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Razões de recurso ordinário

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Excelentíssima Senhora Doutora Juíza da 3ª Vara do Trabalho de Itanhaém – SP
Processo nº 1234567-89.2019.5.15.1234
PADOCA DO FIRMINO LTDA, já qualificada nos autos da reclamação trabalhista que lhe move GUSTAVO BARBOSA DA SILVA, representada por advogado (procuração anexa), vem perante Vossa Excelência com base no inciso I do artigo 895 da Consolidação das Leis do Trabalho e seguintes interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO, pelas razoes de fato e direito expostas a seguir.
Requer o recebimento do presente recurso, que a recorrida seja intimada para apresentar contrarrazões e após transcorrido o prazo para manifestação da parte adversa, os autos sejam encaminhados ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.
 
Informa a recorrente que recolheu o depósito recursal nos termos do §4º do artigo 899 CLT e Instrução Normativa TST nº 36/2012 (guia de depósito judicial anexa) e as custas processuais devidas em 2% do valor da condenação (GRU anexa).
RAZÕES RECURSAIS
RECORRENTE: PADOCA DO FIRMINO LTDA
RECORRIDO: GUSTAVO BARBOSA DA SILVA 
PROCESSO Nº: 1234567-89.2019.5.15.1234
ORIGEM: 3ª Vara do Trabalho de Itanhaém – SP
Egrégio Tribunal Regional da 15ª Região
Colenda Turma
Ínclitos Julgadores
I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL
Os pressupostos extrínsecos de admissibilidade estão satisfeitos, já que o recurso interposto é próprio e tempestivo, eis que a sentença foi publicada em _/03/2019, sendo, portanto, o prazo final para interposição dia _/_/2019, as custas processuais e depósito recursal foram recolhidos e a recorrente optou pela representação por advogado, nos termos do §1º do artigo 791 CLT.
Da mesma maneira, estão satisfeitos os pressupostos intrínsecos, eis que esta sociedade empresária possui interesse processual e legitimidade, uma vez que foi proferida sentença condenatória em seu desfavor.
II – BREVE RELATO DA LIDE
Gustavo Barbosa da Silva foi empregado da recorrente entre 1/12/2017 e 10/1/2019, data esta em que pediu demissão. Exerceu a função de confeiteiro e após seu desligamento moveu a presente ação contra esta organização, com salário inicial de R$ 13.456,78 (treze mil quatrocentos e cinquenta e seis reais e setenta e oito centavos) e o último de R$ 15.542,13 (quinze mil quinhentos e quarenta e dois reais e treze centavos).
Pleiteou o recebimento do valor correspondente a uma hora extra com adicional de 75% sobre a hora ordinária e os reflexos nas outras verbas salariais, de horas de sobreaviso, afirmando que permanecia com o telefone celular da empresa permanentemente ligado fora do horário de trabalho, de prontidão e adicional de transferência. Alegou também a violação por parte desta peticionária de seu período de intervalo intrajornada afirmando que lhe eram concedidos apenas 45 minutos, e com base nisto, requereu o pagamento da totalidade da fração intervalar supostamente suprimida.
Na sentença de 1º grau, o juízo a quo julgou procedente o pedido de horas extras e seus reflexos nas demais parcelas salariais e acolheu o pedido de horas de sobreaviso.
Quanto a pretensão das horas de prontidão e do adicional de transferência, foram julgadas improcedente, visto que o ex-funcionário não permanecia nas dependências da empregadora após o fim de sua jornada de trabalho e que a modificação do local de trabalho não ocasionou a mudança de seu domicílio.
Todavia, respeitado entendimento diverso, esta sentença deve ser reformada, pelos motivos aduzidos a seguir.
III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO
3.1 – DAS HORAS EXTRAS
Conforme consta na decisão de 1º grau, o requerimento do reclamante relativo foi arido no percentual de 75% de adicional sobre as horas normas da jornada.
Entretanto, a magistrada, ao proferir sua sentença, deixou de observar os cartões de ponto devidamente juntados pela reclamada (fls. __), os quais comprovam que o ex-empregado não excedeu seu horário de jornada previsto no contrato de trabalho.
Em face do exposto, requer a recorrente que a sentença de 1º grau seja reformada, exonerando esta companhia do pagamento das verbas postuladas pelo reclamante.
Todavia, com base no principio da eventualidade, se esta respeitável turma entender que são cabíveis as horas extraordinárias, que o valor das mesmas seja fixado em 50% acima das horas comuns, conforme preceitua o §1º do artigo 59 da legislação trabalhista.
Art. 59.  A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
§ 1o – A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal.
3.2 – DO INTERVALO INTRAJORNADA
Ao decidir esta reclamatória trabalhista em 1ª instância, a juíza acatou a reivindicação do recorrido quanto ao pagamento total das horas de intervalo, embasando sua decisão na falta de previsão legal da redução intervalar em lei ou acordo coletivo.
No entanto, a julgadora novamente cometeu equivoco em sua decisão, pois o reclamante e a reclamada, ora recorrente, celebraram acordo individual para encurtar o período referido, o qual também foi devidamente acostado aos autos por esta peticionária (fls. __).
De acordo com o parágrafo único do artigo 444-A CLT, o ajuste entre o empregador e o empregado que possua diploma de nível superior e com salário mensal igual ou acima do dobro do benefício de maior valor do RGPS e que tenham como objeto as matérias do artigo 611-A da lei mencionada terão prevalência sobre normas de instrumentos coletivos.
Art. 444 – As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Parágrafo único – A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Consta no inciso III artigo 611-A do diploma trabalhista supramencionado, a possibilidade de diminuição do tempo de intervalo intrajornada, respeitados os limites legais, senão vejamos:
Art. 611-A.  A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
III – intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas.
Isto posto, é de rigor a reforma da decisão atacada no que diz respeito ao deferimento do pedido relativo ao intervalo para repouso e alimentação, isentando esta sociedade empresária do pagamento de qualquer quantia a seu ex-colaborador, uma vez que o mesmo tem formação superior e seu salário mensal excedia os valores apontados em lei.
Porém, na remota hipótese de Vossas Excelências compreenderem que o reclamante faz jus a remuneração ao tempo não concedido de intervalo, que o valor arbitrado seja referente apenas aos 15 minutos diários não concedidos, com fulcro no §4º do artigo 71 CLT.
Art. 71 – Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas:
§ 4o – A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
3.3 – DAS HORAS DE SOBREAVISO
No quetange as horas de sobreaviso, a magistrada a quo entendeu pela pertinência da requisição do recorrido e as concedeu, acolhendo a argumentação obreira de que o fato do mesmo ficar com o telefone celular que a recorrente lhe forneceu caracterizava sobreaviso.
Este assunto é tratado pela legislação laboral com enfoque nos trabalhadores ferroviários, visto que a época em que a mesma foi promulgada, esta situação era vivenciada principalmente pela categoria supradita e a comunicação a distância entre empregado e empregador era demasiadamente mais difícil do que nos dias atuais. 
Não obstante a evolução tecnológica e o desenvolvimento de aparelhos para facilitar o contato entre as partes, o tema tratado neste tópico não acompanhou este avanço cientifico e ainda há uma escassez legislativa sobre a aplicabilidade deste as outras categorias profissionais. Em virtude disto, o Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula 428, a qual trata especificamente sobre o que se aborda neste item, in verbis.
SÚMULA N.º 428 – SOBREAVISO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT 
I – O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso.
II – Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso.
Tendo em vista o teor da súmula, este respeitável Tribunal deverá reformar o ponto da decisão que considera que as horas de sobreaviso, pois mesmo o ex-funcionário mantendo o aparelho em seu poder, este não ficava sob controle patronal e nem em regime de plantão após o fim de sua jornada.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a recorrente de Vossa Excelência:
1 – O conhecimento e provimento do presente recurso para reformar a sentença de 1º grau nas seguintes questões:
2.1 – Desobrigar a reclamada ao pagamento das horas extras e seus reflexos nas demais verbas trabalhistas;
2.2 – Contudo, se o entendimento desta turma for de que horas extras são devidas, que os valores sejam estabelecidos no percentual legal de 50%.
3.1 – Exoneração total do pagamento da indenização relativa ao intervalo intrajornada deferida;
3.2 – Subsidiariamente, caso os Srs(as). Desembargadores(as) compreendam que os valores correspondentes ao período de descanso não aproveitado, que sejam estabelecidos proporcionalmente aos 15 minutos suprimidos.
4 – Improcedência total do pedido de horas de sobreaviso.
Termos em que
P. deferimento
Local e data
Nome do advogado
OAB nº
Assinatura

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