação autônoma de execução. Atualmente, a execução de título judicial deixou de ser a regra, mas em relação à execução de título extrajudicial, é necessária uma ação autônoma para forçar o cumprimento de determinado título.
Existem algumas exceções à regra do processo sincrético, como, por exemplo, a execução contra a Fazenda Pública, a execução de uma sentença penal transitada em julgado, ou, ainda, para aqueles que entendem que a sentença arbitral é um título executivo judicial (como diz a lei), será necessária uma ação autônoma de execução.
Qual seria o maior expoente do sincretismo processual? Se duas pessoas tem uma relação jurídica de direito material, na qual uma delas tenha a obrigação de pagar determinada quantia à outra. Vencida a obrigação, credor ajuíza a ação de cobrança. Se o devedor estiver dilapidando o seu patrimônio, é possível que o credor prove e faça o pedido de arresto ou bloqueio dos bens da outra parte, a fim de garantir a satisfação de seu crédito em face de eventual condenação? Sim. Trata-se de medida cautelar proferida incidentalmente em uma ação ordinária. Proferida a sentença, será expedido o mandado de penhora e avaliação dos bens arrestados, iniciando-se o cumprimento ou execução da sentença, no mesmo processo da ação de cobrança. Veja-se, num único processo, é possível praticar as três atividades típicas da jurisdição: cognição, cautelar e execução. O ideal do processo sincrético é a possibilidade de se buscar todas as atividades jurisdicionais num mesmo processo.
Com o cumprimento de sentença, o legislador criou uma nova fase no processo cognitivo para as obrigações de pagar, mas a execução já era dessa forma nas hipóteses de obrigação de dar, fazer ou não fazer.
De acordo com a Teoria Quinária, são cinco os tipos de tutela ju risdicional: declaratória, constitutiva/desconstitutiva, declaratória, mandamental e executiva lato sensu. Sempre que se busca obrigações de dar ou de fazer a execução se dá nos próprios autos, na forma do artigo 461 do Código de Processo Civil.
Na mandamental há uma ordem de pagar, ao passo que na executiva o juiz faz do Estado substituto do credor para obter o provimento. Exemplo: numa execução, ao invés de o juiz determinar que o réu apresente o bem, ele pode expedir um mandado de busca e apreensão da coisa.
Na reforma de 2005, o legislador tentou criar, para as sentenças que contém obrigação de pagar, um procedimento similar ao que já ocorria com as sentenças que determinavam obrigações de dar ou fazer. Contudo, ele foi mais tímido na reforma, pois o juiz não dispõe de tantos métodos coercitivos e não pode atuar de ofício.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Em suma, existem dois tipos de execução, a judicial e a extrajudicial, as quais podem se referir a diversos tipos de obrigação, dar, fazer/não fazer e obrigação de pagar quantia em dinheiro. As obrigações de dar coisa certa ou incerta e de fazer ou não fazer podem ser reunidas em um único grupo, ao qual se aplica um mesmo regime jurídico; pagar quantia em dinheiro é um outro grupo, com regime jurídico próprio. O 1° grupo tem regime jurídico previsto nos artigos 461 e 461-A do Código de Processo Civil, enquanto o segundo grupo é regulado no artigo 475-J do Código, primordialmente.
Todas essas execuções tem regramentos comuns, inclusive o artigo 475-R do Código de Processo Civil, último do capítulo que regula o cumprimento de sentença, diz que naquilo que não houver incompatibilidade, aplica-se o regime jurídico da execução de título extrajudicial, pois esse capítulo não regula propriamente os atos de expropriação dos bens do devedor, mas apenas o modo de iniciar a execução e as defesas que podem ser aduzidas pelo devedor
Princípios
Os processualistas que estudam execução afirmam que existe uma teoria geral da execução. Os autores que estudaram as execuções perceberam que há normais gerais que regulam todas as execuções, as quais podem ser traduzidas em um corpo de princípios, podendo, então, se falar em teoria geral da execução.
Um autor clássico é o Araken de Assis, que tem um manual tradicional. Os mais atuais são os professores Cassio Scarpinella Bueno, Eduardo Talamini, Luiz Rodrigues Wambier e Teresa Arruda Alvim Wambier.
Existem cerca de onze princípios relativos à execução (dependendo da visão de cada autor). Os dois mais importantes são dois, os quais estão interligados (um depende do outro): o princípio da máxima efetividade da execução e o princípio da menor onerosidade ao executado. O princípio da razoabilidade/proporcionalidade traduz muito bem o que se pretende na execução: garantir a efetividade da execução para o credor, conjugada com a menor onerosidade possível para o executado.
O	Código de Processo Civil, em seu artigo 655, e a Lei de Execução Fiscal, em seu artigo 11, trazem uma ordem de bens a serem penhorados.
Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação
dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
(Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- veículos de via terrestre; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
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- bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- bens imóveis; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- navios e aeronaves; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- percentual do faturamento de empresa devedora; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- outros direitos. (Incluído pela Lei n° 11.382, de 2006).
§ 1° Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
§ 2° Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado. (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
LEF, Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:
- dinheiro;
- título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
- pedras e metais preciosos;
- imóveis;
- navios e aeronaves;
- veículos;
- móveis ou semoventes; e
- direitos e ações.
§ 1° - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.
§ 2° - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9°.
§ 3° - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.
Essa ordem é absoluta? Não, pois o executado pode requerer a substituição de um bem penhorado (que esteja no topo da lista), por outro (em posição abaixo nessa lista) demonstrado que não haverá iliquidez. O juiz pode quebrar a ordem,
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fundamentando com a melhor conjugação possível entre os princípios da melhor efetividade da execução e menor onerosidade do executado. Isso pode acontecer ainda que o bem seja dinheiro.
Nulla executio sine titulo
Não há de se falar em execução válida sem que exista título. Esse princípio é cânone, sendo referido por todos os autores.
É a lei que determina que algo é título executivo. Contudo, decisões que deferem antecipação de tutela podem ser objeto de execução, mas a decisão interlocutória que defere a antecipação de tutela não é relacionada como nenhum dos títulos.
Então, alguns autores, como Marinoni e João Gabriel Garcia Medina entendem que trata-se de uma exceção a esse princípio; na verdade, se estaria criando um novo princípio, da execução sem título. Erik Navarro não concorda com essa opinião, entendendo que uma exceção não pode fundamentar um princípio novo. Araken de Assis e o Ministro Teori Albino Zavascki entendem que a decisão interlocutória está incluída no art. 475-N, inciso I, do Código de Processo Civil.
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Esse dispositivo traz o principal título executivo judicial, afirmando que a expressão sentença está sendo utilizada como sinônimo de pronunciamento judicial, que abarca o acórdão e a decisão interlocutória que antecipa a tutela.
Nulla titulus sine lege
Esse princípio decorre do primeiro, pois é a lei que define o que é título executivo. Se aquele título não for executivo, de acordo com a lei, ele poderá fundamentar apenas uma ação monitória, mas nunca uma execução.
Princípio da patrimonialidade
Está expresso no artigo 591 do Código de Processo Civil.
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Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
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Hoje esse princípio é óbvio, mas na antiguidade, o sujeito poderia responder com a vida ou com o próprio corpo na execução. Ainda há resquícios desses sistema antigo, na hipótese de prisão civil por dívida de alimentos.
Esse princípio também evoluiu, pois hoje há limitação do patrimônio do devedor na execução. Especialmente após a Constituição de 1988, isso foi ficando mais claro, sendo necessária a preservação de um mínimo existencial para preservar a dignidade da pessoa do devedor. Por exemplo, uma lei hoje traz um rol de bens impenhoráveis, outra lei traz um rol de bens de família, também impenhoráveis, pois garantem o mínimo existencial.
Princípio do desfecho único ou do resultado único da execução
Esse princípio normalmente não é cobrado em provas, mas foi cobrado no último concurso para juiz federal do Tribunal Regional Federal da 2- Região.
Na ação de conhecimento, o resultado pode ser o julgamento procedente ou improcedente, pois se discute quem tem o direito. Na execução, o único resultado possível é a satisfação do exequente. O executado está indefeso, pois ele tem que cumprir a obrigação da forma mais onerosa possível. Na ação de execução, o executado é citado para realizar o pagamento.
Na execução de título extrajudicial, o devedor ajuíza embargos à execução, que é uma nova ação, na qual o devedor pode discutir diversas matérias e inclusive produzir provas.
Na hipótese do cumprimento de sentença, o devedor pode apresentar sua impugnação ao cumprimento de sentença, e alguns autores até entendem que trata-se de processo autônomo, mas Erik Navarro não concorda, afirmando que é apenas um incidente, já que a própria execução não é autônoma.
Também é possível que, através de simples petição (sem nova ação ou incidente processual), o devedor apresente sua execução de pré-executividade alegando matérias que o juiz poderia reconhecer de ofício, como a prescrição, por exemplo. E caso o juiz reconheça tal pedido, profere sentença de mérito na execução.
Princípio da disponibilidade da execução
Decorre, de certa forma, do princípio anterior, pois é o credor que decide se a execução prosseguirá, a qualquer momento, independentemente de concordância do executado.
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Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Lei n° 8.953, de 13.12.1994)
serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei n° 8.953, de 13.12.1994)
nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído pela Lei n° 8.953, de 13.12.1994)
Se o executado ou impugnante trouxer questões de méritos relevantes em seus embargos ou impugnação,a desistência da execução não pode ser feita apenas pelo exequente, dependendo da concordância do executado.
Na hipótese de os embargos continuarem a tramitar, parte da doutrina afirma que eles ganham natureza de ação autônoma, já que a execução não mais existe, o que tem reflexos importantes, como, por exemplo, nos efeitos do recebimento do recurso de apelação dos embargos, que teriam duplo efeito e não apenas efeito devolutivo.
Lealdade e boa-fé processual
É importante porque a lei processual traz várias penas àquele que não observa esse princípio.
Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
- frauda a execução; (Redação dada pela Lei n° 5.925, de 1°.10.1973)
- se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; (Redação dada pela Lei n° 5.925, de 1°.10.1973)
- resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei n° 5.925, de 1°.10.1973)
IV—não indica ao juiz onde se encontram os bens sujeitos à execução.(Redação dada pela Lei n° 5.925, de 1°.10.1973)
- intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei n° 11.382, de 2006).
Traz três condutas tipificadas como atentatórias contra a dignidade da justiça. Ademais, o artigo 593 do Código de Processo Civil traz as hipótese de fraude à execução e todos eles trazem a ideia de o devedor que se desfaz do patrimônio e provoca a insolvência.
Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:
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- quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
- quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;
- nos demais casos expressos em lei.
O	inciso I do artigo 600 do Código traz uma hipótese que pode configurar fraude à execução ou resistência injustificada às decisões judiciais.
O mais importante é o inciso IV. Antes de 2005, o executado era citado para pagar ou indicar bens à penhora, ele tinha a preferência de indicar, que só era invertida caso ele não se manifestasse ou não pagasse. Atualmente, se o exequente conhece o patrimônio do executado, pode pedir que a penhora recaia sobre determinados bens.
Caso ele não conheça os bens do devedor, o juiz determina que o executado indique a localização dos bens. Findo o prazo e o devedor não indica, isso configura ato atentatório à justiça, ensejando multa de 20% do valor da execução, destinado ao exequente.
Ademais, pode ocorrer a situação denominada contempt of court, ou, numa tradução literal, o desprezo pelo judiciário, que, de acordo com o artigo 14, parágrafo único do Código de Processo Civil, configura ato contra a dignidade da jurisdição, ensejando o pagamento de multa destinada ao Estado.
Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: (Redação dada pela Lei n° 10.358, de 27.12.2001)
- expor os fatos em juízo conforme a verdade;
- proceder com lealdade e boa-fé;
- não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento;
- não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito.
- cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.(Incluído pela Lei n° 10.358, de 27.12.2001)
Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado. (Incluído pela Lei n° 10.358, de 27.12.2001)
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A doutrina costuma entender que para que o devedor se sujeite à esta multa, ele tem que se enquadrar na conduta prevista no inciso III do artigo 660, que fala em resistência injustificada às ordens judiciais. De acordo com o artigo 14, não só as partes, mas também um terceiro, pode sofrer esta multa.
Princípio da primazia da tutela específica ou princípio da maior coincidência possível
Quando um sujeito de determinada relação jurídica material faz jus a uma determinada prestação, ele quer aquela prestação e não outra. Quando a prestação é dinheiro, não há problemas.
Em caso de obrigação de fazer ou dar, surgem os problemas, pois a coisa pode perecer ou a tutela específica não pode ser entregue in natura. O juiz deve utilizar de todos os meios possíveis para impor que o executado entregue a tutela específica. Contudo, há casos em que isso não é possível e, nesses casos, a tutela pode ser convertida ao seu equivalente em pecúnia. Contudo, além do equivalente em dinheiro, se buscará um acréscimo, isto é, a reparação do dano causado pela impossibilidade da tutela específica.
2° Horário
Princípio do contraditório
Na execução, o contraditório é um pouco mais tímido, pois, para que o réu se defenda, ele precisa ter uma postura ativa, já que precisa ajuizar uma ação autônoma de embargos ou um incidente de impugnação ao cumprimento de sentença.
Princípio da responsabilidade objetiva do exequente
Sempre que se pratica atos de execução, se fere a esfera jurídica do executado, atacando-se seu patrimônio com fundamento num título executivo. Mas nem sempre é assim, pois nas hipóteses de execução provisória de decisão que antecipou tutela antecipada ou de sentença que ainda não transitou em julgado, o prejuízo do devedor nos atos de execução pode ser maior.
A execução provisória é regida pelo artigo 475-O do Código de Processo Civil, que impõe vários limites à conduta do exequente, a simples penhora ou bloqueio de bens pode gerar prejuízos e danos ao executado.
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Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: (Incluído pela Lei n°
de 2005)
- corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 1° No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 2° A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada: (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- quando, nos casos de crédito de natureza alimentarou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- nos casos de execução provisória em que penda agravo perante o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. (Redação dada pela Lei n° 12.322, de 2010)
§ 3° Ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado declarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pessoal: (Redação dada pela Lei n° 12.322, de 2010)
- sentença ou acórdão exeqüendo; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- procurações outorgadas pelas partes; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- decisão de habilitação, se for o caso; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
A lei tem por objetivo efetivar a execução que se funde num título definitivo, mas confere uma possibilidade ao exequente de promover a execução provisória, por sua conta e risco. Nesse sentido, o exequente arcará com todos os danos que causar ao executado em razão da execução e a responsabilidade é objetiva, sem necessidade
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de comprovação de culpa ou dolo. Ademais, os danos serão liquidados nos próprios autos, invertendo-se os polos, o antes executado vira exequente (possuindo um título executivo judicial) e o anterior exequente se torna executado.
Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar à execução.
Isso também pode ocorrer numa execução definitiva, apesar de não ser muito comum.
Execução de títulos judiciais
Diferenças entre a execução dos artigos 461 e 461-A e a do artigo 475-J do Código de Processo Civil
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei n° 8.952, de 13.12.1994)
§ 1° A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluído pela Lei n° 8.952, de 13.12.1994)
§ 2° A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela Lei n° 8.952, de 13.12.1994)
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei n° 8.952, de 13.12.1994)
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei n° 8.952, de 13.12.1994)
§ 5° Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei n° 10.444, de 7.5.2002)
§ 6° O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei n° 10.444, de 7.5.2002)
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Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei n° 10.444, de 7.5.2002)
§ 1° Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei n° 10.444, de 7.5.2002)
§ 2° Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei n° 10.444, de 7.5.2002)
§ 3° Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.(Incluído pela Lei n° 10.444, de 7.5.2002)
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 1° Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei n°
de 2005)
§ 2° Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando- lhe breve prazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 3° O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 4° Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 5° Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Obrigação de dar, fazer ou não fazer - artigos 461 e 461-A
O Juiz tem muito mais poder, dispões de maiores meios coercitivos, podendo inclusive atuar de ofício para buscar o cumprimento da obrigação.
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O Juiz pode iniciar a execução de ofício.
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Os atos executivos são atípicos, de livre escolha do juiz (poderá praticar qualquer ato lícito para efetivar a execução, desde que preserve o mínimo existencial do executado), não gerando preclusão pro iudicato.
A multa não tem valor nem forma de cálculo especificada pela lei e, após fixada, pode também ser alterada (aumentada ou diminuída), podendo ser diminuída, se for excessiva, mesmo após o cumprimento da obrigação.
O Juiz poderá efetivar sua decisão através da técnica mandamental ou através da técnica executiva lato sensu, optando pela mais efetiva e a menos onerosa parao executado, a depender da obrigação (exemplo: em casos de obrigação personalíssima, a técnica executiva é incompatível, se utiliza normalmente a técnica mandamental, com a imposição de astreintes).
Não há limite para a multa imposta, mas a jurisprudência afirma que o valor da multa não supere o valor da obrigação, via de regra, e apenas em casos excepcionais ela pode superar o valor da obrigação, mas isso pode acontecer se a postura do devedor for altamente reprovável, se ele apresentar uma postura de desvalor do executado, e devidamente fundamentada.
A multa fixada em sede de tutela antecipada não pode ser exigida antes do trânsito em julgado, diante da precariedade da decisão da tutela de urgência. Se não confirmada a tutela antecipada na sentença, a multa não mais existirá.
Obrigação de pagar quantia em dinheiro - artigo 475-J
O Juiz não pode atuar de ofício, dispondo apenas de meios executivos típicos, já previamente especificados pela lei.
A jurisprudência é pacífica no sentido de que após o trânsito em julgado o juiz deve intimar o advogado do executado, dando a eles quinze dias para pagar a dívida e, findo esse prazo, incide a multa de 10% sobre o valor da condenação.
Apenas o exequente pode dar início à execução, requerendo ao juiz a expedição de mandado de pagamento, penhora e avaliação dos bens do devedor - princípio dispositivo.
A multa é fixa e incide uma única vez, dependendo da intimação específica do advogado, que só pode ser feita após o trânsito em julgado.
Na hipótese de execução provisória, que corre à conta e risco do exequente, não se impõe a multa de 10%.
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Após tal fase, acontecerão os atos normais de execução previstos no Código de Processo Civil.
Na hipótese de revelia do Réu ou sua citação por edital, não basta a intimação do advogado ou do curador especial para a imposição da multa. O Superior Tribunal de Justiça já entendeu, pela relatoria da Ministra Nancy Andrigui, que nesses casos, seria necessária uma intimação pessoal ao Réu, mas com as dificuldades existentes nos casos de revelia, o tribunal mudou de posição, afirmando que a melhor opção era que não houvesse necessidade de intimação do Réu.
O Superior Tribunal de Justiça não contemplou a hipótese de o réu, não obstante revel, ter advogado constituído nos autos. Registre-se que há dois grandes efeitos da revelia são o material, que é a confissão ficta, e o processual, que é deixar de intimar o réu. Na reforma de 2006, o segundo efeito da revelia deixou de existir quando o Réu, ainda que revel, tenha advogado constituído no autos. Então, nessa hipótese, deve ocorrer a intimação específica do Réu para a multa prevista no artigo 475-J do Código de Processo civil.
Natureza jurídica da multa
Há uma discussão sobre a natureza jurídica da multa para o executado, tanto a do 475-J quanto a que pode ser imposta pelo juiz nos casos do artigo 461 do Código de Processo Civil. Os processualistas se dividem em três grupos: aqueles que entendem que ela tem natureza coercitiva (de modo que a multa compensa o exequente), outro que entendem pela natureza punitiva (a multa vai para o Estado, já que a punição é pelo descumprimento da ordem judicial), outros que entendem que ela possui natureza jurídica punitiva e coercitiva (divide-se a multa entre o Estado e o exequente). Erik Navarro entende que, diante da natureza jurídica da multa, de direito processual e material, a multa deveria ser dividida.
Já o Superior Tribunal de Justiça tem uma posição mais ampla, com uma visão de julgador e não de processualista, afirmando que ela tem natureza processual, sendo punitiva e coercitiva, mas também tem natureza material, isto é, de compensação para o titular do direito. Então, de certa forma, essa multa remunera o exequente, pelo tempo que ele ficou sem a prestação. Ademais, para o tribunal, quando o Código entende que a multa deve ir para o Estado, ele fala expressamente, como no caso do contempt of court. Portanto, o valor da multa será todo revertido ao exequente.
Normalmente, as bancas de concurso público são baseadas nas jurisprudências recentes dos tribunais superiores.
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Liquidação de sentença
Para que um título seja executado, deve ser fixado o an debeatur, ou seja, a necessidade de se cumprir a obrigação, e, nas hipóteses de obrigação de pagar quantia certa, também deve ser fixado o quantum debeatur, isto é, o valor da obrigação. Os títulos executivos extrajudiciais são líquidos por natureza, mas as sentenças podem ser ilíquidas. Daí entra o procedimento de liquidação de sentença, nas hipóteses em que é proferida uma sentença ilíquida.
A liquidação de sentença é uma forma de obtenção do quantum debeatur. Ela abre uma nova fase de cognição do processo, tendo natureza jurídica de incidente processual que cria nova fase de conhecimento naquele processo.
O Código de Processo Civil atual não define de forma adequada o que é sentença, mas a doutrina evoluiu muito, refletindo no Novo Código de Processo Civil, que determina que sentença é o ato do juiz com conteúdo do que o artigo 267 e 269 do Código atual, coloca fim a qualquer fase de cognição do processo.
Portanto, para a doutrina majoritária atual, a decisão de põe fim à liquidação teria a natureza jurídica de sentença, mas isso não é pacífico. Alguns acreditam que trata-se de decisão interlocutória, pois o artigo 475-H afirma que caberia agravo de instrumento de tal decisão, mas ano se pode definir a natureza de um ato jurídico pelo recurso cabível, ela deve ser definida por sua essência.
Quando o juiz concluir que o valor da liquidação é zero, surge um sério problema, pois isso é objeto de preclusão e transita em julgado. Parte da doutrina entende que a decisão que julga a liquidação de sentença é meramente declaratória, pois o título judicial já foi formado e a liquidação só afirmará seu valor; outra parte da doutrina entende que a decisão que julga a liquidação é constitutiva, pois título executivo ilíquido não existe, o título só se forma com a definição do quantum debeatur.
Para que a sentença seja submetida ao procedimento de liquidação, deve ser necessário provar um ou mais fatos novos (fatos posteriores à própria sentença), quando se tem a liquidação por artigos, ou deve ser necessária a realização de uma perícia, que não diga respeito a fatos novos, ocorrendo a liquidação por arbitramento.
A liquidação por arbitramento, prevista no artigo 475-B e 475-C do Código de Processo Civil, é bem mais simples, pois basta a perícia e que seja dado contraditório às partes.
Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do
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art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 1° Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 2° Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362. (Incluído pela Lei n°
de 2005)
§ 3° Poderá o juiz valer-se do contadordo juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 4° Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei n°
de 2005)
- determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei n°
de 2005)
- o exigir a natureza do objeto da liquidação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
A liquidação por artigos, regulada pelos artigos 475-E e 475-F do Código de Processo Civil, é mais complexa, pois cada artigo se refere à um fato novo, se assemelhando ao procedimento comum.
Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272). (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
E quando a liquidação depender apenas de cálculos aritméticos? Antigamente havia a liquidação por cálculos do contador, mas isso não mais existe. Hoje a lei exige que o próprio exequente, ao iniciar a execução, traga uma memória de cálculos. Se o executado não concordar com o valor dos cálculos, antes de impugnar a execução, ele poderá impugnar apenas os cálculos, pedindo que o juiz nomeie um contador do juízo, na forma do artigo 475-B do Código de Processo Civil. Ademais, o juiz pode de ofício valer-se do contador do juízo quando a memória de cálculos apresentada pelo credor for aparentemente excessiva.
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A liquidação da sentença não depende do trânsito em julgado, podendo, inclusive, ser realizada na pendência de recurso com efeito suspensivo, pois o artigo 475-A, § 2°, do Código de Processo Civil prevê a liquidação provisória, uma vez que ela não implica a prática de nenhum ato executivo.
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 1° Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 2° A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 3° Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas 'd' e V desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. (Incluído pela Lei n°
de 2005)
Sentenças proferidas no rio sumário não podem ser ilíquidas, pois a ideia do juízo é transferir a prática desses atos para dentro do processo, na forma do artigo 475-A, § 3°, do Código de Processo Civil.
Observação - novo email do professor: eriknavarro@cursoenfase.com.br
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Assuntos tratados
1° Horário
S Cumprimento de sentença / Rito /Defesa do devedor / Efeito suspensivo da impugnação / Recurso contra decisão sobre a impugnação
2° Horário
S Títulos executivos judiciais em espécie / Competência para cumprimento de sentença / Execução de indenização por ato ilícito em prestação alimentícia
1° Horário
Cumprimento de sentença
Rito
O assunto é tratado no art. 475-J do CPC vigente:
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando- lhe breve prazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 3o O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante.(Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
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As discussões doutrinárias relevantes sobre este tema estão resolvidas pela jurisprudência e o que é cobrado em prova é o básico sobre o instituto.
Esclarecendo o procedimento. Em se obtendo o título judicial, antes da execução, o juiz deve intimar o advogado do executado para que, em 15 dias, seja providenciado o pagamento sob pena de multa de 10% sobre o valor da condenação.
Bom é lembrar (assunto já abordado na aula passada) que isso depende do trânsito em julgado da sentença. O regime de cumprimento de sentença serve para todo título executivo judicial, mesmo aqueles que dependem de ação autônoma de execução para serem cobrados (sentença arbitral, sentença penal condenatória transitada em julgado, sentença estrangeira homologada pelo STJ e etc.).
Seguindo o procedimento: caso o réu tenha ficado revel sem advogado nos autos, o prazo deve passar in albis, ou seja, não se faz a intimação. Transitou em julgado, passaram-se os 15 dias e a multa já incide. Ocorre que se o réu ficou revel com advogado constituído, deve ele ser intimado (o advogado). Isso porque o efeito processual da revelia não se produz se o réu revel tiver advogado constituído nos autos, o que significa que as intimações ocorrem normalmente, inclusive esta.
Caso o réu não pague, o juiz tem que esperar um pedido do exequente para que possa ser expedido um mandado de penhora e a avaliação (não pode ser feito de ofício).
Cumprido o mandado de avaliação e penhora, julga-se eventual impugnação do devedor e, se não houve impugnação ou se ela não foi bem sucedida, resta apenas a expropriação do bem do devedor. Os meios para realizar a expropriação são os seguintes, na ordem de preferência: Adjudicação; Alienação por iniciativa particular ou a venda em hasta pública - a chamada Arrematação.
Este é o rito. Neste momento serão estudadas a impugnação (que é diferente da defesa do devedor em execução fundada em título extrajudicial), os títulos judiciais e algumas peculiaridades com relação ao mandado de penhora e avaliação.
Importante é ressaltar que o devedor não é intimado para nomear bens à penhora, mas sim para pagar! Quando o credor faz o pedido para que o juiz expeça esse mandado de avaliaçãoe penhora, ele já o faz estipulando quais são os bens do devedor que ele quer ver penhorados. Se o credor não conhecer os bens, conforme já visto, o juiz intimará o executado para que em 5 (cinco) dias indique esses bens. Caso ele não o faça comete atentado contra a dignidade da justiça e é punido com multa de 20% do valor da execução.
Situação hipotética: um Oficial de Justiça indo penhorar uma turbina de avião. Terá ele condições de avaliar esse objeto? Desta forma, quando a avaliação depender de conhecimentos técnicos, o juiz nomeará perito avaliador.
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Desta maneira, o Oficial de Justiça se tornou uma figura importante no processo, já que é ele quem faz a avaliação. Isso é importante porque o valor da avaliação é utilizado como base para o executado garantir a execução e conseguir impugná-la. Sem garantir a execução o devedor não pode se defender através da impugnação.
Havendo impugnação fundamentada da avaliação, o juiz nomeará um perito avaliador.
Situação hipotética: O Oficial de Justiça avalia um bem em 100 e o perito avalia este mesmo bem em 50. O que faz o juiz?
Na aula passada, quando foi abordada a desnecessidade de liquidação por cálculos do contador, foi dito que o exequente deveria apresentar uma memória de cálculos e que, na verdade, o devedor poderia impugnar essa memória de cálculos. Quando o devedor o fizer, o juiz manda para um perito, que decidirá qual é o valor correto.
A situação hipotética narrada acima é diferente. A partir do momento em que o perito define o valor da avaliação do bem isso não altera o valor da execução, constituindo somente a avaliação do bem penhorado. Isso é importante, dentre outros motivos, para saber se serão necessários mais bens para satisfazer a execução. No caso da aula passada, o que se discutia era o valor executado, não o valor da avaliação do bem penhorado.
Isto é um problema porque, quando for abordado o tema "impugnação ao cumprimento de sentença" na forma "excesso de execução", será visto que o juiz só poderá reconhecer o excesso de execução, e consequentemente baixar o valor da execução, julgando a impugnação ao cumprimento de sentença.
Quando o devedor não concorda com a memória de cálculo e o perito daquela execução lhe dá razão, a execução continua pelo valor que o exequente quis, mas para garantir a execução e apresentar a impugnação será respeitado o valor definido pelo perito do juízo.
Ditado pelo professor: "Diferenciar:
 Impugnação à memória de cálculos apresentada pelo credor;
 Impugnação à avaliação do bem penhorado feita pelo Oficial de Justiça.
Em "a", o valor determinado pelo contador do juízo não alterará o valor da execução, pois isso depende de impugnação ao cumprimento de sentença fundada em excesso de execução. No entanto, esse valor altera o montante necessário para garantir a execução e permitir a apresentação de impugnação.
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Em "b", quando provocado o contador, o valor por ele definido restringe-se à avaliação do bem penhorado, o que, naturalmente, também tem implicações na garantia ou não da execução."
Feita a penhora e avaliação, deve o réu ser intimado, através de seu advogado, de que a penhora se efetivou. Por mais que ele saiba, deve ser efetivamente intimado. Caso não haja advogado e o réu não for encontrado não precisa intimar.
Essa intimação é importante, porque da data da realização da penhora é que passa a fluir o prazo para apresentação da impugnação ao cumprimento de sentença.
Defesa do devedor (impugnação)
Até 2005 não se falava em cumprimento de sentença nem em processo sincrético (neste caso, pelo menos não com essa voracidade toda, segundo Navarro), de modo que a defesa do devedor era uma ação autônoma de embargos.
Assim, antes se tinha uma sentença dada num processo de conhecimento, daí se ajuizava uma ação autônoma de execução e, consequentemente, era criado um processo de execução. Para o réu se defender ele deveria ajuizar uma ação de embargos, que criava um novo processo de conhecimento.
Atualmente isso tudo passou a ser fase do processo. Assim, tem-se a fase cognitiva, depois a fase de execução e, caso a impugnação seja aceita, cria-se uma nova fase cognitiva para julgá-la. Caso a execução continue normalmente, volta-se para a fase executiva.
Desta forma, a defesa do devedor que antes era feita em um processo autônomo, passou a ser um incidente dentro do cumprimento de sentença, ou seja, uma fase cognitiva aberta dentro do cumprimento de sentença, tendo natureza de incidente processual de natureza cognitiva (uma nova fase de conhecimento dentro do mesmo processo).
Isso não é pacífico. Cândido Dinamarco continua entendendo que trata-se de ação autônoma, como eram os embargos. Isso porque ele sempre defendeu que os embargos não tinham que ter acabado. Contudo, é amplamente majoritária a tese de que trata-se de um incidente processual.
Em condições normais, antes da formação do título judicial, já ocorreu um amplo debate com o juiz acerca da existência ou não do direito do exequente, de modo que não se pode admitir uma ampla discussão da questão através da impugnação ao cumprimento de sentença.
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Assim, diferentemente do que ocorre na execução fundada em título extrajudicial, o art. 475-L traz um rol taxativo que elenca as matérias que aqui podem ser alegadas.
Neste momento, fica claro que, de regra, não se pode violar a coisa julgada. É dizer que não dá para rediscutir o que tinha que ser discutido na fase de conhecimento. As matérias elencadas no dispositivo ou trazem vícios muito graves relacionados à citação (neste caso é importante, já que a citação é pressuposto de existência do processo), relacionados à penhora ou ainda questões relacionadas ao título ou à dívida em si, mas posteriores à sentença.
Segue dispositivo legal:
Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- ilegitimidade das partes; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- excesso de execução; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
§ 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Todas as hipóteses serão abordadas.
Numa rápida passagem, mistercomentar alguns incisos. O inciso III assegura o combate à avaliação errônea, ainda que não se tenha impugnado em momento anterior, ou seja, se o réu quiser, pode garantir a execução e depois impugnar o excesso de penhora ou alguma questão com relação à avaliação do bem.
Continuando no texto legal, o inciso IV trata da ilegitimidade das partes. Neste tópico, bom frisar que uma coisa é a ilegitimidade no processo de conhecimento, e outra coisa é a ilegitimidade no processo de execução. Exemplo: na fase de conhecimento se cobrava uma dívida garantida por um fiador. O fiador não figurou no processo, e o
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devedor principal foi condenado. Na hora de executar o exequente o faz em desfavor do fiador. A priori, só se pode executar quem está no título, assim, como o fiador não estava no título, trata-se de parte ilegítima na execução.
Sobre o excesso de execução (inciso V) há interessante questão. A própria lei estipula um requisito específico para a petição inicial (da impugnação), qual seja, a indicação do valor que o impugnante entende correto. A falta desse requisito gera indeferimento de plano da impugnação.
Alguns autores defendem, com base na boa fé processual, que se o único argumento for o excesso da execução, nota-se a presença de um valor incontroverso, qual seja a diferença entre o valor executado e o valor excessivo impugnado. Em sendo assim, seria requisito de admissibilidade da impugnação fundada em excesso de execução o pagamento do valor incontroverso. Trata-se de posicionamento minoritário, apesar de ser o mais correto, segundo Navarro.
No último inciso (VI), digna de nota é a previsão da prescrição. Isso porque se havia a possibilidade de se alegar a prescrição na fase de conhecimento do processo, não se pode fazê-lo aqui. O trânsito em julgado se sobrepõe a esta alegação, ainda que se trate de questão de ordem pública.
Nesse diapasão, importante ressaltar que o que prescreve é a pretensão. A pretensão é aquilo que permite ao polo ativo da relação jurídica impor o cumprimento da obrigação à outra parte. Isso só existe nos chamados "direitos não potestativos".
O direito potestativo dá ao seu titular uma posição jurídica em que ele se esgota assim que é exercido. Exemplo: a partir do momento em que uma pessoa registra um título no registro de imóveis se torna proprietária.
Por outro lado, para que um credor tenha seu crédito satisfeito é necessário que o devedor pague, ou seja, para que o titular do direito não potestativo se satisfaça, é necessário um ato da outra parte (o devedor deve pagar o que deve ao credor) - a prestação. A possibilidade que se tem de coagir a outra parte a cumprir sua prestação é o que se denomina pretensão.
Em resumo, o direito não potestativo envolve uma pretensão de exigir uma prestação. Na maior parte das vezes essa pretensão tem um prazo para ser exercida - trata-se do prazo prescricional.
No tocante à matéria tratada neste encontro, depois que a sentença que condena o réu transita em julgado (antes disso qualquer execução provisória corre por conta e risco do exequente), surge uma nova pretensão, porque se não houver o pagamento voluntário da condenação, o exequente tem, de novo, uma pretensão de obrigar o réu a cumprir com sua prestação.
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Então, do trânsito em julgado da sentença passa a fluir um novo prazo prescricional para a execução dessa sentença. Trata-se de um novo prazo prescricional dentro do mesmo processo, como se fosse uma prescrição intercorrente.
Esse prazo é o mesmo da ação de conhecimento, já que a pretensão é a mesma. O trânsito em julgado da sentença apenas zerou a contagem. É dessa prescrição que a lei está falando.
Ressalte-se que o mandamento legal segundo o qual o juiz deve arquivar o processo caso o exequente não peça a expedição de mandado de avaliação e penhora, nada tem a ver com a prescrição. Apenas se tira da Vara o processo - arquivamento sem baixa. Desde que esteja dentro do prazo prescricional, o exequente pode peticionar pedindo o desarquivamento do processo e, em seguida, pedir a expedição do mandado de penhora e avaliação.
O principal foco de discussão, entretanto, encontra-se no inciso II do art. 475-L do CPC vigente (inexigibilidade do título). A causa mais polêmica se refere ao parágrafo primeiro do dispositivo:
Art. 475-L. (...)
§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
A situação é a seguinte: executa-se uma sentença cujo fundamento é, principalmente, essa norma (em sentido amplo) que o Supremo declarou inconstitucional, de modo que, em se retirando essa lei/norma, a sentença teria outro resultado.
Esse artigo não é bem visto. Isso porque trata-se de relativizar a coisa julgada, então é devida máxima atenção. Há quem entenda que, para que isso ocorra, basta uma decisão do STF seja em controle concentrado, seja uma decisão plenária em controle difuso. Este não é o entendimento majoritário, mas é o entendimento mais radical em favor deste dispositivo.
O posicionamento mais radical contra ele, é pela sua inconstitucionalidade (NERI). Isso porque, em verdade, está-se diante de uma ação rescisória.
Se o título executado for um acórdão do TJ. Como se pode admitir que um juiz de primeiro grau (onde tramitará a execução) rescinda um acórdão do TJ? Não se pode. Todas as rescisórias começam, pelo menos, no Tribunal. Nesse passo, ao se imaginar uma ação de execução de título judicial em que o título seja um acórdão do STJ, seria o caso de um juiz de primeiro grau rescindindo o acórdão proferido naquele Superior
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Tribunal! Assim, essa corrente mais radical entende inconstitucional o §1° do art. 475-L por estes fundamentos. Esse posicionamento também não é o majoritário.
Há ainda um entendimento (um pouco menos radical, mas ainda contrário ao dispositivo) é no sentido de que aquela decisão do Supremo aduzida no tipo legal deve ser dada em controle concentrado, já que para atingir ações individuais, a decisão deve ter efeitos erga omnes, o que não ocorre com as decisões proferidas em controle difuso.
Sustenta ainda essa parcela doutrinária que esta decisão do Supremo (dada em controle concentrado) já deveria existir antes da formação da coisa julgada, ou seja, o juiz teria dado uma sentença e aplicado uma lei que o Supremo já tinha declarado inconstitucional, fazendo o título nascer com defeito (genericamente falando).
Ada Pellegrini sustenta que, para que seja efetivado o mandamento do §1° do art. 475-L do CPC vigente, a decisão do Supremo realmente tem que ser dada em controle concentrado, mas essa decisão pode ser posterior, desde que na modulação dos efeitos ela pegue a época em que a decisão transitou em julgado.
Navarro concorda com este posicionamento, entendendo que se o STF deu efeitos ex nunc à sua decisão, ele quis congelar e estabilizar as situações jurídicas criadas até o momento da sua decisão.Por isso, o título executivo em questão deve estar abrangido pela modulação de efeitos da decisão do STF.
Impende salientar que o Professor Teori Zavascki, atualmente tem um posicionamento bastante favorável a este dispositivo, contudo, no Supremo, quem falou alguma coisa a respeito recentemente foi o Min. Celso de Mello.
Segue ementa do julgado:
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 659.803 RIO GRANDE DO SUL RELATOR MIN. CELSO DE MELLO AGTE.(S) UNIÃO
ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO AGDO.(A/S) CLÁUDIA FONTOURA DIAS ADV.(A/S) RENATA ALVARENGA FLEURY
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - COISA JULGADA EM SENTIDO MATERIAL - INDISCUTIBILIDADE, IMUTABILIDADE E COERCIBILIDADE: ATRIBUTOS ESPECIAIS QUE QUALIFICAM OS EFEITOS RESULTANTES DO COMANDO SENTENCIAL - PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL QUE AMPARA E PRESERVA A AUTORIDADE DA COISA JULGADA - EXIGÊNCIA DE CERTEZA E DE SEGURANÇA JURÍDICAS - VALORES FUNDAMENTAIS INERENTES AO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO - EFICÁCIA PRECLUSIVA DA "RES JUDICATA"- "TANTUM JUDICATUM QUANTUM DISPUTATUM VEL DISPUTARIDEBEBAT" - CONSEQUENTE IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO DE CONTROVÉRSIA JÁ APRECIADA EM DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO, AINDA
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QUE PROFERIDA EM CONFRONTO COM A JURISPRUDÊNCIA PREDOMINANTE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - A QUESTÃO DO ALCANCE DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 741 DO CPC - MAGISTÉRIO DA DOUTRINA - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
A superveniência de decisão do Supremo Tribunal Federal, declaratória de inconstitucionalidade de diploma normativo utilizado como fundamento do título judicial questionado, ainda que impregnada de eficácia "ex tunc" - como sucede, ordinariamente, com os julgamentos proferidos em sede de fiscalização concentrada (RTJ 87/758 - RTJ 164/506-509 - RTJ 201/765) -, não se revela apta, só por si, a desconstituir a autoridade da coisa julgada, que traduz, em nosso sistema jurídico, limite insuperável à força retroativa resultante dos pronunciamentos que emanam, "in abstracto", da Suprema Corte. Doutrina. Precedentes.
- O significado do instituto da coisa julgada material como expressão da própria supremacia do ordenamento constitucional e como elemento inerente à existência do Estado Democrático de Direito.
O que o Min Celso de Mello diz, em seu posicionamento que trata não só do art. 475-L mas também do art. 741, p. único; todos do CPC, é que trata-se de coisa julgada, cuja soberania deve ser respeitada. Desta maneira, ressalvadas as teses de relativização da coisa julgada - com as quais ele não concorda -, a única forma de rescindira sentença transitada em julgado é através da ação rescisória, cujo prazo é de dois anos.
Assim, se já se passaram dois anos do trânsito em julgado, independentemente do tipo de decisão tomada pelo STF, a verdade é que este fundamento já não mais pode ser utilizado, dada soberania da coisa julgada (coisa julgada soberana).
Esse posicionamento é o que de mais novo se tem a respeito do tema. Então, atualmente, numa prova objetiva, esse é o posicionamento a ser adotado.
Ditado pelo professor:
"Sobre a inexigibilidade do título fundada em declaração de inconstitucionalidade da norma que lhe dá suporte 'art. 475-L, §1° e art. 741, parágrafo único':
Primeira corrente - A norma é inconstitucional porque viola a coisa julgada, bem como a competência dos Tribunais para julgar Ação Rescisória (artigos 102, 105 e 109, todos da Constituição Federal). Nesse sentido, Nélson Neri.
Segunda corrente - A norma é constitucional, desde que proferida a decisão em controle concentrado de constitucionalidade e desde que abrangido o período pela modulação de efeitos dessa decisão (ressalta-se que, se não houver modulação, os efeitos são ex-tunc). Nesse sentido, Ada Pellegrini.
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Terceira corrente - Necessidade de que o acórdão do STF seja anterior à data de formação do título executivo. Nesse sentido, Marinoni.
Não obstante, entende o Prof. Marinoni, assim como o Min. Gilmar Mendes, que as decisões proferidas em controle difuso, desde que proferidas pelo plenário, tem a mesma força vinculante do que aquelas proferidas em controle concentrado, o que não é majoritário.
Quarta corrente - Admite-se inclusive decisão do Supremo proferida em controle difuso, desde que haja resolução do Senado ampliando-lhe os efeitos subjetivos. Nesse sentido, Araken de Assis.
Quinta corrente - Admite-se decisão em controle difuso sem qualquer outra exigência. Nesse sentido, Min. Teori Zavascki.
Observação: O último acórdão a respeito foi relatado pelo Min. Celso de Mello, preservando a autoridade da coisa julgada e exigindo que seja respeitado o prazo de dois anos equivalente ao da ação rescisória.
Efeito suspensivo da impugnação
Anteriormente, uma vez apresentados os embargos, a execução era suspensa. Isso era ruim, porque bastava o executado garantir o juízo que, mesmo que os embargos não tivessem fundamento nenhum, a execução ficava suspensa até o julgamento dos embargos.
Agora é necessário, além da garantia do juízo, para que a impugnação alcance efeitos suspensivos, é necessário ainda que haja fumus boni iuris e periculum in mora, na forma do art. 475-M do CPC:
Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
O efeito suspensivo impede a alienação do patrimônio (a penhora já foi executada), e demais meios de expropriação.
Não obstante, o parágrafo primeiro do art. 475-M aduz que a execução pode continuar, desde que o exequente preste caução suficiente e idônea. Isso porque se a execução seguir e o patrimônio for alienado, isso gerará um dano, uma perda para o executado; e se a impugnação for julgada procedente, deve o exequente devolver esse valor.
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Para garantir que o exequente arque com os prejuízos causados pela continuidade da execução, deve ele caucionar o juízo. Segue dispositivo legal:
§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei n°
de 2005)
Em verdade, há uma forma de seguir sem a caução, mas o assunto será tratado em momento oportuno.
Por hora, devem ser lembrados os seguintes tópicos:
S Para apresentar impugnação deve-se garantir o juízo;
S Para obter efeito suspensivo, devem ser demonstrados o fumus boni iuris e o periculum in mora;
S Ainda que concedido efeito suspensivo, a execução pode continuar a partir da apresentação de caução.
Em prol da dignidade da pessoa humana, a caução pode ser relevada motivadamente pelo juiz, aplicanso-se-lhe por analogia o disposto no art. 475-O, §2° do CPC, relativo à execução provisória (tema que será abordado em momento oportuno).
Recurso contra a decisão em impugnação
Antes de se especificar o recurso cabível, mister primeiro saber a natureza jurídica da decisão.
Para parte da doutrina, trata-se de decisão interlocutória. Para o Prof. Erik, trata- se de uma sentença, porque a partir do momento em quese define o conceito de sentença como sento um ato que tem por conteúdo um dos incisos do art. 267 ou 269 do CPC e que coloca fim a uma fase cognitiva do processo, esta decisão tem que ser uma sentença. Efetivamente, deverá conter uma das matérias elencadas e encerra uma fase cognitiva que é a fase de impugnação ao cumprimento de sentença.
Ocorre que o art. 475-M, §3° do CPC definiu qual seria o recurso capaz de combater a decisão que resolve a impugnação:
§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Sendo assim, o recurso dependerá do resultado da impugnação. Caso a execução prossiga, caberá agravo de instrumento; caso seja extinta, caberá apelação. A decisão aqui foi pragmática: o agravo de instrumento é proposto direto no Tribunal; a apelação
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deve subir junto com os autos. Se a execução fosse continuar, seria muito burocrático, já que demandaria a realização de autos suplementares e etc.
Bom ressaltar que, neste caso, há duas possibilidades de condenação em honorários. Na sentença que forma o título judicial já há condenação em honorários. Se a pessoa não pagou voluntariamente, quando o juiz expede o mandado de penhora e avaliação ele já fixa uma verba honorária, somando-se esta verba ao total da execução com finalidade de definir o quantum a ser pago e/ou o valor da garantia do juízo.
Assim, quando o executado opõe a impugnação, acaba gerando uma nova fase de conhecimento, ou seja, mais trabalho para o advogado. Desta forma, se ele perde a impugnação devem ser impostos novos honorários para o advogado.
O STJ entende que a soma dos honorários impostos no início da execução e os impostos após a decisão dos embargos não pode passar de 20% do valor da execução. Navarro não concorda. Para ele, são fases distintas e, como tais, cada uma delas deveria obedecer ao limite máximo.
2° Horário
Títulos executivos judiciais
Nesta segunda parte, será abordado o rol do art. 475-N do CPC, que trata dos títulos executivos judiciais.
Segue dispositivo:
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei n°
de 2005)
- a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- a sentença arbitral; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
- o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei n°
de 2005)
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Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. (Incluído pela Lei n° 11.232, de 2005)
Sentença que reconhece a obrigação
A primeira observação digna de nota é que o primeiro inciso do dispositivo traz a palavra "sentença" como sinônimo de decisão exequível, já que o dispositivo não fala nos acórdãos e nas decisões em tutela antecipada, por exemplo. Ressalta-se ainda que não se exige o trânsito em julgado, dadas hipóteses de execução provisória.
Até 2005 este inciso fazia alusão apenas à sentença cível condenatória, agora, ele trata de sentença que reconheça obrigação. As sentenças declaratórias e as constitutivas (positivas ou negativas) são intransitivas, ou seja, não precisam ser executadas, produzindo efeitos por si sós, diferente da condenatória (condena-se alguém a uma prestação, se o condenado não prestar, executa-se). Assim, só fazia sentido se falar em execução de sentença condenatória.
Ocorre que, pela leitura do inciso I do dispositivo colacionado, aparentemente fez menção o legislador às sentenças declaratórias. Para entender o motivo de tal redação, necessário voltar para os idos de 2003/2004, quando alguns acórdãos do Min. Teori Zavascki, ainda Ministro do STJ, em que eram julgados casos complicados que realmente prejudicavam o contribuinte em matéria tributária.
O caso era o seguinte: O sujeito ajuizava uma ação declaratória pedindo direito à compensação tributária dizendo pagava um tributo indevido (e já tinha pagado boa parte dele, inclusive) e por isso queria compensar esses valores pagos indevidamente com outros valores de tributos devidos. O contribuinte obtinha a declaração desse direito e começava a compensar.
Ocorre que tempos depois aquela empresa parava de exercer atividade comercial (ficava inerte). Quando isso acontece, como não há faturamento, praticamente não há tributos a pagar, e o sujeito ainda tinha créditos sem ter com o que compensar. Daí ele executava essa sentença.
O judiciário, nesse momento, dizia que não se podia executar porque não se tinha uma sentença condenatória, mas sim declaratória, devendo, portanto, o contribuinte ajuizar uma ação de repetição de indébito, apesar de ele já ter levado anos para ter reconhecido o direito de compensar, e etc.
O Min. Teori passou a falar o seguinte: uma sentença declaratória da obrigação que reconheça todos os seus elementos (sujeitos ativo e passivo, objeto, prazo e montante), a partir do momento em que fique clara sua exigibilidade, é equivalente a uma sentença condenatória, então, passível de execução.
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O que o código fez foi somente positivar esse entendimento. Assim, na verdade, a sentença que reconhece a existência de uma obrigação só pode ser executada se essa obrigação for líquida certa e exigível, ou seja, se equivale à sentença condenatória abrangendo também os acórdãos e sentenças declaratórios, o que evita que haja esse tipo de discussão.
Sentença penal condenatória
A sentença penal condenatória, na forma do inciso II do art. 475-N também é título executivo judicial, exigindo-se, entretanto o trânsito em julgado, em homenagem à presunção de não culpabilidade.
Tem-se a chamada actio civilis ex delicto, que é a possibilidade de se buscar no juízo cível uma reparação em razão de ter sofrido o cometimento de um crime. Além dela, é possível esperar a condenação criminal transitar em julgado, pegar aquele valor e executar no cível.
Normalmente essa sentença é ilíquida, devendo o exequente liquidá-la para só então prosseguir com a execução. Tudo isso através de uma ação autônoma. O rito dessa ação autônoma é o do cumprimento de sentença.
Ocorre que nessas transformações recentes (2008) adveio o art. 387, IV e 63, todos do CPP. Seguem dispositivos:
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei n° 11.719, de 2008)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei

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