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Princípio da legalidade

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Princípio da legalidade
Rogério Greco, cap. 3 (3.2) + cap. 4 (6) + cap. 15 (1, 2, 3) + cap. 16 (3, 6.2)
• Taxatividade da lei penal 
• Reserva de lei 
• Leis penais em branco 
• Irretroatividade da lei gravosa 
• Ultra atividade da lei penal benigna 
• Vedação de analogia 
• Leis excepcionais e temporárias 
→ Habeas corpus 70.839 (tortura)
→ Habeas corpus 81.453 (estupro)
→ Lei 12.663/2012 (lei da Copa do Mundo – art. 30 a 36)
TAXATIVIDADE DA LEI PENAL E RESERVA DE LEI 
	Em um verdadeiro Estado de Direito, exige-se a subordinação de todos perante a lei. O princípio da legalidade está embasado no inciso XXXIX do art. 5º da CF. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia comunicação legal. No que diz respeito a proibir/impor condutas sob ameaça de sanção, a lei é a única fonte disponível. É por meio dela que mantemos a segurança jurídica, de não ser punidos por um crime que não está previsto. 
		O princípio da legalidade impede a retroação da lei (exceto em casos benéficos ao réu, assegurando que ninguém seja punido por uma ação não mais considerada criminosa), bem como a utilização de costumes para criminalizar um comportamento (visto que o mesmo precisa, necessariamente, estar escrito), a proibição da criação de analogias para criar crimes ou agravar penas (se o crime não está expressamente previsto, o intérprete não pode se utilizar desse mecanismo) e ainda não permitir incriminações que sejam vagas. 
	O princípio da reserva legal não diz apenas que a lei precisa ser anterior a ação criminosa mas também que ela precisa ser clara, taxativa. Quaisquer tipos imprecisos devem ser descartados, a fim de preservar a efetividade do princípio. 
	OBS: a lei age sempre a favor do réu, visto que a matéria penal pode privar uma pessoa de seu bem mais fundamental – a liberdade.
	→ Princípio da legalidade ≠ princípio da reserva legal
		O princípio da legalidade aborda quaisquer dos diplomas dispostos pelo art. 59 da CF: leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. O princípio da reserva legal limita a criação legislativa, em matéria penal, às leis ordinárias e complementares. 
EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL (IRRETROATIVIDADE DE LEI GRAVOSA E ULTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL BENIGNA)
	A lei penal é dotada de extra-atividade, ou seja, a capacidade de movimentar-se no tempo, a fim de regular situações ocorridas durante a sua vigência (em casos de revogação) ou anteriores à sua vigência, contanto que benéficas ao agente. 
	A ultra-atividade ocorre quando, após sua revogação, a lei regula fatos que aconteceram à época em que estava vigendo. A retroatividade, por sua vez, diz respeito à atuação de uma determinada norma ao atuar em um caso ocorrido anteriormente à sua entrada em vigor. Ambas as hipóteses ocorrem somente em benefício do réu. 
VEDAÇÃO DE ANALOGIA
	A analogia consiste na aplicação de uma hipótese não prevista em lei, uma lacuna, a um caso semelhante. É a transferência de uma solução prevista para determinado caso a outro que não esteja explicitamente regulado no ordenamento. Art. 4º da LINDB. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
	Entretanto, no sistema jurídico-penal, é vedado o uso do mecanismo analógico. O que não é expressamente proibido no Código Penal, está permitido. Por isso, o texto disposto no CP deve ser sempre muito claro e preciso. Se existe uma “lacuna”, é porque a mesma não se apresentou tão relevante ao legislador. “No que tange às normas incriminadoras, as lacunas, porventura existentes, devem ser consideradas como expressões da vontade negativa da lei. E, por isso, incabível se torna o processo analógico” (LEIRIA, Fabrício). 
	Há, contudo, exceções. A analogia existe em duas naturezas distintas: in bonam partem e in malam partem. Esta é aquela que, caso fosse possível, agiria de maneira a prejudicar o réu. A primeira é aquela que agiria de forma a beneficiá-lo, sendo assim, viável. O julgador que utiliza-se do recurso de analogia in bonam partem funciona como um legislador positivo, que amplia o alcance da lei a outros casos que não foram objeto de regulamentação expressa. Porém, ao reconhecer a inconstitucionalidade de determinado diploma penal, o julgador funciona como um legislador negativo, impedindo a aplicação da lei ao caso concreto. 
LEIS PENAIS EM BRANCO
	As normas penais em brancos são aquelas que necessitam de uma complementação para serem compreendidas em sua totalidade, seu preceito primário é incompleto. São leis que descrevem uma conduta proibida, mas precisam de um complemento extraído de um outro diploma, seja uma lei, um decreto, etc. Sem esse complemento, geralmente fornecido por outra lei, é impossível sua aplicação.
	
	a) Normas penais em branco homogêneas: o complemento da norma provém da mesma fonte legislativa. As mesmas são subdivididas.
		a.1) Homovitelina: norma cujo complemento pertence ao mesmo ramo do Direito (lei penal complementada por outra lei penal)
		a.2) Heterovitelina: norma cujo complemento pertence a um ramo do Direito distinto
	→ Exemplo: Art. 237 do Código Penal. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause nulidade absoluta. Quais são os impedimentos? Estes estão dispostos no art. 1.521, incisos I a VII, do Código Civil (Lei 10.406/2002). Trata-se aqui portanto de uma norma em branco homogênea, visto que tanto a norma em si, do CP, quanto seu complemento, do CC, foram produzidas pelo Congresso Nacional. 
	b) Normas penais em branco heterogêneas: o complemento da norma é proveniente de uma outra fonte. 
	
	→ Exemplo: Art. 28 da Lei Antidrogas. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal (…). O complemento que dita que drogas são abarcadas nesse artigo foi produzido por uma autarquia, a ANVISA.
Convergência com o princípio da legalidade
	Há uma corrente que diz que a possibilidade de uma norma penal ser alterada sem que haja uma discussão da sociedade (seus representantes no Congresso Nacional) é uma afronta ao princípio da legalidade pois a decisão, no caso específico da Lei Antidrogas, de quais substâncias seriam ou não consideradas ilícitas, cabe apenas à cúpula da direção da ANVISA. Contudo, a maioria defende não haver conflito, que a norma penal deve apenas prever o “núcleo essencial da conduta”. 
LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS
	Art. 3º do Código Penal. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
	É temporária aquela norma cuja vigência está determinada no corpo legal: está expresso o dia de seu início e o término da mesma. É excepcional aquela editada em decorrência de situações também excepcionais, sendo sua vigência limitada pelo tempo que durar tal situação. Terminado o período de vigência ou situação excepcional, as leis são revogadas.
	→ Exemplo: leis editadas visando regular ocorrências em estado de guerra, calamidade pública ou catástrofe natural de dimensão nacional.
	 OBS: no caso de sucessão de leis temporárias ou excepcionais, prevalece a mais benéfica

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