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Abuso sexual contra crianças e adolescentes- um estudo dos casos notificados no muniipio de igrejinha

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ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UM ESTUDO DOS 
CASOS NOTIFICADOS NO MUNICÍPIO DE IGREJINHA/RS 
1
 
 
Fernanda Ritter 
2 
 Silvia Dutra Pinheiro 
3
 
 
RESUMO 
A violência contra crianças e adolescentes ocorre desde a nossa antiguidade, mas na década 
de 70 que se tornou publicamente conhecida. O abuso sexual ainda é um tabu nas famílias, 
sendo um assunto encoberto por uma névoa de segredos, mas que, muitas vezes, se faz 
conhecer através dos indícios e rastros que deixa na vida destas vítimas, podendo estes serem 
imediatos ou tardios. Desta forma, a pesquisa objetivou a verificação dos fatores de risco mais 
frequentes, dentre os apontados pela literatura, nos casos de abuso sexual contra crianças e 
adolescentes notificados em Igrejinha/RS. Para tal investigação, utilizou-se o método 
quantitativo para uma pesquisa do tipo documental, a partir de registros da Delegacia de 
Polícia local. Foram encontrados 34 casos registrados entre 2005 e 2008, cujos dados foram 
coletados a partir de um formulário construído para a pesquisa, e tratados estatisticamente 
pelo programa SPSS. Os resultados evidenciaram que a maioria das vítimas são meninas com 
idades entre 4 e 7 anos e de 12 a 15 anos, tendo como abusador homens com idades entre 13 a 
30 anos. O maior índice de abusadores refere-se a pessoas próximas à família, seguido pelo 
padrasto. São famílias que indicam a existência de desajustes familiares, sendo estes 
separações ou outra forma de violência. A forma de abuso mais predominante foi o atentado 
violento ao pudor, seguido pelo estupro, sendo que a violência sexual obteve maior índice na 
residência da vítima, seguido pela residência do abusador, números que sugerem uma 
predominância de casos de abuso extrafamiliar. 
 
Palavras-chave: Abuso Sexual. Fatores de Risco. Violência. 
 
INTRODUÇÃO 
Entende-se como fatores de risco, determinadas condições ou variáveis que se 
associam a alta probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis 
(REPPOLD; PACHECO; BARDAGI; HUTZ, 2002). Considerando-se os fatores de risco de 
abuso sexual contra crianças e adolescentes encontrados na literatura, entre eles a existência 
de violência familiar na história de vida do abusador, desajustes familiares e psíquicos, 
presença de alcoolismo na família, além de aspectos sociais, econômicos e culturais 
característicos, prevalecendo a situação de abuso sexual em populações carentes e com pais 
desempregados. Desta forma, o presente artigo, busca conhecer os fatores de risco que surgem 
 
1
 Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara, como requisito parcial para 
aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão II. 
2
 Acadêmica do Curso de Psicologia da FACCAT. E-mail: fernanda_ritter@yahoo.com.br 
3
 Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS), Docente do Curso de Psicologia da FACCAT . Endereço Postal: Av. 
Oscar Martins Rangel, 4500, CEP: 95600-000, Taquara-RS. Email: silviap12@yahoo.com.br 
 2 
com maior frequência entre os casos de abuso sexual cometidos contra crianças e adolescentes 
notificados no município de Igrejinha/RS, no período de 2005 a 2008. 
O abuso, em qualquer forma que se apresente, contra crianças e adolescentes, é algo 
crescente em nossa sociedade. Crescente no sentido de que muitos são os casos que estão 
vindo à tona, mas, no entanto, segundo dados estatísticos, ainda são poucos os que acabam 
sendo denunciados à polícia, já que em algumas famílias, o mesmo pode ser mantido como 
um segredo que nunca será revelado, assim como pode ser negligenciado pelas mesmas. 
Segundo Sousa e Silva (2002), três a cada dez crianças, indiferente de gênero, sofrem algum 
tipo de violência dentro de sua própria casa. E, conforme Habigzang e Caminha (2004), mais 
de um tipo de violência pode estar ocorrendo com a mesma criança, ou seja, não há limites 
entre os tipos de violência. 
Assim, importa conhecer mais profundamente este tema, já que o índice de ocorrência 
de abuso sexual é alto em todo o país, onde a cada dia são noticiados mais casos que 
envolvem a violência sexual contra crianças e adolescentes. Para a realização desta pesquisa, 
foram contatados o Ministério Público e a Delegacia de Polícia do município, pois se buscava 
conhecer os dados existentes naquele município para este tipo de violência, o que não existia, 
apenas os registros e inquéritos policiais referentes a estes casos, mostrando-se, assim, uma 
pesquisa pioneira nesta temática naquele município. Então, a partir deste levantamento 
estatístico, buscou-se com este estudo mapear os casos de abuso sexual cometidos contra 
crianças e adolescentes ocorridos em Igrejinha/RS, procurando-se conhecer o perfil sócio-
demográfico destas famílias; identificar a frequência de possíveis desajustes familiares e 
psíquicos; verificar se existia alcoolismo, além de conhecer as condições mais frequentes sob 
as quais ocorriam os casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, tais como o local, 
as ameaças, o tipo de violência sexual cometida, entre outros. 
Neste sentido, para a comunidade local é fundamental tomar conhecimento de tais 
fatores de risco existentes nos casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes ocorridos 
no município, podendo-se, com isso, elaborar programas de prevenção, contribuindo, assim, 
para o desenvolvimento regional. Desta forma, os resultados encontrados nesta pesquisa 
poderão alertar as famílias de que este tipo de violência ocorre muito próximo e que as marcas 
deixadas nas vítimas podem ser irreversíveis. Conforme Ferrari e Vencina (2002) crianças 
vítimas de violência são crianças sem voz e sem vez, que vivem um drama que afeta o seu 
desenvolvimento tanto físico quanto emocional, o que pode transformá-los em indivíduos 
com graves dificuldades de vinculação. Além disso, referem os autores que podem surgir 
sequelas imediatas ou tardias, físicas e emocionais, traduzidas em sintomas como dificuldades 
 3 
escolares, de relacionamento social, distúrbios psicossomáticos, até a invalidez ou a morte por 
homicídio ou suicídio. 
A seguir serão fundamentadas as formas de violência encontradas na literatura e, em 
seguida, aprofundados os conhecimentos acerca do abuso sexual, de suas possíveis sequelas e 
fatores de risco, no intuito de sustentar teoricamente as razões deste estudo, através de artigos 
e materiais bibliográficos atualizados. 
 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
1.1 Violência 
Segundo Ferrari (2002) os termos abuso, violência e maus-tratos contra crianças e 
adolescentes são usados como sinônimos na literatura. E, conforme a autora, para a violência 
doméstica existem quatro tipos reconhecidos: violência física, violência psicológica, violência 
sexual e negligência. 
Sousa e Silva (2002) referem que três a cada dez crianças, meninas ou meninos, 
sofrem diariamente algum tipo de maus-tratos dentro da sua própria casa. Informa a autora 
que essas crianças estão na faixa etária entre os cinco e sete anos e entre os dez e treze anos, 
sendo o pai biológico o responsável pela maioria dos casos, seguido por padrastos ou outros 
parentes conhecidos da vítima, e por último algum desconhecido. Acrescenta-se, segundo 
Guerra (2001), que a violência intrafamiliar permeia todas as classes sociais. 
Pensa-se na questão da violência, como o uso da força, que é expressa em relações de 
poder. Mas ela também pode se apresentar quando envolve a perda de autonomia, em que 
pessoas são privadas de manifestar a sua vontade, submetendo-as à vontade e aos desejos de 
outros (FERRARI, 2002). Na infância ou adolescência, ela pode se expressar de uma forma 
dinâmica,ou seja, não existindo limites entre os tipos de violência, pois enquanto vítimas de 
abuso sexual, as crianças são muitas vezes, também, vítimas de negligência, violência 
psicológica e violência física (HABIGZANG; CAMINHA, 2004). 
A violência física refere-se a qualquer ação, única ou repetida, intencional na qual o 
adulto usa de sua força física tendo por objetivo danificar, ferir, causar dor e desconforto à 
criança (HABIGZANG; CAMINHA, 2004; GUERRA, 2001; FERRARI, 2002). Além de 
causar lesões físicas, Habigzang e Caminha (2004) sugerem que essa forma de violência, na 
maioria das vezes, ocorre concomitante à violência psicológica, em que a criança é depreciada 
 4 
e desrespeitada através de agressões verbais, o que é extremamente danoso para a vítima do 
ponto de vista emocional. 
Segundo Guerra (2001), os indicadores físicos, ou seja, as marcas pelo corpo da 
criança devem ser observadas especialmente quando as causas alegadas a estes não forem 
adequadas, ocorrerem em épocas diversas, bem como em diferentes etapas do 
desenvolvimento, e as justificativas dadas pelos pais são sempre inadequadas ou 
inconsistentemente explicadas. 
Já a violência psicológica, também designada como tortura psicológica, ocorre sempre 
que um adulto deprecia constantemente a criança, bloqueando seus esforços de autoaceitação 
(GUERRA, 2001). E, segundo Silva (2002) esta forma de violência também pode apresentar 
atitudes de rejeição ou de abandono afetivo para com a criança, causando-lhes sentimentos de 
menos valia, não-merecimento e dificuldades no seu processo de construção de identificação-
identidade, onde essas ameaças, conforme Guerra (2001), podem tornar esta criança medrosa 
e ansiosa, sendo estas algumas das formas de sofrimento psicológico. 
Sobre a negligência, Guerra (2001) esclarece que este tipo de violência representa a 
omissão em termos de prover as necessidades físicas e emocionais de uma criança ou 
adolescente. Segundo o autor, configura-se negligência quando os pais (ou responsáveis) 
falham em termos de alimentar, de vestir adequadamente seus filhos, entre outros, e quando 
tal falha não é o resultado das condições de vida além do seu controle. 
A violência sexual configura-se como todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou 
homossexual entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade 
estimular sexualmente esta criança ou adolescente, ou utilizá-los para obter uma estimulação 
sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa (GUERRA, 2001). Essa forma de violência pode 
ser classificada como extrafamiliar ou intrafamiliar, também chamado de incestuosa, e pode 
ser dividida em três grupos, conforme aponta Silva (1998): sem contato físico: assédio, 
exibicionismo, voyeurismo; com contato físico: carícias, coito ou tentativa de coito, 
manipulação das genitais, sexo oral, sexo anal; ou com violência: coito com brutalização, 
estupro, assassinato. 
O abuso sexual da criança é cercado por um complô de silêncio, pois envolve medo, 
vergonha, culpa, desafia tabus culturais e aspectos das relações de interdependência (SILVA, 
1998). O silêncio, para a autora, é visto como uma tentativa de preservar o núcleo familiar, e 
a contradição existente entre o papel de proteção esperado da família, e a violência que ocorre 
nela. 
 5 
Para punir os agressores dos maus-tratos de crianças ou adolescentes, surge o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA), uma lei que entra em vigor em 1990, com o intuito de 
garantir uma melhor qualidade de vida e assegurar o direito de todas as crianças e 
adolescentes do nosso país, sem haver distinção de raça, cor ou classe social. Todos passam a 
ser reconhecidos como sujeitos de direitos, considerados em sua condição de pessoas em 
desenvolvimento e a quem se deve prioridade absoluta. No seu art. 5º (ECA, 1990), das 
disposições preliminares, é explicado que nenhuma criança ou adolescente será objeto de 
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos 
fundamentais. 
 
1.2 Abuso sexual contra crianças e adolescentes 
Segundo Ferrari (2002) a violência sexual possui raízes profundas nas relações de 
dominação sobre as mulheres, pois estas se mantiveram subordinadas aos homens, chefes de 
família, no núcleo familiar e submeteram meninos e meninas a esta violência. Salienta a 
autora que durante toda a nossa história sempre existiu a violência contra crianças e 
adolescentes, sendo muitas delas oferecidas a deuses como forma de salvamento e fertilidade 
de determinados povos e suas terras. Durante a história, Miller (1994) refere que as crianças 
eram consideradas propriedade dos adultos e eram sujeitas ao abuso físico ou sexual. 
Em todos os tempos, o domínio do mais forte sobre o mais fraco foi exercido sob 
diversas formas de poder, em diferentes esferas da sociedade, até mesmo nas famílias. Esta 
relação de poder, de busca de excessos, do que é diferente ou até mesmo anormal, soma-se a 
pouca importância dada às crianças e aos adolescentes e às consequências dos maus-tratos dos 
adultos sobre eles (PFEIFFER; SALVAGNI, 2005). 
Conforme Machado, Lueneberg, Régis e Nunes (2005), a violência sexual é todo o ato 
imposto por um adulto que utiliza seu poder sobre a criança, podendo ou não haver contato 
físico e/ou uso de força física. O Código Penal Brasileiro (2003) traz este tipo de violência 
subdividida em: 1) Estupro: conjunção carnal (relação pênis-vagina) ilícita, praticado pela 
força e contra a vontade, neste caso, da criança e/ou adolescente; 2) Atentado Violento ao 
Pudor: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que 
com ele pratique ato libidinoso diverso de conjunção carnal, bem como voyerismo, 
telefonemas obscenos e linguagem sexualizada; e, ainda, conforme Machado et al (2005), 3) 
Atos Libidinosos: o agressor procura satisfazer a sua vontade sexual ou libido, através de 
 6 
toques, contato sexual, com ou sem penetração (com dedos, pênis, ou outros objetos na região 
oral, genital ou anal), beijos (dependendo da intensidade e intencionalidade); 4) 
Exibicionismo: exposição intencional e não natural do corpo de um adulto ou parte; 5) 
Sedução: emprego de meios não violentos para corromper sexualmente uma mulher e/ou 
criança. 
Segundo a Unesco (1999) o abuso sexual, muitas vezes, vem acompanhado de maus-
tratos e coação física. Portanto, o silêncio é a marca registrada neste tipo de violência e, na 
maioria das vezes, os parentes não agressores costumam fechar os olhos para evitar 
escândalos e uma maior desestrutura familiar (MACHADO et al, 2005). Para Ferrari (2002), a 
mãe pode mostrar-se conivente com a situação do abuso sexual, onde a filha acaba por 
desempenhar as funções sexuais e assumir, assim, o papel de esposa dentro desse casamento, 
tornando-se um jogo velado. 
Desta forma, as crianças vítimas de abuso sexual apresentam um estado de angústia, já 
que não conseguem contar para terceiros sobre o abuso, ou ninguém a sua volta dá crédito ao 
que diz. Por isso, muitas vezes, o segredo é dividido apenas entre abusado e agressor. E 
quando consegue contar para alguém que acredite nesta situação vivida, o abuso, já se 
transcorreu muito tempo e é previsível que consequências do ponto de vista emocional e de 
estruturação da personalidade já tenham ocorrido (MORALES; SCHARAMM, 2001). E, 
segundo Aded, Dalcin, Morales e Cavalcanti (2006), muitos transtornos psiquiátricos estão 
sendo relacionados a eventos traumáticos sofridos na infância, sendo que os níveis de 
gravidade podem variar com o tipo de abuso sofrido, a sua duração e o grau de 
relacionamento davítima com o agressor. 
O abuso sexual intrafamiliar coloca em cheque os tabus sociais relacionados à 
vivência harmoniosa familiar, o respeito e o amor paterno e materno (MACHADO et al, 
2005). Os casos mais frequentes da violência sexual, da infância até a adolescência, são 
decorrentes de incesto, ou seja, o agressor possui ou mantêm algum grau de parentesco com a 
vítima (PFEIFFER; SALVAGNI, 2005). 
Uma das características marcantes do incesto é a chamada síndrome de adaptação da 
criança, que envolve três situações: o segredo, onde a criança sofre abuso quando está sozinha 
com o adulto e o fato não deve ser compartilhado com ninguém; a falta de defesa, onde o 
adulto é alguém da família, sendo que esta criança foi orientada de que, na família tudo é 
permitido e só se deve desconfiar de estranhos, desta forma ela vive num conflito que facilita 
o exercício do domínio perverso por quem dela abuse; e a adaptação, a criança se sente numa 
 7 
armadilha e não busca ajuda. Desprotegida só lhe resta aprender a aceitar a situação e 
conviver com a mesma (UNESCO, 1999). 
Segundo a UNESCO (1999), em aproximadamente 80% dos casos, o agressor faz 
parte do sistema familiar, convive de alguma maneira com a vítima, podendo manter laços de 
autoridade ou afeto. Ainda, segundo Pfeiffer e Salvagni (2005) o agressor usa da relação de 
confiança que tem com a criança ou adolescente, e de poder como responsável, para se 
aproximar cada vez mais e, assim, praticar atos que a vítima considera inicialmente como de 
demonstrações afetivas e de interesse. Essa aproximação é recebida, a princípio, com 
satisfação pela criança, que se sente privilegiada pela atenção do responsável. Este lhe passa a 
idéia de proteção e que seus atos seriam normais em um relacionamento de pais para filhas, 
ou filhos, ou mesmo entre a posição de parentesco ou de relacionamento que tem com a 
vítima. 
Aquele que abusa sexualmente de crianças pode apresentar transtornos de 
personalidade e conduta, orgânicos ou psiquiátricos, alteração comportamental de 
ajustamento sexual ou induzido pelo uso abusivo de álcool e outras drogas (UNESCO, 1999). 
O abuso sexual é um fenômeno rodeado de grande complexidade e de difícil enfrentamento, 
tanto pela família, criança e até mesmo pelo profissional que muitas vezes não sabe como agir 
(ARAÚJO, 2002). Mas, quando se trata de crianças ou adolescentes, o profissional de saúde 
é, por lei, obrigado a notificar aos órgãos responsáveis, podendo este ser o Conselho Tutelar. 
Isto deverá ocorrer sempre que houver suspeita ou comprovação de um caso de violência. É 
uma medida importante de proteção para este grupo. Sendo, ainda, necessária uma 
intervenção com a família, para resgatar o papel de pais ou responsáveis e garantir a 
segurança desta criança ou adolescente, esclarecendo, também, que o sigilo continuará a ser 
preservado (MACHADO et al, 2005). 
Conforme estudo realizado por Habigzang e Caminha (2004), foram apontados três 
fatores de risco como sendo os principais desencadeadores e mantenedores do abuso sexual 
infantil. Os autores indicam uma maior probabilidade, e não uma relação direta de causa e 
efeito, visto que explicar a ocorrência de maus-tratos contra a criança é uma tarefa complexa, 
e envolve a articulação e compreensão em rede de aspectos sócio-culturais, psicossociais, 
psicológicos e biológicos. Um dos fatores apontados foi a reprodução das experiências de 
violência familiares vividas durante a infância, contribuindo para que se perpetuem os maus-
tratos. Algumas pesquisas estudadas constataram que os pais que sofreram violência quando 
crianças apresentaram um índice duas vezes maior de agredirem seus filhos, comparado com 
os que não foram vítimas de violência. 
 8 
Um segundo fator de risco desencadeador do abuso sexual infantil, conforme 
Habigzang e Caminha (2004), é a violência como produto de desajustes familiares e psíquicos 
e do alcoolismo. Em um estudo realizado com 103 vítimas constatou-se que os três principais 
fatores desencadeantes da violência são os distúrbios de comportamento do agressor 
(31,06%), a desagregação familiar (21,97%) e o alcoolismo (17,42%). E um terceiro fator, 
para os autores, é a ordem macroestrututal. Essa ordem é traduzida por aspectos sociais, 
econômicos e culturais, como por exemplo, a desigualdade, a dominação de gênero e de 
gerações. Na pesquisa estudada pelos autores, verificou-se que a agressão é mais evidente na 
população carente, mas cabe ressaltar que não se pode generalizar e associar pobreza com 
maus-tratos infantis. Observou-se também uma prevalência de maus-tratos contra crianças, 
50% maior nas famílias em que os pais estavam desempregados. 
Para Scodelario (2002), o silêncio é quem conduz a perpetuação do abuso por várias 
gerações, podendo o mesmo tipo de abuso vivido ser praticado inicialmente com uma filha ou 
filho, ou com a neta, e ainda esses filhos abusados sexualmente abusar de seus próprios filhos 
ou sobrinhos. Este silêncio mantém tanto agressores quanto as vítimas e demais membros da 
família, envolvidos nesta dinâmica do abuso. 
Segundo Habigzang e Caminha (2004), multigeracionalidade é como se chama esse 
fenômeno, em que um ciclo de violência acompanha a família de geração em geração. Os 
autores ressaltam ainda que essa questão deva ser entendida como uma probabilidade, uma 
maior vulnerabilidade, e não quer dizer que isso deva ser considerado como uma lei 
inexorável. 
Em relação a forma de intervenção nos casos de abuso sexual, Habigzang e Caminha 
(2004), referem que a intervenção utilizada precisa contemplar toda a complexidade do 
fenômeno, onde devem ser realizados trabalhos em rede para uma maior eficácia e 
minimização de impactos negativos que esta experiência pode produzir nestas vítimas. Os 
autores ainda enfatizam que, no Brasil, existem poucos estudos sobre tratamentos de casos 
que envolvam a violência sexual. 
 
2 METODOLOGIA 
Escolheu-se desenvolver um estudo no método quantitativo, pois buscou-se conhecer e 
analisar quantitativamente os fatores de risco do abuso sexual cometido contra crianças e 
adolescentes nos casos registrados junto a Delegacia de Polícia do município de Igrejinha/RS 
dos últimos quatro anos. Segundo Marconi e Lakatos (1991), o método quantitativo constitui-
se em investigações de pesquisa empírica cuja finalidade está em delinear e analisar as 
 9 
características de fatos ou fenômenos, caracterizando-se pela precisão e controle estatístico, 
assim como, fornecer dados para a verificação de hipóteses. 
Salienta-se, ainda, que trata-se de uma pesquisa do tipo documental, já que foram 
usados os arquivos das ocorrências policiais registradas naquele município, sendo estes, fonte 
primária de coleta de dados, e documentos de posse pública municipal. Para Marconi e 
Lakatos (1991), a característica essencial da pesquisa documental está em utilizar-se como 
fonte de coleta de dados documentos, escritos ou não, denominados de fontes primárias, e que 
podem ser feitos no momento em que o fato ocorre ou depois. 
Segundo Cozby (2003), pesquisas em arquivos envolvem o uso de informações 
previamente compiladas para responder às questões da pesquisa, sendo que o pesquisador não 
coletará os dados originais, mas analisará os dados existentes, ou seja, a coleta foi realizada a 
partir dos dados disponíveis nas ocorrências policiais, sendo que não houve nenhum dado 
coletado diretamente com a própria vítima nem com o abusador dos casos de abuso sexual 
infantil. 
 
2.1 Amostra 
O tipo de amostra definida para esta pesquisa foi de amostragem probabilística por 
conglomerados ou grupos, que deriva do fato de os conglomerados serem considerados 
grupos formados e/ou cadastradosda população (MARCONI; LAKATOS, 2002). Ou seja, a 
amostra foi constituída por todos os registros de crianças e adolescentes vítimas de abuso 
sexual no período de 2005 a 2008, sendo o abuso sexual o conglomerado ao qual a criança e o 
adolescente pertenciam. 
O período de 2005 a 2008 foi definido após consulta prévia com a Delegacia de 
Polícia do município de Igrejinha/RS, onde se soube que existem em média vinte casos ao 
ano, segundo informações do Delegado de Polícia, pretendendo-se, assim, um somatório de 
oitenta casos no período de quatro anos, além de que a partir de 2005 os registros estavam 
mais completos, pois passaram a ser informatizados. Desta forma, os resultados encontrados 
nesta pesquisa tiveram mais validade e fidedignidade, considerando-se, também, o fato de se 
tratar de uma pesquisa quantitativa. Salienta-se, ainda, que durante a pesquisa não houve 
contato direto com as vítimas de abuso sexual, ou seja, foram utilizadas apenas as 
documentações disponíveis no local de coleta de dados. 
No período selecionado para o presente estudo, encontrou-se 34 casos de abuso sexual, 
notificados nas ocorrências policiais do município, sendo que destes casos 79,4% eram do 
sexo feminino e 20,6% do sexo masculino. Verificou-se, ainda, que dos 34 casos coletados 
 10 
dez foram registrados durante o ano de 2005, oito no ano de 2006, 12 em 2007 e quatro em 
2008. São números que mostram uma pequena queda em relação ao ano de 2005 em 
comparação a 2006, mas, em contrapartida, de 2007 a 2008 ocorre uma diminuição 
significativa de registros envolvendo abuso sexual contra crianças ou adolescentes no 
município. De certa forma, esta redução pode ser explicada conforme Araújo (2002), o qual 
aponta que a denúncia torna-se difícil, tanto para a criança, quanto para sua família, pois 
acaba expondo a violência que ocorre dentro da própria família. 
A seguir, no capítulo da análise e discussão dos resultados, a amostra estará melhor 
detalhada, conforme demonstram as Tabelas 1, 2, 3 e 4, informando características da vítima, 
do abusador, da família da vítima, além de outras informações gerais sobre as circunstâncias 
da ocorrência do abuso sexual. 
 
2.2 Instrumentos de pesquisa 
Para a coleta de dados optou-se por um formulário (Apêndice A) como instrumento 
elaborado exclusivamente para o presente estudo, em total consonância com os objetivos 
específicos, a fim de atender ao objetivo maior de verificar os fatores de risco mais frequentes 
nas situações de violência sexual notificadas no município de Igrejinha/RS, no período de 
2005 a 2008. Este instrumento estava constituído de quatro temas centrais (vítima, abusador, 
família da vítima e informações gerais) que visavam explorar, a partir dos registros policiais, 
sob quais circunstâncias esta forma de abuso ocorria. 
Segundo Leopartdi (2001) o formulário é considerado uma lista informal, catálogo ou 
inventário, destinado à coleta de dados resultantes de observações ou de interrogações, cujo 
preenchimento é feito pelo próprio investigador. Conforme o autor, o formulário deverá ser 
composto por questões de múltipla escolha, perguntas abertas ou fechadas, e preenchido na 
medida em que as perguntas são feitas ao entrevistado que, no caso da presente pesquisa, 
foram utilizados o documento de registro de ocorrência policial, assim como o inquérito 
pertinente ao mesmo. 
 
2.3 Procedimentos de coleta de dados 
Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e da Delegacia de Polícia de 
Igrejinha/RS, local de obtenção de dados, deu-se início à coleta de dados. Para a autorização 
do local, foi emitido um pedido formal ao Delegado de Polícia, onde neste constavam 
explicações sobre os objetivos do trabalho, e esclarecimentos acerca da coleta de dados, assim 
como da permanência da pesquisadora nas dependências da Delegacia. Enfatizou-se sobre a 
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manutenção do sigilo dos dados, salientando-se que nenhum caso registrado teria seus dados 
identificados, mesmo que a pesquisa fosse apresentada publicamente, da mesma forma como 
tal autorização poderia ser revogada a qualquer momento, cancelando-se o acesso aos dados. 
Mediante a autorização, o representante legal do local assinou o seu consentimento em termo 
próprio, o qual foi construído especialmente para esta situação, para o acesso da pesquisadora 
aos documentos policiais, sendo então, combinados datas e horários mais convenientes para a 
permanência da pesquisadora no local. 
Os arquivos pesquisados não foram retirados das dependências da Delegacia de 
Polícia, sendo todos os dados coletados diretamente dos registros no próprio local. Utilizou-se 
para tanto o instrumento que foi preenchido com os dados considerados essenciais para 
responder ao problema de pesquisa, sendo sempre respeitados todos os preceitos éticos sobre 
as vítimas e suas famílias. Destaca-se que o uso do formulário esteve restrito ao 
preenchimento dos dados disponíveis nestes registros policiais, utilizando-se um formulário 
para cada um dos casos registrados, para assim proceder com a análise dos dados. Estes 
formulários foram guardados confidencialmente de posse da pesquisadora. 
 
2.4 Procedimentos de análise de dados 
Os dados coletados nesta pesquisa foram processados no pacote do programa 
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 13.0, que analisa e organiza 
estatisticamente todos os dados coletados. 
Após o preenchimento dos formulários com os dados disponíveis nos registros dos 
últimos quatro anos, as repostas coletadas foram numeradas e, em seguida, digitadas no 
programa estatístico. Assim, os resultados obtidos foram fidedignos para a verificação das 
hipóteses desta pesquisa, onde se analisou todos os dados de forma descritiva, conforme 
exposto a seguir, na análise e discussão dos resultados. 
 
3 ANÁLISE E DISCUSÃO DOS RESULTADOS 
Os resultados deste trabalho estão apresentados em forma de tabela, demonstrando os 
principais fatores de risco no município pesquisado durante o período de 2005 a 2008. 
Salienta-se, assim, a importância destes dados que, conforme Baptista, França, Costa e Brito 
(2008), os casos notificados possuem significativa importância, pois é através deles que a 
violência torna-se visível, o que permite um dimensionamento e auxílio para a criação de 
políticas públicas voltadas à identificação e prevenção desta problemática. 
 12 
Com a finalidade de explorar as circunstâncias com que ocorriam os casos de abuso 
sexual registrados, o instrumento de coleta de dados constituiu-se de quatro temas centrais a 
serem investigados: vítima, abusador, família da vítima e informações gerais. Assim, os dados 
obtidos em cada tema foram caracterizados e serão a seguir discutidos. 
A tabela 1 faz referência ao primeiro tema investigado no formulário, ou seja, 
caracteriza as vítimas de abuso sexual que denunciaram a violência ocorrida no período 
entre 2005 e 2008, definindo-as a partir da prevalência de sexo, idade, escolaridade, bairro de 
residência no município de Igrejinha/RS, assim como pessoas com quem residem. 
 
Tabela 1: Caracterização da vítima de abuso sexual contra crianças e adolescentes 
Perfil da Vítima Frequência Percentual 
Sexo 
Feminino 
 
27 
 
79,4 
Masculino 7 20,6 
Idade 
4 a 7 anos 
 
11 
 
32,4 
12 a 15 anos 11 32,4 
Escolaridade 
1ª a 4ª série do fundamental 
 
8 
 
23,5 
5ª a 8ª série do fundamental 7 20,6 
Jardim, pré-escola ou creche 6 17,6 
Bairro de Residência 
Morada verde 
 
6 
 
17,6 
Cohab 3 8,8 
Acácias 3 8,8 
Com quem reside 
Mãe, padrasto e irmã(o)(s) 
 
6 
 
17,6 
Pai e mãe 5 14,7 
Mãe e irmã(o)(s) 5 14,7 
 
Osdados mostram que, dentre os 34 casos de abuso sexual registrados, as maiores 
vítimas são do sexo feminino, 27 (79,4%), confirmando assim uma das hipóteses da pesquisa 
e corroborando com outros estudos desta mesma temática. Mas ressalta-se que os meninos 
também são vítimas deste tipo de violência, no entanto conforme Araújo (2002), a incidência 
 13 
de casos envolvendo meninos é significativamente menor em relação às meninas, o que no 
presente estudo, os casos envolvendo meninos totalizam apenas 7, sendo um número quase 
quatro vezes menor em relação aos casos envolvendo meninas. 
No que se refere à idade da vítima, houve 11 (32,4%) casos com idade entre os 4 e 7 
anos de idade, assim como surgiu o mesmo percentual em meninas dos 11 aos 15 anos. A 
hipótese proposta para este estudo traz um maior índice em crianças entre os 3 e 7 anos, o 
que, de certa forma, foi comprovado, porém mostrou um número significativo de meninas 
adolescentes, ficando o nível escolar destas vítimas entre a 1ª e a 4ª série do ensino 
fundamental (23,5%) e da 5ª a 8ª série do mesmo nível (20,6%). Segundo estudo realizado por 
Baptista et. al. (2008), 61,6% das vítimas de abuso sexual apresentavam menor grau de 
instrução. Da mesma forma, em outro estudo realizado por Inoue e Ristum (2008), as vítimas 
de abuso sexual apareceram com 40,9% frequentando a creche e o mesmo percentual 
apareceu entre a 1ª e a 4ª série do ensino fundamental. 
Desta forma, estes estudos corroboram sobre a baixa escolaridade das vítimas de 
abuso sexual o que, de certa forma, pode dificultar a denúncia, pois se acredita que quanto 
mais escolaridade tiver, menor será o índice de abuso sexual. Isso também pode ser explicado 
pela idade da vítima, pois quanto mais nova ela for, mais difícil de entender o que está 
acontecendo com ela, já que, conforme Pfeiffer e Salvagni (2005) no início a vítima considera 
esta situação como demonstrações afetivas e de interesse e essa aproximação é recebida com 
satisfação pela criança, que se sente privilegiada pela atenção que lhe é dispensada. Ainda, 
segundo Ferrari e Vencina (2002), estes indivíduos podem demorar a compreender o que 
ocorreu consigo, já que esse discernimento do acontecido requer maturidade mental que nem 
sempre está presente na criança. 
Embora não significativo, porém revelador para o município de Igrejinha/RS, 
considerando-se a presença de pelo menos um registro de abuso sexual nos 19 bairros 
investigados nos 34 casos notificados, manifesta-se uma concentração destes registros no 
bairro Morada Verde (17,6%), local em que a população é mais carente, com casos de miséria 
e vulnerabilidade social, onde as vítimas residem, prevalentemente, com sua mãe, padrasto e 
irmã(o)(s) (17,6%). 
Já quanto ao segundo tema investigado no formulário, a Tabela 2 pretende informar 
sobre as características do abusador, conforme os 34 casos registrados nos últimos quatro 
anos, definindo-o a partir da prevalência de sexo, idade, escolaridade, bairro de residência, 
ocupação, presença de alcoolismo e grau de parentesco com a vítima. 
 
 14 
Tabela 2: Caracterização do abusador nos casos de abuso sexual contra crianças e 
adolescentes 
Perfil do Abusador Frequência Percentual 
Sexo 
Masculino 
 
33 
 
97,1 
Idade 
13 a 20 anos 
 
8 
 
23,5 
21 a 30 anos 9 26,5 
Escolaridade 
1ª a 4ª série do fundamental 
 
10 
 
29,4 
5ª a 8ª série do fundamental 12 35,3 
Bairro de Residência 
Morada verde 
 
7 
 
20,6 
Cohab 4 11,8 
XV de Novembro 3 8,8 
Centro 3 8,8 
Não consta no registro 3 8,8 
Ocupação 
Pedreiro 
 
7 
 
20,6 
Não consta no registro 5 14,7 
Estudante 4 11,8 
Industriário 4 11,8 
Alcoolista 
Não 27 79,4 
Grau de parentesco com a vítima 
Outro (vizinho ou amigo da família) 
 
13 
 
38,2 
Padrasto 7 20,6 
Pai 5 14,7 
 
Conforme a tabela 2, a maioria dos abusadores é do sexo masculino (97,1%), com 
idades entre 13 e 30 anos (50%), conhecidos da vítima, mas não familiares, tais como 
vizinhos ou amigos da família (38,2%), seguidos pelo padrasto (20,6%), com escolaridade 
prevalente entre 5ª e 8ª série do ensino fundamental (35,3%). Residentes em sua maioria no 
Bairro Morada Verde (20,6%) trabalham prioritariamente como pedreiro (20,6%), não 
 15 
havendo confirmação sobre a presença de alcoolismo por parte do abusador (79,4%) nos 
casos notificados. Os achados, do presente estudo, mostram resultados divergentes daqueles 
trazidos pela literatura, onde segundo a UNESCO (1999), em aproximadamente 80% dos 
casos, o agressor faz parte do sistema familiar, convive de alguma maneira com a vítima, 
podendo manter laços de autoridade ou de afeto. E, segundo Pfeiffer e Salvagni (2005), os 
casos mais frequentes da violência sexual, da infância até a adolescência, são decorrentes de 
incesto, ou seja, o agressor possui ou mantém algum grau de parentesco com a vítima. 
Mas, ainda, pode-se observar que 35,3% dos casos de abuso sexual foram cometidos 
pelo padrasto e pelo pai, respectivamente, o que mostra um número significativo de casos 
envolvendo a violência intrafamiliar (incestuosa). Isto mostra que, casos que envolvem o pai 
ou padrasto como perpetuador do abuso sexual, aparecem em menor número do que aqueles 
cometidos por outras pessoas, pois conforme Araújo (2002), em famílias incestuosas ocorre a 
chamada lei de preservação do segredo familiar, onde esta acaba por prevalecer sobre a lei 
moral e social, tornando-se assim difícil sua denúncia e confirmação. Isto pelo fato de a 
vítima correr o risco de ser desacreditada, insultada ou punida, podendo ainda ser acusada de 
destruir a família e a harmonia familiar. 
Segundo Machado, Lueneberg, Régis e Nunes (2005), o abuso sexual intrafamiliar 
coloca em cheque os tabus sociais relacionados à vivência harmoniosa familiar. Onde a 
família é a instituição responsável pela transmissão de valores, conhecimento e a socialização 
do indivíduo, tornando-se fundamental os laços afetivos (SCODELARIO, 2002), o respeito e 
o amor paterno e materno (MACHADO et al, 2005). 
O terceiro tema investigado – família da vítima – é apresentado na Tabela 3, 
conforme a descrição de fatores como a estrutura familiar, desajustes familiares e psíquicos, a 
presença de alcoolismo e de uso de drogas, bem como a renda familiar nos 34 casos 
registrados nos últimos quatro anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
Tabela 3: Caracterização da família da vítima nos casos de abuso sexual infantil 
Perfil da Família da Vítima Frequência Percentual 
Estrutura familiar 
Coabitam 3 pessoas 
 
13 
 
38,2 
Coabitam 5 pessoas 10 29,4 
Desajustes familiares 
Sim (separações ou outras violências) 
 
26 
 
76,5 
Desajustes psíquicos 
Não consta no registro 
 
31 
 
91,2 
Alcoolismo 
Não consta no registro 
 
28 
 
82,4 
Uso de drogas 
Não consta no registro 
 
28 
 
82,4 
Renda familiar 
Não informou 
 
33 
 
97,1 
 
Segundo a tabela 3, poucas informações referentes à família da vítima foram 
encontradas nos registros, ou seja, não constaram dados sobre a existência de desajustes 
psíquicos em 31 dos 34 casos registrados (91,2%). Da mesma forma sobre a existência ou 
não de alcoolismo em 28 casos (82,4%). Assim como sobre o consumo de drogas, não houve 
registro em 28 casos (82,4%). E da renda familiar em 33 casos (97,1%). Sendo estes cinco 
pontos alguns dos fatores considerados de risco para a ocorrência do abuso sexual. 
Embora os registros não tenham informações sobre a renda familiar da vítima, esta que 
é um dos fatores de risco destacado na literatura,de certa maneira a informação sobre os 
bairros onde residem abusadores e vítima de abuso sexual, bem como a ocupação do 
abusador, fazem referência a famílias economicamente carentes, visto que as ocorrências 
registradas dão-se em maior índice em bairros considerados carentes naquele município: 
bairro de residência do abusador (Morada Verde – 20,6%), bairro de residência da vítima 
(Morada Verde – 17,6%), e ocupação do abusador (pedreiro – 20,6%). 
Entretanto, um dos fatores investigados que apareceu em número significativo foi o 
desajuste familiar (76,5%), considerando-se as situações de separação conjugal, violências 
diversas ou perdas, estando a família coabitando entre 3 pessoas na sua maioria (38,2%), 
sendo estes a mãe, o padrasto e irmã(o)(s), conforme revelou a tabela 1. 
 17 
Em um estudo realizado por Habgizang, Koller, Azevedo e Machado (2005), entre os 
principais fatores de risco, destaca-se a presença do padrasto nas ocorrências de abuso sexual, 
ou seja, o índice de separações é significativo nestas notificações. Portanto, este fator 
corroborou com a presente pesquisa, já que apresentou um número elevado de desajustes 
familiares nestes casos. 
Destaca-se, ainda, na estruturação familiar, que 5 pessoas (29,4%) coabitavam no 
momento das notificações, o que corrobora, até certo ponto, com os estudos realizados por 
Habgizang et al (2005), onde estes verificaram que quanto mais pessoas coabitando, maior é a 
probabilidade de ocorrência do abuso sexual. Entretanto, neste estudo, o índice de famílias 
com 5 pessoas foi menor do que em famílias com 3 pessoas, mas não se pode deixar de 
destacar esse percentual apresentado nestas notificações. 
Por fim, o último tema investigado neste estudo, apresentado na Tabela 4, diz respeito 
às informações gerais sobre a ocorrência do abuso sexual, procurando-se conhecer as formas 
de violência predominantes, o tempo de ocorrência e frequência da situação de abuso sexual, 
e também o local onde ocorreu a violência. 
 
Tabela 4: Caracterização da violência cometida nos casos de abuso sexual infantil 
Perfil da violência cometida Frequência Percentual 
Forma de violência 
Atentado violento ao pudor 
 
21 
 
61,8 
Estupro 8 23,5 
Tempo de ocorrência do abuso 
Menos de 1 ano 
 
20 
 
58,8 
Frequência do abuso 
Uma vez 
 
19 
 
55,9 
Várias vezes 11 32,4 
Local onde ocorreu o abuso 
Residência da vítima 
 
13 
 
38,2 
Residência do abusador 10 29,4 
 
Segundo a tabela 4, que busca caracterizar as circunstâncias como se deu a violência 
sexual, sendo esta considerada segundo Guerra (2001), como todo ato ou jogo sexual, relação 
hetero ou homossexual entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, tendo por 
 18 
finalidade estimular sexualmente esta criança ou adolescente, ou utilizá-los para obter uma 
estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa. 
Percebeu-se que em 61,8% o atentado violento ao pudor foi a forma de violência 
predominante no que se refere ao tipo de abuso, seguido pelo estupro em 23,5% das 
notificações. Segundo o Código Penal Brasileiro (2003) Atentado Violento ao Pudor se refere 
ao fato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que 
com ele pratique ato libidinoso diverso de conjunção carnal (somente considera-se a relação 
pênis-vagina), bem como voyerismo, telefonemas obscenos e linguagem sexualizada. 
No que diz respeito ao tempo de ocorrência do abuso, em 58,8% dos casos este 
tempo predominou em ter ocorrido por menos de um ano, ocorrendo com a frequência de 
uma única vez em 55,9%, enquanto que em 32,4% destas vítimas a violência foi sofrida por 
várias vezes. O que mostra um número de casos notificados em um curto período de tempo e 
imediatamente a ocorrência do abuso sexual, pois sabe-se que muitas vítimas podem passar 
anos sendo abusadas e silenciadas por estes abusadores. 
Já, sobre a identificação do local onde ocorreram estas notificações, a tabela revela 
que a maioria das ocorrências registradas aponta para a residência da vítima em 38,2% dos 
casos, e em 29,4% na residência do abusador, o que mostra o predomínio da violência 
extrafamiliar, sendo que esta classificação se destina aos casos em que o abusador era uma 
pessoa de fora da família, e aos casos em que ocorre no ambiente familiar, perpetuadas por 
pessoas próximas a vitima, são chamadas de intrafamiliar ou incestuosas. 
No formulário utilizado para coleta de dados, destinou-se um espaço para o registro de 
outros pontos relevantes para a pesquisa, ou seja, qualquer dado que fosse importante para 
explicar a problemática do abuso sexual, sendo estes, muitas vezes, ilustrativos e 
corroborando com muitos estudos sobre esta violência. Desta forma, destaca-se a violência na 
história de vida do abusador, a negligência da mãe sobre a situação de violência 
ocorrida com a filha, além das promessas e ameaças sofridas pela vítima de abuso 
sexual, aspectos apontados na literatura como possíveis fatores de risco que caracterizam as 
circunstâncias para ocorrência de tal violência sexual. 
Araújo (2002) explica que, com muita frequência, os abusadores também foram 
vítimas de abuso na sua infância, mas mesmo sendo um fator muito presente não se pode 
determinar que é uma das causas desencadeantes, já que existem muitas formas de 
subjetivação para a elaboração desta experiência durante a vida desta vítima. 
Assim, o comentário de um acusado, pai biológico da vítima, no seu depoimento, diz 
que havia sido abusado quando tinha 8 anos de idade, sendo este ato cometido pelos seus 
 19 
irmãos mais velhos. Ele acrescentou, ainda, que havia cometido por duas vezes este mesmo 
ato com a sua irmã de 4 anos de idade quando ele já estava com 21 anos e, que sua irmã mais 
velha também lhe pedia para que tivesse relações com ela. Ele diz que presenciou quando seu 
pai também tentou abusar desta sua irmã mais velha e que sua mãe tentou matá-lo quando 
descobriu o que ele estava fazendo com suas irmãs. Este relato mostra a repetição de padrões 
dentro de uma família, ficando como algo permissivo entre seus membros. 
Ferrari (2002) explica que a mãe pode mostrar-se conivente com a situação do abuso 
sexual, pois a filha acaba por desempenhar as funções sexuais e assumir, assim, o papel de 
esposa dentro desse casamento, tornando-se, desta forma, um jogo velado, negligenciando a 
violência cometida. 
Este fato pode ser observado em outro depoimento feito por uma mãe que explica que 
sempre teve problemas de útero que a deixava indisposta a manter relações sexuais com seu 
parceiro, padrasto de sua filha, pois tinha muitas dores durante a relação. Ela disse que já 
estava há 6 anos com essa pessoa e que sua filha lhe disse que as situações de abuso iniciaram 
junto deste relacionamento, o que a fez perceber que algo estava errado, ocorrendo mudanças 
súbitas de comportamento entre os dois, já que viviam “se estranhando” (sic), e agora estavam 
muito apegados. Em uma determinada noite, relata que não estava conseguindo dormir, 
quando ouviu gemidos vindos da sala de estar e um som que se assemelhava a alguém com 
ânsia de vômito, foi quando se levantou e foi verificar o que acontecia, presenciando marido e 
filha no sofá. A vítima, com 12 anos hoje, conta que o padrasto lhe dizia que com esta idade 
ela já poderia fazer aquilo que todos os outros faziam, e que se ela fizesse ganharia um celular 
e uma bicicleta, mas que não era para contar nada para sua mãe. 
Segundo Scodelario (2002), ameaças e promessas fazem parte do discurso desses 
abusadores, já que eles podem ser considerados grandes "atuadores" e muito sedutores, 
convencendo a família deque ele não seria capaz de tal ato. Segundo Machado et al (2005), o 
silêncio configura-se como a marca registrada deste tipo de violência, pois qualquer palavra 
destas crianças ou adolescentes, são repreendidas pelo agressor, sendo estas feitas em forma 
de ameaça ou de sedução. A vítima aqui citada explicou que acabava ficando em silêncio, 
pois temia apanhar e ser colocada em um orfanato. A menina ainda relatou para a mãe que 
este homem lhe causava repúdio e que por isso morou um tempo com o seu pai, até o dia em 
que precisou voltar a conviver com ela. 
Espera-se que, com os resultados apresentados neste trabalho, esses dados possam 
contribuir com os profissionais de saúde que trabalham direta ou indiretamente com situações 
de abuso, em especial no município de Igrejinha/RS, planejando-se ações e estratégias que 
 20 
venham a minimizar a ocorrência tanto de casos que envolvam a violência intrafamiliar 
quanto a extrafamiliar. Conforme Pfeiffer e Salvagni (2005), se abandonarmos estas vítimas a 
própria sorte, elas poderão levar dentro de si as dores desta criança ferida onde surgirão 
sequelas por toda a sua vida. 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No intuito de conhecer os fatores de risco citados na literatura e que surgem com 
maior frequência entre os casos de abuso sexual cometido contra crianças e adolescentes 
notificados no município de Igrejinha/RS, no período de 2005 a 2008, os resultados 
evidenciaram que a maioria das vítimas são meninas, com idades entre 4 e 7 anos e entre 12 e 
15 anos, tendo como abusador homens, com idades entre 13 e 30 anos, sendo na sua maioria 
pessoas próximas à família, como vizinhos ou amigos, seguidos pelo padrasto. Isto denota, de 
certa forma, ser mais fácil denunciar a violência cometida por pessoas alheias à família, sendo 
mais complexo expor a violência que ocorre no seio familiar, pois, desta forma, se expõe a 
fragilidade destes pais em assumir o seu papel moral e social em prover as necessidades 
básicas ao desenvolvimento de seus filhos. 
São famílias que manifestam a existência de desajustes familiares, sendo estes 
separações conjugais ou outro tipo de violência. A forma de abuso mais predominante foi o 
atentado violento ao pudor, sendo que tal violência obteve maior índice de ocorrência na 
residência da vítima, números que sugerem uma predominância de casos de abuso 
extrafamiliar, mas com um número significativo de casos envolvendo abuso intrafamiliar 
(incestuoso) cometido por padrasto e o pai, respectivamente. 
Embora o abuso sexual ocorra em qualquer classe social, estes dados corroboram com 
os achados na literatura, no sentido de que as famílias que mais denunciam a violência sexual 
são as de nível sócio-econômico mais baixo, o que se confirma pelos resultados deste estudo, 
apontando o bairro Morada Verde como o local onde mais ocorreu o abuso sexual, 
constituindo o local de residência tanto do abusador como da vítima, sendo conhecido por 
abrigar uma parte mais carente da população daquele município. 
Algumas das limitações encontradas neste estudo se referem a uma dificuldade de 
interpretação dos dados encontrados nos registros policiais, já que haviam muitas 
contradições nos depoimentos existentes em cada um dos inquéritos. Mas, considerando-se 
que muitas vezes as crianças são ignoradas pela família abusadora, principalmente quando 
conseguem revelar a violência pela qual estão passando, procurou-se dar ênfase aos 
depoimentos das vítimas de cada um dos registros policiais. Outro ponto a se destacar, diz 
 21 
respeito à falta de informações em relação à família da vítima, o que dificulta uma melhor 
análise de alguns dados existentes nos casos verificados, tais como desajustes psíquicos, 
presença de alcoolismo, uso de drogas e situação econômica. 
Acredita-se que os dados obtidos através desta pesquisa podem contribuir de forma 
significativa, principalmente no que diz respeito ao conhecimento da ocorrência desta forma 
de violência naquele município, oferecendo assim dados fidedignos sobre todos os casos 
envolvendo crianças ou adolescentes destes últimos quatro anos. Assim, sugere-se, então, a 
realização de novas pesquisas sobre o tema, em diferentes municípios do Vale do Paranhana, 
visto que a região registra um alto índice de casos de violência sexual, importando conhecer 
os principais fatores de risco característicos de cada município. É através destes estudos que 
conseguiremos conscientizar a população de que o abuso sexual é uma forma de violência 
muito comum, que ocorre muito próxima de todos e, também, elaborar programas que possam 
tratar da prevenção da violência cometida contra crianças ou adolescentes. 
Por consequência, a ciência psicológica da mesma forma beneficiar-se-á com os 
achados deste estudo, em especial a comunidade científica da região, já que seus dados 
poderão tornar-se referência aos profissionais que trabalham ou têm contato com situações de 
violência sexual infantil no seu dia a dia, além de servir de estímulo para a continuidade desta 
pesquisa ou para o desenvolvimento de futuras pesquisas em outros municípios da região do 
Vale do Paranhana. 
 
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nb9ONpr&sig=uwH_TprMrWx6d0upavzxLRsMgB8#v=onepage&q=&f=fals> Acesso em: 
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SCODELARIO, A. S. A família abusiva. In: FERRARI, D. C. A.; VECINA, T. C. C. O fim 
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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1998. 
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SOUZA E SILVA, M. A. Violência Contra Crianças: Quebrando o Pacto do Silêncio. In: 
FERRARI, D. C. A.; VECINA, T. C. C. O fim do silêncio na violência familiar. São Paulo: 
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 24 
UNESCO. Inocência em perigo: abuso sexual de crianças, pornografia infantil e pedofilia na 
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 25 
APÊNDICE A - FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS 
 
ANO DE REGISTRO: __________ 
 
VÍTIMA 
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 
Idade: ____________ Escolaridade: _______________________________________ 
Bairro da residência: ________________________________________________________ 
Mora com quem? ___________________________________________________________ 
 
ABUSADOR 
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 
Idade: ____________ Escolaridade: _______________________________________ 
Bairro de residência: _________________________________________________________ 
Ocupação: _________________________________________________________________ 
Alcoolismo: ( ) Sim ( ) Não 
Grau de Parentesco com a vítima: 
( ) Pai ( ) Padrasto ( ) Mãe ( ) Madrasta ( ) Irmão ( ) Tio ( ) Primo ( ) Avô 
( ) Desconhecido ( ) Outro: ____________________________________________________ 
 
FAMÍLIA DA VÍTIMA 
Estrutura familiar (quantas e quem são as pessoas que residem na casa):________________ 
Desajuste familiar (violências diversas, separações, perdas): __________________________ 
Desajuste psíquico (presença de doenças psicopatológicas, uso de medicamentos 
psiquiátricos): ( ) Sim ( ) Não 
Presença de alcoolismo: ( ) Sim ( ) Não 
Uso ou abuso de drogas: ( ) Sim ( ) Não Quais: ________________________________ 
 
INFORMAÇÕES GERAIS 
Forma da Violência Sexual: 
( ) Estupro ( ) Atentado violento ao pudor ( ) Atos libidinosos ( ) Exibicionismo 
( ) Sedução ( ) não informou 
 
Tempo de Abuso: 
( ) menos de um ano ( ) mais de um ano ( ) não informou ( ) outro: ___________________ 
 
Freqüência do Abuso: 
( ) uma vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) várias vezes ( ) não informou 
 
Renda Familiar: 
( ) inferior a um salário mínimo ( ) de 1 a 2 salários mínimos 
( ) de 2 a 3 salários mínimos ( ) de 3 a 4 salários mínimos 
( ) de 4 a 5 salários mínimos ( ) mais de 5 salários mínimos 
( ) não informou ( ) não possui nenhuma renda 
 
Local onde ocorreu o abuso sexual: 
( ) residência da vítima ( ) residência do abusador ( ) não declarado 
( ) outro local: _______________________________________________________ 
 
Outros dados relevantes: _____________________________________________________

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