32 SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Origem do SURSIS: \ue001 a expressão \ue001 sursis \ue001 origina-se do francês surseoir, que significa suspender. Conceito e natureza jurídica = \ue001 direito subjetivo do sentenciado \ue001 : o juiz não pode negar sua concessão ao réu, quando preenchidos os requisitos legais; (DELMANTO) Sistema usado no brasil = \ue001 belga-francês \ue001 : o juiz condena o réu, mas suspende a execução da pena imposta, desde que aquele seja primário e a pena não ultrapasse a dois anos; Requisitos para concessão do benefício \ue001 : a) objetivos \ue001 : \u25cf qualidade da pena: \ue001 deve \ue001 ser privativa de liberdade (reclusão). \u25cf quantidade da pena: não superior a \ue001 02 \ue001 anos; \u25cf impossibilidade de aplicação do art. 44, ou seja, substituição por pena restritiva de direitos (art. 77, III) b) subjetivos \ue001 : condenado não reincidente em crime \ue001 doloso \ue001 e as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) sejam favoráveis ao agente: \u25cf doloso e doloso = \ue001 não pode \ue001 ; \u25cf culposo e doloso = pode; \u25cf doloso e culposo = pode; \u25cf contravenção penal e crime doloso = pode; \u25cf pena de multa e doloso; (após período depurador) pode; \u25cf crime militar próprio e doloso = pode; \u25cf crime político e doloso = pode; \u25cf anterior concessão de perdão judicial e crime doloso = pode; \u25cf abolítio criminis e novo crime doloso = pode; \u25cf anistia e novo crime doloso = pode; Assim, \ue001 maus antecedentes impedem a concessão do sursis \ue001 . Exige mínima culpabilidade e boa índole, sendo incabível nas hipóteses de criminalidade violenta. Espécies de \ue001 sursis: \u2794 Etário \ue001 : quando o condenado é maior de 70 anos à \ue001 data da sentença \ue001 concessiva. \u2794 Humanitário \ue001 : quando o condenado sofre de grave doença; Nesses caso, o benefício pode ser concedido desde que a pena não exceda a 4 anos \ue001 , aumentando-se, em contrapartida, o período de prova para um mínimo de 4 e um máximo de 6 anos; \u2794 Simples \ue001 : é aquele em que, preenchidos os requisitos mencionados, fica o réu sujeito, no primeiro ano de prazo, a uma das condições previstas no art. 78, § 1º, do CP (prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana); \u2794 Especial (melhor) \ue001 : o condenado fica sujeito a condições mais brandas, previstas, cumulativa ou alternativamente, no art. 78, § 2º, do CP (proibição de frequentar determinados lugares; de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades). Período de prova \ue001 :éo \ue001 prazo em que a execução da pena privativa de liberdade imposta \ue001 fica suspensa \ue001 , mediante o cumprimento das condições impostas(reabilitação). O período de provas do sursis \ue001 etário e humanitário varia de 4 a 6 anos, nas demais espécies, varia de 2 a 4 anos. Condições para concessão do benefício \ue001 : \u25cf legais \ue001 : previstas em lei. São as do \ue001 sursis simples (art. 78, § 1º) e as do especial (art. 78, § 2º); \u25cf judiciais \ue001 : são impostas livremente pelo juiz, não estando previstas em lei (art. 79, do CP); \u25cf condição legal indireta \ue001 : é como são chamadas as causas de revogação do benefício. Ora, se sua ocorrência dá causa à revogação da suspensão, indiretamente consubstanciam-se em condições proibitivas (não fazer, isto é, não dar causa à revogação do benefício). Revogação do \ue001 sursis \ue001 : \ue001 pode ser obrigatória ou facultativa. \u2794 Obrigatória \ue001 : o juiz está \ue001 obrigado \ue001 a proceder à revogação. Ocorre nas seguintes hipóteses: \u25c6 superveniência de condenação irrecorrível pela prática de crime doloso; \u25c6 frustrar a execução da pena de multa, sendo o condenado solvente; \u25c6 não reparação do dano, sem motivo justificado (daí ser desnecessário a sua inclusão como requisito do \ue001 sursis \ue001 especial); \u25c6 descumprir qualquer das condições legais do sursis simples (art. 78, § 1º); \u2794 Revogação facultativa \ue001 : o juiz não está obrigado a revogar o benefício, podendo optar por advertir novamente o sentenciado, prorrogar o período de prova até o máximo, ou exarcebar as condições impostas (art. 707, § único, do CPP, c.c. art. 81, § 2º, do CP). Ocorre nas seguintes hipóteses: \u25c6 superveniência de condenação irrecorrível pela prática de contravenção penal ou crime culposo, exceto se imposta pena de multa; \u25c6 descumprimento das condições legais do \ue001 sursis \ue001 especial (art. 78, § 2º); \u25c6 descumprimento de qualquer outra condição não elencada em lei, imposta pelo juiz (art. 79 \u2013 condições judiciais). Prorrogação e extinção automáticas \ue001 : O art. 81, § 2º, do CP, dispõe que: \u201c \ue001 Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo \ue001 \u201d. Note que a lei fala em \ue001 PROCESSO \ue001 , logo, a mera instauração de inquérito policial não dá causa à prorrogação do \ue001 sursis. \ue001 No momento em que o agente passa a ser processado, (denúncia recebida), pela prática de qualquer infração penal, a pena, que estava suspensa condicionalmente, não pode mais ser extinta, sem que se aguarde o desfecho do processo. A prorrogação, portanto, é automática. Não importa se o juiz determinou ou não a prorrogação, antes do término do período de prova. No exato momento em que a denúncia pela prática de crime ou contravenção foi recebida, ocorre a automática prorrogação. Audiência admonitória \ue001 : É a audiência de advertência que tem como única finalidade, cientificar o sentenciado das condições impostas e das consequências de seu descumprimento. É ato ligado à execução da pena, logo, só pode ser realizada após o trânsito em julgado da decisão condenatória (art. 160 da LEP). A sua realização antes deste momento, viola o princípio constitucional da presunção da inocência (art. 5º, LVII), pois, antes da certeza de sua culpa, o acusado não pode ser advertido. No entanto, caso seja realizada equivocadamente antes do trânsito em julgado, não acarreta nulidade, em face do princípio da instrumentalidade das formas. Assim, como os efeitos só se produzem mesmo após o trânsito em julgado, inexiste prejuízo a inquinar o antecipado ato de vício insanável. Não comparecimento do sentenciado à audiência admonitória \ue001 : Acarreta a revogação do benefício (art. 161 da LCP). Sursis \ue001 e revelia \ue001 : A revelia do acusado durante o processo, \ue001 não \ue001 impede a concessão do benefício da suspensão condicional da pena, tanto assim que permite seja ele intimado por edital para comparecimento à audiência admonitória. Dupla concessão do benefício ao mesmo réu em processos distintos: A jurisprudência tem admitido esta hipótese, quando o segundo \ue001 sursis foi concedido em data em que ainda não se iniciaria o período de prova do primeiro. LIVRAMENTO CONDICIONAL Conceito \ue001 : incidente na execução da pena privativa de liberdade, consistente em uma \ue001 antecipação provisória da liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos, e mediante determinadas condições. Natureza jurídica \ue001 : para DAMÁSIO, trata-se de forma de execução da pena privativa de liberdade; para DELMANTO, trata-se de direito público subjetivo do condenado, de ter antecipada a sua liberdade provisoriamente, desde que preenchidos os requisitos legais. Distinção entre o sursis x livramento condicional \ue001 : \u25cf no SURSIS: \ue001 a execução da pena é \ue001 suspensa \ue001 mediante a imposição de certas condições, e o condenado não chega a iniciar o cumprimento da pena imposta. \u25cb Momento da aplicação = na sentença \u25cb Quem concede? = juiz que prolatou a sentença \u25cb Consequência = o indiciado não inicia o cumprimento da pena \u25cb Pena = até 02 anos ou até 04 anos (etário e humanitário) \u25cb Período de prova = não corresponde à pena imposta \u25a0 sursis simples ou especial = de 02 a 04 anos \u25a0 sursis etário ou humanitário = de 04 a 06 anos \u25cb Descumprimento = revogação do benefício e retorno à pena \u25cf no livramento condicional \ue001 : \ue001 o sentenciado inicia o cumprimento da pena privativa, obtendo posteriormente, o direito de cumprir o restante em \ue001 liberdade \ue001 , sob certas condições. \u25cb Momento da aplicação = durante o cumprimento da pena \u25cb Quem concede? = juiz da execução \u25cb Consequência = o indiciado fica livre depois de cumprir parte da pena \u25cb Pena = igual ou superior a 02 anos \u25cb Período de prova = corresponde ao restante da pena \u25cb Descumprimento = revogação do benefício e retorno à pena Requisitos para o livramento condicional \ue001 : Objetivos \ue001 : - qualidade da pena: deve ser privativa de liberdade; - quantidade da pena: deve ser igual ou superior a 2 anos; - reparação do dano (salvo impossibilidade); - cumprimento de parte da pena: \u25cf mínimo de 1/3, desde que tenha bons antecedentes e não seja reincidente em crime doloso; (art.83, I) \u25cf mais de ½, se reincidente em crime doloso; (art.83, II) \u25cf entre 1/3 e ½, se tiver maus antecedentes, mas não for reincidente em crime doloso; \u25cf mais de 2/3, se tiver sido condenado por qualquer dos crimes previstos na lei 8.072/90 (crimes hediondos). Subjetivos: - comportamento satisfatório durante a execução da pena; - aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; - nos crimes dolosos cometidos mediante violência ou grave ameaça à pessoa, o benefício fica sujeito à verificação de que cessou a periculosidade do agente; - nos crimes previstos na lei 8.072/90, a não reincidência específica. Requisitos procedimentais \ue001 : a. requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou parente em linha reta, ou ainda proposta do diretor do estabelecimento ou do Conselho Penitenciário; b. parecer do Conselho Penitenciário (quando dele não partir a proposta) e do Ministério Público; c. relatório minucioso do diretor do estabelecimento penal, a respeito do caráter do sentenciado, seu procedimento durante a execução da pena, suas relações com familiares e estranhos, e ainda, sobre sua situação financeira, grau de instrução e aptidão para o trabalho. Condições do livramento: a. obrigatórias \ue001 : art. 132, § 1º da LEP. - proibição de se ausentar da comarca sem comunicação ao juiz; - comparecimento periódico a fim de justificar atividade; - obter ocupação lícita dentro de prazo razoável; b. facultativas \ue001 : art. 132, § 2º da LEP. - não mudar de residência sem comunicação ao juiz e autoridade incumbida de fiscalizar; - recolher-se à habitação em hora fixada; - não freqüentar determinados lugares; c. judiciais \ue001 : nada impede que o juiz fixe outras a seu critério (art. 85 do CP); d. condição legal indireta \ue001 : são causas de revogação do livramento. Assim são chamadas porque indiretamente acabam por se constituírem em condições negativas (a não dar causa à revogação). Revogação do livramento \ue001 : a. obrigatória \ue001 : - condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade, por crime praticado \ue001 antes \ue001 do benefício; \u25cf soma-se às penas sem abater o período que ficou em liberdade. - condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade, por crime praticado \ue001 durante \ue001 o benefício. \u25cf soma-se às penas e desconsidera o período que esteve em liberdade. b. facultativa \ue001 : - condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena não privativa de liberdade; - descumprimento das condições impostas. Opções do juiz na revogação facultativa \ue001 . Poderá escolher entre qualquer destas: - revogar o benefício; - advertir novamente o sentenciado; - exacerbar as condições impostas. Efeitos da revogação do livramento \ue001 : \ue001 (atenção aqui) \u2794 por crime praticado durante o benefício \ue001 : não se desconta o tempo em que o sentenciado esteve solto, e \ue001 deve cumprir integralmente a sua pena \ue001 , só podendo obter novo livramento com relação à nova condenação. \u2794 por crime anterior ao benefício \ue001 : é descontado o tempo em que o sentenciado esteve solto, devendo cumprir preso apenas o tempo que falta para completar o período de prova \ue001 . Além disso, terá direito a somar o que resta da pena com a nova condenação, calculando o livramento sobre este total (art. 84 do CP e 141 da LEP); \u2794 por descumprimento das condições impostas: \ue001 não é descontado o tempo em que esteve solto, e \ue001 não pode obter novo livramento em relação a esta pena, vez que traiu a confiança do juízo. ( \ue001 cumpre toda a pena).

32 SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL

UNIFEG

Direito Penal III

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