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narrativa moderna a negação do Cânone Narrativa moderna - “surgimento” na Nouvelle Vague (movimento francês da década de 50) - reflexo do pulsão das correntes artísticas que rejeitavam o cânone clássico na arte (pelo menos desde as Vanguardas na década de 20) Narrativa moderna - a negação ou abandono das regras da narrativa clássica; - ruptura, confusão ou contemplação, excessos ou lacunas, falta de harmonia, falta de causalidade... Narrativa moderna - a negação ou abandono das regras da narrativa clássica; - ruptura, confusão ou contemplação, excessos ou lacunas, falta de harmonia, falta de causalidade... Narrativa moderna - Em Linguagem Audiovisual: . impressionismo: - como reação contra o imperialismo americano, um certo número de cineastas franceses querem, nos anos 20, promover um cinema nacional, que consiga se distinguir das coerções do cinema dominante, ou seja, a submissão ao teatro e ao romance. . dadaísmo e surrealismo: - sem dúvida o surrealismo e, antes dele, o dadaísmo tiveram um papel fundamental em sugerir ou inspirar as mais livres e radicais experiências no campo cinematográfico. - o dadaísmo procede de pesquisas plásticas efetuadas por pintores desde o início dos anos 20. - composições visuais figurativas, trabalhando com movimentos e ritmos puros, tratando de assuntos concretos: objetos usuais, máquinas, corpo humano, com o acréscimo de irrisão, anarquismo e provocação. - os surrealistas exploram mais além com associações de imagens, fantasmas eróticos e pulsões revolucionárias. - a narrativa não obedece a lógica da narrativa clássica, cultiva as rupturas, o onirismo, as imagens mentais, a confusão entre subjetividade e objetvidade, as visões provocantes. Narrativa moderna - Em Linguagem Audiovisual: . impressionismo: - como reação contra o imperialismo americano, um certo número de cineastas franceses querem, nos anos 20, promover um cinema nacional, que consiga se distinguir das coerções do cinema dominante, ou seja, a submissão ao teatro e ao romance. . dadaísmo e surrealismo: - sem dúvida o surrealismo e, antes dele, o dadaísmo tiveram um papel fundamental em sugerir ou inspirar as mais livres e radicais experiências no campo cinematográfico. - o dadaísmo procede de pesquisas plásticas efetuadas por pintores desde o início dos anos 20. - composições visuais figurativas, trabalhando com movimentos e ritmos puros, tratando de assuntos concretos: objetos usuais, máquinas, corpo humano, com o acréscimo de irrisão, anarquismo e provocação. - os surrealistas exploram mais além com associações de imagens, fantasmas eróticos e pulsões revolucionárias. - a narrativa não obedece a lógica da narrativa clássica, cultiva as rupturas, o onirismo, as imagens mentais, a confusão entre subjetividade e objetvidade, as visões provocantes. Narrativa moderna - Em Linguagem Audiovisual: . impressionismo: - narrativas mais frouxas, menos ligadas organicamente, menos dramatizadas, comportando momentos de vazio, lacunas, questões não resolvidas, finais às vezes abertos ou ambíguos. - personagens desenhados com menor nitidez, muitas vezes em crise, pouco dados à ação. - procedimentos visuais ou sonoros que confundem as fronteiras entre subjetividade (do personagem, do autor) e objetividade (do que é mostrado): sonhos, alucinações, fantasias, lembranças mostradas sem transição com imagens do presente objetivo; mistura de estilo documentário ou reportagem com uma filmagem de ficção mais clássica; manipulações temporais que produzem no espectador efeitos de confusão entre presente, passado e o tempo imaginário. - não utilização de cenários construídos ou estúdios, filmagens nas ruas, com a presença dos moradores locais, valorizando os espaços onde os filmes ocorrem. - uma forte presença do autor, de suas marcas estilísticas, de sua visão sobre os personagens e sobre a história que conta: comentário narrativo, movimentos de câmera, rupturas estilísticas bruscas, primeiros planos insistentes, longos planos fixos. - certa propensão à reflexividade, isto é, a falar de si mesmo, daí o gosto pronunciado pelas citações diretas ou indiretas, e, em alguns cineastas, pelas pesquisas formais que exaltam o cinema por si mesmo. Narrativa moderna na TV - Dizem que o rádio e a Tv e mais tarde a internet já nascem modernos, uma vez que renegam ou “engolem” os meios anteriores; - Na TV: propensão as lacunas (muitas vezes saem do ar antes do final); repetições; “barrigas”; um apelo jornalístico/ documental (as ruas); o ao vivo; o precário; Narrativa moderna na TV - Exemplos: -- “Twin Peaks” (David Lynch) (a série com dois finais); -- Núcleo Guel Arraes (“Armação Ilimitada”, “Cena Aberta”, “Cidade dos Homens”) (Nouvelle Vague na TV) -- Núcleo Luis Fernando Carvalho (“Os Maias”) -- “Lost” (afinal estão mortos, ou perdidos no tempo? O que é o urso polar?) Narrativa moderna na TV - NA PRÁTICA: - COMO É A PRODUÇÃO HOJE? - O MODERNO SE APLICA? - HÁ SÉRIES MODERNAS OU “COM MODERNIDADE?” Estruturas alternativas No seu livro Story, (encontre-o aqui em ver-são espa-nhola para o Kin-dle, El Guión, por um preço muito atrac-tivo, menos de 10 dóla-res) Robert McKee orga-niza as várias opções nar-ra-ti-vas num tri-ân-gulo — o Tri-ân-gulo da Estó-ria — em que cada vér-tice cor-res-ponde a um modelo diferente. O Archi-plot, ou Arqui-trama, é o modelo dra-má-tico clás-sico, que temos vindo a estu-dar. Engloba fil-mes que vão desde The Great Train Rob-bery e O Cou-ra-çado Potem-kin até O Padri-nho, Indi- ana Jones ou Juno. O Mini-plot, ou Mini-trama, é essen-ci-al-mente uma vari-a-ção mini-ma-lista do Arqui-trama, em que os mes-mos ele-men-tos, ou parte deles, apa-re-cem sua-vi-za-dos ou des-dra-ma-ti-za-dos. Refere-- se a fil-mes como A Pai-xão de Joana d’Arc, Moran-gos Sil-ves-tres ou Lost in Trans-la-tion. O Anti-plot, ou Anti-trama, por outro lado, caracteriza-se pela nega-ção radi-cal ou sub-ver-são dos ele- men-tos essen-ci-ais da Arqui-trama. É menos usual e inclui obras como Un Chien Anda-lou, Fel-lini 8 1/2 e Mulhol-land Drive. Estruturas alternativas Estruturas alternativas Estruturas alternativas Variações relativas ao protagonista Na defi-ni-ção do modelo clás-sico que vimos acima a estó-ria é con-du-zida por “um pro-ta-go-nista activo”. Os fil-mes que se colam mais a este modelo centram -se ape-nas num pro-ta-go-nista único, e a trama prin- ci-pal da nar-ra-tiva acom-pa-nhe a sua trajetória. Esse pro-ta-go-nista deve ser activo pois, apa-ren-te-mente, as pes-soas gos-tam de se pro-je-tar em per-so-na-gens que tomam deci- sões, fazem esco-lhas, e agem em fun-ção dos seus objetivos.Sem-pre que um filme se afasta de uma des-tas carac-te-rís-ti-cas, afastamo-nos tam-bém do modelo clás- sico. Pode-mos assim dis-tin- guir alguns mode-los alternativos. Estruturas alternativas Vários protagonistas mas um só enredo Este modelo refere-se a estó-rias que são, basi-ca-mente, “buddy movies” com um maior número de protagonistas.Em Lit-tle Miss Sunshine toda a famí-lia par-ti-lha do sonho da pequena Olive se tor-nar miss. Em The Han-go-ver os pro-ta-go-nis-tas têm de enfren-tar jun-tos a tarefa de recons-ti-tuir os even-tos da noite ante-rior até encon-tra-rem o noivo “desa-pa-re-cido”. Em Os Sete Samu-rais os sete pro-ta-go-nis-tas têm de cola-bo-rar para sal-var a aldeia que se quo-ti-zou para con-tra-tar a sua protecção. Em todos estes casos os pro-ta-go-nis-tas fun-ci-o-nam como uma uni-dade, num enredo único com um objec-tivo par-ti-lhado. É assim um modelo essen-ci-al-mente seme-lhante ao clás-sico. Tal como no caso dos “buddy movies” a riqueza adi-ci-o-nal vem do poten-cial de ten-são e cho-que entre os diver- sos protagonistas. Estruturas alternativas Vários protagonistas e vários enredos convergentes São fil-mes em que há várias tra-maspara-le-las, inde-pen-den-tes e com impor-tân-cia equi-va-lente, mas em que essas tra-mas con-ver-gem ou se cru-zam em algum momento ou momen-tos da nar-ra-tiva. É o caso de fil-mes como Crash, Mag-no-lia, Pulp Fic-tion, Amo-res Per-ros ou Inglo-ri-ous Bas-terds. Cada um des-tes fil-mes tem vários enre-dos que se desen-vol-vem em para-lelo, cada qual com o seu pro-ta-go-nista pró-prio, com objec-ti-vos espe-cí-fi-cos e per-cur-sos mais ou menos inde-pen- den-tes. No entanto, essas linhas nar-ra-ti-vas aca-bam por con-ver-gir e se encon-trar — par-ci-al-mente e em momen-tos dife-ren-tes, como em Crash, Pulp Fic-tion e Mag-no-lia; ou em acon-te-ci-men-tos cru-ci- ais da estó-ria, como em Amo-res Per-ros ou Inglo-ri-ous Bas-terds.Esta estru-tura, que hoje está muito popu-la-ri-zada, repre-senta um des-vio bas-tante acen-tu-ado em rela-ção ao modelo clás-sico. Talvez por isso seja tão atrac-tiva para os novos guionistas. Narrativa moderna - ponto de vista -No caso do cinema é tudo um pouco mais complexo: primeiro porque o filme não conta nada no sentido literal, ele mostra; segundo, porque existem, muitas vezes, narradores nos filmes, mas dificilmente este fica preso ao personagem ou voz over que nos conta a história. Vejamos alguns exemplos. Beleza Americana (American Beauty, Sam Mendes, EUA, 1999) tem sua história contada por Lester, um “defunto-autor”, mas o filme nos mostra vários eventos que Lester não poderia ter presenciado nem teria como nos contar. Isso nos faz pensar que num filme narrativo há divergências entre o que nos relata um personagem e o que vemos na fita. Noutros casos existem narradores que não são personagens, não sabem tudo sobre uma história e não são mais do que uma voz over que nos conta ou comenta detalhes do enredo mostrado, como é o caso do irônico e sarcástico narrador de Ponto de Vista Barry Lyndon (Stanley Kubrick, EUA/ Inglaterra, 1975). Em outros casos, não há narrador algum e somos apresentados à trama por alguma “entidade” invisível que parece provir de lugar algum. É o que acontece tanto em filmes recentes (Um Beijo Roubado; My Blueberry Nights Wong Kar Wai, EUA, 2006), quanto antigos (Rio Vermelho, Red River, Howard Hawks, EUA, 1948), sejam de vanguarda (Andrey Rublev, Andrei Tarkovsky, Rússia, 1966) ou clássicos (...E O Vento Levou, Gone With The Wind, EUA, 1939). Freqüentemente acontece de haver alguma narração explícita que introduz a história, mas logo esta é esquecida, como ocorre no início de todos os episódios de Star Wars que se iniciam com frases do tipo “Numa galáxia distante...”. Tipos de narrador Porém, se recordarmos Genette, o seu modelo postula não dois, mas três tipos de narrador: o Narrador autodiegético, que Carlos Reis define como “a entidade responsável por uma situação ou atitude narrativa específica: aquela em que o narrador da história relata as suas próprias experiências como personagem central da história”: Narrador homodiegético, que, segundo Carlos Reis, “é a entidade que veicula informações advindas da sua experiência diegética; quer isto dizer que, tendo vivido a história como personagem, o narrador retirou daí as informações de que carece para construir o seu relato, assim se distinguindo do narrador heterodiegético, na medida em que este último não dispõe de tal conhecimento directo” ; heterodiegético, que segundo o mesmo crítico, designa uma particular acção narrativa: aquela em que o narrador relata uma história à qual é estranho, uma vez que não integra nem integrou, como personagem, o universo diegético em questão” . Discurso indireto livre O discurso indireto livre é a técnica literária na qual o discurso do pensamento da personagem se mistura e se confunde com o discurso narrativo do autor. É uma maneira especial que este tem de expressar o interior daquela. Discurso indireto livre Esse amálgama entre personagem e narrador causa grande efeito estético, e ajuda melhor o leitor a compreender e se identificar com a personagem de maneira mais profunda. A alma dela aparece, assim, mais viva e direta ao leitor; as palavras do seu espírito são “vomitadas” cruamente no papel, como se este tivesse possuído o “corpo” do narrador. A técnica é característica fundamental e freqüente das narrativas literárias modernas, a partir do início do século XX. O discurso indireto livre é usado de maneira programática pelo grande romancista Graciliano Ramos, particularmente em Vidas Secas, do qual reproduzimos um trecho exemplar:
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