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CARTOGRAFIA
Prof. Me. Thiago César Frediani Sant’Ana
Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/754
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; SANT’ANA, Thiago César Frediani; GARBIN, Estevão 
Pastori. 
Cartografia. Thiago César Frediani Sant’Ana; Estevão Pastori 
Garbin. 
. Reimpressão, 2021.Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020 
200 p.
“Graduação - EaD”.
1. Cartografia. 2. Geografia . 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1910-0
CDD - 22 ed. 912
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Supervisão de Produção de Conteúdo
Nádila Toledo
Coordenador de Conteúdo
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Designer Educacional
Lilian Vespa
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Juliana Duenha
Qualidade Textual
Meyre Barbosa
Ilustração
Rodrigo Barbosa
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desafios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
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RR
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Prof. Me. Thiago Cesar Frediani Sant’Ana
Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, 
Maringá-PR (2008). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia 
da Universidade Estadual de Maringá - UEM (2009-2011), na área de Análise 
Ambiental. Atualmente, é doutorando em Geografia pela Universidade 
Estadual de Maringá. Atua como professor no ensino superior nos cursos de 
Geografia, Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo. Tem experiência na 
área de Geociências, com ênfase em Cartografia Básica. 
http://lattes.cnpq.br/3767642326547587
Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (2016), com 
pesquisa na área de Cartografia e Semiótica. Graduado em Geografia 
(bacharelado e licenciatura) pela Universidade Estadual de Maringá (2013), 
com estágio na Universidade Técnica de Lisboa em Gestão Urbanística e 
Planejamento Urbano e Territorial (2012-2013). Atualmente, é aluno do curso 
de doutorado em Geografia, pela UEM, e professor do curso de Geografia da 
Unicesumar. Tem experiência nas áreas de ensino de cartografia, semiótica 
peirceana e avaliação de livros paradidáticos. 
http://lattes.cnpq.br/7882921634824099j
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) acadêmico(a), é com grande satisfação que apresentamos esta nova edição do 
livro da disciplina de Cartografia, revista e ampliada. Nesta obra, sintetizamos e aprimo-
ramos os conteúdos fundamentais na formação dos professores de Geografia, de forma 
alinhada com as principais obras da cartografia nacional e internacional.
Na primeira unidade, discutiremos como o saber cartográfico e os mapas estavam pre-
sentes nas sociedades antes mesmo da invenção da escrita. Aprenderemos que os ma-
pas são formas de comunicação particulares de cada povo, sendo influenciados, dire-
tamente, pelo contexto social, cultural e econômico da época. Discutiremos, também, 
o processo de sistematização da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia, 
salientando os principais paradigmas que estruturam a agenda de pesquisa dessa ciên-
cia nos últimos cinquenta anos.
Na segunda unidade, discutiremos os principais produtos cartográficos utilizados na Ge-
ografia, as finalidades e características. A partir desses produtos, analisaremos, também, 
os processos e as etapas que constituem a produção de uma informação cartográfica, 
salientando a grande influência que o autor de mapas possui na representação espacial. 
Por fim, estudaremos como esses processos de construção da informação cartográfica 
são influenciados pela escala cartográfica, discutindo os meios para a realização do seu 
cálculo e as especificidades da escala gráfica e numérica.Na terceira unidade, estudaremos o processo histórico de determinação da verdadeira 
forma da Terra. Neste capítulo, verificaremos como os povos antigos realizavam suas in-
vestigações para trabalhar com os indícios da esfericidade do nosso planeta e as princi-
pais teorias desses pensadores. Aprenderemos, também, como podemos nos orientar no 
espaço a partir de instrumentos, como a bússola, bem como calcular, de maneira exata, os 
ângulos para nossa orientação. Por fim, trabalharemos o cálculo das coordenadas geográ-
ficas como um meio para realizarmos a localização em qualquer ponto do planeta Terra.
Na quarta unidade, discutiremos os desafios envolvidos na construção e escolha das 
projeções cartográficas. Estudaremos, também, os principais meios no levantamento 
de dados da paisagem e as formas mais empregadas na representação do relevo, com 
ênfase nas cartas topográficas.
Na última unidade, discutiremos o princípio organizador dos fusos horários, bem como 
os meios de calcularmos a diferença dos horários entre várias localidades. Encerraremos 
nossos estudos discutindo os impactos que as novas tecnologias causaram na Cartogra-
fia com o desenvolvimento e a popularização dos Sistemas de Informação Geográfica. 
Esperamos que este livro seja seu companheiro nesta sua trajetória de formação profis-
sional. Bons estudos!
Prof. Estevão Pastori Garbin
Prof. Thiago Cesar Frediani Sant’Ana
APRESENTAÇÃO
CARTOGRAFIA
SUMÁRIO
08
UNIDADE I
CARTOGRAFIA: PRÁTICA ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
15 Introdução
16 O Mapa na História da Humanidade 
28 A Ciência Cartográfica 
38 As Relações Entre a Cartografia e a Geografia 
43 Considerações Finais 
UNIDADE II
ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO 
CARTOGRÁFICA
55 Introdução
56 Os Produtos Cartográficos Básicos 
68 As Etapas do Projeto Cartográfico 
87 Escala Cartográfica 
97 Considerações Finais 
SUMÁRIO
09
UNIDADE III
OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA 
TERRA 
109 Introdução
110 A Forma da Terra 
118 Estratégias de Orientação no Espaço 
128 As Coordenadas Geográficas 
133 Considerações Finais 
UNIDADE IV
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO
143 Introdução
144 As Projeções Cartográficas 
155 Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos 
Planialtimétricos
159 Representação e Leitura do Relevo na Cartografia 
167 Considerações Finais 
SUMÁRIO
10
UNIDADE V
FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
177 Introdução
178 Fusos Horários 
186 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica (Sig) 
194 Considerações Finais 
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Prof. Me. Estevão Pastori Garbin
Prof. Me. Thiago César Frediani Sant’Ana
CARTOGRAFIA: PRÁTICA 
ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar a relação histórica da Cartografia com as diferentes 
sociedades.
 ■ Refletir sobre o processo de sistematização da ciência cartográfica.
 ■ Apresentar as relações entre a Cartografia e a Geografia.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O mapa na história da humanidade
 ■ A ciência cartográfica
 ■ As relações entre a Cartografia e a Geografia
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), iniciaremos nossos estudos sobre a Cartografia discutindo o seu 
papel ao longo da história da humanidade. Como será visto, embora a prática de mapear 
o espaço seja anterior à escrita, a sistematização da Cartografia como ciência autônoma é 
muito recente, remontando-se ao período que sucede a Segunda Guerra Mundial. Nesse 
sentido, abordaremos a Cartografia em dois momentos distintos, porém complemen-
tares: a Cartografia enquanto prática humana inerente à necessidade de compreensão e 
exploração do espaço; e enquanto ciência autônoma, com paradigmas e linhas de pes-
quisa sistematizadas por um amplo corpo de pesquisadores.
Este percurso deve estar intimamente desenvolvido na consciência do(a) 
professor(a) de Geografia, pois a evolução da Cartografia remete a própria com-
preensão do espaço. O mapa, muito além de um registro estático da realidade, 
revela visões de mundo e estratégias cognitivas de compreensão do espaço pelos 
seres humanos. A Cartografia não deve ser reduzida a um catálogo de conteú-
dos a ser transmitido pelo(a) professor(a), mas trabalhada como um saber que 
será desenvolvido a um só tempo com toda a trajetória do aluno de Geografia.
Todavia, como construir uma visão integrada da Cartografia ao conhecimento 
geográfico? Este é um desafio cotidiano e permanente, tanto do professor quanto do 
aluno. Nosso objetivo, nesta unidade, é demonstrar como o conhecimento humano 
na representação do espaço evoluiu e se transformou em um corpo sistematizado 
de conhecimento, que é a ciência cartográfica. Para tanto, assinalaremos o papel 
histórico dos mapas como signos do seu tempo e sua valorização com o advento 
do capitalismo. Em um segundo momento, discutiremos o contexto da transfor-
mação da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia e quais foram os 
principais esforços na construção de uma agenda de pesquisas para essa ciência. 
Esperamos que essas discussões permitam que você desenvolva uma leitura 
mais ampla e integrada do papel da Cartografia em nossa sociedade, bem como 
dos caminhos que essa ciência percorreu até os dias atuais.
Introdução
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CARTOGRAFIA: PRÁTICA ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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O MAPA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
Caro(a) aluno(a), você já pensou como seria difícil desenvolver suas ativida-
des cotidianas sem conhecer o seu espaço? Desconhecer os principais trajetos 
da cidade, a disposição das avenidas centrais ou até mesmo a direção correta do 
nosso destino tornaria a nossa rotina muito mais difícil. É por essa razão prática 
que o saber geográfico constitui, desde os primórdios da humanidade, uma con-
dição para a sobrevivência humana. É por meio desse saber que os seres humanos 
se orientam e se deslocam no espaço, criam territórios e elaboram estratégias 
essenciais para a manutenção de sua vida, sendo, o mapa, um importante ins-
trumento que auxilia os seres humanos antes mesmo do surgimento da escrita.
Segundo Matias (1996), na pré-história, o conhecimento do meio era trans-
mitido de forma oral e gestual, e seu registro era realizado por meio de inscrições 
gráficas em rochas nos interiores das cavernas. O conhecimento era restrito a sua 
vivência mais imediata e estava associado as atividades essenciais para a manutenção 
do grupo, tais como a pesca, a caça e a moradia. O gesto, a pintura e a produção de 
sons, por exemplo, tornam possível que os seres humanos produzam e manipulem 
elementos mentais que denominaremos representações ou signos. De acordo com 
Santaella (2012), signo é tudo aquilo que, independente do seu material constituinte 
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ou da sua forma, representa algum aspecto de algo para alguém. Podemos afirmar, 
portanto, que as palavras que falamos no nosso dia a dia, os gestos que fazemos 
no trabalho ou as ideias vagas que temos quando assistimos uma aula são signos, 
embora o modo com que funcionem sejam diferenciados.
O mapa, neste sentido, também pode ser considerado um signo, ou melhor, 
um complexo sistema de signos que comunica algum aspecto do espaço para 
outra(s) pessoa(s) ou para nós mesmos. Vale notar que o desenvolvimento de 
novas técnicas torna possível que os seres humanos criem signos mais elabo-
rados, com mais possibilidades de uso – e isso, naturalmente, é válido também 
para os mapas. Basta imaginarmos como é muito mais fácil identificarmos, hoje, 
a orientação geográficade um fenômeno a partir do Google Maps se comparar-
mos, por exemplo, a um mapa do século XIII.
Com o desenvolvimento da técnica, o homem tornou-se capaz de realizar ativi-
dades mais complexas e de criar um meio cada vez menos restrito às possibilidades 
ofertadas pela natureza: o desenvolvimento da agricultura permitiu, aos homens, a 
sedentarização (e demandou conhecimento de áreas mais próprias para o cultivo), as 
caravelas permitiram que novos territórios além-mar fossem conquistados (e tornou 
urgente a confecção de mapas para a navegação), enquanto as Revoluções Industriais 
criaram novas demandas de recursos energéticos (e o entendimento de sua distribui-
ção e localização). Representar o espaço, portanto, sempre foi uma necessidade para 
o desenvolvimento dos povos. Contudo, assim como afirmamos, toda representação 
é parcial e limitada na sua função de representar os fenômenos: qual seria o aspecto 
limitado que os mapas deveriam representar do espaço? Sabemos que a localização 
é uma preocupação recorrente dos mapas, mas será que é a última? 
Caro(a) aluno(a), vejamos uma descoberta emblemática que pode nos aju-
dar a responder esta questão. Em 1963, durante as escavações arqueológicas em 
Çatal Höyük, na região centro-ocidental da Turquia, uma equipe de arqueólogos 
descobriu o que seria o mapa autêntico mais antigo já encontrado, elaborado, apro-
ximadamente, 6.000 a.C. Embora este mapa primitivo apresente certas similitudes 
com as plantas cartográficas modernas, sua utilização era voltada para a realização 
de um ritual sagrado, muito diferente dos usos dos mapas atuais (HARLEY, 1991).
Como você pode notar pela reconstituição do mapa na Figura 1, é possível identifi-
carmos o traçado de um povoado neolítico e, ao fundo, o vulcão Hasan Dag em erupção: 
CARTOGRAFIA: PRÁTICA ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Figura 1 - Reconstituição do mapa de Çatal Höyük, Turquia
Fonte: Pour la science (2014, on-line)¹. 
 
Figura 2 - Imagens da escavação onde o mapa foi encontrado
Fonte: Ancient Wisdom ([2019], on-line)².
O reconhecimento de um espectro mais amplo de representações espaciais, 
como mapas, é um fenômeno recente, resultado da adoção de uma visão menos 
eurocêntrica e mais universal de como as sociedades humanas entendem e 
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representam seus espaços. John Brian Harley (1932 - 1991), um dos principais 
pesquisadores da história da Cartografia, ressalta que os produtos cartográficos 
que não seguiam os padrões da Cartografia Europeia de exatidão passaram a ser 
considerados mapas apenas há algumas décadas. Anteriormente, eram tratados 
apenas como “curiosidades cartográficas” (HARLEY, 1991, p. 5). É esse tipo de 
mudança de pensamento que tornou possível que, hoje, as representações antigas 
as quais eram confeccionadas em tiras vegetais, conchas ou até mesmo madeira 
sejam consideradas mapas antigos.
Figura 3 - Mapa indígena das Ilhas Marshall
Descrição da imagem: mapa indígena das Ilhas Marshall, construído em tiras vegetais e conchas. O mapa 
consiste em uma quadrícula ortogonal feita em tiras vegetais representando o mar livre e as tiras vegetais 
curvas as frentes das ondas próximas às ilhas, representadas pelas conchas.
Fonte: Raisz (1969, p. 7).
CARTOGRAFIA: PRÁTICA ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Figura 4 - Mapa de Ga-Sur
Descrição da imagem: o mapa de Ga-Sur foi confeccionado em uma pequena placa de barro, que representa 
o rio Eufrates com montanhas em cada lado. Data de, aproximadamente, 2500 a.C.
Fonte: Raisz (1969, p. 9).
As características selecionadas do espaço para sua representação cartográfica 
são variáveis, não estando restrita unicamente à localização exata dos fenôme-
nos. Ao longo da história da humanidade, os mapas foram empregados para: 
localizar os fenômenos e para fins ritualísticos; demarcar fronteiras; mapear 
recursos naturais; expressar visões da organização do próprio mundo e dentre 
muitos outros papéis. 
Hoje, a Cartografia é reconhecida como uma linguagem mais universal e 
mais antiga do que se pensava, e não estamos nos referindo ao termo Cartografia, 
neste momento, como uma ciência exata, mas como um conjunto de saberes 
envolvidos na produção de representações do espaço que cada povo desenvol-
veu de acordo com suas necessidades. Isso significa que seria um reducionismo 
irresponsável definir que o conhecimento humano, na construção de mapas, ocor-
reu de maneira linear e de acordo com a nossa visão moderna da Cartografia. 
Vários povos antigos, como os chineses, indianos, gregos e indígenas, por exem-
plo, desenvolveram suas cartografias, mas cada um com suas particularidades. 
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Os gregos são reconhecidos como importantes contribuintes para a formu-
lação da Cartografia por diversos motivos: pelo estudo da forma da Terra, pelo 
emprego da geometria na obtenção das dimensões do nosso planeta, pelo desen-
volvimento do princípio do sistema de coordenadas geográficas e, inclusive, pelas 
discussões sobre as projeções cartográficas. 
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a ideia da esfericidade da 
Terra, no mundo grego, não tem origem nas observações astronômicas, mas em 
argumentos filosóficos: Hecateu (500 a.C.), um geógrafo jônico, considerava que o 
planeta tinha um formato de disco no qual, ao redor, corriam as águas dos oceanos. 
Entretanto, a filosofia grega considerava que a esfera era a forma geométrica mais 
perfeita, o que justificaria que o nosso planeta assumisse uma forma esferoidal, e 
não plana, justamente por acreditarem que nosso planeta fosse uma obra-prima 
dos deuses. A hipótese da esfericidade da Terra foi comprovada, posteriormente, 
pelo povo grego, por meio de observações em campo, além do estabelecimento 
de conceitos ainda hoje usados como Equador, Polos, Trópicos, Zonas Tórridas, 
Temperadas e Frias (RAISZ, 1969).
Erastótenes de Cirene (276 a 196 a.C.) é um dos grandes nomes da Antiguidade que 
contribuiu, sobremaneira, na Cartografia. Responsável pela Biblioteca de Alexandria, 
realizou a medição da Terra a partir de um poço, na cidade de Siena, durante o solstí-
cio de verão, e calculou que a sua circunferência era de 46 mil quilômetros, um valor 
apenas 16% distante do valor real. Além disso, construiu um mapa-múndi do mundo 
habitado, que contava com paralelos e meridianos para a localização.
Outro importante personagem grego foi Cláudio Ptolomeu (90 a 168 d.C.), 
que desenvolveu um sistema de representação da Terra baseado na utilização de 
uma grade quadriculada de coordenadas baseadas na posição dos corpos celes-
tes (CROSBY, 1999). Sua principal obra é intitulada Geografia, que consistia em 
oito volumes descrevendo os princípios teóricos empregados nas projeções carto-
gráficas e nos mapas presentes em sua coletânea. Embora a base de dados usada 
por Ptolomeu era oriunda de mapas antigos e relatos de viajantes, seu conjunto 
de mapas é considerado o primeiro Atlas Universal (RAISZ, 1969). 
CARTOGRAFIA: PRÁTICA ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Figura 5 - Mapa-múndi gravado por Johannes Schnitzer (1482), a partir da obra de Ptolomeu
Fonte: Open Culture (2017, on-line)³.
A evolução dos mapas, no entanto, nem sempre apresentou um desenvolvi-
mento progressivo e pautado na exatidão das medidas da superfície terrestre. A 
cartografia romana, por exemplo, não priorizava o aprimoramento do sistema 
de latitudes e longitudes, as mediçõesastronômicas e as projeções. Seus objeti-
vos eram mais práticos, para fins militares e administrativos, o que resultou no 
resgate de representações mais simples que, assim como os geógrafos jônicos, 
adotavam mapas que representavam a Terra em formato de disco.
Durante a Idade Média, período que se estendeu, na Europa, do século V ao 
século XV, predominou a visão teológica do universo sob forte influência da Igreja 
Católica, que estabeleceu um domínio cultural e social no velho continente por 
dez séculos. O comércio perdeu a importância conquistada na Antiguidade, o 
que afetou diretamente as estratégias e estilos empregados na confecção de mapas 
deste período, e um mapa muito representativo da Idade Média é o mapa T-O. Ele 
demarca uma visão esquemática do mundo, compatível com os preceitos bíblicos 
de que o mundo era cercado por um grande oceano e entrecortado por três massas 
continentais que representavam a Europa, Ásia e África, com Jerusalém ocupando, 
geralmente, o centro. A letra “T”, localizada dentro do círculo, que lembra a letra 
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“O”, corresponde a três corpos d`água: o rio Nilo, o rio Dom e, na parte inferior, 
o mar Mediterrâneo, como você pode conferir na Figura 6:
Figura 6 - Um típico Mapa T-O
Fonte: Raisz (1969).
Este mapa é ilustrativo, porque demonstra uma característica que, por vezes, é invi-
sível quando olhamos os produtos cartográficos contemporâneos: todo mapa é uma 
construção social criada a partir de visões de mundo que podem ser muito distin-
tas entre os povos ao longo do tempo. Isso não significa que devemos considerar 
que os mapas são mentirosos ou dispensáveis, ao contrário, este aspecto da parcia-
lidade e relatividade do seu conteúdo é inerente a qualquer outra prática humana. 
Acontece que, com as mudanças das necessidades de uma sociedade, alteram-se 
suas produções intelectuais, inclusive os mapas. A visão teológica dominante na 
Idade Média, por exemplo, era insuficiente para outros propósitos, como a nave-
gação, o que acabou por impulsionar, no século XIII, o desenvolvimento de um 
novo estilo de mapa voltado para os navegadores: os mapas portulanos. 
Como o nome sugere, os mapas portulanos priorizavam a representação mais 
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Reprodução proibida. A
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exata dos portos e dos trajetos para o deslocamento nos mares e oceanos. Nesse 
sentido, elementos familiares, como a rosa-dos-ventos, voltaram a ser emprega-
dos na Cartografia, assim como uma crescente preocupação em representar com 
detalhes os acidentes geográficos litorâneos, embora contassem com pouquíssimas 
informações das áreas do interior dos continentes. Os portulanos foram conce-
bidos para águas cercadas ou quase-cercadas por terras, como o Mediterrâneo, 
e estiveram associados ao uso da bússola, o que gerava certa independência dos 
navegadores em relação à visibilidade dos astros celestes para determinar sua 
orientação (CROSBY, 1999). O problema é que, para a navegação em grandes dis-
tâncias, suas distorções eram muito significativas, o que levou a um esforço dos 
cartógrafos em desenvolver mapas mais precisos e funcionais para a navegação.
 
Figura 7 - Mapa Portulano do século XVII
Descrição da imagem: os mapas portulanos eram compostos por um sistema de várias rosa-dos-ventos e 
rumos para a navegação com a bússola. Eram, geralmente, confeccionados em peles de animais.
Fonte: Wikimedia Commons ([2019], on-line)4. 
A descoberta de um exemplar da obra Geografia, de Ptolomeu, no ano de 1440, 
em Florença, contribuiu significativamente na transformação da percepção 
espacial do Ocidente. No século XV, as técnicas de representação cartográfica a 
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partir do uso de uma grade de coordenadas empregadas por Ptolomeu já esta-
vam integradas nas práticas dos cartógrafos europeus. Além disso, a Terra era, 
frequentemente, representada numa esfera com latitudes e longitudes: sem 
dúvida, foi uma transformação importante, sobretudo, quando comparamos 
com os mapas medievais.
Com o fim da Idade Média, a Cartografia volta a ganhar importância, espe-
cialmente para a delimitação de rotas comerciais, para o registro de novas terras 
e para o planejamento de estratégias para a expansão dos territórios. Raisz (1969) 
identifica três principais motivos para a rápida transformação que a Cartografia 
presenciou neste período, quais sejam: a) a redescoberta e a correção da obra de 
Ptolomeu, que continha informações exageradas sobre alguns aspectos terrestres; 
b) o desenvolvimento da imprensa e o consequente aumento na difusão de mapas 
mais acessíveis, economicamente, ao público; e c) os Grandes Descobrimentos, 
que geraram novas informações e uma demanda crescente de novos mapas mais 
precisos. Tudo isso pode ser comprovado por Harvey (2009, p. 221), o qual sus-
tenta que “o saber geográfico se tornou uma mercadoria valiosa numa sociedade 
que assumia uma consciência cada vez maior de lucro”.
Ao longo dos séculos XVI e XVII, a Cartografia foi desenvolvida e aprimo-
rada por diversas sociedades que a enxergavam como um meio necessário para 
o crescimento econômico e a conquista de novas terras e mercados. Além dos 
portugueses, espanhóis e italianos, os holandeses vivenciaram um período de 
grande destaque na Cartografia, com destaque para Gerhard Kremer, também 
conhecido por seu nome latinizado, Geraldo Mercator (1512 - 1594).
Além do desenvolvimento da projeção cartográfica que leva seu nome, 
Mercator teve o mérito de revisar os estudos de Ptolomeu sobre Geografia, 
Astronomia, História Natural e das Ciências Naturais, baseado em relatos de 
navegantes mais confiáveis e a partir de dados de viagens empreendidas por 
ele mesmo. Entretanto, havia alguns problemas significativos que assolavam os 
mapas desse período: em áreas com pouca informação disponível, era comum 
que fossem preenchidos os espaços em branco dos mapas com informações fic-
tícias ou exageradas, para se tornarem mais atrativos comercialmente (RAISZ, 
1969), assim como exemplifica a Figura 8:
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Figura 8 - Caspar Plautius (1621): um exemplo de mapa com informações fictícias
Fonte: Dreyer-Eimbcke (1996).
No século XVIII, a França vivencia um período de forte desenvolvimento cul-
tural baseado nos ideais iluministas, o que resultou na produção de mapas que 
buscassem retratar, de maneira minuciosa e exata, as informações conhecidas 
dos territórios. Foi a partir desse século que surgiram os Serviços Geográficos 
Nacionais, responsáveis por realizar o levantamento topográfico dos seus terri-
tórios, geralmente empreendido pelo exército.
A palavra “atlas”, que hoje utilizamos para designar publicações que reúnem 
um conjunto de mapas, também nos foi legada por Mercator. Como con-
sequência de um trabalho de muitos anos, foram reunidos vários mapas 
para resultar numa publicação, a qual Mercator chamou de Atlas. Devemos 
lembrar, entretanto, que a edição só ocorreu em 1595, quatro meses após a 
morte de Mercator, por iniciativa de seu filho Rumold. O motivo que levou 
à escolha da palavra atlas, entretanto, ainda gera discussões. Para alguns, 
foi escolhida como uma homenagem ao rei Atlas (da Mauritânia), para ou-
tros, teria sido uma referência à divindade grega Atlas, que, de acordo com a 
mitologia, tendo tomado o partido dos gigantes contra os deuses e preten-
dendo derrubar o céu, fora condenado por Zeus a sustentá-lo nos próprios 
ombros.
Fonte: Duarte (2002).
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No Renascimento, há uma aproximação muito significativa entre as ativida-
des de geógrafos e cartógrafos, isto é, na compreensão e na representação do 
espaço, porque ainda não havia instrumentos suficientes para a determinação 
das longitudes, o que exigia que os geógrafos trabalhassem com o levantamento 
das latitudes a partir da Astronomia e a aproximação das longitudes a partir da 
interpretação crítica dos relatos de viagens. Esse cenário transformou-se signi-
ficativamente com o desenvolvimento do cronômetro marinho e tornou a tarefa 
de produção de mapas um conhecimento mais familiar aos engenheiros cartó-
grafos do que aos geógrafos. Assim como lembra Claval (2009), essa mudança 
levou os geógrafos a perderem metade de seu campo de atuação para os cartógra-
fos, buscando especializar-se nas formas de descrição e interpretação do espaço, 
ao contrário dos engenheiros cartógrafos, que se especializaram na representa-
ção geométrica e na coleta de dados.
Embora essa transformação tenha se intensificado a partir do século XVIII, a 
Cartografia só foi considerada ciência autônoma, com paradigmas e teorias pró-
prias, no período que sucede a Segunda Guerra Mundial. Caro(a) aluno(a), vamos 
compreender o contexto e as implicações dessa institucionalização?
A cartografia une o objetivo ao subjetivo, a prática aos valores, o mito ao 
fato comprovado, a precisão à aproximação. Você consegue identificar esses 
aspectos aparentemente contraditórios nos mapas que você usa?
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A CIÊNCIA CARTOGRÁFICA
Se existe um momento em que o conhecimento do território é uma questão, 
literalmente, de vida ou morte, este momento é durante uma guerra: com o 
desenrolar das Primeira e Segunda Guerras Mundiais, no século XX, mapear o 
território inimigo tornou-se fundamental. Contudo, como criar mapas confi-
áveis, eficazes em representar o espaço e de rápido entendimento? Essas eram 
questões que, durante a Segunda Guerra Mundial, eram urgentes e desafiavam 
Arthur Robinson, o responsável pela Divisão de Mapas do Escritório de Assuntos 
Estratégicos dos Estados Unidos da América (MONTELLO, 2002). 
Robinson amadureceu um repertório de experiências muito significativas 
durante a guerra, o que motivou a sintetizar suas lições apreendidas em um livro 
denominado The Look of Maps: an examination of cartographic design, em algo 
como A aparência dos mapas: um exame do desenho cartográfico, publicado em 
1952. A grande inovação desse material foi a apresentação de um estudo siste-
mático de como elaborar, adequadamente, um projeto cartográfico, isto é, as 
diretrizes que deveriam guiar a construção de um mapa cuja chave estaria no 
entendimento das limitações da percepção visual humana. 
De acordo com Robinson (1952), a essência da Cartografia é tornar uma infor-
mação inteligível para o leitor. Mais do que simplesmente desenhar, a Cartografia 
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deve pensar em métodos adequados para selecionar, generalizar e representar as 
informações do espaço para algum usuário de mapas.
Nessa obra, Robinson construiu uma aproximação entre a Psicologia e a 
Cartografia, mais especificamente em um modelo de análise estímulo-resposta 
conhecido como psicofísico. Basicamente, esse modelo comparava as respostas 
que os usuários de mapas relatavam na percepção do tamanho e das cores empre-
gadas nos símbolos cartográficos, embora não fizesse parte desse programa de 
pesquisas uma preocupação em entender o porquê determinada sequência de 
cores, por exemplo, era mais bem avaliada que outra (SANTIL; SLUTER, 2011). 
Mesmo que não fosse o primeiro a sugerir que a Cartografia deveria se aproxi-
mar da Psicologia para compreender como os mapas, efetivamente, funcionavam, 
Robinson foi o primeiro a publicar um estudo sistemático de mapas que seguiu 
essa estratégia metodológica (MONTELLO, 2002).
The Look of Maps foi responsável por semear um princípio que transformaria 
a Cartografia nas décadas seguintes: de que os usuários de mapas deveriam ser 
considerados na definição das proposições do projeto cartográfico, pois o mapa 
serve como um canal de comunicação entre dois entes: o autor de mapas e o 
usuário. No caso, se o mapa é um canal de comunicação, sua eficácia só poderia 
ser avaliada se o destinatário final fosse considerado nessa equação. Essa “cons-
trução de princípios” deveria estar alicerçada na pesquisa empírica, com testes 
laboratoriais, o que, de certa forma, afastou a ideia da Cartografia como uma 
prática artística e a aproximou de uma prática científica, sistematizada.
Evidentemente, separar a ciência da arte e etiquetar um mapa como pertencente 
apenas a uma dessas categorias é um reducionismo perigoso. Assim, esperamos 
que nossa breve apresentação da história dos mapas no início deste capítulo tenha 
deixado claro que essa questão é muito mais complexa. Entretanto, o que gosta-
ríamos de pontuar é que foi a partir da publicação da obra de Arthur Robinson 
que a Cartografia passou a ser abordada como uma ciência que necessitava de 
testes empíricos para sua evolução, e não apenas impressões estéticas individuais 
dos seus autores. Didaticamente, podemos dizer que a Cartografia era pensada a 
partir de um novo paradigma, que denominaremos Comunicação Cartográfica. 
CARTOGRAFIA: PRÁTICA ANTIGA, CIÊNCIA RECENTE 
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IU N I D A D E28
O PARADIGMA DA COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA
Quando afirmamos que uma ciência constrói um paradigma, estamos dizendo 
que um grupo de pesquisadores compartilham alguns princípios para a inves-
tigação e para o entendimento do seu objeto de estudo. De acordo com Correa 
(2011, p. 60), um paradigma é um “conjunto de ações intelectuais que possibi-
litam estabelecer uma dada inteligibilidade à realidade, com base em conexões 
de ideais de natureza descritiva, explicativa, normativa, preditiva ou compreen-
siva”. No caso da ciência cartográfica, o primeiro paradigma que orientou o maior 
número de programas de pesquisa é denominado comunicação cartográfica 
O primeiro e principal aspecto desse paradigma foi considerar que todo mapa 
é constituído por “mensagens” pré-definidas pelo seu autor, de tal modo que a 
grande tarefa da Cartografia seria investigar quais são as estratégias mais otimi-
zadas para se transmitir estas mensagens para um usuário (MACEACHREN, 
1995). Essa tentativa de compreender o processo de comunicação entre o autor, 
o mapa e o usuário deu origem a uma série de modelos esquemáticos para tornar 
mais inteligível o processo de comunicação cartográfica, sendo o principal deles 
aprimorado e publicado por Koláčný, em 1969, assim como ilustra a Figura 9:
 
REALIDADE
REALIDADE
DO
CARTÓGRAFO
REALIDADE
DO
USUÁRIO
Sobreposição
de
Realidades
Necessidades
Objetivas
Tarefas
Objetivas
Conhecimento
Experiência
Conhecimento
Experiência
Processos
psicológicos
Processos
psicológicos Efeito da informação
cartográ�ca concretizada
Concretização da
informação cartográ�ca
Habilidades
Habilidades
Conteúdo
da mente do
Cartógrafo
Conteúdo
da mente do
Usuário
Linguagem
Cartográ�ca
Linguagem
Cartográ�ca
Ação baseada na leitura da
informação cartográ�ca
Ob
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de
MAPA
Figura 9 - Modelo da comunicação cartográfica
Descrição de imagem: modelo de comunicação da informação cartográfica proposto por Koláčný em 1969. 
O modelo se constitui como um fluxo informativo que tem, como origem, a mente do cartógrafo, que 
se materializa no mapa e é direcionado para o usuário. Acomunicação seria bem-sucedida quando uma 
parcela da realidade do cartógrafo correspondesse ao repertório da realidade do usuário.
Fonte: adaptado de MacEachren (1995).
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Basicamente, o modelo da comunicação da informação cartográfica se constitui 
no reconhecimento de que a transmissão de uma informação é sempre relativa 
ao universo do autor de mapas, que propõe uma mensagem a ser transmitida. 
Os signos que representam as ideias da mente do cartógrafo e tornam possível 
a comunicação são materializados na linguagem cartográfica, e a eficácia das 
escolhas feitas pelo autor dependem de vários fatores, tais como: a experiência 
profissional de quem produz o mapa, as particularidades dos seus processos psi-
cológicos, os meios técnicos para a confecção do produto cartográfico, dentre 
outros. O mapa, portanto, é apenas um momento de uma cadeia comunicativa 
de ideias e sua eficácia em transmiti-las depende do esforço dos cartógrafos em 
realizar a máxima diminuição de ruídos possíveis.
Então, o que é um ruído? Vamos imaginar uma situação hipotética, em que 
estamos conversando por meio de uma ligação telefônica. De repente, um cami-
nhão passa ao lado de um dos falantes, impedindo que o ouvinte escute com 
clareza a mensagem transmitida na conversa. Pode ser, ainda, que um dos tele-
fones empregados na conversa tenha um defeito no microfone, o que impede a 
captação adequada do áudio, ou, ainda, que um dos interlocutores utilize uma 
expressão verbal desconhecida pelo ouvinte. 
Temos três exemplos de ruídos que impedem uma comunicação eficaz. No 
mapa, são considerados ruídos quaisquer elementos que dificultem sua leitura, 
como a confecção de símbolos muito pequenos, o uso de contraste de cores muito 
exageradas, a presença de informações irrelevantes que causem distrações no lei-
tor ou até mesmo a qualidade gráfica insuficiente da impressão. Nesse sentido, o 
autor de mapas deve identificar e corrigir os ruídos do mapa, para que a comu-
nicação da informação cartográfica seja a mais direta possível (GARBIN, 2016).
O segundo domínio do esquema de comunicação cartográfica proposto por 
Koláčný é relativo ao repertório de conhecimentos pertencentes ao usuário de 
mapas. É nele que os conteúdos representados pelo mapa serão extraídos e essa 
tarefa exige que o leitor conheça minimamente as convenções e as caracterís-
ticas que estruturam a linguagem cartográfica, bem como tenha as condições 
ambientais e cognitivas mínimas para que a mensagem obtida seja interpretada. 
O terceiro aspecto que chama a atenção desse esquema é a sobreposição das 
realidades do autor de mapas e do usuário. Essa área sobreposta significa que deve 
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existir um ponto de contato entre o repertório de conhecimento da linguagem 
cartográfica entre o emissor e o receptor para que a mensagem seja devidamente 
compreendida. O mapa, portanto, deve ser construído tendo em vista que pon-
tos de contato são esses e a maneira de descobri-los é investigando o perfil do 
usuário para o qual o mapa se destina. O problema é que, nesse paradigma, os 
usuários de mapas são considerados meras “caixas pretas” que respondem ao 
estímulo do mapa, desconsiderando a criatividade, a inventividade, a influência 
da cultura, o contexto e a subjetividade dos seres humanos na interpretação de 
um produto cartográfico (KENT, 2018; MACEACHREN, 1995).
Embora seja um princípio importante, na prática, os mapas, poucas vezes, 
apresentam a característica de ter uma mensagem específica construída pelo 
cartógrafo ou geógrafo. Que tal explorarmos algumas situações para compre-
endermos as limitações desse princípio? Considere uma carta topográfica, um 
dos produtos mais conhecidos da Cartografia: qual é a mensagem que essa carta 
comunica? Será que é a localização exata das cotas de altitude do terreno? A posi-
ção relativa dos cursos d’água? Ou o tamanho das cidades? 
 
Figura 10 - Fragmento de uma carta topográfica
Fonte: Wikimedia Commons ([2019], on-line)5.
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Mesmo se considerarmos que a localização dos fenômenos da paisagem seja a 
mensagem principal desse produto, essa visão seria ainda incompleta, pois um 
geólogo poderia encontrar novas informações ou mensagens mais específicas da 
dinâmica da paisagem se compararmos com a leitura realizada por um engenheiro 
civil, por exemplo. Além disso, será que quem faz o mapa tem todo o controle 
e conhecimento das informações que um mapa pode conter? Há, ainda, novos 
complicadores que não existiam no momento de adoção desse paradigma: será 
que a disseminação de computadores, que transformam o mapa de maneira ins-
tantânea, torna útil esse tipo de modelo de comunicação?
Como você, caro(a) aluno(a), pôde perceber, as perguntas são diversas. Para 
construirmos uma resposta satisfatória, é necessário introduzirmos novos con-
ceitos nesta linha do tempo da Cartografia, tratando de uma ação mental que 
todos nós realizamos e que a ciência cartográfica começou a integrar em suas 
discussões teóricas: a visualização. 
A VISUALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
Assim como percebemos, a tarefa primordial do paradigma da comunicação car-
tográfica foi a de encontrar mapas otimizados e funcionais para a realização de 
tarefas específicas para cada tipo de usuário. Acontece que, ao longo da década 
de 80 e 90, a disseminação de computadores para o grande público forçou os car-
tógrafos a se depararem com um cenário totalmente novo: pessoas comuns, sem 
qualquer formação especializada em mapas, tinham acesso a programas computa-
cionais cada vez mais amigáveis, o que tornava a produção de mapas uma tarefa cada 
vez mais corriqueira e não restrita à especialistas e pesquisadores das geociências. 
Além disso, com a facilidade em compartilhar informações via Internet, um 
número cada vez maior de usuários tinha acesso a mapas que não necessaria-
mente eram voltados para o seu perfil. Será que esses novos usuários que não 
apenas consumiam, mas produziam seus próprios mapas, buscavam uma for-
mação complementar para produzir os seus mapas no dia a dia? Não – e isso 
levou a comunidade de pesquisadores em Cartografia a repensar alguns princí-
pios até então amplamente aceitos.
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O primeiro ponto que gostaríamos de enfatizar é que, independentemente 
do tipo de uso que os usuários fazem dos mapas, todos eles envolvem uma ação 
cognitiva que consiste em gerar imagens mentais que denominamos visualiza-
ção. Em termos gerais, visualizar significa tornar visível para a mente alguma 
coisa, o que não, necessariamente, significa restringir essa “imagem mental” ao 
domínio da visão, mas compreendê-las como signos especiais que facilitam um 
melhor entendimento da realidade por parte dos seres humanos. A visualização 
científica refere-se às ações de visualização voltadas a explorar a realidade a par-
tir do método científico e, nesse sentido, a Cartografia começou a se debruçar 
sobre o estudo das diferentes formas de visualizar o espaço – não só entender 
melhor suas características físicas, mas sociais, econômicas, sanitárias, cultu-
rais, dentre outras. O termo empregado para se referir aos modos de visualizar 
o espaço para a Cartografia é visualização cartográfica ou, ainda, visualização 
geográfica (ou geovisualização).
Para que um mapa gere visualizações, espera-se que seja capaz de facili-
tar o entendimento de algum aspecto do espaço - embora isso, de certa forma, 
seja uma tarefarealizada por qualquer bom mapa. A questão que é posta como 
desafiadora é que os computadores permitiram que fossem desenvolvidos sof-
twares, como os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs), que permitem maior 
interação e, consequentemente, uma transformação do produto cartográfico sem-
pre que o usuário precisar. Por exemplo: a possibilidade de escolher, no Google 
Maps, entre uma camada sombreada do relevo, das vias de circulação ou da ima-
gem de satélite permite que o usuário visualize um mesmo espaço da maneira 
que mais lhe convém. Esse era um cenário inimaginável no contexto anterior à 
Cartografia digital, pois os mapas eram “congelados” no papel e sua atualização 
poderia ser custosa e demorada. 
Para que essas novas características da Cartografia fossem ressaltadas, novos 
esquemas foram formulados pela comunidade científica, cada qual valorizando 
um novo cenário das pesquisas sobre mapas. Vejamos dois dos principais modelos:
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PENSAMENTO VISUAL COMUNICAÇÃO VISUAL
Exploração
Con�rmação
Síntese
Apresentação
DOMÍNIO PRIVADO DOMÍNIO PÚBLICO
Figura 11 - Os quatro “momentos” do uso do mapa: exploração, confirmação, síntese e apresentação
Fonte: adaptada de MacEachren (1995).
O primeiro modelo proposto por DiBiase (1990) enfoca os diferentes momentos 
no uso dos mapas e agrupam seus usuários em duas grandes classes: os especia-
listas (domínio privado) e os não-especialistas (domínio público). O domínio 
privado é composto por pesquisadores ou usuário avançados que utilizam o 
mapa para gerar um novo conhecimento ou, ainda, confirmar hipóteses explo-
ratórias. No caso, os mapas gerados para esse domínio voltado para a exploração 
e confirmação de hipóteses científicas pode não necessitar de mapas que sigam, 
rigorosamente, todas as convenções cartográficas, e sua aparência final pode ser, 
até mesmo, considerada pouco amigável por usuários não-especialistas. 
Por outro lado, usuários não-especialistas, pertencentes do domínio público, 
usam mapas em um nível mais elementar para a realização de tarefas mais sim-
ples e cotidianas. Basicamente, esses usuários decodificam uma informação já 
explorada e tratada por algum pesquisador, o que exige que o mapa seja pen-
sado – inclusive, esteticamente – para ser amigável a um número maior e menos 
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restrito de usuários. Nesse sentido, o paradigma da comunicação cartográfica 
é mais evidente nesse domínio marcado pela comunicação visual, ao contrário 
do domínio privado, que é marcado pelo pensamento visual. 
É fundamental lembrarmos que essas quatro etapas e esses dois domínios não 
são excludentes, mas predominantes. O que o autor de mapas deve considerar é em 
qual momento no processo de investigação científica – de exploração, confirmação, 
síntese ou de apresentação – o mapa em questão será empregado. A capacidade 
de transformação e adaptação de um mapa ou de um SIG em alterar as formas 
com que um fenômeno pode ser representado para que novas informações sobre 
o espaço estudado sejam exploradas ou confirmadas é denominado interatividade. 
Dentre as características que um produto cartográfico pode oferecer, pode-
mos elencar a mudança nos níveis ou camadas de informações, alteração rápida 
no modo de implantação e representação dos dados, representação de fenômenos 
em movimento ou, ainda, alteração da escala cartográfica de maneira automá-
tica. Essa propriedade de interatividade deve ser sempre considerada de maneira 
relativa, isto é, os produtos carto-
gráficos podem apresentar baixa 
ou alta interatividade na represen-
tação dos fenômenos e não deve 
ser vista como uma propriedade 
ou presente ou ausente de um 
mapa. Essa propriedade, que pode, 
ou não, favorecer a visualização, 
é assinalada no esquema desen-
volvido por MacEachren (1995) 
e comumente denominada carto-
grafia ao cubo: 
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Público
Privado
Apresentar
o conhecido
Revelar o
desconhecido Alta interatividade Baixa interatividade
Figura 12 - O modelo “cartografia ao cubo” ou “cubo 
cartográfico”
Fonte: adaptada de MacEachren (1995).
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Esse modelo conceitual demonstra a presença de três parâmetros que caracteri-
zam o mapa: o tipo de público atendido, o grau de interatividade do produto e 
o tipo de função que desempenha. Os vértices opostos, formado nos polos con-
trários dos três parâmetros apresentados, indicam a atividade predominante que 
um produto cartográfico pode desempenhar: produtos com alta interatividade, 
usados por usuários do domínio privado para explorar novos conhecimentos, 
priorizam a ação da visualização. Por outro lado, os usuários do domínio público, 
com acesso aos produtos de baixa interatividade e que usam os mapas para deco-
dificar informações já confirmadas cientificamente estão inseridos nas atividades 
típicas da comunicação cartográfica. 
Caro(a) aluno(a), para ver, na prática, como o modelo da cartografia ao cubo 
funciona, acesse o QR Code a seguir: 
Quais atividades podem ser propostas aos alunos da Educação Básica para 
que se aprenda as diferentes funções desempenhadas pelos mapas em um 
processo investigativo?
Para ter mais informações sobre o conteúdo 
cartografia ao cubo, consulte nosso 
QR Code por meio da sua plataforma.
http://
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Reprodução proibida. A
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AS RELAÇÕES ENTRE A CARTOGRAFIA E A 
GEOGRAFIA
Assim como apresentamos no início deste capítulo, existe uma relação muito 
próxima entre o desenvolvimento do conhecimento geográfico dos povos e o desen-
volvimento de uma cartografia própria. A partir do estabelecimento da ciência 
como forma prioritária de entender a realidade nos séculos XVIII e XIX, ocu-
pando o lugar da visão religiosa que vigorou na Idade Média, tanto a Geografia 
quanto a Cartografia passaram a apresentar forte reciprocidade. Esta, auxiliando 
o desenvolvimento do conhecimento geográfico sistematizado, e aquela, por sua 
vez, promovendo o desenvolvimento de novas formas de representações espaciais. 
É válido relembrar que há grande variedade de geografias reveladas pela história 
do pensamento geográfico, cada qual com períodos que valorizavam abordagens, 
problemas e paradigmas próprios do seu tempo. Da mesma forma, não há apenas 
uma cartografia, mas várias, assim como veremos nas linhas seguintes.
A Cartografia é, atualmente, definida pela Associação Cartográfica 
Internacional como uma disciplina que envolve a arte, a ciência e a tecnologia 
na produção de mapas (DENT, 1985). Por mapa, entendemos uma imagem grá-
fica que mostra a localização de classes ou categorias de fenômenos no espaço 
a partir de uma projeção ortogonal (KEATES, 1989). Além dos aspectos mais 
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imediatamente tangíveis, a produção de mapas envolve a coleta de dados, seu tra-
tamento, sua generalização e sua simbolização. Logo, os desafios da Cartografia 
não envolvem apenas as preocupações mais materiais, mas também cognitivas 
no processo de produção e leitura dos produtos cartográficos. 
De maneira geral, encontramos, na literatura cartográfica, uma classifica-
ção básica para os mapas em dois grandes grupos: mapas de referência e mapas 
temáticos. Caro(a) aluno(a), assim como veremos ao longo deste livro, essa não 
é a única forma de classificarmos os mapas,mas será o nosso ponto de partida. 
Podemos definir os mapas de referência (ainda conhecidos como mapas gerais 
ou mapas de base) como as representações cartográficas que priorizam um alto 
grau de exatidão na localização dos fenômenos do espaço, tanto naturais quanto 
culturais. Geralmente, esses mapas são os primeiros gerados pelos Estados para 
o conhecimento dos recursos naturais dos territórios e para o planejamento, 
sendo comumente executados pelos exércitos. 
As escalas cartográficas desses mapas são variadas - entre 1:10.000 e 1:100.000 - 
e representam os recursos hídricos, as vias de circulação do território, as curvas de 
nível, o arruamento das cidades, as fronteiras e limites administrativos e outros ele-
mentos da paisagem que se encontram ali de maneira permanente. O título desses 
mapas remete sempre ao nome da localidade principal inserida no recorte espacial 
feito pelo autor de mapas. Até a metade do século XVIII, este era o tipo de mapa domi-
nante, sendo a carta topográfica o seu produto típico (JOLY, 1990; KEATES, 1989).
A segunda grande categoria de mapas são os mapas temáticos (também 
denominados mapas especiais), que têm como objetivo demonstrar a distri-
buição espacial de algum fenômeno geográfico específico. O desenvolvimento 
dos mapas temáticos é posterior ao dos mapas de base, remontando ao século 
XVIII. Seu surgimento ocorre pela necessidade de novas abordagens científicas 
do espaço, pois a mera catalogação exaustiva dos aspectos visíveis da paisagem 
presente na cartografia sistemática tornava-se cada vez menos suficiente para 
entender os fenômenos e processos naturais “invisíveis”, como a dinâmica da pres-
são atmosférica, das chuvas, da temperatura ou até mesmo de algumas doenças. 
Passava-se, portanto, do estabelecimento de classes eminentemente visuais para 
categorias mentais dos fenômenos, geralmente, ressaltando sua estrutura (DENT, 
1985; MARTINELLI, 2009). Os mapas temáticos podem ter inumeráveis temas, 
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Reprodução proibida. A
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mas, geralmente, são divididos em dois subgrupos: os qualitativos (que mostram a 
distribuição ou localização de algum fenômeno) e os quantitativos (que mostram 
os aspectos numéricos dos fenômenos especializados). Por desenvolver e dispor de 
novas técnicas para a representação de uma gama cada vez maior de fenômenos, 
a Cartografia passou a ganhar um papel cada vez mais relevante na exploração, 
confirmação, síntese e apresentação do conhecimento geográfico sistematizado.
Voltemos à nossa questão inicial: como a Cartografia responde às mudanças 
de paradigmas da Geografia no estudo do espaço? Seria possível identificarmos 
tipos privilegiados de mapas nas correntes do pensamento geográfico? Mais do 
que determinarmos os tipos de mapas que cada momento histórico da Geografia 
prioriza, devemos entender quais são as maneiras que os geógrafos utilizam os 
mapas para subsidiar suas investigações. Na Geografia Clássica, por exemplo, que 
priorizava a catalogação e descrição do espaço, os mapas eram ferramentas usa-
das para a indicação da localização dos cursos d’água, a extensão da vegetação ou 
mesmo das cidades. Na Geografia Regional, os mapas eram empregados para a 
regionalização e a identificação das particularidades de um determinado recorte 
espacial tanto para fins acadêmicos quanto para o planejamento do território.
No contexto da Nova Geografia, que propõe estudar as organizações espa-
ciais por meio do emprego de teorias, modelos e técnicas matemáticas, o mapa 
passa a ser entendido como um modelo da realidade: 
É relativamente fácil visualizar os mapas como modelos representativos do 
mundo real, mas é importante compreender que eles são também modelos 
conceituais que contêm a essência de generalizações da realidade. Nessa 
perspectiva, mapas são instrumentos analíticos úteis que ajudam os inves-
tigadores a verem o mudo real sob uma nova luz ou até proporcionar-lhes 
uma visão inteiramente nova da realidade (BOARD, 1975, p. 140).
De maneira mais imediata, não há nenhum problema em tratarmos os mapas como 
modelos quando temos a consciência da sua insuficiência em esgotar toda a dinâ-
mica e a complexidade do espaço geográfico. O problema maior, que gerou uma 
série de críticas a essa Geografia Quantitativa, foi a adoção de técnicas estatísticas 
para a geração de dados sem um questionamento sobre o significado histórico dos 
processos que produziram as características do espaço investigado. É válido lem-
brar que o mapa nunca pode ser visto como um produto com um fim em si mesmo, 
isto é, sem um uso que envolva o entendimento de algum aspecto do espaço.
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No período de renovação da Geografia, surgiu uma corrente que, segundo 
Christofoletti (1982), tem como foco centralizar a experiência individual ou do 
grupo, na busca da compreensão do comportamento e da percepção das pessoas 
em relação aos seus lugares. Esse movimento utiliza a fenomenologia existencial 
para delimitar a noção de espaço como o espaço presente, permeado de senti-
mentos, imaginação e subjetividades. Nesse movimento, a Cartografia centra-se 
nos estudos da percepção do espaço pelo indivíduo e na influência dos elemen-
tos cartográficos na percepção das pessoas. Contudo, de que forma?
De acordo com Claval (2011), no início dos anos 60, os geógrafos ficaram 
fascinados com os estudos desenvolvidos por Kevin Lynch sobre a imagem que 
as pessoas construíam em relação às cidades que habitavam, pedindo para que 
estas desenhassem, em folhas em branco, mapas espontâneos, também denomi-
nados de mapas mentais, que podem ser considerados:
Imagens espaciais que as pessoas têm de lugares conhecidos, direta ou 
indiretamente. As representações espaciais mentais podem ser do es-
paço vivido no cotidiano, como por exemplo, os lugares construídos 
do presente ou do passado; de localidades espaciais distantes, ou ainda, 
formadas a partir de acontecimentos sociais, culturais, históricos e eco-
nômicos, divulgados nos meios de comunicação (ARCHELA; GRA-
TÃO; TROSTDORF, 2004, p. 127).
Figura 13 - Exemplo de mapa mental desenhado por um adolescente de 14 anos
Fonte: Archela, Gratão e Trostdorf (2004).
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O mapa mental é um elemento intangível, presente na memória dos seres huma-
nos, utilizado para a localização, orientação e julgamentos espaciais. Entretanto, 
esse termo é frequentemente adotado para nomear os desenhos espontâneos, 
esquemáticos e pouco rigorosos, do ponto de vista matemático, que os seres 
humanos produzem, geralmente, em folhas de papel. No ensino de Geografia, 
esse tipo de recurso é muito utilizado nas séries iniciais como recurso para o 
diagnóstico de apreensões gerais dos alunos e como ponto de partida para ama-
durecer uma alfabetização cartográfica.
No ensino de Geografia, a Cartografia é considerada uma linguagem impor-
tante na promoção do entendimento do espaço geográfico, cujo interesse tem-se 
mostrado crescente entre os professores desde a publicação dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais de Geografia, na década de 1990. Esse aspecto, todavia, 
será aprofundado nos próximos capítulos, pois a alfabetização cartográfica exige 
a adoção de estratégias especiais pelo professor de Geografia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), a Cartografia é um conhecimento que sempre esteve presente 
nas sociedade. Além de ser uma ferramenta para localização e deslocamento 
dos grupos,os mapas se constituem como formas de ver e entender a realidade, 
característica cada vez mais valorizada pela Cartografia Histórica. É evidente 
que, dada a grande variedade de culturas e demandas, seus aspectos são diversos 
quando olhamos os mapas dos povos antigos, mas todos indicam a necessidade 
de os seres humanos conhecerem o seu espaço.
Embora seja um saber antigo, a sistematização da Cartografia enquanto 
ciência autônoma é recente, datando após a Segunda Guerra Mundial. Em um 
primeiro momento, o paradigma vigente na ciência cartográfica considerava o 
mapa como um canal de informação de uma mensagem pré-determinada, mas 
esse paradigma mostrou-se insuficiente, pois os mapas não possuem, necessa-
riamente, uma quantidade de informação controlada pelo seu autor. O conceito 
de visualização cartográfica emerge, então, considerando o mapa em sua função 
mais ampla, de gerar imagens mentais do espaço, o que abriu novas perspec-
tivas para que as modernizações tecnológicas – inclusive, a Cartografia Digital 
– encontrasse um arcabouço teórico consistente. 
Estabelecer a especificidade do perfil do provável usuário de mapas, embora 
seja um dado importantíssimo no estabelecimento das diretrizes do projeto car-
tográfico, é uma tarefa que exige um cuidado, por parte do autor, ainda maior. 
Isso ocorre, porque os computadores, dispositivos móveis e a Internet torna-
ram as geoinformações mais acessíveis para um número muito maior e diverso 
de usuários. 
Podemos afirmar que o saber cartográfico e geográfico, mesmo se concen-
trando em campos distintos – o primeiro tendo interesse em representar o espaço, 
enquanto o segundo preocupa-se em compreendê-lo – estão conectados desde 
antes da invenção da escrita. Hoje, a Cartografia auxilia a Geografia na geração 
de visualizações para exploração, confirmação, síntese e apresentação de novos 
conhecimentos, sendo uma ferramenta importantíssima para o ensino de geo-
grafia nas escolas.
42 
1. Embora a Cartografia seja uma prática milenar, sua sistematização em uma ci-
ência autônoma aconteceu somente após a Segunda Guerra Mundial. Assinale 
a alternativa que corresponde à principal característica desse reconhecimento:
a) O surgimento de uma nova categoria de mapas denominada mapas temáti-
cos que reflete o desenvolvimento tecnológico e as novas formas de coletas 
de dados.
b) A adoção de um paradigma científico denominado comunicação cartográfi-
ca que orientou as pesquisas em Cartografia.
c) O desenvolvimento tecnológico dos computadores e dos mapas digitais.
d) O começo da utilização de mapas para a reconstrução das regiões destruí-
das pela guerra.
e) O amadurecimento da geovisualização como conceito estruturador do pro-
jeto cartográfico.
2. A visão moderna da história da Cartografia reconhece um espectro mais am-
plo de representações espaciais como mapas legítimos. Um dos motivos dessa 
mudança de perspectiva é o abandono da visão eurocêntrica como parâmetro 
único de visão correta do mundo. Considerando essa tendência, analise as afir-
mações seguintes:
I. A moderna história da Cartografia considera os aspectos cartométricos 
como balizadores na diferenciação entre um mapa e um desenho qualquer.
II. O conceito de visualização cartográfica pode ser empregado na problemati-
zação dos mapas pré-históricos.
III. Um dos aspectos que diferencia os mapas antigos dos atuais é que estes 
possuem a preocupação de serem compreendidos pelo maior número de 
pessoas possível.
IV. Até mesmo os povos sem escrita desenvolveram mapas para a realização de 
itinerários pelo território. 
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
43 
3. Considerando os mapas apresentados na figura a seguir, julgue as afirmações 
a seguir com (V) para as Verdadeiras e (F) para as Falsas:
Fonte: https://enterprise.google.com.br/intl/pt-BR/maps/products/mapsapi.html 
( ) A capacidade do usuário de alterar as formas de visualização de um fenôme-
no representado é um exemplo de interatividade. 
( ) É possível afirmarmos que os dois mapas cumprem, de maneira satisfatória, 
o mesmo objetivo.
( ) Predominantemente, os usuários que utilizam os dois mapas pertencem ao 
domínio privado
( ) A vertente psicofísica dos estudos em Cartografia fornece estudos para jus-
tificar a escolha do melhor trajeto definido nos mapas.
A sequência correta é:
a) V, F, F, F.
b) V, V, F, F.
c) F, V, V, V.
d) F, F, F, V.
e) V, V, V, F.
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4. Todo mapa cumpre uma função, isto é, não pode ser compreendido como um 
produto isolado com um fim em si mesmo Considerando o primeiro paradig-
ma da Cartografia, qual é o papel que o usuário de mapas passa a ter na elabo-
ração do projeto cartográfico?
5. O conceito de visualização cartográfica considera que um produto cartográfi-
co pode cumprir diferentes papéis na construção do conhecimento científico. 
Identifique quais papéis são esses e forneça exemplos que poderiam ser leva-
dos para os alunos da Educação Básica.
45 
Desconstruindo o mapa
No final da década de 1980 e início da década de 1990, principalmente na literatura 
anglo-saxônica, ampliou-se a discussão sobre natureza subjetiva e retórica do mapa. 
Um dos precursores dessa discussão foi J. Brian Harley, com seu artigo Deconstructing 
the map, publicado na revista Cartographica em 1989. Harley (1989) propõe uma leitura 
da natureza da Cartografia a partir da concepção do mapa como uma construção social. 
Com base principalmente nas obras de Derrida e Foucault, o autor propõe a descons-
trução do mapa por meio da análise de sua textualidade e de sua natureza retórica e 
metafórica. Harley afirma que as análises conceituais usuais da história da Cartografia 
se baseavam em fundamentos filosóficos que estabeleciam uma leitura pré-moderna 
ou então moderna do tema e, por isso, era necessário desenvolver uma análise a par-
tir de fundamentações filosóficas que permitissem uma leitura pós-moderna. Para isso, 
Harley afirma que a estratégia de desconstrução seria a chave. O autor apresenta a des-
construção como “tática para romper a ligação entre realidade e representação que tem 
dominado o pensamento cartográfico. [...] o objetivo é sugerir que uma epistemologia 
alternativa, baseada mais na teoria social do que no positivismo científico, é mais apropria-
da para a história da Cartografia (p. 02, grifo do autor).
Da teoria de Foucault, Harley (1989) utiliza, para o processo de desconstrução do pensa-
mentocartográfico, a ideia da “onipresença do poder em todo o conhecimento, mesmo 
sendo o poder invisível ou implícito, incluindo o conhecimento particular codificado 
nos mapas e atlas”. Das ideias de Derrida, ele toma a presença de retórica em todos os 
textos, o que “demanda uma busca por metáfora e retórica em mapas que antes os pes-
quisadores encontravam somente medidas e topografia” (p. 03). Nesse sentido, o mapa 
é visto como um texto a partir da compreensão de que “‘o que constitui um texto não 
é a presença de elementos de linguística, mas o ato de construção’, sendo assim os ma-
pas, como ‘construções que empregam um sistema de signos convencional’, tornam-se 
texto” (p. 07). Os mapas são artefatos culturais. A partir desses princípios, o autor propõe 
que a desconstrução do mapa é uma forma de leitura que
Nos leva a ler nas entrelinhas do mapa – “nas margens do texto” – e, atra-
vés de suas figurações, a descobrir os silêncios e as contradições que de-
safiam a aparente honestidade da imagem. Começamos a aprender que 
os fatos cartográficos somente são fatos dentro de uma perspectiva cul-
tural específica. Começamos a entender como os mapas, assim como a 
arte, longe de serem “uma abertura transparente para o mundo”, são, no 
entanto “uma maneira particular do homem... olhar o mundo” (HARLEY, 
1989, p. 03, grifo do autor).
Neste contexto, a Cartografia é conceituada pelo autor como “um discurso – um sistema 
que dispõe de um conjunto de regras para a representação do conhecimento intrínseco 
às imagens que definimos como mapas e atlas” (p. 12). O autor apresenta duas formas 
de poder na Cartografia: a externa e a interna. Por poder externo, ele entende o poder 
exercido por alguém sobre o mapeamento; não é o poder intrínseco ao mapa e ao ma-
46 
peador, mas sim o poder que é fruto da demanda do contratante para quem o mapa é 
elaborado. Já o poder interno é o poder próprio do mapa, exercido a partir da seleção 
e hierarquização dos elementos representados (HARLEY, 1989). Podemos concluir que 
esses dois poderes são indissociáveis, pois só a partir do poder interno é que o poder 
externo pode existir, já que é o tratamento das técnicas e dos elementos representados 
que possibilita diversas expressões de um mesmo espaço.
Fonte: adaptado de Girardi ([2019], on-line)⁶.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
O descobrimento da Terra: História e histórias da 
aventura cartográfica
Oswald Dreyer-Eimbcke
Editora: Melhoramentos e Edusp
Sinopse: este livro mostra que o descobrimento da Terra não foi 
somente obra de um empreendimento planejado e executado pelas 
potências marítimas da Europa. Ao contrário: o acaso, mitos, enganos 
e preconceitos também levaram a muitas descobertas curiosas e 
originaram surpreendentes representação cartográficas. Baseado na 
documentação de um grande número de mapas e cartas geográficas, o 
autor narra a história e as histórias empolgantes do descobrimento da 
Terra.
O site da competição de mapas feitos por crianças em homenagem à Barbara Petchenik mostra 
uma série de mapas criados por jovens do mundo todo. Eles expressam visões, desejos e medos 
de centenas de crianças!
Web: https://childrensmaps.library.carleton.ca/.
REFERÊNCIAS
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representação do lugar Geografia, v. 13, n. 1, p. 127-141, 2004. 
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grafia. Revista Brasileira de Cartografia, n. 64/2, p. 367-376, 2011. 
REFERÊNCIAS ON-LINE
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2 Em: http://www.ancient-wisdom.com/Images/maps/catalhuyuk6200bc.jpg. 
Acesso em: 15 jul. 2019.
3 Em: http://www.openculture.com/2017/04/ancient-world-maps-that-change-
d-the-world-see-maps-from-ancient-greece-babylon-rome-and-the-islamic-
-world.html. Acesso em: 15 jul. 2019. 
4 Em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/JapanesePorto-
lanMap.jpg. Acesso em: 15 jul. 2019.
5 Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Topographic_map_example.png. 
Acesso em: 16 jul. 2019.
6 Em: http://www2.fct.unesp.br/nera/atlas/cgc_c.htm. Acesso em: 16 jul. 2019.
GABARITO
1. B.
2. C.
3. A. 
4. No paradigma da comunicação cartográfica, o usuário passa a ser considerado 
um ente fundamental na construção do mapa, pois se deve compreender quais 
são as suas necessidades e seu repertório de conhecimento, para que se produ-
zam mapas com a menor quantidade de ruídos possíveis.
5. A comunicação cartográfica específica tem quatro papéis no uso dos mapas: 
exploração, confirmação, síntese e apresentação. Na exploração, o professor po-
deria levar rabiscos iniciais de mapas, explorando a relação entre a presença de 
água contaminada e cólera, por exemplo. Na confirmação, os alunos poderiam 
ser levados para a sala de informática e confirmarem que existe uma relação 
entre áreas com relevo acidentado e escorregamentos. Na fase da síntese, os 
alunos poderiam elaborar um mapa de áreas de risco de tsunamis. Por fim, na 
apresentação, o professor poderia levar um

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