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Direito do Consumidor: História e Fundamentos

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Rio, 15/08/16
Direito do Consumidor
Bibliografia Indicada: 
Prof.: Sergio Cavalieri Filho - Programa de Direito do Consumidor
Aula 1
O Direito do Consumidor e seu Campo de Aplicabilidade
Na verdade, não há o que se poderia determinar um campo de incidência de forma sistematizada e específica acerca do Código de Defesa do Consumidor. Muito menos uniformidade.
São várias as opiniões que vão desde as que lhe atribuem o caráter de mera lei geral, inaplicável em áreas específicas do Direito já disciplinadas por leis especiais, passando por aquelas com um minissistema jurídico, com campo definido e delimitado. Tal como fizeram as leis de locação urbanas, registros públicos, falências, até chegar naqueles que entendem tratar-se de um novo ramo do direito – o Direito do Consumidor, com autonomia e princípios próprios. 
O que realmente existe é uma filosofia, uma diretriz de defesa do consumidor. Dada a heterogeneidade de sua aplicação, é vasta a aplicação de assuntos que se possa atribuir ao termo “consumidor”.
Sendo assim, o que se criou foi uma sobre-estrutura jurídica multidisciplinar, aplicável em toda e qualquer relação de consumo.
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável em toda a estrutura jurídica em que existem duas figuras apolares:
CONSUMIDOR
O consumidor e sua definição legal (“...toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”).
FORNECEDOR
A concepção de fornecedor (“...é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”).
Origem
O Movimento Consumerista no Brasil não foi um fato estanque. A defesa do consumidor teve origem na Europa arrasada pela Segunda Guerra Mundial, em que o mercado consumidor estava bastante enfraquecido.
1948
Os Estados Unidos viram, na destruição europeia, uma grande oportunidade de negócio através do Plano Marshall, que uniu os países europeus no pós-guerra. Fato este que gerou a criação, em 1948, da Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECE), que expandiu o mercado norte-americano sobre a Europa.
1962
Em 1962, J.F. Kennedy vislumbrou duas faces bem distintas no mercado econômico: O consumidor e o fornecedor. No mesmo ano, J.F. Kennedy, em discurso para o Congresso Americano, declamou a elaboração da “Carta de Política dos Consumidores”. Foi o primeiro documento formal que estabeleceu uma política geral voltada, exclusivamente, para o consumidor.
O Texto tem sentido aberto e estabelece os direitos básicos, mas não específicos, dos consumidores.
1968
Já em 1968, fundou-se a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), unindo a OECE (europeia), EUA, Canadá, Japão, Austrália e a Nova Zelândia, com o objetivo de estabelecer uma política de consumo entre seus membros.
1969
No ano de 1969, a OCDE criou uma comissão para política econômica, com o objetivo de organizar e promover uma política para os consumidores.
1976
Desta comissão originou-se a “Carta do Consumidor”, em 1976.
Observa-se que desde o término da Segunda Guerra Mundial até aquele momento na história houve um processo evolutivo socioeconômico que impôs uma mudança de mentalidade.
1985
Nos idos de 1985, a ONU se reuniu em 10 de abril e elaborou a Resolução 39/248, que é o reconhecimento Universal da Carta do Consumidores de 1976, regulamentando este documento, com várias regras, com a finalidade de tutelar os direitos básicos do consumidor e deveres dos Estados.
Finalidades
O claro objetivo do legislador constituinte, portanto, era o de que fosse implantada uma Política Nacional de Relações de Consumo, uma disciplina jurídica única e uniforme destinada a tutelar os interesses patrimoniais e morais de todos os consumidores.
E assim, na verdade, aconteceu, embora com certo atraso.
Seus princípios e normas são de ordem pública e interesse social, vale dizer, de aplicação necessária, conforme disposto expressamente em seu primeiro artigo.
Lei 8.078 de 1990:
Art. 1º - O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Dispositivos Constitucionais
No Brasil, em que pese haver a presença de movimentos consumeristas, somente com a Constituição de 1988, a defesa do consumidor ganhou proteção positivada porque veio mencionada expressamente no art. 48 do ADCT, gerando a sua concepção. No art. 5°, inciso XXXII, ganhou o status de direito e garantia fundamental. E determinou, no art. 170, V que a defesa do consumidor é um princípio inerente a ordem econômica. Sendo tais fundamentações oriundas do Poder Constituinte Originário.
Assim, em setembro de 1990 foi publicada a Lei 8.078 – Código de Defesa do Consumidor, cujo objetivo é implantar uma Política Nacional de Consumo, conforme determina o art. 4° do CDC e os instrumentos para colocar essa Política Nacional em prática estão mencionados no art. 5° do mesmo diploma legal.		
Concepção: art. 48 do ADCT CRFB/1988 – Atos das Disposições Constitucionais Transitórias:
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Temos, nesta fundamentação, a “concepção” da futura lei que regulará o “Código de Defesa do Consumidor”.
Destaca-se o fato de que a Lei 8.078 de 1990 não existia. Além disso, integra o chamado “poder constituinte originário”. Logo, a futura lei foi concebida concomitantemente no nascimento da CRFB/1988. Por isso sua relevância.
Direito e Garantia Fundamental 
CRFB/1988
Art. 5 XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Como se sabe, a Constituição Federal eleva à garantia de inamovibilidade e relevância os incisos e parágrafos do seu art. 5.
Com fundamentação complementar do art. 60, §4º, inciso IV da CRFB:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
IV - os direitos e garantias individuais.
Essa situação gera uma condição de garantia e estabilidade da “Defesa do Consumidor” enquanto vigorar a CRFB/1988.
Princípio Inerente a ordem econômica
CRFB/1988:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor;
Nessa fundamentação, observamos a relevância da “Defesa do Consumidor” como princípio econômico.
Justificamos tal situação pelo singelo raciocínio de que o destinatário de todo e qualquer bem de consumo (produto e serviços) são os consumidores. E que uma economia saudável depende, de maneira intrínseca, de um consumidor com condições financeiras de aquisição e forte em seus direitos, como forma de tornar o mercado saudavelmente competitivo.
OBS: Previsões na CRFB/1988 que tem ingerência direta nas normas de consumo:
Art. 1, III;
Art. 5° X, XXII e § 2°;
Art. 24, VIII;
Art. 30, I, II;
Art. 37, § 6°;
Art. 60, § 4°, IV;
Art. 87, Parágrafo único, II;
Art. 150, § 5° e
Art. 175, Parágrafo único, II.
Atividade Proposta
1. A respeito das previsões Constitucionais relativas ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do seu campo de aplicação, julgue o item a seguir.
Na hipótese de conflito entre norma prevista no CDC e outra lei ordinária, anterior ou posterior, prevalecerá qual lei?
R: Considerando a supremacia de origem e ordem Constitucional (arts. 5, XXXII, 170, V, 48 ADCT, entre outros), a Lei 8.078 de 1990 tem uma característica de norma supra-hierárquica quando em confronto com outra lei. Devido, não apenas a sua Constitucionalidade, mas, também, ao princípio da especialidade (ou especificidade).
2. Conformeo expresso no inciso XXXII, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do:
R: Consumidor.
3. São fundamentos da ordem econômica na Constituição Federal:
R: A defesa do consumidor e a propriedade privada.
4. Assinale a alternativa INCORRETA. Na Constituição Federal:
I) A defesa do consumidor está inserida expressamente no capítulo dedicado aos direitos e garantias fundamentais, e a competência para legislar em matéria de dano ao consumidor é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal.
II) A defesa do consumidor está inserida expressamente no capítulo dedicado aos direitos e garantias fundamentais e também se estabelece expressamente dentre os princípios gerais da atividade econômica.
R: III) A defesa do consumidor está inserida no capítulo de dedicado aos direitos e garantias fundamentais, e a competência para legislar em matéria de dano ao consumidor é privativa da União.
IV) A competência para legislar em matéria de dano ao consumidor é concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal, e o Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal previu a elaboração do Código de Defesa do Consumidor.
V) A defesa do consumidor está prevista no Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal e o legislador constitucional também a inseriu de forma expressa dentro dos princípios gerais da atividade econômica.
Anotações da Vídeo Aula 1
Obs.: O código de defesa do consumidor é de 11 de setembro de 1990, mas só entra em vigor em março de 1991. Exceção é regra dessa vigência, é contrato de trato sucessivo, que é aquele que se renova a todo tempo e o contratante não sabe quando pode terminar. Apenas nessa hipótese, o CDC pode ser aplicado antes da vigência. Ex.: Plano de Saúde. 
O art. 1 do CDC traz a ideia de que o código de defesa do consumidor é uma norma de ordem pública. Sendo uma norma de ordem pública, ela é cogente e de grande interesse social. Assim, seus institutos poderão ser concedidos de oficio, como por exemplo, inversão do ônus da prova, desconsideração da personalidade jurídica, dentre outros. Porém, temos uma exceção à regra no CDC, que é tratada pela súmula 381 do STJ, que diz: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de oficio, da abusividade das cláusulas. 
Obs.: O código de defesa do consumidor é classificado como uma norma de eficácia supralegal. Sendo assim, toda interpretação de legislação ordinária, deve ser dar de maneira subsidiária ao código. 
Aula 2
Princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor
Introdução
Os princípios de proteção do consumidor a serem apresentados são diferentes princípios gerais insculpidos em outras normas. Exemplo típico desta assertiva é o entendimento do princípio da vulnerabilidade que é ínsito (de forma exclusiva) ao consumidor, por via de consequência inaplicável a outro sujeito de direito que não o já citado (consumidor).
Analisaremos os princípios consumeristas em espécie, quais sejam, o princípio da vulnerabilidade e suas espécies, o da boa-fé e suas funções, o da transparência, da segurança e harmonia.
Princípios
Pode-se conceituar o princípio jurídico como pensamento inexorável (rígido, que não cede à flexibilização, implacável) resultante das interações humanas, dentro do Direito, no qual é gerado um microssistema cujos macrossistemas deverão, para ter credibilidade e segurança, recorrer.
Como exemplo maior de princípio, a Constituição de 1988 contém os fundamentos valorativos aceitos pela sociedade, portanto, a CF/88 é o plano diretor do sistema jurídico brasileiro, ordenando não somente os princípios, como também, as leis e os procedimentos necessários para que todos possam ser aplicados com correção.
Sendo assim, é importante destacarmos a norma e a lei na Defesa do Consumidor.
Norma – Está intimamente ligado ao princípio, é a exteriorização positiva do princípio.
Lei – Em tese, é a conclusão de uma ideia positivada a ser defendida. 
Princípios no Código de Defesa do Consumidor
Absorvidos esses conceitos, podemos identificar no art. 4º do CDC, a existência da norma-princípio, por excelência da lei consumerista, na qual está contida a política das relações de consumo, destacando-se como princípios maiores:
1. Princípio Da Vulnerabilidade
Art, 4 - A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
O princípio da vulnerabilidade é de suma importância porque estabelece a igualdade dentro da relação de consumo, coisa que antes do Código de Defesa do Consumidor não existia e o fornecedor estava sempre em posição de vantagem.
Caracterizamos o princípio da vulnerabilidade como aquele em que o consumidor está em desvantagem jurídica, decorrente de uma expressa determinação legal oriunda da L.8.078 de 1990, art. 4, I. Independentemente de sua situação social, pelo simples fato de ser consumidor, já o faz ser classificado como vulnerável.
Também não se pode esquecer que todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. Este princípio é o resultado da “qualidade” especial do consumidor. Pois, além de lhe ser inerente, é a identificação permanente da subordinação, do desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor.
É importante frisar que a vulnerabilidade pode ser:
Técnica
É o desconhecimento técnico do bem de consumo adquirido. O fornecedor não detém o monopólio do conhecimento. Mesmo que seja adquirido por pessoa especializada.
Fática ou Econômica
É disparidade de forças entre o consumidor hipossuficiente e o fornecedor hipersuficiente (em regra).
Jurídica ou Científica
É a desproporção de fato que existe entre o fornecedor, litigado (profissional). E o consumidor, litigante eventual. 
Importante!
Hipervulnerabilidade
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (...)
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
A hipervulnerabilidade decorre da evolução da vulnerabilidade. O hipervulnerável é a criança, o enfermo, o paupérrimo. Que, na condição de consumidor juridicamente vulnerável, temos a hipervulnerabilidade como um “algo mais”.
Além do princípio da Vulnerabilidade, os outros dois maiores são:
2. Princípio Da Harmonia Das Relações De Consumo
3. Princípio Da Repressão Eficiente De Todos Os Abusos
Veja ainda os seguintes princípios e sua importância nas relações de consumo:
Princípio da Boa-Fé
Art. 4. (...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores [...]
É o regramento de conduta social de agir com lealdade e honestidade. Fazer o que é certo e na medida do prometido.
Importante!
A Boa-fé Objetiva - A Teoria do Risco do Empreendimento (ou do negócio).
Significa atuação refletida, uma atuação observando, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva.
Cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.
A relevância do tema é positivada nos seguintes fundamentos:
Constituição Federal – 5; V, X, XXII; §2
Código Civil – 112; 113; 166, VI; 167, § 2; 171; 172; 186; 187;309; 317; 421; 422; 423; 424; 425; 478; 479; 480; 927, § único; 1201 e 1208.
Código de Processo Civil – 374, I, III e IV;
Código de Defesa do Consumidor – 1; 4, III; 39, V; 51, IV; 54; 84
Princípio da Transparência
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios [...]
Não basta que o fornecedor informe ao consumidor sobre seu produto ou serviço, é necessário que tal informação seja prestada de maneira clara, possibilitando ao consumidor que adquira o bem de consumo de forma consciente.
Princípio da Segurança
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
Art. 4º [...]
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
No que diz respeito à segurança, o Código não estabelece um sistema de segurança absoluta para produtos e serviços.
O que se quer é uma segurança dentro dos padrões da expectativa legítima dos consumidores.
Princípio da Harmonia
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios [...]
O princípio da harmonia (ou equidade) é um princípio de técnica de hermenêutica que deve estar presente na aplicação da lei. É a justiça diante do caso concreto.
Atividade proposta
Questão de concurso para Fiscal do PROCON - PROCON-Itumbiara/GO - Ano: 2014 - Banca: UEG - Direito do Consumidor - Código de Defesa do Consumidor.
Ao tratar da defesa do consumidor como garantia fundamental, determinando ao legislador a adoção de norma específica para sua proteção, a Constituição Federal de 1988 abriu caminho para a criação de um microssistema que se concretizou com a edição da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). Assim, além dos princípios constitucionais, outros foram adotados pela legislação consumerista. Indique e discorra brevemente sobre os princípios que regem o microssistema de defesa do consumidor.
R: Vários são os princípios que regem o microssistema de defesa do consumidor, entre os seguintes, destacam-se os abaixo citado:
Princípio da dignidade da pessoa humana. A defesa dos consumidores e a tutela de seus interesses é uma das formas de defesa da dignidade da pessoa humana.
Princípio da proteção. Conforme o preceito Constitucional (art. 5º, XXXII), cabe ao Estado o dever de proteger o consumidor, considerada a condição de desigualdade existente nas relações de consumo, razão pela qual as normas do consumidor devem ser aplicadas para equilibrar tais relações.
Princípio da transparência. Constitui um dos pilares da boa-fé objetiva, que impõe o dever do fornecedor de informar de modo adequado o consumidor, suprindo todas as informações tidas como necessárias para o melhor aperfeiçoamento da relação de consumo, garantindo inclusive a livre escolha do consumidor de contratar o fornecedor.
Princípio da vulnerabilidade. Trata-se do reconhecimento da fragilidade do consumidor na relação com o fornecedor, podendo a vulnerabilidade ser técnica, jurídica, fática, socioeconômica e informacional.
Princípio da boa-fé objetiva e do equilíbrio. Regra de conduta, constituindo dever permanente entre as partes em suas relações, pautado pela lealdade, honestidade e cooperação.
Princípio da informação. O consumidor tem o dever de receber informação adequada, clara, eficiente e precisa sobre o produto ou serviço, bem como de suas especificações de forma correta (características, composição, qualidade e preço) e dos riscos que podem apresentar.
Princípio da facilitação da Defesa. Garante ao consumidor a facilitação dos meios de defesa de seus direitos, ante a sua presumida dificuldade para exercitá-los, seja por deficiência técnica, material, processual, fática ou mesmo intelectual.
Princípio da revisão das cláusulas contratuais. Possibilita ao consumidor o direito de manter a proporcionalidade do ônus econômico que implica ambas as partes, consumidor e fornecedor, na relação jurídico-material. Assim, toda vez que um contrato de consumo acarretar prestações desproporcionais, o consumidor tem o direito à modificação das cláusulas contratuais para estabelecer ou restabelecer a proporcionalidade.
Princípio da conservação dos contratos. O objetivo do CDC é de conservar os contratos e havendo desproporcionalidade ou onerosidade excessiva, devem ser feitas modificações ou revisões com o intuito de sua manutenção, somente ocorrendo a sua extinção em última hipótese.
Atividade proposta
Questão 1: Com referência às características do CDC e aos princípios que o fundamentam, assinale a opção correta.
a) A defesa do consumidor compõe o rol dos princípios gerais da atividade econômica.
R: b) As normas do CDC são imperativas e de interesse social, devendo prevalecer sobre a vontade das partes.
c) Compete aos juízes de primeiro e segundo graus o conhecimento de ofício das cláusulas abusivas insertas em contratos bancários.
d) O direito do consumidor está inserido entre os direitos fundamentais de segunda geração.
e) Os dispositivos do CDC devem retroagir para abranger os contratos celebrados antes de sua vigência.
Questão 2: Vários princípios informam as relações de consumo, que são regulamentadas por lei especial no Brasil. Entre esses princípios, podem ser identificados, os seguintes, exceto:
a) Boa-fé
b) Transparência
c) Prevenção
d) Veracidade
R: e) Ambivalência
Questão 3: No sistema das relações de consumo reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor, a identificação de que existe um elo mais fraco na relação traduz o reconhecimento da:
a) Qualidade
b) Impessoalidade
R: c) Vulnerabilidade
d) Referibilidade
e) Informalidade
Anotações da Vídeo Aula 2
O código de defesa do consumidor, em seu artigo 4º da lei 8.078/90, adota os princípios: 
O primeiro princípio que trata este artigo é o da vulnerabilidade (art. 4, I da lei 8.078/90), que tem como conceito o de estabelecer que o consumidor, de antemão, merece ser considerado a parte mais fraca dentro de uma relação jurídica de consumo. Aqui, a vulnerabilidade é uma característica do ser humano em relação a instituição fornecedora, financeira e etc. A pessoa não precisa provar a sua vulnerabilidade. 
Temos também o princípio da hipossuficiência. Este princípio nada mais é que do uma dificuldade de produzir algo ou uma prova do direito do consumidor (num carro, provar que o air-bag não funcionou). Se difere da vulnerabilidade porque esta é uma característica que todo ser humano tem, enquanto que na hipossuficiência, é disposta apenas para algumas pessoas. 
O princípio da confiança está pautado na credibilidade de determinado fornecedor de produtos ou serviços. Ou seja, o consumidor acredita veemente que ao adquirir um produto ou serviço de determinado fornecedor, está levando adquirindo algo de extrema qualidade e que irá satisfazer seus anseios. 
O princípio da segurança traz a ideia de que o produto ou serviço fornecido, tem que trazer uma clausula geral de segurança. Isso se dá para dar ao consumidor a garantia de que determinado produto ou serviço é seguro e não ofereço risco a sua integridade física.
O princípio da harmonização dos interesses é o princípio que trata do respeito por ambas as partes. Tanto o respeitodo consumidor pelo fornecedor, quanto do fornecedor pelo consumir. 
O princípio da boa-fé que trata do deve se, da postura do homem médio, como deve se comportar em sociedade e etc.. Essa boa-fé se subdivide em duas espécies: A boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva. A boa-fé subjetiva é a ausência do conhecimento do ilícito (Ex.: Não sabia, não tive culpa e etc). Já a boa-fé objetiva é a ética esperada no momento das contratações. Ou seja, tem que ser bom para todos, e não apenas para um. 
Aula 3
A Relação de Consumo e Seus Elementos I – O consumidor
Introdução
Estabelecermos como requisito de uso da Lei 8.078 de 1990 – CDC, a necessidade premente de uma relação de consumo que exige a existência de dois sujeitos: o consumidor e o fornecedor.
O primeiro integrante da relação de consumo é o consumidor. Vamos estudar como objetivo principal desta aula. Entretanto, tal situação não torna mais fácil sua caracterização, principalmente se considerarmos as alterações no decorrer do tempo (e já se vai mais de uma década desde o início da vigência da Lei 8.078 de 1990).
Já em um segundo momento, temos de definir o que vem a ser o conceito de destinatário final. Se avaliarmos o art. 2º da Lei 8.078 de 1990, verbis: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Com a leitura, podemos identificar a ausência de um conceito do que vem a ser destinatário final, o que vem causando sérias controvérsias ao longo do tempo.
Para o tema devemos distinguir as teorias existentes. Inicialmente tivemos a teoria maximalista. Depois a teoria finalista, que perdura até os dias atuais em sede de aplicação. E, recentemente, a partir de 2010, temos a possibilidade de aplicação da chamada teoria finalista atenuada (ou mitigada ou mista).
Quadro geral da relação de consumo
Acompanhe a organização da relação de consumo no esquema a seguir:
Consumidor
Vamos avaliar que o conceito de consumidor é caraterizado como um elemento subjetivo da relação de consumo. Tal premissa encontra justificativa pelo fato de que o conceito detém flexibilidade em relação à doutrina e à jurisprudência.
A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, nos possibilita a seguinte interpretação dos fundamentos pertinentes ao consumidor:
Art. 2° - Definição de consumidor e destinatário final e consumidor por equiparação de forma coletiva;
Art. 17 – Consumidor por equiparação pelas vítimas de defeito de bem de consumo;
Art. 29 – Consumidor por equiparação nas pessoas relacionadas nos capítulos V e VI.
CONSUMIDOR PADRÃO
O consumidor padrão ou “standard” é relativamente o mais fácil de ser identificado. Sua fundamentação é o já citado art. 2º do CDC parte, como se lê: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Podemos refletir que esse consumidor adquire por contrato de aquisição por gênero. Seja por contrato de compra e venda (com características do art. 481 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC), seja por contratação de serviços (com características do art. 593 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC). É aquele que adquire para satisfazer uma necessidade. Se de forma subjetiva ou profissional é discutível. Mas sempre ocorrerá a transferência de propriedade do produto ou da fruição do serviço.
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
O consumidor por equiparação ou“bystandarder” tem a necessidade de maior avaliação. Suas fundamentações são os art. 2º em seu parágrafo único, o art. 17 e o 29, todos do CDC, como se lê: Art. 2° [...] Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
É o consumidor que não adquire, mas utiliza os produtos ou serviços, nos termos do próprio artigo 2º: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Cremos assim que o consumidor é o que, ao utilizar um bem de consumo, sofre danos oriundos do mesmo. Principalmente, se considerarmos que nenhum produto ou serviço, desde que corretamente utilizado, pode causar danos ao consumidor. Tal premissa encontra fundamentação na primeira parte do art. 8 do CDC: Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis, em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Logo, em plena conformidade entre justificativa e fundamentação, temos que “nenhum bem de consumo pode causar danos aos consumidores”. Seja o que tenha adquirido o bem (consumidor padrão) seja o que o utiliza (consumidor por equiparação).
Teorias
Esse assunto remete a uma palestra proferida pelos autores do anteprojeto da Lei 8.078 de 1990.
Quando a mesa foi indagada acerca do “conceito de destinatário final” o Ministro do STJ, Antônio Heman V. Benjamin, respondeu: “não sei!” Isso causou grande comoção na plateia. Afinal, se ele não sabia o que seria de nós pobres mortais. Entretanto, no alto de toda a sua intelectualidade, logo a seguir emendou: “E o objetivo é que ninguém saiba! Pois se assim o for, tal tema não comportará evolução em sua interpretação”.
Passaram-se os anos e, à época, havia duas teorias acerca do tema (maximalista e finalista) e, desde de 2010, temos a teoria finalista atenuada (ou mista ou mitigada).
Vamos ao seu estudo!
TEORIA MAXIMALISTA
Advém dos primórdios da aplicação da Lei 8.078 de 1990.
Para se enquadrar como consumidor, bastava adquirir o bem de consumo no mercado fornecedor para caracterizar tal relação. Independentemente da motivação, objetivo e interesse. “Comprou é consumidor!”
Basta a singela retirada do mercado de consumo para se enquadrar como consumidor.
Por este raciocínio, uma grande empresa de metalurgia, quando adquire minério para beneficiamento e posterior fabricação de metal seria considerada consumidor.
Essa ideia não perdurou por longo tempo, pois o objetivo das normas de consumo é o de proteger, art. 4, I do CDC, o “consumidor vulnerável”. E, no exemplo anterior, cremos que uma empresa de metalurgia, considerando o bem de consumo em questão (minério) não possa ser enquadrada como vulnerável, em razão, principalmente, de sua expertize em relação conhecimento técnico sobre o bem adquirido.
Desse modo, essa teoria está em descompasso com o espírito das normas de consumo.
TEORIA FINALISTA
Além de adquirir o bem de consumo, é necessário saber qual a destinação fática, efetiva, econômica, subjetiva do bem em questão.
Pois, ao empregar o mesmo ao fim a que se destina, este, de per se, não prestará para fins de enriquecer seu proprietário com a sua venda direta ou empregado como insumo principal na atividade profissional de seu proprietário.
Caso isso ocorra, o adquirente não se enquadra na principiologia da vulnerabilidade ínsita no já citado art. 4, I da principal lei que regula as relações de consumo.
Logo, a justificativa para a sua aquisição deve ser desprovida de intentos profissionais, como o seu beneficiamento da matéria prima com posterior venda. A satisfação da aquisição deve ser subjetiva.
Veja um exemplo em que temos o mesmo objeto com fins diferentes:
Alguém comprou o veículo “van” com fins de transporte profissional. Não há relação de consumo em detrimento do seu objetivo profissional;
Alguém comprou o veículo “van” com fins de transportar sua numerosa família em uma viagem pelo continente sul-americano. Há relação de consumo em detrimento do seu objetivo meramente pessoal.
Como se pode observar muito bem, intuitos diferentes, relações diferentes.
Na eventual ocorrência de dano, o proprietáriodo veículo adquirido com fins profissionais deverá invocar a principal lei que regula as relações entre pessoas privadas, a Lei 10.406 de 2002 – Código Civil. Considerando o evento dano, principalmente o artigo 931.
Já na segunda hipótese, o proprietário do veículo poderá invocar a Lei 8.078 de 1990 e todos os seus benefícios.
TEORIA FINALISTA ATENUADA (OU MISTA OU MITIGADA)
A aquisição para uso, ainda que profissional, caracterizará a relação de consumo desde que o adquirente não tenha condições de negociação com o fornecedor.
Para tanto, melhor será a apresentação da seguinte jurisprudência.
AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014.
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA DE AERONAVE POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS. AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO.
1. Controvérsia acerca da existência de relação de consumo na aquisição de aeronave por empresa administradora de imóveis.
2. Produto adquirido para atender a uma necessidade própria da pessoa jurídica, não se incorporando ao serviço prestado aos clientes.
3. Existência de relação de consumo, à luz da teoria finalista mitigada. Precedentes.
4. Agravo regimental desprovido.
Em um primeiro momento, pode parecer uma antinomia em relação à teoria finalista pura. Mas, se avaliarmos com mais atenção, a lógica da coisa é que, in casu, o avião é utilizado com fins de ser empregado no negócio de imóveis (transporte de clientes para lugares longínquos) e não o de aviação comercial.
Por consectário lógico, considerando as peculiaridades da jurisprudência, há aplicação das normas de consumo e todos os seus benefícios à favor da administradora de imóveis.
Atividades Propostas
1. Com base nas teorias apresentadas acerca do conceito de consumidor, discorra sobre a teoria finalista, por ser a de maior aplicabilidade no ordenamento jurídico pátrio.
R.: O CDC adotou, na teoria finalista, em que o consumidor, além de destinatário fático, deve ser também o destinatário econômico dos bens e serviços.
2. A empresa “Verdant Ltda.”, que atua no ramo de paisagismo, adquiriu um televisor de 60” (polegadas) para ser instalado em seu refeitório, objetivando proporcionar lazer e comodidade para seus funcionários durante o horário de almoço e descanso. Quinze dias após a aquisição e instalação do referido produto, o mesmo apresentou um grave problema técnico que fez com que a tela explodisse causando danos físicos à Oliver, funcionário da empresa Verdant, que almoçava enquanto o evento danoso ocorreu. Diante da narrativa acima, julgue as afirmativas abaixo e assinale a opção correta:
R: A) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, com base no CDC, uma vez que será considerado como consumidor por equiparação;
B) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, com base no CDC, uma vez que será considerado como consumidor padrão;
C) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, mas não poderá valer-se das disposições prevista no CDC, uma vez que não pode ser considerado como consumidor, pois não adquiriu o produto como destinatário final;
D) A empresa Verdant não poderá ser considerada consumidora, uma vez que consumidor é a pessoa física que adquire do fornecedor, pessoa jurídica, produto ou serviço, como destinatário final;
E) Oliver será considerado consumidor padrão uma vez que foi ele quem sofreu os danos materiais e morais, enquanto a empresa Verdant será considerada consumidora por equiparação, pois os danos sofridos por Oliver refletiram nela, pelo período em que o mesmo ficará afastado do trabalho para receber cuidados médicos.
3. (TJPR – 2014 – Juiz Substituto - ADAPTADO) João adquiriu um televisor fabricado pela empresa XX, na loja YY. Ao efetuar a ligação do televisor, de forma correta e nos termos indicados pelo fabricante, o aparelho teve uma explosão, decorrente de defeito de fabricação, causando lesões em João e em seus dois amigos que estavam juntos. Diante desta proposição, é CORRETO afirmar que:
I. A loja YY, que vendeu o televisor é solidariamente responsável com o fabricante pelos danos causados às vítimas, por se considerar a responsabilidade pelo fato do produto.
II. A Fabricante XX responde pelos danos causados aos consumidores, independentemente da existência de culpa.
III. Para os efeitos e aplicação do CDC, no caso descrito no enunciado acima, são considerados consumidores, além do adquirente do veículo, todas as vítimas do evento (consumidores por equiparação).
IV. A responsabilidade discutida na proposição decorre de vício do produto, aplicando-se os dispostos nos artigos 18 e seguintes do Código de Defesa do Consumidor, e cuida de defeitos inerentes ao próprio produto.
R: A) Somente as proposições II e III estão corretas;
B) Somente as proposições I e III estão corretas;
C) Somente as proposição I e IV estão corretas;
D) Somente as proposições III e IV estão corretas;
E) Somente as proposições I, II e IV estão corretas.
4. Analise os itens abaixo e assinale a opção INCORRETA:
A) De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, o Código de Defesa do Consumidor não se aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica;
B) O STJ defende que, em alguns casos, verificada a hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica do consumidor, pode-se adotar a teoria finalista em sua forma mitigada;
C) Com base em entendimento jurisprudencial do STJ, pode-se aplicar a Teoria Finalista, de forma mitigada, mesmo quando a parte contratante de serviço público é pessoa jurídica de direito público e demonstra sua vulnerabilidade no caso concreto;
R: D) A jurisprudência predominante do STJ defende que, excepcionalmente, o Código de Defesa do Consumidor se aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica, adotando, portanto, a teoria maximalista;
E) O CPDC, em princípio, não adota a teoria finalista mitigada, e sim, sua forma pura.
Anotações da Vídeo Aula 3
O consumidor pode ser standard ou por equiparação. 
O consumidor standard é toda pessoa física ou jurídica que adquiri produto ou serviço na qualidade de destinatário final. O importante aqui é identificar qual a destinação que essa pessoa, seja ela física ou jurídica, dará ao bem. A partir do momento que se identifica essa destinação, é que se terá a noção de aplicabilidade do código de defesa do consumidor ou não. 
Surgiram correntes que visavam, justamente, concluir o que seria esse destinatário final. Essa destinação final do produto ou serviço.
A primeira corrente que surgiu foi a maximalista. Essa corrente é a aquela que interpreta que consumidor é o destinatário fático do bem. Destinatário fático significa dizer que é quem compra o bem. Tal corrente não é mais utilizada.
A segunda corrente que surgiu foi finalista. Essa corrente diz que só ser destinatário fático, não torna um consumidor. Que é preciso ser o destinatário fático é econômico do bem. Ex.: Se compra para revender, não é consumidor e aplica-se o código civil. Se compra para uso, se enquadra como consumidor e pode aplicar o código de defesa do consumidor. Tal corrente é a mais aplicada e utilizada.
A terceira corrente é a finalista mitigada. Essa corrente é aquela que admite que em hipóteses pontuais, destinatários, tão somente fáticos, possam se valer das regras protetivas do código de defesa do consumidor. Tais hipóteses são aplicadas aos pequenos comerciantes, ao boteco, ao vendedor picolé, ao taxista, do uber, do caminhoneiro e etc.. Tal corrente é, excepcionalmente, aplicada em determinados casos. 
Surgi ainda, o consumidor por equiparação. Este consumidor está descrito nos arts. 2º, P.U; 17 e 29, ambos do CDC. 
Começaremos pelo consumidor por equiparação do art. 17. Este consumidor é tido como a vítima do evento.São pessoas em razão de uma relação de consumo. Ex.: Compro um carro. Esse carro apresenta um problema e acabo por atingir Tício, que estava parado na calçada. Tício é o consumidor por equiparação do meu evento de consumo. Por mais que Tício não tenha participado da primeira relação de consumo, por ele está no meu evento danoso proveniente daquela relação, ele tornou consumidor por equiparação.
Há ainda o consumidor por equiparação do art. 29. Esse consumidor é aquele são as pessoas que estão expostas a oferta (conceito de oferta art. 30 do CDC). Ex.: Pessoa que recebe uma publicidade em casa, no carro, no trabalho.... É quando a oferta te atinge por um outro meio. Nesse momento você se torna um consumidor por equiparação do art. 29. 
Já o consumidor por equiparação do art. 2º, parágrafo único é aquele tratado como o da coletividade, ainda que indetermináveis.
Aula 4 
A Relação de Consumo e Seus Elementos II – O fornecedor
Introdução
Continuando o nosso estudo, abordaremos o segundo integrante da relação de consumo: o fornecedor.
A previsão legal do art. 3º caput é o chamado fornecedor gênero do qual o fabricante, o construtor o importador e o comerciante são espécies. Vê-se que, por conta da responsabilidade, o CDC assim os classifica como fornecedor. Mas, quando deseja especificidade o alcunha de fabricante, produtor, comerciante etc.
Destacamos, desde já, a ideia da multiplicidade de hipóteses de enquadramento ao consideramos que no fornecimento de produtos e de serviços pode haver qualquer atividade no mercado de consumo. Formalizado ou não.
Logo, o legislador elencou hipóteses já existentes e as por vir. Um típico exemplo é o da atividade de serviços de telecomunicações. Desde a vigência do código (anos de 1990) até a presente data se aperfeiçoou de maneira impressionante. Há poucos anos sequer se cogitaria que o telefone celular existisse. Hoje, não imaginamos a humanidade sem tal equipamento.
O Fornecedor (gênero)
Fornecedores são aqueles explicitamente elencados no rol do art. 3º do CDC, e que comportam pouca ou nenhuma necessidade de amparo interpretativo. Mormente uma avaliação jurisprudencial, mas em que nada se compara ao conceito de destinatário final do consumidor.
Assim prevê o art. 3º do CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Como se lê, temos uma ampla possibilidade de enquadramento, por isso vamos pormenorizá-las.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa Física ou Jurídica:
Pessoa física (ou natural) – arts. 2º c/c 6º do CC. Embora ocorra o uso expresso das palavras pessoa física, em verdade o legislador designou pessoa natural. Temos no CC, considerando os artigos 2 c/c 6 o seguinte, verbis:
Art. 2º A personalidade civil da pessoa Começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
A conclusão é que, em se tratando de aplicação das duas principais leis que regulam as relações entre pessoas privadas (Lei 10.406 de 2002 e Lei 8.078 de 1990), o ser humano deve ser alcunhado de “pessoa natural”.
Atenção!
O equiparado, pessoa física, se deve ao tratamento técnico dispensado às normas tributárias, em que o contribuinte pessoa natural é adjetivado de pessoa física.
Tal distinção não impede a interpretação de que quando falamos em pessoa física estamos nos referindo à pessoa natural. Tal ponderação se deve ao mero enquadramento de nomenclaturas aplicáveis ao tema.
Já a pessoa jurídica encontra sua nomenclatura sem qualquer desacerto. Mas em sede de fundamentação nos utilizamos, mais uma vez, da Lei Civil Maior (Lei 10.406/02), especialmente em seus artigos 40, 43 e 44, verbis:
Título II - Das Pessoas Jurídicas
Capítulo I - Disposições Gerais
Art. 40 do CC: As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 43 do CC: As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 44 do CC: São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos;
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Como se lê, temos uma ampla possibilidade de enquadramento ao fornecedor como pessoa jurídica.
Fornecedor – pessoa pública ou privada
Entendo que pode figurar no polo passivo da ação de responsabilidade civil nas relações de consumo apenas o serviço “uti singuili”.
Por consectário da interpretação, a contrário sensu, da forma de remuneração e sua excludentes, que será estudado mais tarde.
Fornecedor – pessoa nacional ou estrangeira
As empresas nacionais têm sua sede e eventuais agências filiais ou sucursais espalhadas em diversos domicílios dentro do território nacional.
Já as empresas estrangeiras que atuam no Brasil, têm (ou deveriam ter) minimamente escritórios de representação em solo Pátrio. O que possibilitará, em termos práticos processuais, a sua citação e atos consecutivos (intimação, execução etc).
Um direito inerente ao consumidor diz respeito ao seu foro privilegiado, por força do art. 101, I do CDC e corroborado por vasto entendimento jurisprudencial.
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
No que se lê “pode ser”, como já citado, é pacífico interpretar deve. Fato este corroborado por jurisprudência do STJ: AgRg no CC 127626/DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 17/06/2013. “Em se tratando de relação de consumo, a competência é absoluta, razão pela qual pode ser conhecida até mesmo de ofício e deve ser fixada no domicílio do consumidor”.
Art. 3° Fornecedor é [...] bem como os entes despersonalizados:
art. 3º do CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
A expressão “entes despersonalizados” é criação doutrinária, sendo a mais usual e conhecida, entre outras.
Exemplos: entes atípicos, sujeitos de personalidade reduzida, grupos de personificação anômala.
Logo, por expressa determinação legal, são partes legítimas para figurar, processualmente, no polo passivo de uma ação.
Exemplos: Massa falida, comércio popular.
Fornecedor de produtos
Trataremos da especificidade de enquadramento do fornecedor, agora com o produto. Prevê suas fundamentações:
Art. 3º do CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Percebe-se a inteligência do legislador consumerista quando adota a nomenclatura “qualquer bem”, considerando a promulgação do CDC, temos um conceito indefinido e já avocando produtos que ainda serão criados.
Exemplos: GPS, smartphone, tablet, carro com direção elétrica etc.
Art. 3 [...]
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Temos a necessidade de utilização da Lei 10.406/02com fins de uma melhor conceituação do que venha a ser bens móveis e imóveis.
Bem móvel – art. 82 a 84 do CC;
Art. 82 do CC: São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 83 do CC: Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84 do CC: Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Rotineiramente nos referimos de forma habitual como bens móveis os disponíveis aos consumidores nos termos do supracitado art. 82. Entre eles: veículos, armários, estantes, computadores, entre outros.
Casuisticamente, embora não seja normal os incisos elencados no art. 83 dificilmente serão enquadrados, faticamente, como bens móveis com destinação ao consumidor.
Em seus termos o art. 84 não merece maior sorte se avaliarmos que tais bens não são fruto de aquisição. Mas sim de reaproveitamento.
Os Bens Imóveis
Encontram igual previsão legal entre os arts. 79 a 81 do CC:
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Por construção doutrinária e jurisprudencial o art. 79 tem absoluta aplicação.
Por exceção, aplica-se os artigos 80 e 81 sobre a ótica consumerista.
Art. 3 [...]
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
A materialidade de um produto encontra fundamentação nos arts. 85 e 86 do CC. Gerando a consequente corporificação/fungibilidade. São bens substituíveis.
Exemplo: celular
Já os Bens Imateriais
Art. 85 e 86 do CC detêm corporificação/infungibilidade. São insubstituíveis, obras de arte.
Tudo nos seguintes termos:
Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Art. 85. São fungíveis os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Fornecedor de Serviços
O fornecimento de serviço tem, da mesma forma que o produto, uma visão infinita sobre o prisma do enclausuramento de sua conceituação.
O legislador adotou o mesmo expediente ao apresentar o serviço como: “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo”.
Inimaginável há pouco tempo a existência da internet, da telefonia, e até mesmo de viagens semiorbitais por particulares.
Logo, estas simples palavras tornaram perfeitamente adaptável à situações presentes, futuras e impensáveis. Vamos ler:
Art. 3º do CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Ultrapassado este estudo, vamos aos pormenores das demais definições na fundamentação em comento.
Muito cansativo foi o enquadramento das instituições financeiras às relações de consumo, em decorrência da inflexão das instituições financeiras. Situação está que foi conduzida até a ADIN 2.591 de 2006, assim ementada:
“07/06/2006 TRIBUNAL PLENO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.591-1 DISTRITO FEDERAL
RELATOR ORIGINÁRIO: MIN. CARLOS VELLOSO
RELATOR PARA O ACÓRDÃO: MIN. EROS GRAU
REQUERENTE: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO SISTEMA FINANCEIRO - CONSIF
ADVOGADOS: IVES GANDRA S. MARTINS E OUTROS
REQUERIDO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA
REQUERIDO: CONGRESSO NACIONAL
EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5º , XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL”.
1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor.
Logo, tal decisão judicial pôs fim, desde 2006 sobre a incidência do CDC às instituições bancárias. Situação esta corroborada pelo STJ à título de súmula:
Súmula STJ nº 297 - O código de defesa do consumidor é aplicável às instituições financeiras.
Sendo assim, é indiscutível a aplicabilidade das normas de consumo ao sistema financeiro.
Art. 3 (...)
§ 2° Serviço (...) securitária:
Considerando a sua relevância, empregamos um entendimento do TJRJ acerca do tema:
Súmula TJRJ nº. 327 - "É competente a Câmara Cível especializada para dirimir controvérsia entre segurado e seguradora, referente a seguro de vida em grupo que figure o empregador como estipulante, por qualificar-se o segurado (empregado/beneficiário) como destinatário final."
Logo, as atividades securitárias, considerando a expressa previsão do CDC, corroborada pelo enunciado de súmula citado nos fazem concluir pela aplicabilidade das normas de consumo ao instituto do seguro.
Atividade proposta
Questão 1: O fornecedor (gênero) poderá ser de duas espécies: O fornecedor de produtos e o de serviços. Com base no conceito legal de fornecedor, disposto no art. 3º, caput, do CPDC, uma pessoa física poderá ser considerada como fornecedor em uma relação jurídica consumerista? Justifique.
R: Sim, desde que exerça uma atividade que ao menos se equipare a caracterização do fornecedor. Tal variação vai desde o formal (com o devido registro nos órgãos competentes) ao informal (o que exerce sem o registro citado, mas preenchendo as características da habitualidade, remuneração entre outros).
Questão 2:
(TRF-5ª região – 2011 – Juiz) À luz do CDC, assinale a opção correta:
A ) Para os efeitos do CDC, não se considera fornecedor a pessoa jurídica pública que desenvolva atividade de produção e comercialização de produtos ou prestação de serviços.
B) Entes despersonalizados, ainda que desenvolvam atividades de produção, montagem, criação ou comercialização de produtos, não podem ser considerados fornecedores.
R: C) Qualquer pessoa prejudicada por publicidade enganosa pode, em princípio, buscar indenização, mesmo não tendo contratado nenhum serviço.
D) Pessoa jurídica que compre bens para revendê-los é considerada consumidora.
E) Pessoa física que alugue imóvel particular, por meio de contrato, é considerada fornecedora, para efeitos legais.
Questão 3: 
Diana dirigiu-se a empresa Wayne’s almejando adquirir uma cama de casal para sua residência, pois irá se casar em breve. Chegando ao local, descobriu que tal empresa é uma pessoa jurídica estrangeira. A empresa Wayne’s também oferecia a prestação de um serviço que também foi contrato por Diana. Diante da situação hipotética apresentada, julgue os itens a seguir e assinale a opção correta:
I – A citada empresa poderá ser considerada como fornecedora, ainda que seja pessoa jurídica estrangeira.
II – A cama será considerada como um produto móvel imaterial.
III – O serviço contratado será considerado como um produto imaterial.
IV – Diana será considerada como consumidora e a empresacomo fornecedora, elementos objetivos da relação consumerista.
A) Apenas a afirmativa III está incorreta.
B) Todas as afirmativas estão incorretas.
C) Apenas as afirmativas III e IV estão incorretas.
R: D) Apenas a afirmativa I está correta.
E) Apenas a afirmativa IV está correta.
Questão 4:
(TJPR – 2010 – Juiz - ADAPTADO) A Lei 8.078/1990 define os elementos que compõem a relação jurídica de consumo, em seus artigos 2º e 3º: elementos subjetivos, consumidor e fornecedor; elementos objetivos, produtos e serviços, respectivamente. Segundo estas definições, podemos afirmar que:
I. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
II. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária e as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
III. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
IV. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
R: A) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
B) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
C) Apenas as assertivas II e III estão incorretas.
D) Apenas a assertiva I está correta.
E) Apenas a assertiva III está incorreta.
Anotações da Vídeo Aula 4
Os direitos básicos dos consumidores estão elencados no art. 6, do inciso I ao X do CDC. São eles: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado) ;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único.  A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.
- Vida, saúde e segurança (Art. 6, I do CDC): Produtos ou serviços não poderão oportunizar riscos a integridade dos consumidores, salvo aqueles normais e previsíveis. No entanto, quando normais e previsíveis, o fornecedor não poderá incorrer em vicio de informação. 
Obs.: Risco aqui é perigo. Possibilidade de dano. Pode causar dano. Se oportunizar, deverá ser afastado do mercado de consumo (ex.: cigarro eletrônico). Porém, existem aqueles potencialmente perigosos (ex.: faca, espeto, corrida de aventura etc), que são aqueles que por si só, oferecem algum risco ao consumidor, devido a sua natureza existencial. E sendo potencialmente perigoso, o fornecedor do produto ou serviço deve informar os riscos inerentes àquele produto ou serviço que está sendo oferecido, para se eximir da responsabilidade de um possível dano causado ao consumidor. 
- Educação e Informação (Art. 6, II e III do CDC): Os fornecedores terão o dever de informar e educar os consumidores, acerca das características dos bens de consumo, bem como das condições gerais dos contratos e serviços. 
- Publicidade, Práticas Comerciais Abusivas e Cláusulas Abusivas (Art. 6, IV do CDC): 
Obs.: A primeira distinção que se tem que fazer é entre a publicidade e a propaganda. Quando se fala em propaganda, falamos em propagação de uma mensagem, difusão de uma ideia, como por exemplo a propaganda política. Já a publicidade, apesar de vir do mesmo ramo, ela visa lucro, ganhar dinheiro, e é isso que traz à tona o dever de indenizar por um dano causado. 
A publicidade se subdivide em três espécies: A publicidade pode ser enganosa, abusiva ou enganosa por omissão (art. 37 do CDC). Sendo a publicidade enganosa é aquela que desvirtua o pensamento do consumidor, te induzindo ao erro (ex.: uma tv que é anunciada com mil funções e, quando o consumidor a adquiri, a tv não apresenta o que foi dito pelo fornecedor). Já a publicidade abusiva, além de induzir ao erro, ela expõe a integridade física do consumidor. Ou seja, é aquela que tem uma chance maior de produzir um prejuízo (ex.: aquela voltada a ser fazer prevalecer da fraqueza, da ignorância do consumidor; idade, criança, portador de necessidades especiais; que desrespeite valores ambientais e etc). Na publicidade enganosa por omissão, o anunciante deixa de afirmar algo relevante e que, por isso mesmo, induz o consumidor em erro, isto é, deixa de dizer algo que é. 
As práticas comercias abusivas, que são as práticas do comercio, como por exemplo, venda casada, envio de produto sem previa autorização (art. 39 do CDC). 
As cláusulas abusivas estão descritas no art. 51 do CDC. Elas não podem eximir o fornecedor de produtos ou serviços de suas responsabilidades ou transmitir a terceiros (ex.: deixar o carro num estacionamento e o estabelecimento dizer que não se responsabilidade por seu carro ou objetos de seu interior). 
- Contratos (art. 6, V do CDC): 
Nos contratos temos as fases, que se dividem em: Pré-Contratual, Contratual e Pós-Contratual. Isso quer dizer que existem coisas que são ditas ou feitas antes, que podem influenciar no contrato (fase pré-contratual), como por exemplo uma oferta (art. 30 do CDC). Quando isso acontece, é dito que houve o princípio da vinculação da publicidade. Ou seja, a fase pré-contratual integra a fase contratual (art. 30 do CDC). Na fase contratual, o que está escrito tem que está no limite do art. 51 do CDC. E temos a fase pós-contratual, que é um direito de arrependimento (art. 49 do CDC). É a possibilidade do consumidor se arrepender das compras feitas fora do estabelecimento comercial. Esse arrependimento começa a contar a partir do momento em que o consumidor recebe o bem, e o ônus de devolução é arcado pelo consumidor. 
Aula 5 
Direitos básicos I
Introdução
Antes do advento do CDC, o consumidor não era considerado sujeito de direito, apenas destinatário de produtos e serviços.
Ao tratar dos direitos básicos do consumidor deve-se ter em mente que o art. 6º traz o rol de tais direitos, devendo ser destacado que esse rol não é taxativo, ou seja, a lei traz os direitos mínimos que devem assegurados aos consumidores.
A relevância do tema é tamanha que, fazendo um quadro comparativo,temos nos incisos do art. 6º um equivalente aos direitos e garantias fundamentais em nível Constitucional, que podemos alcunhar de “Direitos e Garantias Fundamentais do Consumidor”.
Os direitos básicos em espécie
Os direitos básicos do consumidor, através do art. 6º, da Lei 8.078 de 1990, expressam uma série de temas indissociáveis do consumidor e que podem (e devem) ser empregados como argumento mínimo com fins de atender as suas necessidades.
São regra de direito:
material (incisos I, II, II, IV, V e VI),
processual (VIII) e
administrativo (VII e X).
Tudo a fim de garantir aos consumidores a proteção, prevenção e reparação de danos.
Vamos estudá-los.
Vida, saúde e segurança
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
Seção I - Da Proteção à Saúde e Segurança
Art. 8 do CDC: Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
Art. 9 do CDC: O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Art. 10 do CDC: O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
Atenção
O recall, significa “rechamar”, é a consequência do descobrimento pelo fornecedor de um bem de consumo que já causa dano ao consumidor em decorrência de eventos efetivamente existentes. A empresa fornecedora “chama” a pessoa do consumidor para que realize um determinado procedimento (ajuste, substituição, entrega) com fins de evitar a “propagação deste dano”.
Lei 8.078 de 1990:
Art. 10 do CDC: O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
O produto/serviço não é proibido, desde que seja devidamente informado, de maneira absolutamente clara, concisa e precisa. Sendo assim, sua periculosidade não é tida como defeituosa, uma vez que é inerente o grau de perigo a ser tomado por quem o adquire.
Educação para o consumo
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
Temos nesse inciso uma série de direitos:
Teorias:
O primeiro deles é inerente à “educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços”, que consiste em expor ao consumidor que seu uso pode causar algum tipo de dependência (física ou psicológica). O mesmo não é proibido para o consumo, mas deve sê-lo de forma “consciente”. Um exemplo interessante é o de bebidas alcoólicas. Afinal: “se beber não dirija e se dirigir não beba”.		
A “liberdade de escolha” faz com que o consumidor possa adquirir a qualidade e quantidade que deseja. Evitando, assim, entre outros, a chamada “venda casada” (prevista no art. 39, I).
Já a igualdade nas contratações implica que a forma de pagamento correlacionada ao preço informado garante ao consumidor a inexistência de qualquer acréscimo. Muito comum em vendas à vista em dinheiro, com valores diferentes caso a mesma compra seja feita através de cartão de crédito.
Informação
Art. 6 do CDC: São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
O direito à informação, trazido no inciso III faz abrir para o fornecedor o dever de informar e permite ao consumidor escolher seu produto ou serviço de forma consciente, é o que se chama de consentimento informado (ou esclarecido). Essa informação integrará o contrato, convergindo em um verdadeiro “pré-contrato”. Tal tema é tratado dentro do sistema protetivo da Lei 8.078 de 1990 através dos artigos 30 e 31, com as consequências de sua desobediência no art. 35:
Seção II - Da Oferta
Art. 30 do CDC: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31 do CDC: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único.  As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével.
Art. 35 do CDC: Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Publicidade
Art. 6º do CDC: São direitos básicos do consumidor:
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
Temos nessa previsão legal a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva. Que deve ser complementada pelo art. 37 da Lei 8.078 de 1990:
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capazde induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
Podemos entender a enganosidade como ardil, falsidade, intuito de desviar da informação verdadeira, mas, com uma conotação que se limita à “informação”. Temos, como exemplo, a publicidade de um produto ou serviço com determinado preço. No entanto, na aquisição efetiva pelo consumidor, revela adicionais excluídos da prévia comunicação. A consequência da informação publicada e não cumprida é o cumprimento forçado do que foi publicitado, nos termos do já apresentado art. 35 do CDC.
Já a publicidade abusiva é mais grave que a enganosa, pois induz o consumidor a ter, entre outros, um comportamento que pode gerar dano físico/psíquico. Tal qual como o uso desmesurado de medicamentos que prometem emagrecimento rápido e sem esforço. Outra conotação são anúncios publicitários que incitam a violência.
Exemplo: Um exemplo é o de uma grife de roupas que, em março de 2015, divulgou uma imagem em que uma criança usava uma camiseta com a frase: “vem ni mim que eu tô facin”. Repercutiu negativamente, gerando comoção e um pedido de desculpas formal da marca.
Práticas abusivas
Art. 6 do CDC: São direitos básicos do consumidor: 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
O inciso IV do art. 39 nos conduz a um grupo que ultrapassa a mera vulnerabilidade prevista no art. 4, I.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais;  
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
XI -  Dispositivo  incluído pela MPV  nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso  XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
O hipervulnerável do art. 39, IV trata de consumidores que, em virtude de sua idade (criança/idoso), saúde (enfermidade incurável ou com pouca chance de cura), conhecimento (ausência de domínio sobre o objeto da contratação) ou condição social (que normalmente trata de pessoas humildes e com pouco conhecimento) a terem um comportamento de aquisição de bens de consumo que não se presta a suas necessidades.
Exemplo
Imaginemos a venda de um remédio “milagroso” a um enfermo, sem nenhuma expectativa real de sobrevivência, à neoplasia maligna (câncer). É óbvio que o próprio fará qualquer coisa pela sua cura.
Cláusulas abusivas
Art. 6 do CDC: São direitos básicos do consumidor:
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
Seção II - Das Cláusulas Abusivas
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
 § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Tal como no tema “práticas abusivas”, o direito básico do consumidor a proteção contra “cláusulas abusivas” necessita do emprego de outros artigos da mesma lei.
Os artigos acima citados nos conduz ao raciocínio de que uma cláusula contratual não pode integrar um contrato quando, v.g., restringe direitos inerentes à natureza do contrato. Pois em sendo assim, esta tem o exagero intrínseco e colocam o consumidor em desvantagem exagerada. A consequência

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