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Ficha 2 Metodologia I 2015s1

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PLANO DE ENSINO - FICHA No 2 
Disciplina: Metodologia de Pesquisa I – Turma A – Manhã Código: HP 260 
 
Natureza: Semestral Carga horária total: 30hs AT: 02 AP: 00 Estágio: 00 Créditos: 02 
 
EMENTA 
 
A pesquisa como processo. Problemas de mensuração em psicologia: validade, precisão, escalas. Formulação do 
problema e das hipóteses. Definição de conceitos. Projeto de pesquisa: delineamento do modelo, coleta de dados, 
verificação das hipóteses, análise e interpretação dos dados. Métodos de observação, questionários e entrevistas. 
Inferência de dados causais. Uso de dados quantificados na análise e interpretação. Ética em pesquisa. 
 
OBJETIVO 
 
Ao final da disciplina o aluno deverá ser capaz de programar uma pesquisa científica em psicologia em todas as 
suas etapas. 
 
PROGRAMA 
 
Aula 1 – 24/02 – Apresentação da disciplina; funções da pesquisa científica (teoria baseada em evidências e 
prática baseada em evidências); pesquisa como processo de tomada de decisão – o método científico 
como controle sobre o processo de conhecer. 
Aula 2 – 03/03 – Variáveis, unidades de uma variável e conjunto de variáveis. (Texto 1) 
Aula 3 – 10/03 – A formulação da pergunta de pesquisa (Textos 2 e 3) 
Aula 4 – 17/03 – Avaliação e refinamento de uma pergunta de pesquisa: Relevância social e acadêmica (Texto 
4) 
Aula 5 – 24/03 – Níveis de mensuração das variáveis; controle e generalidade em pesquisa científica (Textos 4 e 
5) 
Aula 6 – 07/03 – A delimitação das fontes de informação (registros diretos e indiretos; caracterização vs. 
correlação vs. experimentação) (Texto 6) 
Aula 7 – 14/04 – Pesquisas baseadas em observação direta (Texto 7) 
Aula 8 – 21/04 – Pesquisas baseadas em relato (questionários, escalas e entrevistas) (Textos 8) 
Aula 9 – 28/04 – Pesquisas experimentais com comparação inter-sujeitos (Textos 9 e 10) 
Aula 10 – 05/05 – Pesquisas experimentais com comparação intra-sujeito (Texto 11) 
 – 12/05 – Semana acadêmica 
Aula 11 – 19/05 – Seminários de pesquisa 
Aula 12 – 26/05 – Seminários de pesquisa 
Aula 13 – 02/06 – Seminários de pesquisa 
Aula 14 – 09/06 – Análise de dados (Texto 12) 
Aula 15 – 16/06 – Ética em pesquisa animal; Ética em pesquisa com seres humanos (Textos 13 e 14) 
Aula 16 – 23/06 – Entrega do projeto e encerramento da disciplina 
30/06 – Semana de preparação para final 
07/07 – Prova final 
 
BIBLIOGRAFIA 
Leitura Obrigatória 
Texto 1 – Botomé, S. P. (S/D). Noção de variável. Texto didático não publicado. 
Texto 2 – Botomé, S.P. (1997). Processos comportamentais básicos em metodologia de pesquisa: Da delimitação 
do problema à coleta de dados. Chronos, 30(1), 43-69. 
Texto 3 – Luna, S. V. (2003). Planejamento de pesquisa: Uma introdução (pp. 13-48). São Paulo: Educ 
Texto 4 – Booth, W.C., Colomb, G.G., Williams, J.M. (2005/1995). A arte da pesquisa (Caps. 3 e 4, pp. 45-83). 
São Paulo: Martins Fontes. 
Texto 5 – Fife-Shaw, C. (2010/2006). Níveis de mensuração. Em: G. M. Breakwell; S. Hammond; C. Fife-
Schaw & J. A. Smith. (Eds.). Métodos de pesquisa em psicologia (cap. 3; pp. 64-77) Porto Alegre ArtMed. 
Texto 6 – Luna, S. V. (2003). Planejamento de pesquisa: Uma introdução (pp. 48-63). São Paulo: Educ 
Texto 7 – Cozby, P. C. (2003/2001). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento (Cap. 6, pp. 123-140) 
São Paulo: Atlas 
Texto 8 – Cozby, P. C. (2003/2001). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento (Cap. 7, pp. 141-170) 
São Paulo: Atlas 
Texto 9 – Cozby, P. C. (2003/2001). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento (Cap. 8, pp. 171-194) 
São Paulo: Atlas 
Texto 10 – Cozby, P. C. (2003/2001). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento (Caps. 9 e 10, pp. 
195-236) São Paulo: Atlas 
Texto 11 – Sampaio, A.A.S.; Azevedo, F.H.B.; Cardoso, L.R.D.; Lima, C.; Pereira, M.B.R.; Andery, M.A.P.A. 
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. Interação em Psicologia, 12, 151-164. 
Texto 12 – Luna, S. V. (2003). Planejamento de pesquisa: Uma introdução. (pp. 63-68). São Paulo: Educ 
Texto 13 – Lei nº 11.794, República Federativa do Brasil (2008). Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm 
Texto 14 – Res. nº 466, Conselho Nacional de Saúde (2012). Disponível em: 
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf 
 
Leitura Complementar 
American Psychological Association (2012). Manual de publicação da APA. Porto Alegre: Penso 
Breakwell, G.M., Hammond, S., Fife-Schaw, C., & Smith, J. A. (2010/2006). Métodos de pesquisa em 
psicologia. Porto Alegre ArtMed. 
Booth, W.C., Colomb, G.G., Williams, J.M. (2005/1995). A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes. 
Cozby, P. C. (2003/2001). Métodos de pesquisa em ciências do comportamento. São Paulo: Atlas 
Lakatos, E.M., Maroni, M.A. (1991). Metodologia científica. São Paulo: Atlas. 
Luna, S. V. (2003). Planejamento de pesquisa: Uma introdução. São Paulo: Educ 
Bachrach, A. J. (1969/1965). Introdução à pesquisa psicológica. São Paulo: E.P.U. 
McGuigan, F. J. (1976/1968). Psicologia Experimental: Uma abordagem metodológica. São Paulo: E.P.U. 
Breakwell, G.M.; Hammond, S.; Fife-Schaw, C.; Smith, J. A. (2010/2006). Métodos de pesquisa em psicologia. 
Porto Alegre: ArtMed. 
Sidman, M. (1976/1960). Táticas da pesquisa científica: Avaliação dos dados experimentais na psicologia. São 
Paulo: Brasiliense 
Volpato, G. (2007). Bases teóricas para redação científica. São Paulo: Cultura Acadêmica 
Weston, A. (2009). A construção do argumento. São Paulo: Martins Fontes 
 
METODOLOGIA DE TRABALHO 
 
A disciplina está organizada de modo que os textos de leitura obrigatória constituem a base do conhecimento a 
ser dominado na disciplina. As aulas teóricas, apesar de versarem sobre as mesmas temáticas dos textos, não se 
restringirão a eles. O início de cada aula será dedicado tirar dúvidas dos textos e a uma avaliação breve sobre o 
conteúdo desses textos. O restante da aula será constituído de uma aula dialogada sobre o mesmo tema mas 
abordando tópicos complementares ao texto. As atividades esperadas dos 
 
Orientações para o seminário: 
Os seminários constituir-se-ão de apresentações dos projetos de pesquisa formulados até o momento. Os alunos 
do grupo que apresentará deve descrever muito sucintamente a argumentação da introdução que justifica seu 
projeto e explicitar o método justificando as decisões tomadas. As apresentações de cada grupo deve durar até 20 
minutos. 
Os critérios de avaliação dos grupos que apresentarão serão: 
(1) Apresentação dentro do tempo estipulado; 
(2) Apresentação das justificativas sociais e acadêmicas para o objetivo; 
(3) Apresentação de todos os aspectos relevantes do método; 
(4) Apresentação das justificativas para as decisões metodológicas tomadas no projeto. 
Para cada apresentação, um segundo grupo será escolhido aleatoriamente para comentar o projeto do grupo que 
acabou de apresentar. Os comentários devem versar sobre as decisões tomadas no projeto (nenhum aspecto 
formal da apresentação – eloquência, organização visual dos slides, etc. – é importante nessa análise). Eles 
podem ser pedidos de esclarecimento de aspectos que ficaram obscuros na apresentação, discussões sobre 
alternativas metodológicas para as estratégias apresentadas ou avaliações dobre a contribuição que a pesquisa 
proposta traz para o conhecimento já existente. 
Os critérios de avaliação dos grupos que comentarão serão: 
(1) Síntese adequada do projeto apresentado e pedidos pertinentes de esclarecimentos; 
(2) Avaliação pertinente das decisões metodológicas apresentadas no projeto; 
(3) Identificação da pesquisa apresentada nas tipologias apresentadas na disciplina (pesquisa de 
caracterização, correlação ou experimental; uso de observação direta ou indireta, etc.) 
 
Orientações para redaçãodo projeto: 
O projeto de pesquisa deve ser entregue por e-mail (brunoastr@gmail.com) em formato compatível com 
Microsoft Word. O texto do projeto deve seguir rigorosamente do “Roteiro para redação de Projetos de 
Pesquisa” (Apêndice 1) e o Guia “Genérico para redação de textos acadêmicos” (Apêndice 2). 
 
AVALIAÇÃO 
A composição das notas será realizada como se segue; 
Atividades em sala................................................................................................................................4,0 
Projeto de pesquisa...............................................................................................................................5,0 
Apresentação do projeto no seminário de pesquisa..............................................................................1,0 
 
Validade: 
 
Professor Responsável : Bruno Angelo Strapasson 
 
Chefe do Departamento: João Rosler 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE 1 
 
Roteiro para redação do projeto de pesquisa 
Este documento consiste na disposição de dicas para a redação do roteiro de pesquisa da disciplina Metodologia 
de Pesquisa I. Abaixo serão apresentadas orientações para a redação do projeto que podem servir como um check 
list a ser verificado ao final de sua redação. Espero que esse documento ajude a orientar vocês na redação do 
projeto. Caso tenham dúvidas podemos marcar horários extra-classe para resolver eventuais dificuldades que os 
grupos tenham ao redigir seus projetos. É importante, entretanto, notar que a redação do projeto é uma tarefa 
demorada e que não deve ser deixada para a última hora, pois não é possível redigir um projeto com qualidade 
em muito pouco tempo e sem a atenção adequada para a revisão de detalhes do mesmo. 
( ) Certifique-se que todas as orientações do documento “Guia genérico para redação de textos acadêmicos” 
foram seguidas; 
( ) Cerifique-se que na sua introdução você apresentou justificativas sociais e acadêmicas pertinentes para a sua 
pergunta de pesquisa; 
( ) Cerifique-se que na sua introdução você apresentou todos os argumentos que você encontrou para justificar o 
seu problema de pesquisa estão contidos no seu texto; 
( ) Certifique-se que nenhuma informação que não seja essencial para justificar seu problema de pesquisa está 
contida na sua introdução. Seja objetivo na redação do seu texto. 
( ) Certifique-se que você relatou com clareza e precisão a sua pergunta de pesquisa na forma de objetivo ao 
final da introdução; 
( ) Certifique-se de que ao descrever o seu método você apresentou quais serão os participantes da sua pesquisa. 
( ) Certifique-se de que ao descrever o seu método você justificou porque os participantes da pesquisa serão 
esses e não outros. 
( ) Certifique-se de que ao descrever o seu método você indicou como irá abordar os participantes para incluí-los 
no estudo. 
( ) Certifique-se de que ao descrever o seu método você descreveu adequadamente o seus instrumentos de modo 
que o leitor seja capaz de conseguir instrumentos que façam o mesmo tipo de medida. 
( ) Certifique-se de que ao descrever o seu método você descreve os procedimentos adotados para coletar os 
dados de modo que o leitor possa, se quiser, replicar sua pesquisa. 
( ) Certifique-se de que você deixa claro quais resultados espera encontrar com a aplicação da sua pesquisa. 
Asserções que indicam genericamente que você contribuirá com a perspectiva teórica adotada ou para a área do 
conhecimento não são adequadas. 
( ) Certifique-se de você deixou claro quais serão os critérios usados para analisar os seus dados e quais critérios 
serão usados para avaliar se os resultados obtidos são ou não compatíveis com os resultados esperados. 
( ) Certifique-se de que você citou corretamente todos os textos usados para fundamentar o seu projeto. 
( ) Certifique-se que as normas indicadas para a formatação do projeto (normas da APA) foram completamente 
atendidas. 
( ) Certifique-se de que você assegurou em seu método as condições necessárias para permitir que os 
participantes possam fazer uma escolha livre e esclarecida sobre sua participação. Avaliem se os participantes 
não estão em posição de vulnerabilidade em relação ao pesquisador. 
( ) Certifique-se que os princípios da beneficência, não-maleficiência, autonomia e justiça foram adequadamente 
contemplados no seu projeto de pesquisa. 
 
A leitura cuidadosa dos textos indicados abaixo é obrigatória. As indicações feitas nesses textos serão cobradas 
na correção do relatório. 
 
Luna, S. V. (2003). Planejamento de pesquisa: Uma introdução. (pp. 80-105). São Paulo: Educ 
 
American Psychological Association (2012). Manual de publicação da APA (Cap. 3, pp. 81-112). Porto Alegre: 
Penso. 
 
 
 
 
 
APÊNDICE 2 
GUIA GENÉRICO PARA REDAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS1 
• Introdução: 
Ø Contexto teórico (qual o contexto da pesquisa?); 
_ Explicitação do referencial teórico 
_ Definição dos termos chave 
_ Revisão da literatura 
Ø Justificativas (qual a importância da pesquisa?); 
_ Justificativas sociais e acadêmicas 
Ø Objetivo (o que a pesquisa almeja alcançar?). 
_ Objetivo geral; 
_ Objetivos específicos*. 
• Método (como se pretende alcançar esses objetivos?): 
Ø Instrumentos / fontes de dados 
_ Indicação dos materiais, softwares e outros equipamentos utilizados na coleta dos dados. 
Ø Participantes*. 
_ Descrição dos sujeitos que participaram de sua pesquisa. 
Ø Procedimentos. 
_ Atividades que o pesquisador desenvolveu para chegar ao resultado de uma pesquisa. 
Ø Análise dos dados*. 
_ Estratégias utilizadas para avaliar a fidedignidade, generalidade e adequação dos resultados às 
hipóteses da pesquisa. 
• Resultados (o que foi verificado com a aplicação do método?): 
Ø Descrição sintética dos resultados. 
Ø Tabelas, quadros e figuras que facilitem a compreensão dos resultados*. 
Ø Avaliação preliminar dos resultados em relação ao objetivo e hipóteses do trabalho. 
• Discussão (como os resultados obtidos se relacionam com a literatura da área e com os limites da 
metodologia?): 
Ø Tentativa de explicação dos resultados baseada nas indicações da literatura. 
Ø Avaliação dos alcances e limites dos resultados. 
• Conclusão (O que se conseguiu alcançar com a pesquisa e quais são os próximos passos a serem dados 
na compreensão do tema?): 
Ø Argumento final derivado das discussões obtidas no tópico anterior. 
Ø Avaliação sobre a capacidade do método de responder ao seu objetivo*. 
Ø Sugerir possíveis implicações do seu trabalho. 
Ø Indicações de novas pesquisas que possam cobrir as lacunas deixadas por sua pesquisa. 
* A presença desses itens depende da pesquisa desenvolvida. 
 
O texto acadêmico 
Um artigo ou trabalho acadêmico tem uma função principal. A saber: convencer seu leitor da 
importância e adequação de suas conclusões. Para isso ele deve ser estruturado de modo que o induza a aceitar 
seus argumentos. As partes do trabalho estão dispostas de modo a facilitar essa tarefa e têm funções específicas 
na construção do argumento geral representado pelo texto acadêmico2. Se um trabalho acadêmico é uma 
tentativa de convencer um leitor, o primeiro passo é conhecer esse leitor para se planejar quais são os 
argumentos aos quais você deverá recorrer. No caso de uma pesquisa acadêmica, o leitor é sempre um outro 
pesquisador interessado na área. Afinal, dadas as peculiaridades da escrita científica e da validação dos 
conhecimentos em ciência, o leigo frequentemente não tem condições de compreender e avaliar criticamente um 
trabalho científico. Desse modo, toda a tese defendida em um trabalho acadêmico, e especialmente os 
argumentos que sustentam essa tese, devem usar argumentos direcionados ao leitor pesquisador. A seguir serão1	
   Texto	
   redigido	
  para	
   orientar	
   alunos	
   de	
   graduação	
  na	
   redação	
  de	
   trabalhos	
   acadêmicos.	
   É	
   importante	
   lembrar	
   que	
   as	
  
orientações	
  contidas	
  neste	
  texto	
  não	
  se	
  sobrepõe	
  a	
  quaisquer	
  orientações	
  dadas	
  em	
  sala	
  e	
  não	
  se	
  aplicam	
  diretamente	
  a	
  
outras	
  finalidades.	
  Em	
  qualquer	
  contexto	
  em	
  que	
  haja	
  um	
  sistema	
  diferente	
  de	
  orientações	
  que	
  conflite	
  com	
  este	
  deve-­‐se	
  
priorizar	
  o	
  outro	
  sistema.	
  Texto	
  não	
  publicado.	
  Autor:	
  Bruno	
  A.	
  Strapasson	
  
2	
  Um texto acadêmico pode ser considerado um argumento geral na medida que expõe o contexto de sua validade e faz as 
afirmações das quais pretende convencer o leitor. 
indicados os elementos e funções de cada parte de um trabalho acadêmico tradicional. A estruturação aqui 
proposta não é rígida e nem universal, mas é aplicável à maior parte dos trabalhos acadêmicos e, especialmente, 
às pesquisas empíricas. 
Introdução: A introdução é o espaço onde o autor situa o leitor quanto ao contexto teórico que irá 
adotar, justifica a realização de sua pesquisa e explicita os objetivos a serem alcançados com a pesquisa. A noção 
de contexto teórico refere-se à perspectiva teórica que será adotada ao longo do texto (na psicologia isso pode se 
referir às escolas psicológicas – ex. Behaviorismo Radical, Psicanálise, Gestalt, etc -, às teorias específicas sobre 
o funcionamento do objeto de estudo – ex. teoria da terapia de aceitação e compromisso, psicologia institucional, 
teoria da representação social, etc – ou aos enfoques de análise – ex. identificação de categorias verbais, 
avaliação de relações de transferência, atribuição de responsabilidade, etc.) e à delimitação dos principais 
conceitos teóricos que serão usados no decorrer do artigo. Um contexto teórico abarca também o montante 
acumulado de pesquisas já desenvolvidas sobre um determinado tema. É importante descrever as principais 
pesquisas dispostas na literatura para que seu leitor compreenda qual o papel de sua pesquisa no corpo teórico da 
ciência. Um artigo/trabalho sobre o efeito da um tipo específico de supervisão clínica sobre o atendimento 
psicoterapêutico em uma clínica-escola deve definir o que é e quais as funções da supervisão clínica, o que é 
psicoterapia, qual a relação entre a psicoterapia e a supervisão clínica, quais as características do contexto 
clínica-escola e descrever quais as principais pesquisas que já abordaram o tema. Este contexto teórico situará o 
leitor quanto ao tipo de análise que será desenvolvida delimitando os argumentos válidos para se interpretar o 
trabalho. Nesse caso, nenhum leitor poderá criticar seu trabalho partindo de pressupostos de outras teorias. 
As justificativas são os argumentos apresentados pelo autor para convencer o leitor da importância de 
sua pesquisa. Se seu trabalho não for bem justificado, se você não convencer seu leitor de que ele é importante, 
ele provavelmente não será nem lido. As justificativas podem ser de dois tipos: acadêmicas e sociais. A primeira 
diz respeito às contribuições de sua pesquisa ao conhecimento já produzido sobre o tema e isso só pode ser 
indicado em relação à literatura da área. É apenas avaliando a literatura que se conhece aquilo que já foi feito e o 
que ainda precisa ser pesquisado (se sua pesquisa aborda algo que ainda não foi pesquisado ou investiga um 
tema já conhecido mas com uma metodologia que poderá trazer maiores contribuições à compreensão de um 
tema, descreva isso: essa será uma de suas justificativas acadêmicas). É também na avaliação da literatura que se 
encontram indícios sobre a importância de uma variável específica na determinação do evento de interesse. Se já 
se sabe que a variável que você quer pesquisar é importante na determinação de vários eventos, diga isso ao seu 
leitor, se já se saber que ela não é importante na determinação do evento de interesse, mude sua estratégia de 
pesquisa (a não ser que você duvide da adequação dos métodos utilizados até então). A segunda (a social) refere-
se ao potencial da pesquisa em gerar mudanças relevantes na sociedade, ou seja, argumentos que indiquem como 
a comunidade acadêmica poderá se beneficiar dos resultados da pesquisa são justificativas sociais. Note que, se o 
leitor de um trabalho acadêmico é o pesquisador da área, é a ele que a justificativa deve ser redigida. A 
população em geral (inclusive os participantes da pesquisa) só serão beneficiados indiretamente pela construção 
de conhecimento e portanto são de menor importância aqui. Quando se descobre fatores específicos que 
determinam a atuação do psicólogo clínico a partir de pesquisas, não são os clientes e a população em geral que 
serão beneficiados diretamente mas sim os professores de psicologia clínica e os psicólogos clínicos que poderão 
planejar melhor suas intervenções. Em suma, as justificativas tentam responder o porquê de se fazer a pesquisa 
em questão. A importância de uma pesquisa será diretamente proporcional à força dos argumentos apresentados 
pelo autor nessa tarefa (um especial destaque nesse quesito pode ser dado à novidade do estudo – parte daquilo 
que chamamos de justificativa acadêmica). 
O objetivo é uma conclusão lógica dos argumentos apresentados no contexto teórico e nas justificativas. 
Se já se sabe quais as informações conhecidas em determinado contexto teórico, e qual é a importância de se 
pesquisar esse tema, resta apenas clarificar quais os conhecimentos que o seu trabalho pretende investigar. O 
objetivo refere-se às metas a serem alcançadas por meio da aplicação de um procedimento (que será o método). 
Preferencialmente o objetivo é redigido no infinitivo e é apresentado como o último parágrafo da introdução 
(alternativamente é possível se criar um tópico separado para ele). Em muitos livros sobre a construção de 
objetivos há a indicação da diferenciação entre objetivo geral e objetivos específicos. Essa diferenciação não é 
obrigatória nem necessária e só tem utilidade quando seu objetivo geral não pode ser redigido de modo a evitar a 
abrangência de metas que não serão necessariamente acessadas. Caso isso aconteça é necessário delimitar quais 
aspectos da meta serão diretamente avaliados e quais não serão, essa diferenciação constituirá seus objetivos 
específicos. Em resumo, o objetivo indica qual elemento específico de sua pergunta de pesquisa será 
efetivamente avaliado por sua pesquisa. 
Para avaliar se sua introdução está boa peça para um colega ler o texto de sua introdução (sem ter acesso 
ao objetivo) e adivinhar o seu objetivo. Se ele for capaz de supor um objetivo próximo do seu é porque sua 
introdução provavelmente está boa. 
Método: O método é a explicação de como o autor do trabalho vai abordar a pergunta de pesquisa na 
tentativa de alcançar seu objetivo. Ele normalmente é composto de quatro partes: Instrumentos/Materiais, 
Sujeitos/Participantes, Procedimentos e Análise dos dados. A precisão e extensão em que o método deve ser 
descrito deve ser planejada tendo 
em vista a possibilidade de replicação de sua pesquisa, o método deve ser descrito de modo que alguém 
interessado tenha informações suficientes para replicar a pesquisa e obter os mesmos resultados. 
O tópico Instrumentos/Materiais envolve a descrição de toda espécie de 
equipamentos utilizados na coleta dos dados. Desde os aparatos experimentais presentes em laboratórios de 
ponta até questionários ou materiais lúdicos utilizados na coleta de dados devem ser descritos nesse tópico. 
frequentemente, o local de realização da pesquisa é também descrito aqui. 
Os sujeitos/participantes de uma pesquisa são aqueles sobre os quais são aplicados os procedimentos da 
pesquisa. Convencionalmente usamos o termo “participantes”para se referir a humanos e “sujeitos” para se 
referir a animais. A descrição de todas as características relevantes dos sujeitos deve ser aqui realizada. 
Exemplos comuns de características relevantes são, para humanos: perfil sócio-econômico, idade, gênero, 
escolaridade, etc.; para animais usualmente indicamos: espécie, origem, peso, procedimentos de manutenção etc. 
Entretanto, a escolha e minúcia na descrição dessas 
características depende do método utilizado e do objetivo de pesquisa, sempre visando a possibilidade de 
replicação do estudo. 
O item Procedimentos se refere àquilo que o pesquisador faz com os sujeitos e instrumentos indicados 
nos locais eleitos para a pesquisa. Em geral descreve-se, nesse tópico, a forma de se abordar os sujeitos, as 
instruções dadas aos participantes, a programação feita nos equipamentos e a frequência e duração com que os 
participantes foram expostos às situações de teste, dentre outros. Mais uma vez a escolha dos elementos que irão 
compor esse tópico devem ser escolhidas na tentativa de possibilitar a replicação 
da pesquisa. 
O item análise dos dados tem a função de informar ao leitor como os resultados serão avaliados: se 
haverá alguma avaliação estatística (se sim quais testes serão utilizados), quais serão os critérios para avaliar a 
adequação ou a negação da hipótese de pesquisa, etc. A escolha das estratégias de análise dos dados é totalmente 
dependente das outras partes do seu método devem ser definidos pela natureza dos dados obtidos (ex. 
qualitativos, 
quantitativos, interdependentes, etc.). 
Para avaliar se sua descrição do método é adequada, imagine um leitor que não conhece seu trabalho 
(sua faculdade, o local onde realizou a pesquisa e nem o contexto em que você vive) que mora em outro estado 
da federação e que quer replicar seu estudo. Se você considerar que esse leitor seria capaz de refazer seu estudo 
obtendo os mesmos resultados (na medida do possível) é porque sua descrição do método provavelmente está 
boa. 
Resultados: Os resultados consistem simplesmente na descrição dos dados obtidos por meio da 
aplicação do método de forma clara, objetiva (em contraposição à subjetiva) e concisa. É necessária uma 
exposição clara e didática dos seus resultados. Para isso, frequentemente são utilizados quadros, tabelas e 
figuras (gráficos, diagramas, fluxogramas, etc.). Esses elementos devem ser escolhidos de acordo com seu 
potencial de tornar os resultados mais facilmente compreensíveis, salientando aqueles resultados mais relevantes 
para o objetivo. Entretanto, ainda que os resultados tenham sido expressos em figuras, tabelas ou quadros é 
importante que os dados mais relevantes presentes nesses recursos sejam descritos também textualmente. É a 
isso que se refere a descrição sintética dos resultados. Essa descrição é sintética porque enfoca apenas os dados 
mais relevantes obtidos. Ao descrever esses resultados convém indicar a adequação desses dados às 
hipóteses formuladas na introdução (ex. esse aumento na taxa de natalidade aparentemente contraria a hipótese 
inicial de aprimoramento no planejamento familiar indicado por Fulando et al (2005) – é importante notar que 
nesse momento é apenas a constatação de que os resultados são ou não compatíveis com a hipótese ou com a 
literatura que deve ser indicada, não se deve levantar nenhuma hipótese explicativa das eventuais diferenças e 
similaridades entre esses resultados, esse é o papel da discussão) e os julgamentos avaliativos sobre os dados (ex. 
pode-se perceber um aumento gradativo dos escores de estresse ao longo do tempo no grupo experimental, o 
mesmo não acontece no grupo controle). 
Discussão: A discussão é o espaço onde se comparam os resultados obtidos com a literatura da área e 
onde se formulam hipóteses explicativas sobre os resultados. Comparar os resultados obtidos com a literatura 
implica considerar as diferenças e semelhanças entre seus resultados e resultados de outros estudos, tudo isso a 
luz das diferenças metodológicas (referentes aos materiais, sujeitos, procedimentos e análise dos dados) entre seu 
estudo e os 
estudos de outros pesquisadores. Nenhuma pesquisa é igual a outra (mesmo aquelas que se intitulam como 
replicação), no mínimo os sujeitos (ou alguma de suas características, ex: treino na tarefa ou idade) são 
diferentes. Desse modo, é esperado que os resultados sejam também diferentes, e as discrepâncias que 
aparecerem devem ser discutidas nesses termos. Além disso, a comparação de resultados compatíveis mas 
obtidos com metodologias diferentes atribui maior generalidade e confiabilidade a um resultado e quanto mais 
suporte você conseguir dar a sua pesquisa maior é a chance de que seu leitor seja convencido de que suas 
conclusões estão corretas. A discussão é o espaço ideal para se fazer isso. Por outro lado, a especulação sobre a 
literatura é sempre uma tarefa arriscada e precisa ser empreendida com comedimento. Recorrer a argumentos ou 
pesquisas com uma ligação muito longínqua com 
seu trabalho torna sua argumentação frágil e facilmente rejeitada. Avalie seu método, se ele tem falhas admita-
as. Demarque o alcance de suas conclusões e limite-se a concluir apenas aquilo que seu método permite. 
Para avaliar se sua discussão está boa, sugere-se permitir a um colega a leitura de seu texto sem a 
conclusão e pedir que ele adivinhe qual é sua conclusão. Se a resposta dele for algo próximo de sua conclusão é 
porque sua discussão provavelmente está boa. Outra forma de avaliar é verificar se todas as discussões 
empreendidas na introdução e todos os resultados relevantes foram contemplados na discussão. 
Conclusão: Na conclusão deve-se sintetizar a mensagem final deixada pela discussão. Aqui se repete, 
com a maior clareza e precisão possível, aquilo de que você quer convencer seu leitor. A conclusão deve ser um 
argumento logicamente derivado de sua discussão tal como o objetivo deve ser um argumento derivado 
logicamente da introdução. Obviamente, essa conclusão deve respeitar os limites impostos pelo método e já 
indicados na conclusão e, de preferência, indicar a extensão em que o objetivo foi alcançado. Além disso 
convém indicar quais as implicações do seu trabalho para a área do conhecimento e para a sociedade. Esse 
aspecto é quase uma reedição de suas justificativas mas agora baseadas nos seus resultados. Com isso você 
valoriza seu texto. Por fim, toda pesquisa visa responder a uma pergunta mas, no seu desenvolvimento e na 
discussão dos seus resultados, acaba indicando outras perguntas a serem respondidas, essas novas perguntas 
devem se explicitadas para incentivar outros pesquisadores a explorar o tema e constituirão boas dicas para 
justificativas de outros trabalhos. Uma última orientação é cabível, apesar da conclusão incluir muitas coisas ela 
é tradicionalmente curta, seja conciso e direto em suas afirmações. 
Uma boa conclusão é um texto curto, direto e estritamente dentro daquilo que seu método e discussão 
permitem.

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