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24/02/2015 1 DIREITOS FUNDAMENTAIS 1. Teoria dos Direitos Fundamentais 1.1 O NAZISMO E A BANALIDADE DO MAL “Os direitos do homem estão acima dos direitos do Estado” – Adolf Hitler em Mein Kampf (Minha luta) – correta na essência. Frase de pessoas comprometidas com valores humanitários. “Se, porém, na luta pelos direitos do homem, uma raça é subjugada, significa isso que ela pesou muito pouco na balança do destino para ter a felicidade de continuar a existir neste mundo terrestre, pois quem não é capaz de lutar pela vida tem o seu fim decretado pela providência. O mundo não foi feito para os covardes.” 24/02/2015 2 Concepção distorcida e discriminatória: apenas a “raça superior” (raça ariana) seria destinatária dos direitos do homem. Dessa concepção resultou na morte de milhões de judeus e outras minorias. Confisco de bens, esterilização, tortura, experimentos médicos com seres humanos, pena de morte, deportação, banimento: métodos “legais” utilizados pelo Terceiro Reich (Hitler). Atos praticados com amparo da lei e dispunha de estrutura estatal, sem questionamento acerca da maldade intrínseca. Filósofa Hannah Arendt – “banalidade do mal” – Livro: Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Filme: Hannah Arendt (assistir) 1933 – Adolf Hitler assume o poder através do sufrágio da maioria dos eleitores alemães. 24/02/2015 3 No mesmo ano – aprovado o “Ato de Habilitação” (Emächtigungsgesetz) – seu gabinete poderia alterar qualquer lei, inclusive a Constituição. Esse ato – formalmente válido – que deu suporte às atrocidades cometidas contra os judeus. 1935 – aprovadas as chamadas Leis de Nuremberg (auge do nazismo) oficializando o antissemitismo – proibição de relações sexuais entre judeus e alemães e estabelecendo uma divisão social (judeus eram cidadãos de segunda classe). Alicerce normativo do direito alemão (nazismo) – a vontade do líder (“Princípio do Führer”). O que Hitler ordenava era lei e deveria ser obedecido por todos. Os subalternos de Hitler deveriam ser responsabilizados pelos seus atos, na medida em que apenas cumpriram as ordens e as “leis” vigentes? 24/02/2015 4 Países vencedores da II Guerra Mundial criaram, na cidade de Nuremberg, um Tribunal para julgar os crimes contra a humanidade praticados pelos nazistas. Assistir filme: O Julgamento de Nuremberg (Alec Baldwin). Dilema: condenar juízes e demais autoridades do regime nazista que nada mais fizeram do que respeitar o ordenamento jurídico vigente, pouco importando se era justo ou injusto. Por mais odiosas que fossem as Leis de Nuremberg, eram normas válidas – editadas de forma regular – e, portanto, deveriam ser cumpridas. Diversos juízes, médicos e outras autoridades nazistas foram condenados por terem participado do regime. 24/02/2015 5 Tribunal: ao elaborarem e aplicarem leis cujo objetivo era o extermínio de vidas humanas – eram tão responsáveis pelo que ocorreu quanto a Gestapo, SS e outras agências de Hitler. Críticas de juristas de todo o mundo: tribunal de exceção – criado ex post facto – sem base legal para a sua instalação. Violou princípios básicos do direito penal. Questionável sua legalidade!!!! O Tribunal de Nuremberg decretou 12 condenações à morte, 3 prisões perpétuas, 2 condenações a 20 anos de prisão, 1 a 15 e outra a 10 anos. Hans Fritzsche, Franz von Papen e Hjalmar Schacht foram absolvidos. 24/02/2015 6 O que estava em julgamento não era apenas pessoas, mas um regime (NAZISMO). Não era um julgamento puramente jurídico. Era um Tribunal de Guerra, que trouxe provas das atrocidades praticadas pelos nazistas, condenando todos os seus partícipes. Simbolizou, no cenário jurídico, uma nova ordem mundial, na qual a dignidade da pessoa humana foi reconhecida como valor suprapositivo – acima das leis do próprio Estado. A partir de Nuremberg qualquer política de governo que tenha como mote o desrespeito à dignidade humana passou a constituir desrespeito à toda humanidade. 1.3 O Pós-positivismo e a Teoria dos Direitos Fundamentais Crise de identidade dos juristas europeus, principalmente, os alemães após a II Guerra. O Nazismo foi uma das causas da derrocada do positivismo Kelseniano. 24/02/2015 7 Kelsen não teve influência, nem participação no regime nazista. Era democrata, foi perseguido pelo regime e exilado nos EUA. Sua teoria deu fundamento jurídico para tentar justificar as atrocidades cometidas pelo regime. O formalismo da teoria pura não dá margem à discussão em torno do conteúdo da norma, pois, segundo Kelsen, não cabe ao jurista qualquer juízo de valor acerca do direito. Se a norma fosse válida deveria ser aplicada sem questionamentos. Nova corrente – Pós-positivismo (positivismo ético): inserir na ciência jurídica valores éticos indispensáveis para a proteção da dignidade humana (a atividade jurídica deve ter conteúdo humanitário). Objetiva proteger o ser humano contra uma tirania da maioria momentânea, por exemplo. 24/02/2015 8 Houve uma releitura do positivismo clássico. Não se voltou ao direito natural (direito acima do estatal), trouxeram valores para o direito positivo, no topo da hierarquia normativa, protegidos de maiorias eventuais. Positivou-se o direito natural. Pós-positivismo: princípios constitucionais, por mais abstratos que sejam, devem ser tratados como normas jurídicas, inclusive norteando a elaboração de leis. Não abre-se mão do normativismo (principal objeto de estudo do jurista), mas não é neutra, passando a conter forte ideologia, de sorte que princípios como a dignidade da pessoa humana, igualdade, a liberdade, solidariedade, autonomia da vontade, da liberdade de expressão, do livre desenvolvimento da personalidade, da legalidade, da democracia seriam vinculantes como qualquer outra norma jurídica. Princípios passam a ter observância obrigatória e as leis somente seriam válidas se em conformidade com esses princípios. 24/02/2015 9 Robert Alexy: direito deve ter “pretensão de correção” – aproximar da ideia de justiça. Nenhum ato será conforme o direito se for incompatível com os direitos fundamentais. Miguel Reale: teoria tridimensional do direito – fato, valor e norma (anos 60). Constituição antes do pós-positivismo – quase todos os princípios poderiam ser encontrados, mas de pouco valiam, pois não passavam de conselhos morais, de declaração de boas intenções, sem que seu descumprimento ocasione consequências jurídicas. Força jurídica dos princípios – Constituição tem papel central – suas disposições são normas jurídicas. 24/02/2015 10 Conclusão: (a) princípios possuem forte conteúdo ético- valorativo; (b) teoria moderna reconhece a normatividade potencializada dos princípios; (c) a Constituição é o instrumento jurídico mais propício à existência de princípios; (d) a Constituição passou a ocupar um papel de destaque na ciência do direito. Teoria dos Direitos Fundamentais: (a) crítica ao legalismo e ao formalismo jurídico; (b) defesa da positivação constitucional dos valores éticos; (c) crençana força normativa da Constituição, ainda que se verifique aparente contradição entre seus princípios; (d) compromisso com valores constitucionais (dignidade da pessoa humana).
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