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Dependência química

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA
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DROGA: “Qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. As drogas capazes de alterar o funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental, isto é, no psiquismo, são denominadas drogas psicotrópicas ou substâncias psicoativas (SPA)”.
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Bicca, Pereira & Gambarini (2011), definem SPA como toda e qualquer substância que, independente da via de administração, por ação no SNC, altera o humor, a consciência, a cognição e a função cerebral de uma pessoa.
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A dependência química ou adição às drogas é marcada pela diferença entre o uso ocasional ou limitado para o uso compulsivo e repetitivo.
A adição às drogas refere-se mais ao aspecto comportamental que fisiológico: que importância a SPA (álcool) ou um comportamento (uso de computador) tem na vida da pessoa – uma simples exposição ou o uso compulsivo. 
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O comportamento aditivo inclui: preocupação com aquisição da droga, comportamento compulsivo, maior propensão à recaída, tolerância, perda do controle, negação e dependência. 
A compulsão é o desejo de satisfação imediata. Fissura é a tradução de craving, que quer dizer desejo ardente de repetir a experiência dos efeitos da droga.
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As drogas mais aditivas são os opioides, cocaína, anfetaminas, álcool e nicotina. 
Elas ativam o sistema de recompensa cerebral, responsável por atribuir prazer a um comportamento. Este sistema é ativado cada vez que o cérebro percebe algo vital para a sobrevivência (comida, água, sexo, convívio social); memoriza os estímulos associados a este evento e deseja repetir tal comportamento sucessivamente. (BICCA, PEREIRA & GAMBARINI, 2011).
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O sistema de recompensa cerebral é formado pela área tegumentar ventral (ATV), pelo núcleo accumbens (NA) e pelo córtex pré-frontal. A área tegumentar ventral manda aferências dopaminérgicas para o núcleo accumbens (via mesolímbica) e córtex pré-frontal. 
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Quando ocorre o estímulo recompensador, há liberação de dopamina duas a dez vezes maior que qualquer estímulo de recompensa natural. Assim a pessoa passa mais tempo procurando o prazer das drogas aditivas que qualquer outra forma de prazer, e desenvolve dependência. (ALVARENGA, ANDRADE & NEGRÃO, 2008). 
A adição às drogas modifica o funcionamento do cérebro e a capacidade de decisão da pessoa. Ocorre escravidão química: só a droga é capaz de fornecer prazer; outros estímulos passam a ser incapazes de fazê-lo.
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DEPENDÊNCIA: Estado mental e físico, decorrentes da interação entre um organismo vivo e uma SPA. Inclui compulsão de usar a droga para experimentar seu efeito psíquico ou evitar o desconforto provocado por sua ausência.
Dependência física: manifestação física quando o uso da droga é interrompido ou seu consumo diminuído. É síndrome de abstinência.
Dependência psíquica: compulsão ao uso para obtenção de prazer ou diminuição do desconforto caracterizado por ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração, raiva, insônia, etc.
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Pelo DSM 5, os transtornos relacionados ao uso de substâncias são definidos como padrão mal adaptativo do uso destas substâncias, que leva a um prejuízo ou sofrimento significativo, manifestado por dois ou mais dos seguintes critérios ocorridos no período de doze meses:
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Uso recorrente de substância resultando em falha no cumprimento de obrigações no trabalho, escola ou em casa.
Uso recorrente em situações em que isso pode ser fisicamente perigoso.
Uso continuado da substância apesar de problemas recorrentes e persistentes nas esferas social ou interpessoal causados ou exacerbados pelos efeitos da substância. 
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4. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
a) Necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado.
b) Acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância. (Não é considerado tolerância o uso de medicações sob supervisão e prescrição médica, como analgésicos, antidepressivos, ansiolíticos ou betabloqueadores).
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5. Abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:
a) Síndrome de abstinência característica para a substância, isto é, presença de sinais e sintomas decorrentes da suspensão do uso ou diminuição da dose habitualmente utilizada,
b) A mesma substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.
6. A substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido.
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7. Existe um desejo persistente ou esforços mal sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância.
8. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância, na utilização da substância ou na recuperação de seus efeitos.
9. Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância.
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10. O uso da substância continua apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância.
11. Fissura ou craving – um forte desejo ou urgência de usar uma substância específica.
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TIPOS DE DEPENDÊNCIA (DSM 5)
Dependência leve: presença de dois ou três dos onze critérios por um período de um ano.
Dependência moderada: presença de quatro ou cinco dos onze critérios por um período de um ano.
Dependência grave: presença de mais de seis dos onze critérios por um período de um ano. (AMADERA, 2013)
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Fatores que influenciam no desenvolvimento da dependência de drogas
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TIPOS DE USUÁRIOS (MS)
Experimentador.
Ocasional.
Habitual.
Dependente ou toxicômano.
 
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CLASSIFICAÇÃO:
Ação no SNC: depressoras, estimulantes, perturbadoras. 
Drogas leves e drogas pesadas.
Drogas seguras e inofensivas.
Drogas legais e ilegais.
Drogas naturais e drogas químicas.
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Drogas Depressoras: diminuem a atividade mental.
Ansiolíticos ou tranquilizantes.
Álcool etílico 
Inalantes ou solventes 
Narcóticos (ópio e seus derivados: heroína, morfina e codeína ) 
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Possíveis efeitos
Alívio da tensão e ansiedade, relaxamento muscular, sonolência, fala pastosa, incoordenação motora, dispneia. 
Em pequenas doses: desinibição, euforia, perda da capacidade crítica.
Em doses maiores: sensação de anestesia, sonolência, sedação. 
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Consequências
Doses altas - queda PA, bradipneia e bradicardia. 
Associadas ao álcool: aumentam os efeitos, podendo levar ao coma. 
Em grávidas podem causar má formação fetal. (SFA)
Náuseas, vômitos, tremores, sudorese, cefaleia, tontura, diminuição da atenção, da concentração, e dos reflexos, o que aumenta o risco de acidentes. 
O uso continuado pode causar problemas nos rins e destruição dos neurônios, podendo levar à atrofia cerebral. 
O uso prolongado está frequentemente associado a tentativas de suicídio. 
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Abstinência: 
Ansiedade, dispneia, midríase, lacrimejo, calafrios, "pele de galinha", tremores, convulsões, hipertensão, diarreia e vômitos com desidratação, febre, delírios, coriza, suor abundante, dores musculares e abdominais, em casos raros pode levar ao coma. 
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Como o álcool age no SNC:
Primeiro momento: (doses baixas ou início do efeito de doses altas): ação estimulante: euforia, desinibição, mais sociabilidade, sensação de prazer e alegria.
Segundo momento: ação depressora: reduz a ansiedade, prejudica a coordenação motora, diminui autocrítica, fala pastosa, reflexos lentos, sonolência, baixa capacidade de raciocínio e concentração.
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Em doses altas, a visão fica "dupla" ou borrada, prejuízo da memória e
 concentração, diminuição de resposta 
 a estímulos, sonolência, vômitos, insuficiência respiratória, podendo chegar à anestesia, coma e morte. É a intoxicação
alcoólica.
 O álcool tem, então, efeito bifásico no organismo. 
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CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DO USO DO ÁLCOOL
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OUTRAS CONSEQUÊNCIAS DO USO DO ÁLCOOL
Síndrome de abstinência alcoólica: por diminuição ou cessação do uso do álcool: tremores (de mãos, língua e pálpebras), náusea, vômitos, mal-estar ou fraqueza, hiperatividade autonômica (taquicardia, sudorese, aumento da PA), humor deprimido ou irritabilidade, insônia, hipotensão ortostática, convulsão. 
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Delirium de abstinência alcoólica (delirium tremens)- forma grave da síndrome de abstinência: rebaixamento do nível de consciência, sintomas produtivos (alucinações visuais, auditivas e táteis; delírios), hiperatividade autonômica, agitação, febre e crises convulsivas. Quadro grave que pode levar à morte. HV com suporte vitamínico, sedação com benzodiazepínico (VO a cada 30 minutos até sedação).
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Alucinose alcoólica: Síndrome alucinatória (alucinações auditivas ou visuais), sem prejuízo do nível de consciência, que aparece na abstinência. Pode haver remissão dos sintomas, mas pode evoluir para a forma crônica. Como o paciente não tem crítica do seu estado, pode haver conduta inadequada (agressividade). Pode ocorrer o ciúme patológico. Se necessário tratar com antipsicótico.
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Síndrome amnéstica alcoólica (Síndrome de Wernicke-Korsakoff): A deficiência vitamínica (tiamina) pode levar a encefalopatia alcoólica aguda (Síndrome de Wernicke): ataxia, oftalmoplegia, nistagmo e rebaixamento do nível de consciência. O quadro é reversível, se tratado com tiamina. 
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Se não for tratada, a Síndrome de Wernicke evolui para um transtorno amnéstico (Síndrome de Korsakoff): grave distúrbio da memória de fixação, com confabulações para preencher as lacunas mnêmicas. Não há prejuízo da consciência. É um quadro irreversível.
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DROGAS ESTIMULANTES DA ATIVIDADE DO SNC: 
2) Drogas que aumentam a atividade do cérebro.
Tabaco, Cocaína, crack, anfetaminas, êxtase. 
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Possíveis efeitos 
Estimulam atividade física e mental, inibição do sono e diminuição do cansaço e da fome. 
Sensação de poder, excitação e euforia. Estimulam a atividade física e mental.
Estimulante, sensação de prazer. 
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Possíveis consequências 
Taquicardia, aumento da PA, insônia, ansiedade e agressividade, pupilas dilatadas, suor excessivo, sensação de medo ou pânico, irritabilidade e agressividade, reduz o apetite, podendo levar a estados crônicos de anemia
Em doses altas podem aparecer distúrbios graves como paranóia e alucinações. Alguns evoluem para complicações cardíacas e circulatórias (AVC e IAM), convulsões e coma. O uso prolongado pode levar à destruição de tecido cerebral. 
O uso prolongado causa problemas circulatórios, cardíacos e pulmonares. 
Está associado a câncer de pulmão, bexiga e próstata, entre outros. 
Aumenta o risco de aborto e de parto prematuro. Mulheres que fumam durante a gravidez têm, em geral, filhos com peso abaixo do normal. 
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Abstinência: 
Depressão (por vezes grave, com risco de suicídio), apatia, sonolência, dores musculares, irritabilidade, nervosismo, entorpecimento intelectual, ansiedade, cefaleias, secura da boca, constipação intestinal.
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DROGAS PERTURBADORAS DA ATIVIDADE DO SNC:
Agem modificando qualitativamente a atividade do cérebro, que passa a funcionar fora do normal e a atividade cerebral fica perturbada:
Maconha (tetrahidrocanabinol), Alucinógenos sintéticos, Alucinógenos naturais, Anticolinérgicos, Ecstasy(metileno-dióxi-metanfetamina)
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Possíveis efeitos 
Excitação seguida de relaxamento, euforia, problemas com o tempo e o espaço, falar em demasia e fome intensa. Palidez, taquicardia, olhos avermelhados, pupilas dilatadas e boca seca. 
Alucinações, delírios, percepção deformada de sons, imagens e do tato. 
Sensação de bem-estar, plenitude e leveza. Aguçamento dos sentidos. 
Aumento da disposição e resistência física, podendo levar à exaustão.
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Possíveis consequências 
Prejuízo da atenção e da memória para fatos recentes; algumas pessoas podem apresentar alucinações, sobretudo visuais. 
Diminuição dos reflexos, aumentando o risco de acidentes. 
Em altas doses, pode haver ansiedade intensa; pânico; quadros psicológicos graves (paranóia). 
O uso contínuo prolongado pode levar a uma síndrome amotivacional (desânimo generalizado). 
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Podem ocorrer "más viagens", com ansiedade, pânico ou delírios. 
Alucinações, percepção distorcida de sons e imagens. 
Aumento de temperatura e desidratação, podendo levar à morte. 
Com o uso repetido, tendem a desaparecer as sensações agradáveis, que podem ser substituídas por ansiedade, sensação de medo, pânico e delírios.
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Abstinência: 
ansiedade,
 insônia, 
anorexia, 
tremores 
sudorese.
 
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Zaleski (2007) define comorbidade como a presença de duas entidades diagnósticas na mesma pessoa, e, no que diz respeito à comorbidade psiquiátrica na dependência química, a incidência tem tido um aumento significativo. Provavelmente, segundo o autor, pela disponibilidade de álcool e drogas na população geral. As prevalências de comorbidade entre os adultos tem sido de 0,5 a 75% e entre os adolescentes entre 40 a 80%.
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Os transtornos mais comuns incluem os transtornos do humor (depressão, TAB); de ansiedade; de déficit de atenção e hiperatividade; de personalidade; alimentares e psicoses.
	As prevalências das comorbidades psiquiátricas entre os usuários de drogas são as seguintes:
- Humor em 26% dos usuários de álcool.
- Ansiedade em 25% em usuários de álcool.
- Déficit de atenção e hiperatividade (adultos e adolescentes): 33% têm dependência de álcool e 20% usam outras drogas.
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- Esquizofrenia é 3,4 vezes maior em indivíduos que usam álcool e 5,9 vezes pelo uso de outras drogas do que na população em geral.
-Personalidade dos tipos antissocial e boderline são mais frequentes em dependência ao álcool e outras drogas na população adulta.
-Alimentares são presentes principalmente em adolescentes do sexo feminino que têm dependência de álcool além da presença de outra comorbidade, como os transtornos de humor e o transtornos de estresse pós-traumático.

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