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Como se mede o desenvolvimento econômico de um país

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Como se mede o 
desenvolvimento econômico de 
um país? 
17 de outubro de 2018 
 
A maneira mais comum de medir o desenvolvimento de um país é pelo crescimento do PIB, sigla 
que significa Produto Interno Bruto. 
O que é PIB? 
O PIB (Produto Interno Bruto) representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e 
serviços finais produzidos pelo país durante um determinado período. Ele pode ser medido também 
por região. 
Seu principal objetivo é medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região ou do país. 
Isso porque quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo. 
Se o PIB cresce, significa que a economia vai bem e produz mais. Se o PIB cai, quer dizer que a 
economia está encolhendo. Ou seja, o consumo e o investimento total é menor. 
Como é calculado o PIB no Brasil? 
Para o cálculo do PIB no Brasil, que é divulgado trimestralmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística), são considerados: 
Bens e produtos finais (aqueles que são vendidos ao consumidor), Serviços prestados e remunerados, 
Investimentos feitos pelas empresas para aumentar sua produção, gastos do governo para atender a 
população. 
Não entram nessa conta: os bens intermediários (que são usados para produzir outros bens), bens 
já existentes, atividades informais e ilegais. 
 
O que acontece com a economia? 
Quando é divulgado um crescimento do PIB ao longo do trimestre, ou mesmo do ano, isso reflete 
alguns resultados: 
Com o crescimento da economia, há maior poder de renda entre as pessoas, o consumo aumenta. 
Com isso, as empresas crescem, investem mais e geram mais empregos. Com a economia em 
expansão, o país se torna mais competitivo para vender seus produtos no exterior. 
A qualidade de produtos e serviços aumenta, assim como sua oferta. Com isso, os preços se tornam 
melhores e mais competitivos, o que ajuda a controlar a inflação. 
E o que pode prejudicar o crescimento econômico de um país? 
Tudo o que afeta a produtividade pode atrapalhar o crescimento econômico do país, como por 
exemplo: 
 Infraestrutura ruim - se o país produz bem, mas não oferece boas condições para distribuir 
seus produtos, acaba tendo dificuldades para vender tanto internamente como externamente, 
perdendo dinheiro e competitividade. Por exemplo: ferrovias ruins, rodovias esburacadas, 
portos e aeroportos insuficientes. 
 Carga tributária - refere-se aos impostos que são cobrados das empresas. Impostos muito 
altos prejudicam, e muito, o crescimento das empresas. 
 Instabilidade – seja política ou econômica, a instabilidade faz com que as empresas se sintam 
inseguras para fazerem novos investimentos, deixando, por tanto de crescer. O mesmo ocorre 
em relação à burocracia, que acaba gerando obstáculos à produção, à contratação de 
empregados, à venda de seus produtos e, consequentemente, ao seu crescimento, 
 Inflação – a alta dos preços afeta o planejamento das empresas e do Governo, bem como faz 
com que as pessoas comprem menos. Da mesma forma, juros altos tornam investimentos mais 
caros e reduzem o potencial de produção do país 
 Baixo nível de escolaridade: isso gera falta de mão de obra qualificada, o que pode reduzir a 
produtividade no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indicadores 
económicos de 
Angola apontam 
para estagnação ou 
mesmo recessão - 
BPI 
12 dez 2016 08:41 
SAPO Notícias 
Actualidade 
 0 comentários 
 
ANGOP · Economia · 7 mar 201913:19 
Benguela acolhe Fórum Empresarial Angola entre Portugal 
 
BBC News | Brasil · Economia · 20 mar2019 09:36 
As razões por que a bolsa bate recorde enquanto a economia patina 
O gabinete de estudos económicos e financeiros do banco português BPI disse 
hoje à Lusa que os principais indicadores sobre a economia de Angola apontam 
para "um cenário de estagnação ou mesmo de recessão". 
"Na ausência de dados do PIB angolano (os últimos dados definitivos 
correspondem ao ano de 2013), as várias estatísticas económicas mostram uma 
economia em estagnação ou mesmo quebra, tanto no sector petrolífero como 
nas outras indústrias", escrevem os analistas do BPI numa análise ao Orçamento 
do Estado de Angola para o próximo ano. 
Questionado pela Lusa sobre se é possível inferir que Angola estará já em 
recessão económica neste ano ou se é previsível que esteja em 2017, o 
economista responsável pelo acompanhamento do país disse que "para a 
economia não-petrolífera, os indicadores assim o apontam, embora não seja 
possível aferir completamente dada a ausência de dados relativos ao PIB". 
José Miguel Cerdeira explicou que "havendo uma diminuição tão abrupta das 
importações, é difícil imaginar um cenário em que isso não corresponda a uma 
quebra semelhante do consumo privado e possivelmente do investimento, e 
por sua vez, do PIB". 
"O facto de a inflação ser mais acentuada do que o crescimento homólogo do 
crédito e também da circulação de moeda aponta para o mesmo sentido", disse 
o economista. 
Um cenário de estagnação este ano, como apontam as previsões do Fundo 
Monetário Internacional e da Economist Intelligence Unit, "é também o cenário 
mais natural dada a diminuição dos gastos estatais, quando as despesas do 
Estado assumem um papel tão importante na economia, como no caso de 
Angola - a despesa do Estado representava, nos últimos dados, 26% do PIB 
angolano, enquanto o investimento, que é maioritariamente público, totalizava 
27% do PIB". 
Assim, concluiu o analista, "não só por via de menores subsídios e menor 
compra de bens e serviços por parte do Estado, como por um significativo 
decréscimo do investimento público, são tudo factores que indicam que o país 
estará num cenário de estagnação ou mesmo de recessão". 
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise económica e financeira 
devido à quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, que 
por sua vez fez diminuir a entrada de divisas no país, travando as importações. 
O Governo prevê um crescimento da economia em 2017 equivalente a 2,1% do 
PIB, face aos 1,1% admitidos para este ano, na revisão do Orçamento aprovado 
em Setembro. 
Além disso, está previsto um novo défice orçamental, de 5,8% do PIB, nas 
contas públicas do próximo ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indicador social 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa 
Indicador social é uma medida, geralmente estatística, usada para traduzir 
quantitativamente um conceito social abstrato e informar algo sobre determinado aspecto 
da realidade social, para fins de pesquisa ou visando a formulação, monitoramento e 
avaliação de programas e políticas pública. 
Para a OCDE, indicador é um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros, que indica, 
fornece informações ou descreve o estado de um fenômeno área/ambiente, com maior 
significado que aquele apenas relacionado diretamente ao seu valor quantitativo. Segundo 
a European Environment Agency (EEA) define os indicadores como sendo uma medida, 
geralmente quantitativa, que pode ser usada para ilustrar e comunicar um conjunto de 
fenômenos complexos de uma forma simples, incluindo tendências e progressos ao longo 
do tempo.
[1]
 
A construção de indicadores amplos, como o Índice de Desenvolvimento Humano ou 
as Metas do Milênio, possibilita comparabilidade internacional, estimulam iniciativas 
domésticas e orientam as ações de ajuda internacional aos países mais 
pobres.
[2]
 Geralmente, os valores considerados adequados ou satisfatórios para um 
indicador são estabelecidos por organizações internacionais.Os indicadores podem ser analíticos (constituídos de uma única variável: esperança de 
vida ao nascer, taxa de alfabetização, escolaridade média, etc.) ou sintéticos (quando 
resultantes de uma composição de variáveis, como o IDH).
[3]
 
 
Índice 
 1Exemplos de sistemas de indicadores sociais 
 2Indicadores sociais da Capuera 
 3Referências 
 4Ver Também 
 5Ligações externas 
Exemplos de sistemas de indicadores sociais[editar | editar 
código-fonte] 
 IBGE. Temas: População, Saúde, Educação, Atividade Econômica, Renda(PIB, renda 
per capita), Patrimônio, Uso do tempo, Segurança Pública, Mobilidade social, Cultura 
 PNUD/Banco Mundial. Temas: Educação, Saúde, Renda, Pobreza 
 Metas do Milênio. Metas de desenvolvimento social: Saúde, Pobreza, Diferenciais de 
gênero, Mercado de Trabalho, Meio ambiente, Cooperação internacional. 
Indicadores sociais da Capuera[editar | editar código-fonte] 
Três aspectos podem ser destacados em relação a estes índices no Brasil: 
1. Melhora recente. Primeiro, houve uma mudança positiva de muitos destes indicadores 
nos últimos anos - tanto a expectativa de vida da população cresceu (72,7 anos), como a 
taxa de mortalidade infantil caiu significativamente - indicando melhores condições 
de saúde da população brasileira. 
Também houve uma melhora nas condições de saneamento básico no Brasil, e a 
educação também teve avanços no período recente, com a diminuição 
do analfabetismo entre a população maior de 10 anos. 
2. Desigualdades regionais. Um segundo aspecto que também tem chamado a atenção 
está relacionado às disparidades que há entre esses índices quando se divide a população 
por região ou nível de renda. De um modo geral, as áreas urbanas do Centro-Sul do país 
apresentam índices nitidamente superiores em relação às zonas rurais e dos estados 
do Norte-Nordeste. Veja: 
• A taxa de mortalidade infantil na região nordeste do Brasil é 2,6 maior em relação 
a região Sul; 
• O analfabetismo nas zonas rurais é o triplo das zonas urbanas. 
Do mesmo modo, quando dividimos a população por nível de renda também podem ser 
percebidas fortes desigualdades: 
• Para famílias com renda per capita acima de um salário mínimo, praticamente 75 por 
cento das habitações eram consideradas adequadas, enquanto para aquelas famílias com 
uma renda inferior a 1/2 salário mínimo per capita, essa porcentagem era de apenas 
34,1%; 
• Em relação à educação, famílias que tem um rendimento mensal de até 1/4 do salário 
mínimo, 23,6% de adolescentes (15 a 17 anos) são analfabetos. Esta porcentagem não 
chega a 2% nas famílias que tem uma renda mensal per capita superior a dois salários 
mínimos. 
3. Desigualdade no mundo. Um último aspecto a ser analisado em relação a estes 
índicadores sociais é a sua comparação com outros países. O Brasil atualmente ocupa 
uma posição intermediária, muito distante dos chamados países desenvolvidos - 
a esperança de vida ao nascer, por exemplo, no Canadá é 79,0 anos; na Argentina é 72,9; 
já no Brasil este índice é de 66,8 anos(Fonte: Banco Mundial das Nações Unidas - 2000) - 
o que indica que muito precisa ser feito para a melhora das condições de vida da 
população brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Director: Victor SilvaDirector Adjunto: Caetano Júnior 
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Pesquisa Avançada 
 Início 
 Política 
 Reportagem 
 Opinião 
 Mundo 
 Economia 
 Províncias 
 Sociedade 
 Gente 
 Cultura 
 Desporto 
 Início 
 
 Política 
 
 Indicadores sociais são satisfatórios em toda província 
POLÍTICA 
Indicadores sociais são 
satisfatórios em toda província 
Matias da Costa | Kuito 
15 de Novembro, 2010 
A proclamação da independência de Angola, passados 35 anos, mereceu uma reflexão 
por parte do executivo provincial do Bié, que serviu para avaliar os indicadores de 
desenvolvimento socio-económico da província. 
 
A proclamação da independência de Angola, passados 35 anos, mereceu uma reflexão 
por parte do executivo provincial do Bié, que serviu para avaliar os indicadores de 
desenvolvimento socio-económico da província. 
 Em conferência de imprensa realizada na sala do Governo Provincial, o vice-
governador para a organização e serviços, Adolfo Andrade, disse que com a 
proclamação da Independência Nacional há 35 anos, foi lançada a palavra de ordem “o 
mais importante é resolver os problemas do povo” e definiu-se a matriz filosófica que 
até hoje serve de referência para o exercício governativo. 
Adolfo Andrade, que particularizou os benefícios da província, considerou positiva no 
Bié a concretização da solução dos problemas do povo e salientou a reconstrução e 
construção de infra-estruturas sociais. 
No sector da educação, o vice-governador Adolfo Andrade, realçou a extensão do 
ensino às comunas e aldeias, com novos Institutos, o aumento do número de alunos, a 
construção do ISCED e o Instituto Superior de Enfermagem, no Cuito, como marcos 
dos ganhos da independência. 
Adolfo Andrade fez referência ao combate à fome e à pobreza e afirmou que o 
programa de concessão de crédito a centenas de cooperativas agrícolas na província, 
tem proporcionado melhorias significativas da produção, o que tem contribuído para o 
desenvolvimento sustentável da população do meio rural. 
No ramo da saúde, o vice-governador elogiou a acção preventiva que tem sido positivo 
no combate a várias enfermidades e apelou às autoridades a tomarem medidas para a 
solução dos problemas na província do Bié. 
Indicadores sociais revelam 
melhorias 
Natacha Roberto| 
7 de Setembro, 2011 
Os indicadores económicos e sociais revelam melhorias significativas 
nas condições de vida dos angolanos desde o alcance da paz, de acordo 
com os resultados do Inquérito Integrado sobre Bem-Estar da População 
de 2008/2009, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística. 
A ministra do Planeamento, Ana Dias de Lourenço que discursou ontem, 
em Luanda, na apresentação oficial dos dois volumes do inquérito, 
considerou as informações como importante fonte de informação para a 
elaboração das contas nacionais, em particular das famílias. 
Os indicadores económicos e sociais revelam melhorias significativas 
nas condições de vida dos angolanos desde o alcance da paz, de acordo 
com os resultados do Inquérito Integrado sobre Bem-Estar da População 
de 2008/2009, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística. 
A ministra do Planeamento, Ana Dias de Lourenço que discursou ontem, 
em Luanda, na apresentação oficial dos dois volumes do inquérito, 
considerou as informações como importante fonte de informação para a 
elaboração das contas nacionais, em particular das famílias. 
"Os relatórios sobre o Bem-Estar da População, pelo Instituto Nacional 
de Estatística, espelham de forma clara as condições de vida da 
população nas zonas rurais e os acessos aos sistemas de água, energia 
e habitação", disse. 
Ana Dias Lourenço assegurou que as duas publicações representam 
uma relevante contribuição para a compreensão da realidade socio-
económica do país. 
A governante considerou os relatórios importantes instrumentos para 
avaliar com eficácia as acções do Executivo, através da implementação 
dos planos, políticas e programas públicos, e proporcionar condições 
adequadas para a satisfação das necessidades de informação de um 
vasto leque de decisores políticos, económicos, sociais e de 
investigadores. "A informação estatística oficial é uma base indispensável 
para o desenvolvimento em todos os domínios da actividade do país, 
bem como para fortalecer as relações entreo Executivo e as 
populações", disse. 
A ocasião serviu também para o lançamento da página oficial na Internet 
do Instituto Nacional de Estatística. Para a ministra do Planeamento, a 
página vai permitir que o país e o mundo possam aceder as informações 
de forma rápida e simples sobre a estatística nacional. 
A ministra Ana Dias Lourenço afirmou que inquérito resulta da fusão de 
dois grandes inquéritos, nomeadamente o Inquérito de Indicadores 
Múltiplos por Conglomerados (MICS) e Inquérito de Despesas e Receitas 
(IDER). 
A ministra do Planeamento reconheceu o apoio e a assistência técnica 
do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Banco Mundial, 
técnicos do INE, governadores, administradores e inquiridores para o 
êxito alcançado na recolha de informações para o inquérito nacional. 
O director do INE, Camilo Ceita, considerou que as publicações são 
importantes, porque permitem ao Governo programar melhor as acções 
em prol do desenvolvimento económico e social. 
Para o representante do UNICEF em Angola, Koenraad Vanormelingen, 
os dois relatórios representam os progressos de Angola e a preocupação 
do Executivo com as populações rurais e urbanas. 
Por sua vez, o representante do Banco Mundial, Elio Codato, espera que 
os resultados do inquérito orientem os empresários sobre os 
investimentos em Angola e contribuam na investigação científica. 
O Inquérito Integrado sobre Bem-Estar da População foi realizado em 
todo o país, entre Maio de 2008 e Junho de 2009, junto de 11.852 
agregados familiares, sendo 5.707 e 6.145 de áreas urbanas e rurais, 
respectivamente. 
O inquérito contou com apoio técnico e financeiro do UNICEF e do Banco 
Mundial, com objectivo de fornecer os dados de base para avaliação do 
progresso do país, no quadro do cumprimento dos Objectivos do Milénio, 
uma iniciativa das Nações Unidas. 
Por outro lado, o inquérito apresentado ontem visa actualizar a base de 
ponderação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) e elaborar o perfil 
de pobreza no país. 
 
 
Modos de vida da pobreza em Angola 
Ways of life of poverty in Angola 
Sílvia de Oliveira 
p. 125-134 
Resumo | Índice | Mapa | Notas da redacção | Texto | Bibliografia | Notas | Citação | Citado por | Autor 
Resumos 
PortuguêsEnglish 
O contexto de paz que actualmente se vive em Angola tem permitido mais estudos e investigações sobre a 
pobreza que caracteriza este país e que afecta grande parte da sua população, bem como a compreensão 
sobre o modo como as categorias sociais mais vulneráveis à pobreza enfrentam o seu quotidiano. É nesse 
contexto que se insere e adquire importância a noção de modo de vida da pobreza. 
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Entradas no índice 
Keywords : 
poverty, ways of life, Angola 
Palavras chaves : 
pobreza, modos de vida, Angola 
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Mapa 
Introdução 
Pobreza em Angola 
Modos de vida da pobreza 
Destituição 
Restrição 
Desafectação 
Transitoriedade 
Investimento na mobilidade 
Conclusão 
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Notas da redacção 
Recebido a: 28/Fevereiro /2012 
Enviado para avaliação: 5/Março/2012 
Recepção da apreciação: 3 e 19/Abril/2012 
Recepção de elementos adicionais: 7/Maio/2012 
Recepção da segunda apreciação: 9/Maio/2012 
Aceite para publicação: 12/Maio/2012 
Texto integral 
PDF 136kAssinalar este documento 
Introdução 
1A investigação na área da pobreza requer não só o estudo da distribuição dos rendimentos, 
das carências e privações, das suas causas e consequências e da identificação das categorias 
sociais mais susceptíveis de serem afectadas por este fenómeno, mas igualmente das 
práticas quotidianas que se estabelecem, de forma a ultrapassar os constrangimentos que 
enfrentam. É nesse contexto que se insere a importância da investigação sobre os modos de 
vida da pobreza. 
2A investigação alargada no domínio da pobreza é recente em Angola. O conflito armado que 
assolou o país desde a independência (1975-2002) não permitiu a elaboração aprofundada 
de muitos estudos sobre a pobreza. Porém, a dinâmica que caracteriza este fenómeno e as 
alterações sociais que diariamente se registam, levam a que os conceitos aqui apresentados 
estejam em permanente mutação. Assim, começamos esta apresentação com uma avaliação 
e interpretação dos indicadores sociais que caracterizam a pobreza em Angola, bem como da 
identificação das categorias sociais mais vulneráveis a esse fenómeno. Tendo por base as 
investigações de Luís Capucha [2005], segue-se a descrição teórica dos modos de vida da 
pobreza e sua respectiva identificação no contexto angolano. 
Pobreza em Angola 
3Em 2004, dois anos após o término do conflito armado, o governo angolano elaborou a 
sua Estratégia de Combate à Pobreza (ECP)1, com o objectivo principal de preparar as 
medidas para combater esse fenómeno, que, na altura, afectava 68% da população 
angolana, dos quais 26% se encontravam em condição de pobreza extrema (equivalente a 
até 0,75 dólares por dia) [MINPLAN 2005]. No mesmo documento foram identificados os 
seguintes factores como causas da pobreza em Angola: o conflito armado, a pressão 
demográfica, a destruição e degradação das infra-estruturas económicas e sociais, o 
funcionamento débil dos serviços de educação, saúde e protecção social, a quebra muito 
acentuada da oferta interna de produtos fundamentais, a debilidade do quadro institucional, 
a desqualificação e desvalorização do capital humano e a ineficácia das políticas 
macroeconómicas [MINPLAN 2005]. 
4Estes factores, que afectam de forma diferente cada uma das pessoas, levaram à 
identificação e caracterização das categorias sociais que em Angola se encontram mais 
vulneráveis à pobreza, nomeadamente: 
5a) Pequenos agricultores e camponeses; 
6b) Analfabetos; 
7c) Desempregados; 
8d) Crianças de rua e sem-abrigo; 
9e) Desmobilizados das forças armadas; 
10f) Deslocados de guerra; 
11g) Famílias monoparentais; 
12h) Deficientes físicos [Carvalho 2004] 
13Cada uma das pessoas que se insere numa destas categorias sociais enfrenta situações de 
carência, privação e marginalização, condições que posteriormente os conduzem a uma 
situação de exclusão social. 
 1 Entre 1997 e 2002, o Orçamento Geral do Estado apenas despendeu 20 a 30% das despesas para o 
sector (...) 
14Num contexto de paz, e visto já não haver necessidade de despender grande parte do 
Orçamento Geral do Estado para o sector da defesa1, o governo angolano afirmou assim a 
sua intenção em reduzir a pobreza para metade até ao ano de 2015, dando assim 
cumprimento ao compromisso assumido para concretização dos Objectivos de 
Desenvolvimento do Milénio (ODM). 
15Desde a aprovação da Estratégia de Combate à Pobreza, têm-se registado progressos na 
redução da pobreza em Angola, tendo a sua incidência baixado para 36,6% em 2009 [INE 
2010]. No entanto, 58,8% da população rural ainda vive em condições de pobreza, contra 
18,5% da população urbana [INE 2010: 13]. 
16Apesar dos esforços que têm sido empreendidos, os indicadores sociais para Angola ainda 
registam valores preocupantes (quadro nº 1), nomeadamente no sector da saúde, educação, 
nutrição e água e saneamento, determinados pelo deficiente acesso aos serviços sociais 
básicos. 
 2 Resolução nº 9/04, de 4 de Junho de 2004. 
Quadro nº 2: Indicadores demográficos para Angola 
Indicadores 
 
Taxa de mortalidade infantil 115,7 por mil 
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos 193,5 por mil 
Taxa de mortalidade materna 1.400 por 100 mil 
Alfabetização 76% 
IDH (2011) 0,486 
Taxa de fertilidade 7,2 
Esperança média de vida 
41,5 anos - mulheres 
38,8 anos – homens 
Fonte: INE 2010, MINPLAN 2010, MINPLAN 2011. 
 3 Tendo em conta o contexto de globalização que caracterizaas sociedades actuais, o PNUD decidiu alt (...) 
17Com uma população estimada em 18,8 milhões de habitantes [MINPLAN 2011], Angola 
apresentou em 2011 um índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,486, ocupando 148ª 
posição no mundo [PNUD 2011]. Se tomarmos em comparação os dois anos anteriores, 
podemos concluir que tem havido uma regressão no IDH angolano. Para o ano de 2009 
Angola apresentou um IDH de 0,564, ocupando a posição 143ª, com uma classificação de 
desenvolvimento humano considerada pelo PNUD “média”. No entanto, esses valores 
alteraram-se significativamente no ano de 2010, registando-se uma quebra para 0,403 e 
passando a ocupar a 146ª posição entre 169 países do mundo3. 
18O contexto de paz tem possibilitado a recuperação e o crescimento da economia angolana, 
com destaque para o sector não petrolífero que, desde 2005, tem registado desempenho 
positivo, nomeadamente nos sectores da construção, agricultura, indústria e serviços 
financeiros [MINPLAN 2010: 22]. No entanto, esse crescimento está longe de corresponder à 
melhoria das condições de vida da maioria dos angolanos que, sem qualificação profissional, 
deslocados das suas zonas de origem, com dificuldades para conseguirem um emprego 
estável que lhes permita levar uma vida digna, elabora estratégias para conseguir sobreviver 
e ultrapassar os momentos mais difíceis, que se concretizam em “modos de vida mais ou 
menos coerentes e solidificados” [Almeida et. al. 1994: 95]. Os modos de vida da pobreza 
enquadram-se assim na forma como as categorias sociais mais vulneráveis adaptam os 
meios disponíveis às suas necessidades, isto é, a forma como se organizam 
estrategicamente para darem resposta às suas necessidades, sejam elas biológicas, sociais, 
culturais, etc. 
Modos de vida da pobreza 
19O homem é um ser social, que possui uma identidade própria que lhe permite adaptar-se 
ao meio que o rodeia, consoante a sua identidade e os mecanismos disponíveis para a sua 
realização. Aqueles que se encontram em situação de pobreza constituem os seus modos de 
vida e desenvolvem as suas estratégias que tanto podem levar à perpetuação da vivência em 
condições de pobreza, como à superação. 
20Segundo Isabel Guerra [1993: 70] os modos de vida são entendidos como um “conjunto 
integrado de práticas articuladas a „representações do mundo‟ e a „imaginários sociais‟, o que 
exige um conceito aglutinador das lógicas estruturantes das práticas”. Por seu lado, Luís 
Capucha [2005: 76] defende que os modos de vida são o “elemento mediador que articula 
os recursos e constrangimentos associados à ocupação de uma determinada posição na 
estrutura social e o sistema das práticas quotidianas, das avaliações, das representações, 
das referências sociais e culturais e das escolhas estratégicas feitas pelas famílias ou pelos 
indivíduos no contexto das disponibilidades desses recursos e das limitações impostas por 
estes constrangimentos”. 
21Importa portanto saber como é que as pessoas mais pobres organizam os seus modos de 
vida, isto é, como essas pessoas aproveitam as oportunidades que surgem e como as 
adaptam às suas necessidades. Para tal, é preciso ter atenção à relação que as práticas 
quotidianas (de trabalho, de vida familiar, de consumo, de lazer, etc.) estabelecem entre si e 
com as diferentes “esferas” do social [cf. Guerra 1993]. 
22O conceito de modos de vida comporta quatro dimensões, nomeadamente [Capucha 
2005: 214]: 
23a) uma dimensão social – pertença de classe, relação com redes sociais, estruturas 
familiares); 
24b) uma dimensão cultural – símbolos e orientações de vida; 
25c) uma dimensão espacial – localizações dos contextos de interacção; 
26d) uma dimensão temporal – trajectos passados ou virtuais. 
27Autores que se têm debruçado sobre o fenómeno da pobreza [Capucha 1992 e 2005, 
Almeida et al. 1994] identificaram oito tipos diferentes de modos de vida, baseados na 
maneira de ser e de agir como pobres e na configuração do seu espaço, nas relações 
familiares e como representam e privilegiam o passado, o presente e o futuro. Estes modos 
de vida são: destituição, restrição, transitoriedade, desafectação, dupla referência, 
poupança, convivialidade e investimento na mobilidade. 
28No contexto angolano não se verifica a presença dos oito modos de vida identificados por 
estes autores para a sociedade portuguesa. Serão apenas analisados aqueles modos de vida 
que, em nosso entender, têm aplicabilidade em relação ao objecto de estudo aqui 
apresentado, que são: a destituição, a restrição, a transitoriedade, o investimento na 
mobilidade e a desafectação. 
Destituição 
29O primeiro modo de vida analisado é o da destituição, que se identifica com a miséria e, 
por isso, é a “forma extrema de pobreza e exclusão social” [Amaro 2003: 29]. As pessoas 
afectadas pela destituição vivem em condições precárias, em casas de materiais 
improvisados ou em casas abandonadas. Os membros do agregado familiar são na sua 
maioria analfabetos, desempregados (ou com empregos precários), o que faz com que a vida 
seja vivida no limiar da sobrevivência. 
30Integram-se neste modo de vida os agregados familiares mais pobres de Angola, onde se 
incluem refugiados nas áreas urbanas em resultado da guerra civil. Os bens de consumo são 
fornecidos pela caridade, quer de organizações não governamentais, quer de particulares. 
Em muitos casos, a mendicidade apresenta-se como o único recurso de sobrevivência. As 
pessoas que integram este modo de vida encontram-se resignadas face ao presente e não 
traçam planos para o futuro, limitando-se a viver o dia-a-dia. Num estudo realizado por 
Paulo de Carvalho sobre a exclusão social em Angola, o autor afirma que “a destituição é o 
modo de vida mais frequente no seio dos deficientes físicos de Luanda” [2004: 278], não 
sendo entretanto actualmente o modo de vida mais representativo dos pobres angolanos. 
Restrição 
31Encontram-se no segundo modo de vida, designado de restrição, as pessoas sujeitas a 
empregos instáveis, em “luta pela sobrevivência quotidiana” [Fernandes 1991: 37], como os 
empregados e operários com fraca qualificação escolar e profissional (que se reflecte nos 
baixos rendimentos auferidos), os idosos (na sua maioria sem reformas ou com reformas 
abaixo da linha de pobreza), assalariados agrícolas, famílias monoparentais (sobretudo 
chefiadas por mulheres) e pessoas deficientes. Este modo de vida distingue-se da destituição 
pelo acesso ao mercado de trabalho (sobretudo informal) e é actualmente o mais 
representativo no seio dos pobres angolanos. 
 4 Normalmente, a latrina ou casa de banho é exterior, porque é partilhada pelas habitações da “rua” o (...) 
32Identificamos este modo de vida particularmente na capital angolana, onde o investimento 
público/privado é maior, reflectindo-se no grande contraste entre algumas bolsas de riqueza 
e a maioria da população pobre (oriunda sobretudo das restantes províncias) que habita os 
bairros periféricos da cidade. Nestes bairros, caracterizados pela não existência de um 
projecto urbanístico, a acumulação de lixo nos espaços circundantes e os esgotos a correrem 
a céu aberto fazem parte da paisagem. Na quase totalidade dos casos não possuem luz 
eléctrica nem água canalizada. As habitações destes bairros são pequenas, construídas em 
blocos de cimento e cobertas de placas de zinco e sempre em permanente estado de 
construção, constituídas na sua maioria por dois quartos, uma sala e uma cozinha4. Para 
além da má qualidade da habitação, prevalece a falta de conforto. As famílias dormem em 
esteiras que, na maioria dos casos, também servem de local para a realização das refeições, 
confeccionadas a lenha ou carvão. 
33Apesar disso, habitam nessas residências precárias famílias numerosas, onde o controlo 
da natalidade não se verifica, com muitas crianças famintase doentes. As crianças vão para 
a escola, mas poucas progridem além do ensino primário. Cedo começam a ajudar os pais 
nas suas actividades económicas informais. 
34A falta de qualificação e emprego empurra estas famílias para o mercado informal, onde 
grande parte dos recursos aí auferidos é gasto na alimentação diária, que é constituída por 
produtos somente indispensáveis à sobrevivência, que na maioria dos casos não tem 
qualidade e nem a constituição calórica mínima aceitável. O passado é negativo, o presente 
resignado (embora por vezes ressentido) e o futuro sem perspectivas [Capucha 2005: 231]. 
Desafectação 
35Integram-se neste modo de vida as categorias sociais que romperam os laços com a 
sociedade e adoptaram estilos de vida marginais, causados na sua maioria pelo insucesso 
escolar, desemprego ou emprego precário e mal remunerado e baixa qualidade de vida, 
como é o caso dos toxicodependentes, reclusos e ex-reclusos, crianças de rua e sem-abrigo. 
36Um pouco por todo o país regista-se a presença de crianças de rua e sem-abrigo, cuja 
principal actividade consiste na mendicidade e na venda informal como meio de sustento. 
Acabam por dormir nas escadas dos prédios e debaixo dos carros que estão estacionados. Os 
toxicodependentes e os ex-reclusos encontram refúgio nos meandros dos bairros peri-
urbanos, locais onde o acesso da polícia é limitado. 
37A percepção do tempo é totalmente centrada no quotidiano, já que o passado é para 
esquecer e o futuro é de tal forma incerto [Capucha 2005: 230]. Com pouca ou nenhuma 
instrução e sem formação profissional, na maioria dos casos deslocados das suas zonas de 
origem e integrados em famílias desestruturadas, aqueles que se integram neste modo de 
vida tiveram um passado trágico marcado pela guerra, fome e morte. Agora, vivem um dia 
de cada vez e não traçam, deste modo, planos para o futuro. 
Transitoriedade 
38Tal como o próprio nome indica, enquadram-se no modo de vida da transitoriedade as 
pessoas que estão numa fase de transição entre um passado que se revelou próspero e um 
presente que encaram com dificuldade. Entre as famílias da transitoriedade podem 
encontrar-se as de desempregados, famílias monoparentais, alguns reformados e jovens à 
procura do primeiro emprego. Este é precisamente o retrato de Angola, um país onde 53,1% 
da população trabalha por conta própria [INE 2010: 13], na sua maioria no sector informal 
da economia, onde as reformas não estão actualizadas com o nível de vida, onde os jovens 
têm imensa dificuldade em encontrar emprego e, sobretudo, onde o nascimento de crianças 
em famílias monoparentais é muito comum. 
39As dificuldades que enfrentam no presente condicionam a elaboração de planos para o 
futuro. Pode verificar-se uma transição para o investimento na mobilidade e, se for bem 
sucedida, conseguem sair da situação em que se encontram. Caso contrário, acabarão por 
ser integrados na restrição ou até mesmo na destituição. 
Investimento na mobilidade 
40Por último, encontramos o “investimento na mobilidade”, característico dos operários e 
empregados com alguma escolaridade (relativamente aos modos de vida anteriores) e 
rendimento fixo (embora muito baixo), na sua maioria integrados na função pública. 
Constituem categorias que mais têm possibilidade de saída da pobreza dado o investimento 
que realizam na mobilidade ascendente, oferecendo aos filhos uma escolarização o mais 
prolongada possível, com o objectivo de aquisição de um status social mais elevado 
[Fernandes 1991: 37]. Daí que o investimento na educação dos filhos seja uma prioridade 
(investimento na segunda geração). Por outro lado, há aqui sempre a tentativa de poupar 
algumas modestas economias para investimento em habitação. 
41As famílias que integram este modo de vida vivem em bairros periféricos ou próximos 
deles. Um exemplo desta situação é o município do Cazenga, construído no tempo colonial 
como bairro de habitação social da cidade de Luanda. Se na altura da sua construção era um 
bairro bom e calmo para viver, actualmente, a proximidade com os bairros degradados 
torna-o igualmente perigoso de ser frequentado. Ainda assim, a maioria das casas sofreu 
obras não só no interior como também no exterior (muros altos e pintados, gradeamento, 
etc.). 
42Apesar do descontentamento com o ambiente do bairro e com a degradação natural das 
habitações, a maioria das famílias não tem alternativas para mudar para zonas habitacionais 
que apresentem melhores condições. O sector habitacional é muito incipiente em Angola e os 
preços das habitações que se vão construindo é muito elevado. A mobilidade passa pelo 
investimento na escolarização dos filhos. O passado é pobre e o presente é tempo de 
preparação de um futuro melhor [Capucha 2005: 232]. Como o investimento na formação 
dos filhos se apresenta como prioritário, elaboram para o efeito diversas estratégias 
económicas tendo em vista o aumento do rendimento que permita realizar esse 
investimento. 
43* * * 
44Os modos de vida identificados não são absolutos e apresentam-se em aberto, 
acompanhando as dinâmicas sociais, o que significa que podem alterar-se, actualizar-se ou 
construírem-se novos modelos, consoante as necessidades. De igual modo, os seus 
integrantes podem transitar de um modo de vida para outro, ora progredindo, ora 
regredindo, consoante se registem alterações no seu quotidiano. Por exemplo, aqueles que 
investem numa actividade geradora de rendimentos, ainda que seja no sector informal, têm 
maior probabilidade de sair da destituição para a restrição mas, por outro lado, aqueles que 
se resignam ou que não conseguem enfrentar os diversos constrangimentos rapidamente 
podem passar da restrição para a destituição ou desafectação. Aqueles que apostam numa 
estratégia de escolarização beneficiarão disso e conseguirão melhor integração profissional 
que melhorará as suas condições de vida e os seus hábitos de consumo. Por isso, embora se 
perspective uma alteração dos modos de vida, para melhor, podem surgir constrangimentos 
inesperados que alterem esse cenário (crise económica, desastres naturais, entre outros). 
45A análise dos modos de vida da pobreza permite-nos não só identificar os grupos sociais 
mais vulneráveis à pobreza, como também as estratégias que adoptam para enfrentarem os 
diversos constrangimentos com que se deparam. Essas adaptações dos meios às suas 
necessidades são muitas vezes baseadas na solidariedade ou entreajuda que os mais pobres 
estabelecem entre si e que assentam nas relações de parentesco, que funcionam como 
relações de produção, relações políticas ou esquemas ideológicos [Marie 1976: 158]. 
46O aumento galopante da pobreza e a incapacidade por parte das instituições públicas para 
dar resposta aos apelos dos mais carenciados intensificaram as redes de solidariedade, que 
se mantêm como um dos pontos fortes em Angola. De facto, os angolanos só conseguiram 
sobreviver durante anos de turbulência, ao longo dos quais o apoio do Estado ou de outras 
instituições foi escasso, porque existiam mecanismos de ajuda mútua, solidariedade e acção 
colectiva [Robson & Roque 2001: 3] e é precisamente nessa solidariedade que assentam as 
relações quotidianas e se enfrenta o presente. 
Conclusão 
47O conflito armado e as suas consequências directas e indirectas são apontados como as 
causas principais para o elevado índice de pobreza que caracteriza a população angolana. O 
processo de destruição em que este país esteve envolvido foi demasiado longo e abrangente. 
Para além das infra-estruturas físicas foram igualmente destruídos os modos de vida, 
culturas e identidades, resultando daí uma sociedade fragmentada e dividida. 
48O fim do conflito armado tem possibilitado maior investigação sobre a pobreza e uma 
melhor definição das estratégias a elaborar para a sua erradicação,bem como analisar os 
modos de vida das categorias sociais mais vulneráveis às condições de pobreza. Desde 
modo, a investigação sobre os modos de vida permitiu-nos identificar, à data, cinco modos 
de vida da pobreza em Angola: restrição, destituição, transitoriedade, investimento na 
mobilidade e desafectação. 
49O modo de vida da restrição, caracterizado pela precariedade e instabilidade no emprego 
distingue-se da destituição (nível de vida nos limites da sobrevivência) pelo acesso ao 
mercado de trabalho. A transitoriedade é característica dos desempregados, famílias 
monoparentais, alguns reformados e jovens à procura do primeiro emprego. Os poucos que 
conseguem criar alguma estabilidade investem tudo o que têm na educação dos filhos, para 
que esta segunda geração saia da condição de pobreza. Esse investimento na mobilidade 
social é feito por alguns operários e empregados com alguma escolaridade e rendimento fixo. 
O último modo de vida identificado é o da desafectação, que é característico de 
toxicodependentes, reclusos e ex-reclusos, crianças de rua e sem-abrigo – categorias sociais 
que romperam os laços com a sociedade. 
50A mutabilidade que caracteriza o fenómeno da pobreza também se traduz nestes modos 
de vida, o que faz com que a passagem de um modo de vida para outro seja uma constante, 
quer para melhor, quer para pior. Importa pois aprofundar os estudos sobre a pobreza e os 
modos de vida da pobreza em Angola, de modo a perceber-se como as categorias sociais 
mais desfavorecidas se adaptam aos diversos constrangimentos quotidianos e como 
reconfiguram os seus espaços.

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