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Cartografia Temática Técnicas e Projeções - Livro-Texto - Unidade II

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CARTOGRAFIA TEMÁTICA: TÉCNICAS E PROJEÇÕES
Unidade II
5 A CARTOGRAFIA AMBIENTAL
A questão ambiental é tema de discussão de várias áreas do conhecimento, além das entidades de 
classe (ONGs), organizações locais, nacionais e internacionais; compete à representação gráfica, como 
linguagem de comunicação visual de caráter monossêmico, participar dessa discussão por meio de mapas.
É nesse contexto que concebemos a cartografia ambiental, pois não podemos mais pensar 
a cartografia como contemplativa, revestida de objetivos ideológicos. O que devemos buscar é uma 
cartografia crítica, cujas representações incorporem as relações homem-natureza como resultantes 
das relações sociais de produção em determinado modo de produção, evidenciado em certa época da 
história da sociedade.
Os estudos ambientais que englobam as relações homem-natureza ainda são incipientes, por isso a 
metodologia de aplicação mais explorada é a que se fundamenta na análise de sistemas, encontrando 
no paradigma do Geossistema um método específico para o estudo nesse campo.
A cartografia ambiental constitui um desafio para a cartografia temática, pois ainda persiste certa 
indefinição para sua plena sistematização.
Diferentes autores já apresentaram propostas bem-elaboradas, mas o que se tem visto é uma 
cartografia abordando problemas ambientais mediante uma representação analítica exaustiva, 
superpondo vários atributos sobre o mesmo mapa. Esse tipo de solução é recomendado apenas quando 
se deseja efetuar uma leitura exaustiva do mapa, colocando-lhe questões de nível elementar como: “Em 
tal lugar, o que há?”.
Mas, quando se deseja uma resposta visual instantânea para questões de conjunto, a solução analítica 
se apresenta de maneira ineficaz. Nesse caso, a coleção de mapas seria mais recomendável e eficaz.
Na cartografia ambiental, quando nos deparamos com a complexidade da realidade a ser considerada, 
devemos conceber uma representação cartográfica específica, considerando uma escala temporoespacial 
adequada, que envolva as diferentes maneiras de ver das distintas áreas científicas.
A escala adequada para um mapa ambiental, atendendo a determinado 
propósito, tem a ver com a categoria de estudo, a parte da realidade de 
interesse, evidentemente compatível com a resolução do fenômeno ou 
fenômenos nela enquadrados, os quais por sua vez comportam certa 
duração para a sua organização e consequente manifestação espacial 
características. Portanto, a categoria espacial e concomitantemente 
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Unidade II
temporal (tempo de duração para sua organização) de interesse estaria 
inserida numa sequência hierarquizada de escalas temporoespaciais, a 
qual escalonaria as ordens de grandeza dos respectivos relacionamentos 
ou contradições de natureza física, biológica ou social, cada uma 
correspondendo à sugestão de uma escala cartográfica para sua 
representação em mapa. [...] (MARTINELLI, 1993, p. 234-5).
 Lembrete
Quando representamos determinado fenômeno, devemos considerar a 
escala a ser adotada, pois há diferenças quantitativas e qualitativas, isto é, um 
fenômeno tem sua organização e representação apenas em dada escala.
Os fundamentos metodológicos da cartografia ambiental têm de levar em consideração o fato de as 
propostas de estudos ambientais serem, quase todas, de caráter sistêmico e integrador. Embora possamos 
considerar mapas analíticos, que abordem todos os componentes ambientais de forma integrada e 
global, é a cartografia de síntese que tem maior afinidade com a citada proposição.
Uma cartografia ambiental para o Parque Estadual da Cantareira
A cartografia ambiental, certamente, é uma cartografia de síntese, deve ser também 
uma cartografia crítica, cujas representações incorporem as relações homem-natureza 
como resultantes das relações sociais de produção em determinado modo de produção 
evidenciado em certa época da história da sociedade.
É sob esse aspecto e coerentes com o raciocínio de síntese que concebemos uma 
cartografia ambiental para o Parque Estadual da Cantareira. Foi realizado com base nos mapas 
analíticos apresentados: relevo, solo, geologia, compartimentação geomorfológica e rede 
de drenagem, além de trabalhos em campo, definindo e delimitando unidades ambientais 
representativas que significam compostos espaciais que congregam agrupamentos de 
lugares caracterizados a agrupamentos de atributos.
Como se trata de uma Unidade de Conservação que passou por vários usos – plantações 
no final do século XIX e obras para a captação de água, no início do século XX –, e também 
por localizar-se dentro de uma área densamente urbanizada, essas unidades ambientais 
foram classificadas numa hierarquia que vai da menor para a maior intervenção antrópica:
• Unidade I – Floresta (Floresta Ombrófila Densa, Floresta Montana) razoavelmente 
preservada em morros altos, serras e escarpas. 
• Unidade II – Floresta (Floresta Ombrófila Densa, Floresta Montana) com alguma 
intervenção antrópica. 
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CARTOGRAFIA TEMÁTICA: TÉCNICAS E PROJEÇÕES
• Unidade III – Ambientes com maior intervenção antrópica. 
Esse é um típico exemplo de trabalho prático em cartografia temática e que nos convida 
enquanto professores ou pesquisadores geógrafos, sociólogos, historiadores, entre outros 
profissionais, a realizá-lo com nossos alunos.
A figura a seguir ilustra o conteúdo do texto anterior: 
Figura 30 – Parque Estadual da Cantareira: unidades ambientais
 Lembrete
A figura anterior é um típico exemplo de trabalho prático em cartografia 
temática. Tal atividade nos convida enquanto professores ou pesquisadores, 
geógrafos, sociólogos, historiadores, entre outros profissionais, a realizá-lo 
com nossos alunos.
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Unidade II
6 CARTOGRAFIA COMO FORMA DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E OUTROS TEMAS
Sob o ponto de vista prático, os mapas constituem-se em instrumentos primordiais em 
estudos geográficos, bem como as cartas e os globos terrestres; tais formas de representação 
necessitam de técnicas específicas para serem confeccionadas, como as escalas, as projeções, 
a legenda e os temas. É importante destacar qual é o fato geográfico ou o relativo a outros 
segmentos históricos, econômicos, políticos, de saúde ou ambientais, entre outros, que 
devemos considerar.
A projeção constitui a técnica matemática de transformar uma figura esférica (no caso, a Terra) 
numa figura plana, o que implica uma série de distorções. As três maneiras de projetar a Terra (cilíndrica, 
cônica e plana) permitem criar diversas variantes.
Dessa forma, deparamo-nos com aquilo que pretendemos sistematizar através da representação 
cartográfica: o tema. 
O tema pode ser a paisagem, o relevo, a topografia do terreno, a vegetação, a hidrografia, a localização 
das hidrelétricas, ou ainda temas populacionais, urbanos e rurais, produção econômica, localização de 
recursos naturais.
 Observação
“Projeção cartográfica nada mais é do que o resultado de um conjunto 
de operações que permitem colocar, no plano, fenômenos inscritos numa 
esfera ou, no caso da Terra, num geoide, que é a forma específica do 
planeta” (SENE; MOREIRA, 1998, p. 429). 
 Saiba mais
Consulte a obra a seguir para se aprofundar no assunto:
SENE, E.; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico 
e globalização. São Paulo: Scipione, 1998. 
A projeção cilíndricapossibilita a representação total da Terra, sendo muito utilizada para elaborar 
planisférios e para a navegação. Por essa projeção, nas altas latitudes (distantes do Equador), é maior a 
deformação dos países. Como o cilindro é tangente à linha do Equador, ele toca unicamente essa linha, 
assinalando os únicos lugares que conservam suas dimensões originais.
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CARTOGRAFIA TEMÁTICA: TÉCNICAS E PROJEÇÕES
A projeção azimutal é utilizada na confecção de mapas especiais, principalmente os náuticos e 
aeronáuticos, e para representar as regiões polares. Essa representação resulta da projeção da superfície 
da Terra sobre um plano a partir de um determinado ponto (ponto de vista). Na projeção azimutal, os 
paralelos são apresentados em círculos concêntricos, e os meridianos, em linhas retas.
Observe agora algumas formas de representações com variados temas: 
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Figura 31 – Domínios morfológicos brasileiros 
Como podemos constatar, a cartografia temática é ilimitada em suas possibilidades de 
representação, dependendo das necessidades e do trabalho do cartógrafo ou do geógrafo para 
sistematizar o tema escolhido.
Devemos destacar que o conceito de paisagem não é exclusivo do campo de estudos geográficos, 
sendo muito amplo, o que permite muitas possibilidades de representação. A associação entre a paisagem 
ou domínio vegetal e o domínio morfológico é muito frequente em Geografia, e a cartografia enfatiza 
essa relação, localizando-os no mapa.
Em seu texto intitulado “O conceito da paisagem na geografia e sua relação com o conceito de 
cultura”, Leo Name, o arquiteto e urbanista, professor do Departamento de Geografia da Pontifícia 
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), assinala que a etimologia da paisagem revela outros 
fatores a serem considerados, quando cita Holzer (1999). Leia o texto em destaque a seguir:
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[...] landschaft é de origem alemã, medieval, e se refere a uma associação entre o sítio 
e seus habitantes, ou seja, morfológica e cultural. Provavelmente tem origem em land 
schaffen, que é criar a terra, produzir a terra, landschaft originou o landschap holandês, 
que, por sua vez, originou o landscape em inglês. O termo holandês, apesar de o seu 
significado ser igual ao correlato alemão, se associou às pinturas de paisagens realistas 
do início do século XVII, relacionando-se então às novas técnicas de representação 
renascentistas. Já o termo em inglês, originado do holandês, comumente é definido 
como view of the land ou representation of de land (HOPKINS, 1994). Já paysage, em 
francês, tem seu significado atrelado às técnicas renascentistas, mas sua origem vem 
do radical medieval pays, que significa ao mesmo tempo “habitante” e “território”. 
Portanto, os significados da palavra “paisagem”, também ambíguos, revelam que ela 
não é apenas a condição estática de um espaço observado por um sujeito individual 
ou coletivo, que tem seus valores e crenças – como apontava Meinig. É também a 
produção do espaço e a representação do espaço por estes mesmos sujeitos, o que 
insere uma perspectiva dinâmica e diacrônica em sua conceituação e significados. 
Fonte: Name (2010, p. 164-5).
 Observação
A cartografia temática permite a visualização e sistematização de dados 
pesquisados e promove pesquisas, expressando-os através dos elementos 
apresentados anteriormente.
A Geografia em sua fase pós-moderna, através de autores como Claval (1995), Holzer (1997), Corrêa 
(1999) e Gomes (2000), estabelece uma linha do tempo, contextualizando conceitos da disciplina na 
história do pensamento e relacionando-os à cultura. Através da cartografia, representamos os estudos 
e assim podemos observar, comparar e concluir acerca das condições apresentadas por cada um dos 
povos e as suas respectivas culturas.
Um exemplo disso pode ser observado em mapas temáticos que expressem as distintas etnias de 
povos indígenas, do Brasil ou de organizações africanas, asiáticas ou de povos da Oceania.
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Figura 32 – Tipos de uso do solo
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Densidade de 
povoamento indígena
107,00
12,00
1,20
0,17
0,02
13.600
3.500
3
Figura 33 – As terras e os povos indígenas
Podemos observar, nessas representações, sua localização geográfica e até mesmo o tipo de atividades 
econômicas desempenhadas por esses povos mediante uma legenda, utilizando-nos de símbolos que 
expressam os produtos, atividades extrativas, agrícolas ou criatórias.
Devemos lembrar que o título do mapa é muito importante como informação acerca do 
tema desenvolvido na representação, assim como a legenda, expressando as variações dos 
fenômenos avaliados.
O mesmo podemos dizer sobre mapas ambientais que expressam a biodiversidade animal e vegetal, 
ou que evidenciam os recursos econômicos relacionados a determinados ecossistemas. Temos de 
ressaltar também as representações demográficas; o IBGE apresenta mapas, tabelas, gráficos, pirâmides 
etárias muito ilustrativos da distribuição populacional, expressando as densidades demográficas, 
utilizando-se de uma graduação de cores, ou das porcentagens no interior do mapa em cada uma das 
regiões brasileiras, demonstrando as taxas de natalidade, mortalidade ou o crescimento vegetativo (a 
diferença entre nascimentos e óbitos).
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6.1 A cartografia política 
A tradição de mapas eleitorais originou-se por volta de 1913, na França, quando André Siegfried 
publicou o Tableau Politique de la France de l’Ouest sous la IIIe République, com reedição em 1995. Com 
essa obra, ele marcou a fundação de um novo campo para a cartografia e para os estudos geográficos na 
área eleitoral. Usando mapas eleitorais posteriores ao início da 3ª República, Siegfried (1995) demonstrou 
a estabilidade do voto pela direita durante longo período.
Ele identificou ainda a influência da estratificação socioespacial do voto, comparando os votos de direita 
e de esquerda no norte da França, de acordo com o tipo de rocha predominante na região. Sua observação 
resultou em uma frase famosa: “Le granite vote à droite, et Le calcaire vote à gauche”, cuja interpretação seria a 
seguinte: o Norte da Vendée, por ser granítico, estaria associado a uma ocupação rural e baixa concentração de 
habitantes, o que teria favorecido o elitismo (influência dos notables) e do catolicismo. Essa região teria opção 
de voto pela direita; já o sul, região de solo calcário, era mais densamente povoado e a influência da igreja 
católica, menor; nessa área, a esquerda era predominante.
6.2 A cartografia histórica 
A expansão marítimo-comercial dos séculos XV e XVI fez que os europeus estabelecessem rotas 
marítimas para o Extremo Oriente e, por outro lado, colonizassem a América. Mas nem só de descobertas 
foi o período das Grandes Navegações. Na memória histórica de Portugal, ficaram marcas tristes dos 
naufrágios ocorridos e das perdas humanas. Um trecho do poema de Fernando Pessoa ilustra esses fatos:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal?
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram,
Quantas noivas ficarampor casar
Para que fosses nosso, ó mar! (PESSOA, 1969, p. 82). 
Observamos o sofrimento das famílias ao verem partir seus entes queridos durante o processo das 
Grandes Navegações.
No texto mencionado anteriormente, destaca-se o depoimento de um sobrevivente de 
um naufrágio ocorrido no século XVI, vivenciado na costa do continente africano, entre 
muitas narrativas que passaram a constituir um gênero literário. Podemos citar, como 
exemplo, a “Historia da muy notavel perda do Galeam Grande S. Joam” datada de 1552 e 
narrada por um dos tripulantes do navio naufragado Álvaro Fernandes.
O presente livro encontra-se na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional, segundo 
comentários, ele parece um roteiro de filme de suspense, pela forma narrativa intensa e seu 
término trágico. 
Mas outras obras também mencionam esses acontecimentos, como no Canto V dos 
Lusíadas de 1572, de Luís de Camões.
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A relação que estabelecemos com a Geografia e com a cartografia encontra-se na Carta 
Náutica do Atlântico, datada de 1579, produzida no auge da cartografia na modernidade. 
 Resumo
A representação gráfica de temas ambientais não pretende ser meramente 
contemplativa, mas sim uma forma crítica de interpretar as relações entre 
homem e natureza, as interações que são estabelecidas entre o modo de 
produção e as relações sociais, de acordo com o momento histórico.
A cartografia ambiental torna-se um desafio para a cartografia temática, 
por conta da indefinição acerca de sua sistematização.
Ilustramos uma pesquisa de campo sobre a cartografia temática 
do Parque Estadual da Cantareira, classificando a paisagem vegetal e 
representando o local cartograficamente.
Além da questão ambiental, acentuamos a cartografia como forma de 
representação política e outros temas, mostrando a sua versatilidade no 
tratamento temático.
A paisagem, vista como a produção do espaço, tem na cartografia 
temática a visualização e a sistematização dos dados pesquisados.
Torna-se bastante interessante a observação de representações como 
a de atividades econômicas desenvolvidas num lugar específico, os povos 
habitantes de determinado espaço, suas atividades agrícolas, pecuárias, 
extrativas e os produtos derivados dessas ações.
Denotamos, ainda, os mapas eleitorais, que representam a estratificação 
socioespacial do voto, comparando a opção por partidos, de acordo com a 
região avaliada e suas características, o que praticamente se torna uma 
postura determinista.
Por fim, vimos que a cartografia histórica contempla momentos 
importantes em termos de conquistas territoriais, ampliando a possibilidade 
de conhecimento dos espaços geográficos.

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