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Marileni Ortencio de Abreu Passos
1Capa.indd 1 7/1/2010 09:07:26
02 PEDAGOGIA - 7º PERÍODO - 1ª PROVA - 07/01/2010 APROVADO: _______________
4Capa.indd 1 28/12/2009 18:19:49
Fundamentos das Dificuldades 
de Aprendizagem
Marileni Ortencio de Abreu Passos 
Curitiba
2010
Fundamentos_dificul_aprendizagem.indd 1 6/1/2010 11:33:54
05//02 PEDAGOGIA - 7º PERÍODO - 3ª PROVA - 07/01/2010 - Page 1 of 92 APROVADO: _______________
FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA
Diretor Acadêmico Osíris Manne Bastos
Diretor Administrativo-Financeiro Cássio da Silveira Carneiro
Diretor de Expansão e 
Qualidade Acadêmica
Alfredo Angelo Pires
Diretor de Expansão em EaD Alex Rosenbrock Teixeira
Coordenadora do Curso de 
Pedagogia EaD
Vívian de Camargo Bastos 
Secretária Geral Dirlei Werle Fávaro
SISTEMA EDUCACIONAL EADCON
Diretor Executivo Julián Rizo
Diretores Administrativo-Financeiros Ademilson Vitorino
Júlio César Algeri
Diretora de Operações Cristiane Andrea Strenske
Diretora de Marketing Ana Cristina Gomes
Coordenadora Geral Dinamara Pereira Machado
EDITORA FAEL
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Edição Silvia Milena Bernsdorf
Revisão Thaisa Socher
Projeto Gráfico e Capa Denise Pires Pierin
Diagramação Kátia Cristina Oliveira dos Santos
Ilustração Ana Lúcia Ehler Rodrigues
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Siderly Almeida CRB9/1022
Passos, Marileni Ortencio de Abreu
P289f Fundamentos das dificuldades de aprendizagem / Marileni 
Ortencio de Abreu Passos. – Curitiba: Editora Fael, 2010.
92 p.: il.
Nota: conforme Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
1. Distúrbios da Aprendizagem. I. Título.
CDD 371.926
Direitos desta edição reservados à Faculdade Educacional da Lapa – Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
Fundamentos_dificul_aprendizagem.indd 2 7/1/2010 10:57:21
03 PEDAGOGIA - 7º PERÍODO - 5ª PROVA - 07/01/2010 APROVADO:_______________
Capítulo 
apresentação
apresentação
As trilhas percorridas como educadora e pesquisadora na área da 
educação me agraciaram com o prazer de conhecer a professora Marileni 
Ortencio de Abreu Passos. Nossos primeiros encontros se assentaram na 
inquietude mútua de refletirmos em torno de uma proposta metodológica 
adaptada para alunos com sérios prejuízos de cognição, que se encontra-
vam em instituições especializadas. 
Educadora competente que sempre primou por uma educação 
realmente inclusiva, a autora busca sempre ampliar e aprimorar seus 
conhecimentos na área dos problemas de aprendizagem encontrados 
em pessoas com ou sem deficiências, sobretudo a partir de suas pes-
quisas de Mestrado, realizadas na Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUCPR), onde defendeu uma proposta metodológica específica 
para pessoas com deficiência – etapa que também tive o privilégio de 
acompanhar. 
Neste sentido, esta obra está estreitamente envolvida com a educa-
ção, mais especificamente com a formação inicial de futuros educadores. 
De modo claro, sucinto e didático este trabalho permite uma viagem pelos 
desafios dos problemas de aprendizagem, bem como sinaliza os principais 
fatores que desencadeiam tais comprometimentos. 
A experiência da autora no processo de avaliação e identificação de 
problemas de aprendizagem, refletida neste livro, dá suporte pedagógico 
para que profissionais da área possam conhecer e interagir com alunos 
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05//02 PEDAGOGIA - 7º PERÍODO - 3ª PROVA - 07/01/2010 - Page 3 of 92 APROVADO: _______________
que apresentam dificuldades de aprendizagem, organizando suas práticas 
cotidianas escolares de forma consistente e inclusiva.
Laura Ceretta Moreira*
* Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, atualmente é professora adjunta 
da Universidade Federal do Paraná.
apresentação
apresentação
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05//02 PEDAGOGIA - 7º PERÍODO - 3ª PROVA - 07/01/2010 - Page 4 of 92 APROVADO: _______________
sumário
Prefácio.....................................................................................7
1 Conceituando problemas de aprendizagem ............................9
2 Dificuldades relacionadas à aprendizagem ..........................15
3 Deficiência auditiva e aprendizagem .....................................25
4 Deficiência visual e suas características 
educacionais ..........................................................................35
5 Emoções e aprendizagem: questões 
relacionadas ..........................................................................41
6 Transtorno de Deficit de Atenção e 
Hiperatividade – TDAH ..........................................................47
7 Deficiência intelectual X aprendizagem ................................51
sumário
Fundamentos_dificul_aprendizagem.indd 5 8/1/2010 11:18:20
05 PEDAGOGIA – 7º PERÍODO – 4ª PROVA – 08/01/2010 APROVADO ____________
sumário
8 Desenvolvendo habilidades básicas para 
alfabetização .......................................................................... 59
9 Avaliação da criança com dificuldades de 
aprendizagem – aspectos de identificação ........................... 65
10 Instrução ancorada: desafios da tecnologia 
na educação ............................................................................ 71
11 Importância do lúdico para alunos com 
dificuldades de aprendizagem................................................. 77
12 Papel da Psicopedagogia ....................................................... 83
Referências.............................................................................. 89
sumário
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05//02 PEDAGOGIA - 7º PERÍODO - 3ª PROVA - 07/01/2010 - Page 6 of 92 APROVADO: _______________
Capítulo 
7
prefácio
prefácio
Esta obra apresenta uma visão geral das principais abordagens 
de pesquisadores, como Ciasca (2003), Fernández (2004), Fonseca 
(1995), Guerra (2002), Morais (2003), Paín (1992), Piaget (1977), 
Rubistein (1986), Vygotsky (1989), entre outros colaboradores das 
áreas da Saúde e Educação.
O tema proposto está dividido em 12 capítulos e sua construção 
analisa as diversas causas que afetam a aprendizagem. Nesse trabalho, 
buscou-se desmistificar os problemas de aprendizagem focados no alu-
no, propondo uma análise das várias influências próximas à criança, 
desde a família até o sistema educacional, isto por entender que, se 
a criança não aprende, a sociedade como um todo, principalmente 
a escola, tem parcela de responsabilidade e deve procurar minimizar 
esse prejuízo.
Estamos cientes de que as discussões e pesquisas sobre o tema, 
por sua amplitude, não se esgotam neste breve estudo, mas devem 
envolver todos os comprometidos na educação e áreas afins, na bus-
ca de respostas e possíveis intervenções que possam trazer benefícios 
imediatos ou em longo prazo para nossos educandos.
As duas unidades iniciais abordam as dificuldades de aprendiza-
gem com uma visão dos estudiosos da Psicopedagogia. As unidades 
três e quatro apresentam as deficiências visuais, auditivas, intelectuais 
e suas relações com a aprendizagem. As unidades cinco e seis traba-
lham com os transtornos que podem comprometer a aprendizagem. 
Na unidade sete, falaremos sobre as emoções e suas influências na 
aprendizagem; e as unidades seguintes apresentam, de uma forma 
reflexiva, possíveis ações de apoio e encaminhamento. E, finalmente, 
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prefácio
prefácio
8
nos dois últimos capítulos, focamos alguns aspectos da avaliação, culmi-
nado com o papel do psicopedagogo na área da aprendizagem.
Nosso anseio e expectativa é que este trabalho colabore diretamente 
com você, profissional da educação que, acreditamos, não se limitará às 
informações desta apresentação, mas se converterá em um pesquisador 
que poderá, com certeza, contribuir para a educação de nosso país.
Bom trabalho a todos.
A autora.*
* Marileni Ortencio de Abreu Passos é Mestre em Educação na área de Pensamento Edu-
cacional Brasileiro e Formação Docente pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUCPR). Atualmente é professora titular de Graduação e Pós-graduação, presencial e a 
distância, em diversas instituições de ensino do Paraná.
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9
As implicações decorrentes das dificuldades de aprendizagem são 
amplas e envolvem estudos das várias áreas da ciência, sendo que cada 
uma delas tem suas definições e nomenclaturas, que melhor abordam 
ou conceituam o tema. Algumas parecem contraditórias entre si, como 
é o caso dos conceitos do próprio termo “dificuldades”. Existem autores 
que preferem tratá-lo como “dis-
túrbios”, “desordens” ou, ainda, 
“deficiências” na aprendizagem. 
O certo é que em cada aborda-
gem há um objeto em comum: 
a aprendizagem ou sua ausência 
no meio escolar.
Enfatizamos que nosso ob-
jetivo neste capítulo é que você 
possa se familiarizar com essas 
terminologias, lembrando sem-
pre, porém, que nosso foco é a 
visão pedagógica do tema e suas 
implicações na educação.
Definições de 
dificuldades de aprendizagem
Encontram-se na literatura atual muitas definições e terminolo-
gias referentes às dificuldades de aprendizagem. O termo “dificuldade 
de aprendizagem” tem sido recomendado por diversos autores, como 
Fonseca (1995); Guerra (2002); Bossa (2000); Dockrell e McShane 
Conceituando 
problemas de 
aprendizagem 1prefácio
Para maior conhecimento dos termos e concei-
tos, recomenda-se a leitura do artigo “Trans-
tornos da aprendizagem: conceito, quadro 
clínico e avaliação diagnóstica”, da autora 
Patrícia Gouveia Ferraz, disponível no endere-
ço: <http://www.psiquiatriainfantil.com.br/ 
artigo.asp>. Nele, a pesquisadora tece um 
breve histórico do tema, com anuência do 
psiquiatra e professor Dr. Francisco Baptista 
Assumpção Jr. O artigo foi resultado de uma 
pesquisa sobre o assunto, com ênfase na área 
da psiquiatria, e tem uma contribuição rele-
vante por sua trajetória documental e pelas 
referências presentes na literatura médica.
Saiba mais
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Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem
FAEL – Faculdade Educacional da Lapa 
10
(2000), entre outros, que elegeram essa terminologia pela abrangência 
de significados e situações compreendidas por ela. Outros termos su-
geridos são “desordens de aprendizagem” ou “distúrbios de aprendiza-
gem”, utilizados por Morais (2003); Ciasca (2003), etc.
O Comitê Nacional para Desordens de Aprendizagem dos Estados 
Unidos – National Joint Commitee for Learning Disorders – entende por 
desordens de aprendizagem “um termo geral que se refere a um grupo 
heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades signi-
ficativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio 
ou habilidades matemáticas” (NJCLD apud GUERRA, 2002), salien-
tando que esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, devido à dis-
função do sistema nervoso central, podendo ocorrer ao longo do ciclo 
vital e, ainda, existir simultaneamente aos problemas nas condutas de 
autorregulação, percepção e interação social, mas que não constituem, 
por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem.
Mesmo que as desordens de aprendizagem possam ocorrer 
concomitantemente com outras condições incapacitantes (por 
exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtor-
nos emocionais graves) ou com influências extrínsecas (tais 
como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou in-
suficiente), não são resultados dessas condições ou influências 
(NJCLD apud GUERRA, 2002, p. 4).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, pu-
blicado pela American Psychiatric Association (2005), diz que os trans-
tornos de aprendizagem incluem o transtorno da leitura, matemática 
e expressão escrita, e observa que devem ser diagnosticados quando os 
resultados, nessas áreas, forem abaixo do esperado. Essa avaliação deve 
considerar a idade da criança, o nível escolar e a capacidade intelectual. 
A avaliação do escore cognitivo (ou capacidade intelectual) é medida 
por testes padronizados realizados por profissionais habilitados, geral-
mente pela Psicologia, porém não são os únicos recursos para se diag-
nosticar esses transtornos.
Retornando à definição do Comitê Nacional dos Estados Unidos, 
quando se sinaliza que os transtornos são intrínsecos ao indivíduo, tem-se 
 a ideia de que o problema está voltado à pessoa, isto é, centra-se a difi-
culdade na criança, por ser resultado de uma disfunção cerebral, o que 
pode ser considerado irreversível. Porém, ao se referir aos problemas de 
aprendizagem, a definição insinua que se trata de situações passageiras, 
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Capítulo 1 
Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem
11
como é o caso de interferências familiares ou ocasionais, de ordem so-
cial, cultural ou, até mesmo, pedagógica.
Morais (2003) em uma abordagem psicopedagógica acerca das cau-
sas das dificuldades, utiliza o termo “distúrbios de aprendizagem” e aponta 
a falta de desenvolvimento de habilidades básicas (perceptivas, motoras, 
linguísticas, cognitivas), além de fatores emocionais, como responsáveis 
pelos prejuízos de aprendizagem principalmente na fase da alfabetização. 
O autor recomenda procedimentos terapêuticos para superação destes 
obstáculos e, simultaneamente, o empenho do professor no sentido de 
promover a aquisição das habilidades necessárias à aprendizagem.
O fato é que, se a criança não apresenta problemas clínicos com-
provados que possam sugerir ou refletir na sua aprendizagem, devem 
ser consideradas outras possibilidades de interferências que resultam 
em fracasso escolar. Este capítulo, portanto, pretende apresentar algu-
mas possibilidades que causam as dificuldades de aprendizagem.
Fatores que interferem no processo de aprendizagem
A aprendizagem está ligada intimamente à criança e, também, ao 
adulto. O ato de aprender é inerente a todo ser humano. Ao observar 
uma criança durante seu desenvolvimento, percebe-se que constante-
mente ela procura aprender algo. Nesse sentido, pode-se dizer que a 
busca pelo conhecimento se configura em um ato de prazer, principal-
mente para a criança.
Partindo dessa premissa, questiona-se: por que encontramos crian-
ças desinteressadas na aprendizagem escolar? Será que a escola pode inibir 
um desejo que é inato ao aluno? A aprendizagem tem caráter individual; 
ninguém aprende por ninguém e a construção do conhecimento, apesar 
de ter a contribuição do coletivo e do social, não se concretiza se houver 
obstáculos que interfiram em seu processo, que é gradual e cumulativo.
Sara Paín (1992), psicopedagoga e estudiosa dos problemas de 
aprendizagem, cita como quesitos fundamentais para que haja aprendi-
zagem os seguintes fatores:a) fatores orgânicos – uma criança com transtornos físicos terá mais 
dificuldade em aprender. Se o sistema nervoso estiver compro-
metido, haverá interferência tanto na assimilação de conteúdos, 
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Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem
FAEL – Faculdade Educacional da Lapa 
12
quanto no ritmo de aprendizagem. Entre outras causas, cita-se: 
hipoacusia (diminuição do sentido da audição), baixa visão, defi-
ciências glandulares (mau funcionamento renal ou hepático, por 
exemplo), distrofias generalizadas, etc.
b) fatores específicos – referem-se aos transtornos perceptomotores 
ligados à área da linguagem (articulação e escrita). Essas desordens 
podem estar correlatas às noções de lateralidade. É comum encon-
trarmos crianças com problemas de aprendizagem sem dominân-
cia lateral ou dominância indefinida1. Paín (1992) ressalta que a 
criança destra (dominância direita de mãos e olhos) apresenta uma 
grafia mais uniforme em relação à canhota. No entanto, cabe aqui 
uma ressalva: apesar dessas considerações, não se deve determinar 
a dominância manual da criança, principalmente para a canhota, 
pois ela deve amadurecer naturalmente seu domínio lateral.
c) fatores psicógenos – os problemas de aprendizagem podem e mani-
festam-se em decorrência de perturbações neuróticas (satisfação pelo 
afastamento da realidade e pelo excessivo contentamento na fantasia 
ou, ainda, pela fixação com a parada de crescimento na criança).
Segundo Freud (apud PAÍN, 1992), a inibição do ato de aprender 
pode estar ligada à diminuição de função, ou seja, uma restrição 
relacionada ao ego que se desencadeia em três situações possíveis, 
sendo a primeira ligada à sexualização dos órgãos envolvidos na 
ação como no caso da masturbação; a segunda, quando a pessoa 
tem compulsão pelo fracasso, isto é, tendência em repetir sempre 
a mesma situação e, nesse caso, o fracasso na aprendizagem; e a 
terceira, quando o ego está totalmente voltado para uma situação 
de tragédia, como é caso de um luto, a exemplo de crianças que 
presenciaram fatos traumáticos.
d) fatores ambientais – esses fatores relacionam-se ao meio ou ao 
ambiente físico e material da criança, ou seja, às condições de mo-
radia, ao acesso ao lazer e esporte, aos meios de comunicação, ou 
às expectativas de futuro. Tais aspectos são decorrentes das ligações 
imediatas da criança, como família, amigos e outras situações que 
a envolvem diretamente.
1 Entende-se por dominância indefinida o momento em que a criança está em processo de 
domínio e, neste caso, já pode apresentar tendência para um lado. No entanto, não se pode 
afirmar que este será definitivamente o lado dominante.
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Capítulo 1 
Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem
13
Considerando que a criança está disponível à aprendizagem e se 
isso não acontece pelas possíveis causas apresentadas acima, há, tam-
bém, de se considerar as condições, capacidades e habilidades necessá-
rias ao ato de aprender.
Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo 
Na literatura atual, encontram-se muitas definições e terminolo-
gias referentes às dificuldades de aprendizagem, como “dificuldade de 
aprendizagem”, “desordens de aprendizagem” e, ainda, “distúrbios de 
aprendizagem”. No sistema educacional, utiliza-se mais o termo “difi-
culdade de aprendizagem”, por entender que nesse enunciado há uma 
amplitude de significados que melhor definem os problemas apresen-
tados nas escolas.
Entre os fatores que interferem no processo de aprendizagem, en-
contram-se os orgânicos, que se referem aos transtornos físicos, como 
a hipoacusia, a baixa visão, as deficiências glandulares distrofias ge-
neralizadas, entre outras; os específicos, que decorrem de transtornos 
perceptivos-motores ligados à área da linguagem (articulação e escrita); 
os fatores psicógenos, de perturbações neuróticas que interferem no 
crescimento da criança, e, por fim, os fatores ambientais, que se rela-
cionam ao meio ou ao ambiente físico e material da criança e que estão 
ligados à formação e à vivência da criança.
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15
Antes de focarmos as causas das dificuldades que a criança pode 
apresentar, faremos uma breve exposição sobre a descoberta da neuro-
plasticidade e seus benefícios para a educação.
Gina Kemp e colaboradores do Instituto Helpeguide (2009) rela-
tam que estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro apontam 
a neuroplasticidade como importante descoberta para as superação dos 
distúrbios e das dificuldades de aprendizagem. Esta teoria preconiza que 
o cérebro natural tem a capacidade de mudar, formar novas conexões e 
gerar novas células cerebrais em resposta a experiências diversificadas. 
Este conhecimento deu origem à busca estímulos cerebrais que possam 
promover a aprendizagem. O cérebro através de atividades diversificadas 
busca novas conexões neuronais pelo poder da neuroplasticidade, supe-
rando as áreas do cérebro que comprometem a aprendizagem.
A teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE), a teo-
ria da Experiência da Aprendizagem Mediada (MLE), e o Programa de 
Enriquecimento Instrumental (PEI) têm como um de seus estudiosos o 
psicólogo Reuven Feuerstein (natural da Romênia), que desenvolveu e 
aplicou seus estudos em crianças israelenses com problemas de aprendiza-
gem decorrentes dos traumas das guerras e que afetaram suas famílias.
Feuerstein tem como base de seus estudos os trabalhos de Jean Piaget 
e Lev Vygotski, pesquisadores in-
teracionistas que defendem a ideia 
de que o intelecto tem capacida-
de de refletir e desenvolver racio-
cínios mais inteligentes, ou criar 
Dificuldades 
relacionadas à 
aprendizagem 2
Você sabia que inteligência se aprende? Para 
saber mais, acesse: <pt.wikipedia.org/wiki/ 
Reuven_Feuerstein>.
Saiba mais
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Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem
FAEL – Faculdade Educacional da Lapa 
16
estratégias de pensamentos que os tornem mais produtivos, por meio de 
situações estruturadas de aprendizagem, com auxílio de programas e exer-
cícios que viabilizem o desenvolvimento.
Portanto, o desenvolvimento cerebral depende das oportunidades 
apresentadas às crianças e, nesse sentido, convém ressaltar a importância 
de experiências inovadoras e com processos diferenciados de elaboração, 
para que o cérebro trabalhe com conexões usuais ou que ele seja impul-
sionado a criar novas estruturas para a solução efetiva de problemas.
Apresentamos, primeiramente, as hipóteses positivas de superação 
ou aproveitamento cognitivo para o enfrentamento das dificuldades de 
aprendizagem. Na sequência, serão relatadas situações que podem ser 
responsáveis pelas dificuldades de aprendizagem.
Desordens responsáveis pelas dificuldades de 
aprendizagem
Segundo Guerra (2002, p. 46-61), as dificuldades de aprendi-
zagem se estabelecem quando a criança encontra problemas em se 
perceber, perceber seu mundo e relacionar-se com outras pessoas. 
A verbalização espontânea e um bom equilíbrio emocional podem 
mascarar os transtornos de aprendizagem decorrentes da Dislexia,Hiperlexia, Discalculia ou Disgrafia, que devem ser diagnosticados 
precocemente, evitando maiores prejuízos na alfabetização ou em 
fases subsequentes.
Deve-se ressaltar que as dificuldades de aprendizagem resultantes 
destes transtornos não são causadas pela falta de inteligência, tam-
pouco pela deficiência visual ou auditiva, mas se devem, principal-
mente, pelo recebimento de informações dos canais sensoriais (visão 
ou audição), em que a criança não consegue processar devidamente a 
mensagem recebida.
Dislexia
O conceito de dislexia é descrito por inúmeros pesquisadores do 
tema. Entre os mais reconhecidos, a definição do termo relatada por 
Molina Garcia (apud GUERRA, 2002, p. 46) que entende que a dis-
lexia se refere à dificuldade de aprendizagem de leitura, que deve ser 
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Capítulo 2 
Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem
17
compreendida como um transtorno específico que algumas pessoas 
possuem para processar a informação procedente da linguagem escri-
ta, como consequência de certos deficits neuropsicológicos dos sistemas 
funcionais que são responsáveis por esse processo. Nicasio Garcia (apud 
GUERRA, 2002) define a dificuldade de aprendizagem pela presença 
de um deficit no desenvolvimento do raciocínio de reconhecimento e 
compreensão dos textos escritos.
É importante destacar nessas duas descrições que os autores acor-
dam que o transtorno da dislexia não pode ser atribuído à deficiência 
intelectual ou à escolarização inadequada.
Os autores Johnson e Myklebust (apud MORAIS, 2003) identifi-
cam dois tipos de dislexia.
Dislexia auditiva
A dislexia auditiva caracteriza-se pela dificuldade em distinguir se-
melhanças e diferenças entre sons acusticamente próximos. O processo 
de ouvir corretamente tem grande influência na capacidade de ler e 
escrever, e uma dificuldade, por mais sutil que seja na recepção do som, 
pode prejudicar a grafia das palavras, bem como comprometer a com-
preensão dos conceitos básicos de leitura e escrita.
Dislexia visual
Conforme Guerra (2002), na dislexia visual a dificuldade está em 
discriminar visualmente as letras (grafemas), que não são reconheci-
das, mesmo não havendo problemas de acuidade visual. Podem ocorrer 
problemas na percepção visual, que resultam em inversão de letras ou 
números e na escrita de palavras, feita em linhas separadas ou distantes, 
e dificuldades com relação ao tamanho e à forma, Além disso, ainda 
não se consegue fazer linhas retas ou curvas e ângulos, e pode-se ter 
dificuldade com a orientação vertical ou horizontal.
A dislexia, em suma, refere-se a uma inaptidão de leitura e escrita 
e traduz-se em um agrupamento de sintomas que resultam nas difi-
culdades de processar informações recebidas da linguagem escrita, isto 
é, está particularmente relacionada à leitura. As pessoas com dislexia 
encontram dificuldades em outras habilidades de linguagem, como or-
tografia, escrita e pronúncia de palavras.
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A dislexia é considerada uma inaptidão, porque pode afetar a vida do estu-
dante, interferindo em seu sucesso acadêmico, necessitando nas situações 
mais severas, inclusive, intervenção terapêutica e apoio escolar em progra-
mas alternativos.
A dislexia também afeta as pessoas ao longo de sua história; po-
rém, essa desordem pode sofrer alterações em fases diferentes da vida 
do disléxico. Ela tem diferentes impactos para cada pessoa e, depen-
dendo da severidade da condição, o aluno necessita de efetivo apoio 
pedagógico ou intervenção terapêutica. A dificuldade central é com 
o reconhecimento de palavras, que incide na leitura com fluência, na 
ortografia e na escrita.
O diagrama a seguir exemplifica as várias áreas que podem ser afe-
tadas pela dislexia:
Educação
Saúde
Vida
Ortografia Matemática
Linguagem
LeituraDislexia
Alguns disléxicos conseguem administrar o problema no início da 
alfabetização, se tiverem apoio pedagógico específico, mas durante o 
decurso da escolaridade, quando as informações são mais complexas e 
exigem maior elaboração, como gramática, produção livre de textos ou 
na composição de músicas e poemas, é que essas pessoas sentem mais o 
impacto que o distúrbio pode ocasionar.
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Capítulo 2 
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A dislexia também pode afetar a imagem própria de uma pessoa. Os alunos 
com dislexia acabam parecendo “mudos” e menos aptos do que realmente 
são. Depois de sentir muita tensão negativa devido a problemas acadêmi-
cos, podem se tornar desencorajados para prosseguir seus estudos e acabam 
abandonando a escola.
O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por diferentes profis-
sionais, já que se trata de um sistema complexo de informações, pois, 
segundo Myklebust (apud MORAIS, 2003), a dislexia raramente é en-
contrada de forma isolada. As dificuldades severas para ler e escrever 
corretamente a língua falada podem estar associadas a outros distúrbios, 
como os de memória, orientação esquerda-direita, orientação tempo-
ral, escrita e soletração, distúrbios topográficos e de padrão motor, que 
serão descritos no decorrer deste material.
Discalculia
A discalculia é descrita por 
Logsdon (2009) como uma di-
ficuldade em comprender as 
operações básicas de adição e 
subtração. Alunos com discalcu-
lia encontram obstáculos na re-
solução de operações mais com-
plexas, como multiplicação e 
divisão, não entendem conceitos 
matemáticos e não conseguem 
resolver problemas que envolvem estes sistemas. 
Segundo Johnson e Myklebusust (apud GUERRA, 2002, p. 61), a 
criança com discalculia não faz generalizações ou não tira as conclusões 
adequadas das experiências que normalmente levariam à compreensão dos 
conceitos de número e quantidade, e citam as seguintes dificuldades:
estabelecer correspondência unívoca (ex.: número de cadeiras X ●
crianças em sala de aula);
No Controle Internacional de Doenças 
 (CID-10), código reconhecido internacional-
mente que contém os registros (classificação 
das doenças), encontra-se o termo acalculia do 
desenvolvimento, que sugere lesão cerebral 
relacionada a adultos e crianças.
Fonte: Wikipédia (2009).
Saiba mais
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co ● ntagem com sentido;
associação aos símbolos auditivos e visuais; ●
aprendizagem do sistema cardinal e ordinal; ●
princípios de conservação de quantidade; ●
operações de matemática e significados de sinais aritméticos; ●
princípios de medida; ●
leitura de mapas e gráficos; ●
solução de problemas que exijam raciocínio matemático. ●
O trabalho pedagógico a ser realizado com a criança que apresenta 
discalculia consiste em ajudá-la a simbolizar experiências em situações 
concretas, que podem ser mani-
puladas por meio de jogos em si-
tuações reais cotidianas, partindo 
sempre do conhecimento já ad-
quirido e assimilado por ela, para 
experiências mais complexas de 
atividades que envolvam quanti-
dades e símbolos numéricos.
Hiperlexia
A hiperlexia refere-se a uma habilidade precoce e espontânea de 
leitura que pode acontecer dos 18 atéos 24 meses. Essa capacidade 
permite que as crianças hiperléxicas leiam letras e números inclusive de 
cabeça para baixo. No entanto, geralmente apresentam dificuldade na 
compreensão do que leem, pois na maioria dos casos se trata de uma 
leitura mecânica sem conexão textual.
Essa fascinação pela leitura permite que aos três anos de idade a 
criança já esteja lendo palavras, sem ajuda de um alfabetizador. Po-
rém, o conteúdo pode ser muito complexo para seu entendimento 
e, pela precocidade, ela tem dificuldade em compreender o sentido 
daquilo que lê.
A criança hiperléxica sente-se atraída cada vez mais pelas letras 
e números, e inicia uma busca compulsiva pela leitura, como uma 
Para melhor compreensão desses itens, reco-
menda-se analisar “Os princípios de conser-
vação das quantidades” de Piaget e Inhelder 
(1975), que se encontra no livro O desenvol-
vimento das quantidades físicas na criança, 
publicado por Zaar Editores/MEC.
Saiba mais
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espécie de alimentação para o 
cérebro. A compulsividade pela 
leitura interfere na atenção. As 
crianças não ficam paradas por 
muito tempo e a hiperlexia aca-
ba sendo confundida com o 
Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Em ou-
tras palavras, o desejo de ler acaba gerando uma ansiedade de forma a 
comprometer a capacidade de concentração.
A maioria dessas crianças apresenta transtornos na linguagem e no 
desenvolvimento de interações sociais. Como frequentemente ocorre, essa 
habilidade é vista de forma positiva pelos pais, pois acreditam que seu filho 
possa ser um gênio; porém, esse fato pode acabar mascarando a necessida-
de de atendimento especializado, principalmente na área da linguagem.
Disgrafia
A disgrafia é descrita pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM IV, 2005) como a dificuldade de escrita, ou 
seja, do traçado gráfico. A criança pode apresentar um traçado irregu-
lar de letra por não conseguir memorizar a grafia correta e o processo 
de escrita ocorre lentamente, o que pode gerar a união ou junção de 
letras. Esta dificuldade geralmente é resultante de problemas de ordem 
neurológica ou intelectual.
Morais (2003, p. 158) aponta como fatores da disgrafia “a postura 
inadequada para sentar e pegar o instrumento de escrita, a posição 
da folha de papel, a perfeita coordenação motora fina, a capacidade 
de organização do traçado gráfico na folha de papel”. Essas situações 
podem comprometer o traçado da letra, porém outras causas também 
são apontadas como: dificuldades no desenvolvimento motor (ex.: fa-
lha nos estágios do desenvolvimento), na dominância lateral e espacial 
(ex.: quando o domínio não está estabelecido, exige-se a utilização da 
mão direita, no caso do canhoto); o estado emocional (ansiedade, ti-
midez, falta de motivação) e a própria ortografia, pela exigência escolar 
de um ritmo rápido.
Algumas crianças com disgrafia possuem, também, uma disor-
tografia, amontoando letras para esconder os erros ortográficos. A 
Uma sugestão de leitura é: Lendo muito cedo, 
de Susan Martins Miller, publicado pela Nova 
Alvorada Editora BH.
Saiba mais
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disortografia refere-se ao processo de ortografia (fatores semântico e 
sintático) e, nesse caso, a criança tem dificuldade da expressão escrita, o 
que afeta sua produção e abstração de ideias. Vale ressaltar, no entanto, 
que não são todos disgráficos que possuem disortografia.
Entre as características mais comuns dos disgráficos, pode-se ob-
servar: lentidão na escrita, letra ilegível, traçado irregular, desorganiza-
ção geral na folha e no texto, tamanho muito pequeno ou muito grande 
da escrita, espaçamento entre as linhas, ligação das letras. Geralmente, 
o disgráfico não apresenta características isoladas, mas um conjunto de 
algumas dessas citadas acima.
A seguir, são apresentados alguns indicadores de disgrafia, sugeri-
dos por Rubistein (1986). 
IndIcadores de dIsgrafIa exemplos
Inversão de letras ne X em; areonautas X aeronautas
Inversão de sílabas penvasa X pensava
Inversão de números 89 X 98; 123 X 213
substituição de letras gogar X jogar; irnão X irmão
substituição de sílabas ponta X pomba
substituição de palavras menino X ninho; lindo X grande
substituição de números 1225 X 325
omissão de letras tabém X também
omissão de sílabas prinpal X principal
omissão de palavras por não voltar... X por favor, não 
voltar
omissão de números 32 X 302
dissociação de palavras ci ne X cine
contaminação de letras forteses X fortes
contaminação de sílabas sedeitou X se deitou
contaminação de palavras haviaúma X havia uma
A criança, ainda, pode apresentar alguns casos de agregação de 
uma mesma letra, sílaba, palavra ou número (ex.: “passassada” por 
“passada”), que pode ser denominado de translação prospectiva ou 
retrospectiva.
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Prospectiva ● : “Toma tosopa” por “Toma sopa”.
Retrospectiva ● : “Mea aproximei” por “me aproximei”.
Para que esses transtornos sejam identificados, precisa ser cons-
tatado o mesmo comportamento em várias situações. Portanto, casos 
isolados não podem ser classificados como transtorno específico. No 
caso de crianças em estágios iniciais da escolaridade deve-se avaliá-las 
comparando suas produções com as de outras crianças com a mesma 
idade cronológica, isto é, realizar uma análise do real com o suposta-
mente esperado para sua idade e experiência.
Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo 
Inicialmente, vimos que inteligência se aprende, pressuposto pes-
quisado por Reuven Feuerstein, que desenvolveu as teorias da Modifi-
cabilidade Cognitiva Estrutural (MCE) e da Experiência da Aprendi-
zagem Mediada (MLE) e o Programa de Enriquecimento Instrumental 
(PEI). Esse conhecimento deu origem à busca de estímulos que resul-
tam na aprendizagem e consistem em estimular o cérebro a utilizar 
melhor suas conexões e formar novas ligações neuronais, chamadas de 
poder da neuroplasticidade.
Este capítulo apresentou algumas desordens responsáveis pelas 
dificuldades de aprendizagem, ressaltando que as dificuldades ou dis-
túrbios não são resultantes de falta de inteligência, mas se referem 
ao envio de informações recebidas pelos canais sensoriais (os olhos 
e os ouvidos) que não conseguem processar devidamente a mensa- 
gem recebida.
Dentre essas dificuldades, encontra-se a dislexia, que se divide em 
auditiva e visual. Na dislexia auditiva, a criança tem dificuldade em dis-
tinguir semelhanças e diferenças entre sons acusticamente próximos; e 
na dislexia visual sua dificuldade está em diferenciar, interpretar e recor-
dar palavras. Outra dificuldade denomina-se hiperlexia, que se refere 
a uma habilidade precoce e espontânea da leitura que pode acontecer 
dos 18 aos 24 meses. Essa dificuldade aparentemente parece ser positi-
va, porém a criança com hiperlexia pode apresentar outros transtornos 
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resultantes dessaantecipação de leitura. A disgrafia, chamada também 
de letra feia, é identificada pelo traçado irregular da letra, que ocorre 
devido a uma incapacidade de recordar a grafia correta da letra.
Essas dificuldades não podem ser caracterizadas por fatos isola-
dos, mas precisam ser analisadas em várias situações e contextos de 
aprendizagem.
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As deficiências sensoriais compreendem a deficiência visual 
(perda total ou parcial da visão) e a deficiência auditiva (perda total ou 
parcial da audição). Essas perdas, em particular, não são responsáveis 
pelas dificuldades de aprendizagem em si, no entanto, elas podem di-
ficultar esse processo pelo comprometimento da recepção de informa-
ções necessárias à alfabetização.
Partindo do pressuposto de que os canais sensoriais são fundamen-
tais para o estabelecimento das relações cognitivas, que se concretizam 
a partir das informações recebidas pela audição e visão, faz-se necessá-
rio buscar mecanismos de substituição dessas funções, em benefício da 
aprendizagem, por meio de outras formas de comunicação, sejam táteis 
e auditivas para o cego, ou visuais para o surdo.
Este capítulo objetiva 
apresentar as características in-
dividuais das deficiências au-
ditivas, abordando suas causas 
e etiologia, bem como o com-
portamento que se deve ter 
frente aos alunos portadores de 
surdez, além de dicas de atendi-
mento em sala de aula regular. 
Contudo, não se descarta nesta 
breve exposição a necessidade 
de atendimento especializado, 
que deve ser realizado em programas de escolas especiais, ou de classes 
e salas de recursos, inseridas no ensino regular.
Deficiência 
auditiva e 
aprendizagem 3
Para saber mais sobre esse assunto, acesse 
o guia do Ministério da Educação chamado 
Atendimento educacional especializado – 
pessoa com surdez, disponível no endereço: 
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/aee_da.pdf>. Acesse, também, o site da 
Federação Nacional de Educação e Integra-
ção dos Surdos, disponível em: <http://www.
feneis.com.br/page/>.
Saiba mais
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Deficiência auditiva e principais causas
A perda auditiva está presente em 3 de cada 1000 nascimentos, 
segundo relato da Oral Deaf – organização americana que defende o 
implante coclear. A causa de perda auditiva é desconhecida ou não 
identificada em crianças recém-nascidas em 50% dos casos. Cerca de 
25% das causas são de origem genética (a maioria presente no gene 26, 
cromossomo 13) e os outros 25% podem ser resultantes de infecções 
intrauterinas, como o citomegalovírus, do baixo peso (1 a 2 kg), de 
medicamentos ototóxicos, de meningite bacteriana, de anomalias cra-
niofaciais, entre outras causas.
Ainda que a perda auditiva se configure em uma das anomalias 
neo natais mais comuns, os exames de acuidade em bebês é muito re-
cente. Geralmente, esses testes são aplicados entre 13 e 22 meses, quan-
do os pais percebem alguns sinais de alerta e recorrem ao médico para 
verificação. Atualmente, já se pode diagnosticar a perda auditiva logo 
após o nascimento da criança.
Entre as causas pré-natais conhecidas, pode-se citar as desordens 
genéticas ou hereditárias, os problemas de consanguinidade, o fator 
RH, as questões relativas às doenças infectocontagiosas (rubéola e ou-
tras), a sífilis, o citomegalovírus, a toxoplasmose, a herpes, o uso de 
drogas e o alcoolismo maternos, a desnutrição/subnutrição/carências 
alimentares, o diabetes e a exposição à radiação. Durante o nascimento, 
a perda auditiva pode ser consequência da pré-maturidade, pós-matu-
ridade, anóxia, fórceps ou da infecção hospitalar. Após o nascimento, 
são encontrados casos relativos à meningite, uso de remédios ototóxicos 
em excesso, sífilis adquirida, sarampo, caxumba, exposição contínua a 
ruídos ou sons muito altos e, ainda, traumatismos cranianos.
A deficiência auditiva
A deficiência auditiva, também denominada de surdez, segundo 
Telford e Sawrey (1984, p. 515) manifesta-se como:
surdez leve/moderada ● – perda auditiva de até 70 decibéis, 
que dificulta, mas não impede o indivíduo de se expressar 
oralmente, bem como de perceber a voz humana, com ou sem 
a utilização de um aparelho auditivo.
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Capítulo 3 
Fundamentos das Di� culdades de Aprendizagem
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surdez severa/profunda ● – perda auditiva acima de 75 deci-
béis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem apare-
lho auditivo, a voz humana, bem como de adquirir, natural-
mente, o código da língua oral.
A avaliação da perda auditiva é realizada por uma unidade que 
mede o volume do som denominada decibel (dB). A letra d é grafada 
em minúsculo, por corresponder a decibéis, e a letra B, em maiúscu-
lo, por ser a abreviatura de Bell, sobrenome pesquisador Alexander 
Graham Bell, fundador do laboratório Bell Labs, que criou a unida-
de decibel.
O quadro a seguir ilustra a intensidade ou volume dos sons em deci-
béis. Ruídos acima de 90 dB podem comprometer a audição humana.
Fonte: adaptado de Decibéis (2009).
A seguir, apresenta-se uma escala com base nas unidades de decibéis, 
bem como a referência de audição de acordo com os tipos de ruídos.
QUALIDADE DO SOM DECIBÉIS TIPO DE RUÍDO
Muito baixo 0-20 Farfalhar das folhas
Baixo 20-40 Conversação silenciosa
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QUALIDADE DO SOM DECIBÉIS TIPO DE RUÍDO
Moderado 40-60 Conversação normal
Alto 60-80
Ruído médio de fábrica ou 
trânsito
Muito alto 80-100
Apito de guarda e ruído de 
caminhão
Fonte: Decibéis (2009).
Sinais de alerta em crianças
Uma das formas de identifi cação da surdez em crianças consiste em 
observá-las desde o nascimento, baseando-se pela tabela normal de desen-
volvimento da audição. Os quadros seguintes sinalizam as etapas normais 
de audição em crianças, desde o nascimento até os três anos de idade. A 
ausência dessas manifestações pode se caracterizar em perda auditiva.
Recém-nascido: assusta-se ao som alto de gritos.
2-3 meses: diferencia gritos e outros sons
(ex.: “vamos?”). 
4-6 meses: vira a cabeça na direção do som, faz 
balbucios na melodia da língua nativa.
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Capítulo 3 
Fundamentos das Di� culdades de Aprendizagem
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6-12 meses: realiza gestos para se comunicar, 
sabe o próprio nome.
12-18 meses: distingue sons juntos, diz as 
primeiras palavras.
18-36 meses: diz frases curtas, canta canções.
Fonte: adaptado de Oral Deaf Education (2009).
Como ouvimos
O ouvido humano está dividido em três partes:
ouvido externo, que inclui o canal auditivo; ●
ouvido médio, que inclui o tímpano e os pequenos ossos (bi- ●
gorna, martelo e estribo);
ouvido interno, onde está situada a cóclea. ●
O som passa pelo canal auditivo, onde as ondas sonoras fazem 
com que o tímpano vibre, o que provoca uma vibração nos pequenos 
ossos, originando o movimento de células ciliares presentes na cóclea. 
Esse movimento provoca correntes que estimulam o nervo auditivo,que manda a informação ao cérebro, para sua interpretação.
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 Fonte: adaptado de Programa Prof2000 (2009).
As ondas sonoras penetram
no ouvido externo
Ouvido interno
Ouvido externo
No caracol, as células 
nervosas originam 
sinais elétricos Cóclea ou 
caracol
Sinais elétricos 
são transmitidos 
ao cérebro
Ouvido médio
O tímpano 
vibra
Martelo 
Bigorna
Estribo
Qualquer alteração em um desses mecanismos pode comprometer 
a audição. Existem quatro tipos de perdas auditivas (ARGOSY, 2009).
Defi ciência auditiva condutiva1. – interferência na transmissão do 
som, a partir do pavilhão auricular até o ouvido médio.
Defi ciência auditiva sensório-neural2. – impossibilidade de re-
cepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do ner-
vo auditivo.
Defi ciência auditiva mista3. – alteração na condução do som até 
o órgão terminal sensorial, associada à lesão do órgão sensorial ou 
do nervo auditivo.
Defi ciência auditiva central4. – disfunção auditiva central ou sur-
dez central.
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Capítulo 3 
Fundamentos das Di� culdades de Aprendizagem
31
A comunicação com a pessoa surda
Os alunos com defi ciência auditiva necessitam de métodos, recur-
sos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento 
da fala e da linguagem.
Existem várias formas de comunicação, no entanto, a língua natu-
ral da comunidade surda é língua de sinais. Apresentaremos, a seguir, as 
formas de comunicação utilizadas por quem apresenta a perda auditiva. 
A pessoa surda deverá escolher a que melhor se adapte a ela e, geralmen-
te, essa opção é feita pelos pais ao encaminhar seu fi lho a um programa 
especializado. Cada escola ou instituição já tem uma linha fi losófi ca e 
educacional, com seus métodos e técnicas para trabalhar com a lingua-
gem. Entre as formas de comunicação, encontram-se:
bilinguismo –a) trata-se de uma opção de comunicação, em que a 
comunidade surda pode optar pela língua de sinais, ou pela língua 
oral, para se comunicar com a maioria das pessoas ouvintes;
Libras – b) a Língua Brasileira de Sinais, como toda língua de sinais, 
é de modalidade gestual-visual, porque utiliza como canal ou meio 
de comunicação os movimentos gestuais e expressões faciais, que 
são percebidos pela visão;
alfabeto manual – c) sistema que representa as letras do alfabeto por 
meio de sinais realizados com as mãos.
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oralismo – d) consiste em trabalhar a emissão da fala por meio 
de treinos auditivos, que possibilitem a criança surda utilizar a 
verbalização enquanto forma de comunicação com as pessoas 
ouvintes. Alguns mecanismos são essenciais para esse trabalho, 
entre eles:
implante coclear ● – proces-
sador de linguagem que con-
verte a informação acústica 
que entra pelo microfone em 
códigos eletrônicos, que são 
transmitidos pela pele ao es-
timulador coclear implantado 
na cóclea. Esse implante exi-
ge procedimento cirúrgico e 
nem sempre é recomendado à 
criança surda.
prótese auditiva ● – também conhecida como retro-
auricular, a prótese auditiva é mais utilizada que o 
implante coclear, por não necessitar de procedimen-
to cirúrgico. Trata-se de um pequeno aparelho de am-
plifi cação sonora, colocado atrás da orelha, seguido de 
uma prótese moldada individualmente e fi ca dentro da 
orelha da pessoa.
Dicas de como se relacionar com a pessoa surda
Ao se comunicar com uma criança que não ouve, o importante é 
que você se mostre o mais natural possível e não tenha receio de falar, 
pois a pessoa surda também quer se comunicar com os ouvintes, basta 
oportunizá-los.
Use diferentes formas de linguagem: fala, expressão corporal ●
e movimento labial.
Espere sempre que o surdo olhe para você antes de falar. ●
Fale de frente, pausadamente e de forma clara, pois facili- ●
ta a comunicação. Ao falar, não gesticule muito ou tenha 
Fonte: adaptado de Oral 
Deaf Education (2009).
Fonte: adaptado de Oral Deaf Education (2009).
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Capítulo 3 
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qualquer barreira diante dos lábios, para não dificultar a 
leitura labial.
Não fale com bala ou chicletes na boca. ●
Busque sempre um ambiente claro, a fim de obter boa visibi- ●
lidade na comunicação.
Não é necessário gritar ou exagerar na articulação. Quanto ●
mais natural, melhor a comunicação.
É preciso usar as expressões facial e corporal para demonstrar ●
seus sentimentos, pois o surdo não percebe mudanças de tons 
ou emoções por meio da voz.
Tenha calma se você não entender o que uma pessoa surda ●
está falando, peça para repetir e, se for preciso, escrever.
Quando necessário, procure um sinônimo para a palavra não ●
compreendida.
Ao abordar uma pessoa surda, não adianta chamar. Basta to- ●
car em seu braço delicadamente e ela entenderá.
Sugestões para atender a criança surda na sala de aula
Posicione o aluno na sala de aula de forma que possa ver os mo- ●
vimentos do rosto (orofaciais) do professor e de seus colegas.
Utilize a escrita e outros materiais visuais, para favorecer a ●
apreensão das informações abordadas verbalmente.
Utilize os recursos e materiais adaptados disponíveis: treina- ●
dor de fala, tablado e softwares educativos, e solicite que o 
aluno use a prótese auditiva.
Complemente o uso de textos escritos com elementos que fa- ●
voreçam sua compreensão, como a linguagem gestual e língua 
de sinais.
Apresente referências importantes e relevantes sobre um texto ●
(o contexto histórico, o enredo, os personagens, a localização 
geográfica, a biografia do autor, etc.) em língua de sinais, oral-
mente, ou utilizando outros recursos, antes de sua leitura.
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Promova a interpretação de textos por meio de material plás- ●
tico (desenho, pintura, murais, etc.) ou de material cênico 
(dramatização e mímica).
Utilize um sistema alternativo de comunicação, adaptado às ●
possibilidades e necessidades do aluno, como a língua de si-
nais, a leitura orofacial, a linguagem gestual, etc.
Resumo Resumo Resumo ResumoResumo Resumo Resumo Resumo
Neste capítulo, vimos que a deficiência auditiva, em particular, 
não é responsável pela dificuldade de aprendizagem em si. No entanto, 
ela pode dificultar esse processo pelo comprometimento da recepção 
das informações necessárias à alfabetização, se não forem utilizados os 
recursos e materiais necessários na aprendizagem.
A deficiência auditiva, também denominada de surdez, manifes- 
ta-se como surdez leve/moderada, que dificulta, mas não impede que o 
indivíduo se expresse oralmente, bem como perceba a voz humana, com 
ou sem a utilização de um aparelho auditivo. Já a surdez severa/profunda 
impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz 
humana, bem como de adquirir, naturalmente, o código da língua oral.
Os alunos comdeficiência auditiva necessitam de métodos, recur-
sos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento 
da linguagem. Existem várias formas de comunicação, no entanto a 
língua natural da comunidade surda é a língua de sinais. A comunica-
ção do surdo se utiliza do bilinguismo, da Libras (Língua Brasileira de 
Sinais), do alfabeto manual e do sistema do oralismo, que pode contar 
com o implante coclear e com as próteses auditivas, acompanhadas dos 
recursos pedagógicos especializados para sua efetivação.
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A deficiência visual faz parte das dificuldades neurossensoriais. 
Da mesma forma que a surdez, ela não está relacionada aos problemas 
de aprendizagem. A recepção de informações se efetiva por outros sen-
tidos, como o auditivo e o tátil, de forma natural e eficiente.
O diferencial está no mecanismo de leitura e escrita, que conta 
com o sistema Braille, que é o código universal para essa população. 
Atualmente, o cego pode se comunicar e receber informações pela in-
ternet, por meio de sintetizadores de voz como o Dosvox e outros re-
cursos disponíveis, como os e-books, softwares virtuais e a Biblioteca 
Nacional para Cegos.
Este capítulo trará algumas 
informações básicas sobre a de-
ficiência visual; no entanto você 
pode pesquisar sobre o tema nos 
sites recomendados e em outros 
que, acreditamos, será muito 
interessante.
Definindo a deficiência visual
A deficiência visual refere-se à redução ou perda total da capacidade 
de ver com o melhor olho e após a melhor correção ótica1 (OLIVEIRA; 
SAMPAIO, 2000), manifestando-se como:
baixa visão ● – também denominada visão subnormal ou visão 
residual, refere-se à redução da acuidade visual, mesmo com o 
auxílio de lentes ou óculos. Sob o enfoque educacional, trata-se 
1 Uso de lentes ou óculos que corrigem o rebaixamento visual.
Deficiência visual e 
suas características 
educacionais 4
Para saber mais sobre esse assunto, consulte 
o Portal dos Deficientes Visuais, disponível no 
endereço <https://www.deficientevisual.org.
br>. Consulte também o site Lerparaver. Dispo-
nível em: <http://www.lerparaver.com>.
Saiba mais
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de um resíduo visual que permite ao educando ler impressos à 
tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamen-
tos especiais, como ampliação de letras ou recursos ópticos.
cegueira ● – perda da visão nos dois olhos. Sob o enfoque edu-
cacional, a cegueira representa a perda total ou resíduo mí-
nimo de visão, que leva o indivíduo a necessitar do método 
Braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos 
didáticos e equipamentos especiais para a sua educação.
Para conhecimento, segue resumidamente algumas patologias que 
resultam em baixa visão ou cegueira e sua caracterização, conforme 
Oliveira e Sampaio (2000), entre outros autores.
Acromatopsiaa) : doença hereditária que consiste na dificuldade 
para identificar cores.
Albinismob) : ausência de melanina no corpo e nos olhos.
Ambliopiac) : diferenças – potencial visual X acuidade.
Aniridiad) : íris incompleta ou totalmente ausente.
Atrofia ópticae) : lesão irreversível das fibras do nervo óptico.
Ceratoconef ) : deformações sobre a córnea em forma de cone.
Colobomag) : anomalia congênita que pode alterar a estrutura da íris.
Coriorretiniteh) : infecção na mácula e periferia no nervo óptico.
Deslocamento de retinai) : acúmulo de fluido entre a retina e coroide.
Esclerocórneaj) : visão embaçada nos locais em que a película bran-
ca apresenta-se mais espessa.
Estrabismok) : desvios no eixo ocular.
Fibroplasia retrocristalianal) : desenvolvimento de uma massa fi-
brosa ou um tecido cicatrizado na região da retina.
Retinopatia da prematuridadem) : doença da retina que se desenvol-
ve em recém-natos de baixo peso.
Glaucoman) : anomalia ocular caracterizada pelo aumento da pres-
são intraocular.
Microftalmiao) : globo ocular anormalmente pequeno.
Miopia degenerativap) : alterações degenerativas de retina.
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Capítulo 4 
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Nistagmoq) : oscilações involuntárias rítmicas dos olhos.
Patologias macularesr) : anomalias degenerativas e destrutivas que 
afetam a mácula.
Retinoblastomas) : tumor ocular congênito.
Retinopatia diabéticat) : doença que afeta os vasos retinianos.
Retinose pigmentaru) : degeneração prematura da camada pigmen-
tada da retina.
Cataratav) : perda da transparência do cristalino, lente natural do 
olho que fi ca atrás da pupila.
Educação do aluno com histórico de defi ciência visual
O processo educacional da criança com perda visual deve transcor-
rer da mesma forma com que ocorre o das que enxergam, seguindo o 
mesmo período de escolaridade e de acordo com sua idade cronológica. 
A integração do aluno cego ou de baixa visão com outros sem a defi ciên-
cia será importante para a aquisição de linguagem e de postura, bem 
como ao desenvolvimento acadêmico.
Para que esse processo transcorra naturalmente, devem ser obser-
vados, além das dicas relacionadas nos itens a seguir, os mecanismos de 
leitura e escrita, tanto para a baixa visão quanto para a cegueira.
São recomendados para a pessoa com baixa visão, segundo espe-
cialistas da visão subnormal, os recursos de ampliação:
para longea) – telescópio para ajudar na leitura do quadro-negro 
ou, ainda, recursos do telessistema, telelupas e lunetas.
para pertob) – podem ser usados óculos especiais, como os bifocais, 
as lentes esferoprismáticas, lentes monofocais 
esféricas e os sistemas telemicroscópicos.
manuais ou de mesac) – são recursos de lupas que 
ampliam o tamanho da fonte das letras ou dos 
desenhos, mapas, gráfi cos, etc.
A pessoa cega requer, além de recursos diferen-
ciados, como é o caso da apresentação em relevo 
de fi guras ou objetos para aquisição de conceitos e 
Fo
nt
e:
 B
ra
si
l (
20
07
).
Modelos de lupas manuais.
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representação física deles, de um sistema específico de leitura e escrita, 
como é o caso do Braille e do sorobã.
Para uma locomoção independente, a pessoa cega pode utilizar a 
bengala e, em alguns casos, o cão-guia, que deve ser treinado por pes-
soas especializadas. O professor deve sempre estimular esses recursos e 
sua prática, pois dessa forma estará colaborando para o sucesso pessoal 
e profissional de seus alunos.
Sistema de leitura e escrita para a pessoa cega
Há mais de um século, o sistema para a pessoa 
cega tem se mostrado eficaz para a leitura e escri-
ta por sinais em relevo. Louis Braille (1809-1852) 
criou o sistema de escrita para cegos aos 15 anos de 
idade. O sistema Braille, aprovado unanimemente 
por usuários da maioria dos países que utilizam a es-
crita convencional, veio revolucionar a educação de 
pessoas cegas por sua facilidade de uso, pois permite 
uma leitura e escrita tão eficaz quanto à usual. Atual- 
mente, o método é utilizado mundialmente como 
código, o que se configura em uma linguagem escri-
ta universal para a pessoa cega.
A escrita Brailleé realizada por meio de uma 
reglete e punção, ou de uma máquina de escre-
ver em Braille, que possui seis teclas básicas cor-
respondentes aos pontos da cela Braille. O toque 
concomitante de uma ordem de teclas produz os 
pontos que correspondem aos sinais e símbolos 
desejados. É um modo de escrita mais rápido, prá-
tico e eficiente.
O sorobã é utilizado para 
trabalhar cálculos e operações 
matemáticas. Funcionando co-
mo uma espécie de ábaco, pos-
sui cinco contas em cada eixo e 
borracha compressora para dei-
xar as contas fixas.
Reglete
Fo
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e:
 B
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20
07
).
Máquina de escrever em Braille
Fo
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).
Sorobã
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20
07
).
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Capítulo 4 
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Louis Braille
Oriundo de família humilde, Louis Braille perdeu a visão aos 
três anos de idade, quando brincava na oficina de seu pai, Simão 
Renato Braille, tentando perfurar um pedaço de couro com um objeto 
fino e pontiagudo, que lhe atingiu o olho esquerdo. Atendido inade­
quadamente, contraiu uma grave infecção que, além de comprometer o 
olho ferido, afetou o outro, destruindo a córnea de ambos. A cegueira 
total se estabeleceu aos cinco anos de idade.
Louis Braille iniciou sua vida escolar em uma escola de ensino 
regular, tendo contato com muitas crianças de sua idade, o que foi sig­
nificativo para sua aprendizagem; porém, seu pai almejava uma escola 
especial, visando seus estudos futuros, que pudesse promover uma in­
dependência o mais cedo possível. Longas buscas levaram Simão a uma 
escola especial em Paris, a Instituição Real dos Jovens Cegos. Quando 
Louis ingressou nessa escola, no ano de 1819, ainda se utilizava do 
método de leitura e escrita de 
letras convencionais em relevo. 
No entanto, esse não era muito 
eficiente pela lentidão da leitu­
ra dos cegos, o que levou Louis 
Braille a criar um sistema de lei­
tura e escrita por pontos e, em 
1824, ele conclui sua invenção, a que chamou de “grafia pontilhada”. 
Louis inseriu seu método no instituto e sempre o aperfeiçoou. Atual­
mente, o método é utilizado mundialmente como código, o que se 
configura em uma linguagem escrita universal para a pessoa cega.
Sugestões para atender o aluno cego ou com baixa 
visão na sala de aula
Posicione o aluno de forma a favorever sua possibilidade de ●
ouvir o professor.
Disponha o mobiliário da sala de forma a facilitar a locomo­ ●
ção e deslocamento do aluno, para evitar acidentes, quando 
ele precisar se deslocar no ambiente.
Dê explicações verbais sobre todo o material abordado em ●
sala de aula de maneira visual (exemplo: ler o conteúdo que 
escreve na lousa).
Se você quiser saber mais sobre a história do 
Sistema Braille e seu criador, Louis Braille, 
pesquise as publicações do Instituto Benjamin 
Constant, do IBCENTRO, Rio de Janeiro.
Saiba mais
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Ofereça suporte físico, verbal e instrucional para a locomoção ●
do aluno no que se refere à orientação espacial e à mobilidade.
Utilize os recursos e materiais adaptados disponíveis: pranchas, ●
predidático de tipo ampliado, livro falado, equipamento de 
informática, materiais desportivos, como bola de guizo, etc.
No caso da baixa visão, procure trabalhar com cores contras- ●
tantes (exemplo: preto e branco, sem luminosidade).
Certifique-se de que o recurso de ampliação esteja adaptado à ●
distância e à luminosidade da sala.
Converse com o aluno, deixando-o à vontade para que expo- ●
nha suas dificuldades sem constrangimentos.
Essas são apenas algu-
mas sugestões para o trabalho 
educacional com o aluno com 
problemas de visão. Porém, é 
importante lembrar que cada 
pessoa com deficiência tem sua 
especificidade e necessidades in-
dividuais de adaptações que podem ser desenvolvidas pelo professor e 
comunidade acadêmica.
Resumo Resumo Resumo ResumoResumo Resumo Resumo Resumo
A deficiência visual refere-se à redução ou perda total da capacidade 
de ver com o melhor olho e após a melhor correção ótica (OLIVEIRA; 
SAMPAIO, 2000), manifestando-se como baixa visão, que requer recur-
sos didáticos e equipamentos especiais, como ampliação de letras ou uso 
de recursos ópticos, e pela cegueira que leva o indivíduo a necessitar do 
método Braille, como meio de leitura e escrita; do sorobã, para cálculos 
matemáticos, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais.
A pessoa cega pode se locomover com independência pelo apoio da 
bengala ou com ajuda do cão-guia, que deve ser treinado por pessoas espe-
cializadas. O professor deve sempre estimular esses recursos e sua prática, 
pois dessa forma estará colaborando para o sucesso pessoal e profissional.
Para saber mais a respeito desse assunto, acesse 
o guia produzido pelo Ministério da Educação 
Atendimento educacional especializado – de-
ficiência visual, disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seesp /arquivos/pdf/aee_dv.pdf>.
Saiba mais
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Antes de falarmos sobre a importância da emoção, vamos buscar 
no dicionário o significado dessa palavra. Literalmente, emoção quer 
dizer “qualquer agitação ou perturbação da mente, sentimento, paixão, 
qualquer estado veemente ou excitado”. Nessa definição, pode-se dizer 
que a emoção refere-se à gama de sentimentos que estão presentes du-
rante a vida das pessoas.
O que seria, então, a inteligência emocional? Podemos afirmar que 
a pessoa com inteligência superior também tem automaticamente uma 
inteligência emocional? Para responder a essas questões, vamos analisar 
a definição de Salovey e Sluyter (1999, p. 18), pesquisadores da teoria 
de Daniel Goleman (1995) sobre esse tema, que entendem a inteligên-
cia emocional como:
A capacidade de perceber emoções, ter acesso à emoção e gerá-la, 
de modo a ajudar o pensamento a compreender as emoções e o 
conhecimento emocional, e a controlar as emoções de maneira 
reflexiva para promover o crescimento emocional e intelectual.
Isso seria dizer que a emoção faz pensar e agir de forma mais inteli-
gente – usando melhor o potencial já existente –, controlar ou gerenciar 
as emoções, a ponto de permitir que as decisões mais acertadas depen-
dam de uma inteligência emocional para se tornarem bem-sucedidas. 
No entanto, o autor não diz que as demais inteligências possuem o 
controle das emoções.
Para esclarecer esse pensamento, os autores partem da compreensão 
de que a mente está dividida em três partes: cognição (ou pensamento), 
afeto (que inclui emoção) e motivação (ou conação). Na cognição estão 
implícitos a memória, o raciocínio, o julgamento e o pensamento abs-
trato. As emoções encontram-se na esfera do afeto, que inclui humor, 
Emoções e 
aprendizagem: 
questões 
relacionadas 
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autocontrole, fadiga e outros sentimentos. Já a motivação refere-se aos 
instintos biológicos ou a um comportamento adquirido por meio de 
um aprendizado. Não se pode dizer que pessoas afetivas ou motivadas 
possam alterar a inteligência, pois em certas situaçõesa raiva pode ser 
sinal de inteligência (ex.: ao reprimir uma raiva, pode-se estar compro-
metendo suas emoções). Em relação à motivação, que por sua caracte-
rística biológica ou social pode ser aprendida, é possível dizer que a 
inteligência emocional também pode ser aprendida ou desenvolvida.
Inteligência não é fator de sucesso, porém as emoções são significativas na 
realização de tarefas acadêmicas ou laborais.
As emoções na educação
Goleman (1995, p. 46) estudou o impacto das emoções na edu-
cação e concluiu que a inteligência, ou o fator QI (Quociente de In-
teligência), contribui em cerca de 20% apenas como fator de sucesso 
na vida, o que deixa os 80% restantes à parcela de responsabilidade, 
principalmente na aprendizagem. “Na maioria dos casos, o que mais 
pesa para que alguém consiga uma boa posição não é o QI, mas outras 
circunstâncias que variam da classe social a que ele pertence [...].”
Para esse autor, a inteligência emocional (objeto de seu estudo) 
tem sido apontada como responsável pelos momentos mais importan-
tes na vida da pessoa. As emoções bem resolvidas têm a capacidade de 
criar motivações, de persistir em um objetivo, de controlar impulsos, de 
manter um bom estado de espírito e impedir que a ansiedade determi-
ne as decisões significativas para a vida pessoal e comunitária.
As pessoas sem controle emocional, ou que durante seus percursos tive-
ram entraves internos, estão propensas a uma sabotagem de concentração 
e não conseguem pensar com clareza, o que afeta sua produção, seja acadê-
mica ou laboral.
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Capítulo 5 
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A motivação da criança é obtida por meio de experiências resultan-
tes dos relacionamentos sociais, principalmente quando ela se percebe 
aceita e reconhecida. Inversamente, a ansiedade e o medo têm a sua 
base em situações em que ela é ignorada ou rejeitada, quando não tem 
o devido reconhecimento das pessoas que a rodeiam, principalmente 
se esses relacionamentos forem importantes. A desmotivação, por sua 
vez, pode gerar falta de confiança que culmina em sentimentos de re-
jeição, baixa autoestima, isolamento e, por consequência, dificuldades 
na aprendizagem.
O papel dos educadores
De igual forma, se os professores interferem nas emoções da crian-
ça, se estão felizes ou desapontados com o desempenho dos alunos, 
se acumulam problemas pessoais que interferem em seu trabalho ou, 
ainda, se estão insatisfeitos com a organização a que prestam serviços, 
podem estar acumulando carga emocional negativa, pelo desânimo, 
tristeza, desconforto ou outros sentimentos, que prejudica sua atuação 
em sala de aula (IGLETON, 2009).
Analisando o papel dos educadores no desenvolvimento da au-
todisciplina e da empatia e, por consequência, no compromisso com 
valores civis e morais, há de se parar para pensar sobre a responsabili-
dade que esses profissionais têm na vida de seus alunos. Para que essa 
contribuição se efetive, é importante que o professor esteja em constan-
te reflexão e busque ajuda, quando necessário, para que ele possa ter o 
equilíbrio e a motivação necessários para conduzir a educação de uma 
forma mais efetiva.
O profissional da educação também precisa estar emocionalmente equili-
brado para compreender seus alunos.
Para Goleman (1995), o aprendizado não pode ocorrer de forma 
isolada dos sentimentos das crianças. Ser emocionalmente alfabetiza-
do é tão importante quanto a aprendizagem de conteúdos acadêmicos, 
como matemática e leitura.
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Anatomia do cérebro emocional
Estudos neurobiológicos comprovam que o cérebro humano evo-
luiu por milhões de anos pelo crescimento e expansão das estruturas 
cerebrais superiores (SALOVEY; SLUYTER; 1999). De igual forma, 
o cérebro emocional também tem seu desenvolvimento a partir da 
necessidade de sobrevivência em situações cada vez mais complexas. 
Na estrutura neurobiológica, 
Maclean (apud SALOVEY; 
SLUYTER, 1999) identifi ca o 
sistema límbico como o local 
central para a emoção no cére-
bro. O sistema límbico é com-
posto por múltiplos aspectos 
da emoção e é responsável por 
impulsos, como comer e a ati-
vidade sexual. Suas estruturas 
recebem sinais do corpo com as 
informações sensoriais, que po-
dem ser chamadas de informa-
ções externas dos ambientes.
O cérebro funciona como 
se fosse um alarme para outros 
órgãos do corpo. O tálamo é o receptor das informações, o hipotála-
mo recebe sinais de apetite e controle de sexualidade, o hipocam-
po está relacionado à memória e, ao mesmo tempo, interage com 
a amígdala, responsável pela interpretação da informação sensorial. 
Por sua importância no controle das emoções, as amígdalas serão 
tratadas a seguir.
A importância da amígdala1
Etimologicamente, a palavra amígdala vem do grego e signifi ca 
“amêndoa”, recebendo esse nome por seu formato amendoado. Cada 
lado do cérebro tem uma amígdala, instalada mais ou menos na lateral 
da cabeça. Ela funciona como um depósito da memória emocional. 
1 O ser humano possui alguns tipos de amígdala: amígdala palatina (entre os pilares do véu 
paladar), amígdala lingual (na base da língua), amígdala rinofaríngea (na rinofaringe) e a 
amígdala a que nos referimos neste item, que � ca na superfície inferior lateral do cérebro.
Córtex
pré-frontal
Corpo caloso
Tálamo
Hipotálamo
Lobo temporal
Amígdala
Hipocampo
Vérmis
cerebelar
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Capítulo 5 
Fundamentos das Di� culdades de Aprendizagem
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As lágrimas, por exemplo, em resposta a uma emoção de dor, alegria 
ou tristeza são provocadas pela amígdala. Ao abraçar e confortar uma 
criança, pelo afago, está se acalmando as regiões cerebrais, já uma pes-
soa sem amígdala não consegue chorar e, por consequência, receber o 
conforto emocional (GOLEMAN, 1995).
No cérebro, a amígdala funciona como um alarme. As informa-
ções trazidas pela visão ou audição chegam ao tálamo, que por sua vez 
encaminha essas informações para as amígdalas. Ao perceber o perigo 
eminente, elas disparam um gatilho de reações: fugir, lutar ou, ainda, 
fi car imóvel. No desenho a seguir, 
Goleman (1995) mostra o cami-
nho de como as informações são 
recebidas e encaminhadas ao siste-
ma emocional; assim, esses sinais 
viajam no cérebro primeiro para o 
tálamo e depois para a amígdala, e 
parte dessas informações vão para 
o neocórtex, que é o cérebro pen-
sante. Isso quer dizer que a amíg-
dala pode responder à mensagem 
antes do neocórtex. As amígdalas 
podem ser responsáveis pelas rea-
ções emocionais durante uma si-
tuação de perigo.
A amígdala retém lembranças que não são identifi cadas pela cons-
ciência. Por isso, temos reações a situações inesperadas. Quando uma 
emoção acontece em caso de estresse, a amígdala envia um reforço a 
essa lembrança, portanto, as experiências negativas de crianças, que po-
dem acontecer mesmo antes da linguagem, fi cam armazenadas nesse 
sistema. Nos três primeiros anos de idade, a carga emocional instala-se 
e fi ca armazenada por toda a vida, razão pela qual muitas vezes não en-
tendemos as reações negativas das crianças frente a situações que acre-
ditamos serem resolvidas sem muitos problemas.
Durante o período pré-escolar, a linguagem ajuda a criança a ex-
pressar e a controlar melhor suas emoções. Quando conversa

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