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Parasitologia (Rubens) - Aula 3/P2: Ancylostomatidae, Larva migrans e Enterobius vermicularis

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PARASITOLOGIA – P2 
Prof. Carlos Rubens 
 
Aula 3: Ancylostomatidae, Larva Migrans e Enterobius vermicularis 
 
 
Ancylostoma duodenale e Necator americanus 
 
Vimos a Taenia e o Schistossoma que são vermes achatados. 
Hoje vamos ver os vermes cilíndricos Ancylostomatidae e Enteroius. Eles são nematódios – não são nem 
cestódios, nem trematódios. 
É uma das verminoses mais prevalentes no Brasil e uma das mais devastadoras em termos de produção 
laboral por parte de hospedeiro, porque quando falamos em ancilostomídeos, estamos falando em escoriação 
sanguínea direta, ou seja, são vermes hematófagos. 
Então, temos um problema: primeiro pela perda de sangue e se essa perda estiver associado a um déficit 
nutricional, temos então outro problema: quadros de anemia. Esta anemia ocorre tanto pela escoriação de sangue 
quanto pelo déficit nutricional. 
Portanto, podemos ter danos primários pela sucção de sangue e por etiologia secundária associada à 
carência nutricional. Então, se associarmos este parasitismo com más condições nutricionais, podemos ter 
consequência graves e até mesmo fatais. 
 
Reino: Animalae 
Filo: Plathelmintes 
Classe: Nematoda (vermes cilíndricos) 
Família: Ancylostomatidae 
Gêneros: Ancylostoma e Necator. 
Há um terceiro gênero, mas não nos interessa diretamente Ancylostoma ....?celane?... esporadicamente 
pode causar danos em seres humanos. Esse Acylostoma ....?celane?... é parasito de cães e felinos, então não há 
importância imediata. 
 
Ancylostoma duodenale é do velho mundo, tem preferência por climas temperados, mas isso não quer dizer 
que não ocorra no Brasil, pelo contrário. 
Necator americanus prefere climas mais quentes e é predominante no Brasil, mas ambas as espécies e 
ambos os gêneros estão presentes no Brasil. 
 
Em termos de morfologia é de difícil separação, porque a morfologia dos ancilostomídeos é em função da 
cápsula bucal. Existem outros parâmetros que também são relevantes, mas a cápsula bucal é a mais utilizada para 
fazer o diagnóstico etiológico. 
Ancylostoma duodenale e Necatur americanus mostram na profundidade da sua cápsula bucal lâminas e 
dentículos que servem para dilacerar vasos da mucosa do intestino delgado – seu habitat convencional – e a partir 
daí fazer a sucção de sangue. Então, são vermes espoliadores. 
 
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As consequências dependem do número de parasitos e também na reposição do material perdido. Por isso, 
mais uma vez, destacamos o parasitismo hematofágico e a nutrição. Se houver um grande número destes parasitos 
e um déficit nutricional, as consequências podem ser graves e, não raro, fatais. 
 
Trata-se de uma geohelmintose, ou seja, trata-se de um helminto que tem um ciclo obrigatório no solo e é de 
vida livre. Então, o primeiro ciclo que vamos observar ocorre no solo – larvas de vida livre e não parasitárias. 
Então, vamos observar este ciclo que é idêntico tanto para Necatur quanto para Ancylostoma. Por isso, o 
nome é ciclo dos ancilostomídeos. 
 
A primeira observação nesse ciclo é a eliminação de ovos do hospedeiro para o meio ambiente. São 
eliminados ovos ainda não embrionados para o meio ambiente. 
Temperatura e oxigenação são 2 fatores fundamentais para o processo da embriogênese - a formação de 
larva dentro do ovo. Normalmente este processo não ocorre com os ovos no meio fecal, porque o meio fecal é um 
meio impróprio por causa da putrefação, necrobiose, enfim. 
Os ovos fazem este processo de embriogênese quando a temperatura está mais elevada para Necatur e um 
pouco menos elevada para o Ancylostoma. Ambos sobrevivem em climas distintos, então o processo de 
embriogênese do ovo também é acompanhado de certas temperaturas. A temperatura do ar tem que ser elevada. O 
meio não pode estar putrefado e a partir daí, em poucos dias ocorre a formação de uma larva de primeiro estágio L1. 
As larvas de estágio L1 são chamadas de larva rabditoide. É rabditoide porque ela tem o esôfago peculiar, ou 
seja, o esôfago é em forma de uma clave de sol, por isso é chamada também de larva claviforme. 
L1 é uma larva livre, não é parasitária, ela está no solo, por isso geohelmintose. A L1 se multiplica, se 
alimenta principalmente de microrganismos e de matéria orgânica em decomposição. 
L1 se transforma em L2 que continua o processo de crescimento e se transforma em L3 que também 
continua o processo de crescimento, se alimenta de microrganismos e matéria orgânica em decomposição. 
Finalmente uma outra metamorfose: L3 com uma membrana externa que oblitera a cavidade oral e por isso 
não se alimenta e está pronta para infectar um hospedeiro. L3 sofreu uma metamorfose e sofre uma modificação em 
seu esôfago. 
Então, enquanto temos L1 rabditoide, L2 rabiditoide, agora temos uma L3 com esôfago diferenciado, 
retilíneo, e por isso o chamamos de L3 filarióide ou L3 infectante. Portanto, esta é a forma infectante tanto de Necatur 
quanto de Ancylostoma – L3 infectante ou filarióide. 
 
Quando L3 no ambiente do solo... ela poderá infectar o hospedeiro humano. Não há hospedeiro 
intermediário. Portanto, é um ciclo do tipo monoxênico. Através de estímulos químicos, térmicos a larva encontra o 
seu hospedeiro e observem que em qualquer região do corpo que tiver em contato com o solo, principalmente 
regiões desnudas do corpo que estiver em contato com o solo poderá ter estas larvas fazendo penetração ativa na 
pele, mucosas, conjuntiva e até na boca. 
 
Então, a primeira forma de infecção para L3 filarióide é através de água e alimentos contaminados. O 
destino destas larvas quando ingeridas podem fazer penetração pela mucosa oral caindo diretamente na corrente 
sanguínea ou corrente linfática. 
Segunda possibilidade de infecção: L3 filarioide ou infectante pode fazer penetração ativa pela pele. Não 
conseguimos enxergar nem sentir o momento da penetração. As reações inflamatórias aparecerão muito 
provavelmente depois, mas são mais exacerbadas nas reinfecções por reação inflamatória tardia. 
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Então na primo-infecção não vamos sentir no momento da penetração nenhum tipo de reação, mas depois 
sim. Algumas reações podem provocar prurido, edema, pápulas, eritema e vermelhidão na pele pela reação 
inflamatória e vasodilatação. 
 Então, neste momento temos larvas L3 infectantes penetrando pela pele em regiões mais vulneráveis em 
áreas como pés, mas nunca as plantas dos pés porque é uma região muito rígida, mas pode ser pelos espaços 
interdigitais do pé. Pode ocorrer pelas pernas, pelos braços, antebraços, mãos – estas são os locais preferenciais 
para penetração ativa da L3. 
Elas utilizam poderosas enzimas do tipo colagenase que destroem o tecido e através de movimentos 
vibratórios conseguem entre 10 – 15 minutos ganhar o tecido subcutâneo deixando para trás a sua capa protetora e 
agora estas larvas estão na corrente sanguínea ou na corrente linfática, não importa, o destino será sempre o 
mesmo. Por via corrente sanguínea, no final tudo será via sanguínea, veia cava inferior e superior, coração direito, 
tronco pulmonar, pulmões. Nos pulmões ocorrerá transformação da L3 para o quarto estágio, L4. 
Toda larva que faz este tipo de ciclo, ou seja, penetração pela pele ganhando a corrente sanguínea para 
diferentes regiões do organismo recebe o nome de CICLO DE LOSS – em homenagem ao seu descobridor. 
Agora L4 está no pulmão, lá ela pode ascender pela árvore brônquica facilitada pelo muco e pelos batimentos 
ciliares (epit. pseudoestratificado cilíndrico ciliado). Então, ela ascende pela laringe, faringe, traqueia chegando à 
boca onde podem ser expectoradas ou, normalmente, deglutidas. 
Quando deglutidas passam incólume pelo estômago e chega ao intestino delgado onde fixam-se na mucosa 
intestinal, transformam-seem L5 e após alguns dias as larvas .......... serão agora vermes adultos, tanto machos 
quanto fêmeas. 
 
Repetindo: L4 se transformou nos pulmões e ascende pela árvore brônquica e chega até à boca onde podem 
ser ou expectoras ou deglutidas. Quando deglutidas passam incólumes pelo estômago e chegam ao intestino, lá 
fixam-se à mucosa e se transforma em L5 que em alguns dias sofre mais uma transformação, só que agora para 
verme adulto tanto macho quanto fêmea que iniciam a cópula e oviposição. 
Ao passar pelos pulmões normalmente provocam danos aos pulmões. Provocam uma reação inflamatória 
pulmonar denominada Síndrome de Loffler. Se houver reação à passagem dessas larvas poderá ocorrer tosse, febre, 
desconforto abdominal ou torácica, e assim podemos dizer que existe uma reação alérgica à passagem destas 
larvas. São corpos estranhos, portanto Síndrome de Loffler. 
A partir deste momento, portanto, temos vermes adultos encontrados no intestino delgado sugando sangue. 
 
 PATOGENIA 
Penetração de L3 causa algum tipo de distúrbio e isso pode ser utilizado para o diagnóstico clínico. 
Lesões provocadas pela penetração ativa das larvas de terceiro estágio, lesões cutâneas como hiperemia, 
edema, eritema, prurido, pápulas, principalmente nas reinfecções. 
A passagem das larvas pelos pulmões raramente provoca alterações, mas se houver nós a chamaremos de 
síndrome de Loffler, mas vai depender da carga parasitária. 
A síndrome de Loffler pode ser confundido com pneumonia ou tuberculose. 
Parasitismo intestinal. Várias alterações: dor epigástrica, anorexia, dispepsia, cólicas, astenia, náuseas, 
vômitos, flatulência, diarreia, pode haver diarreia com muco e sangue, ou pode ocorrer também opstipação. 
Essas alterações ocorrem principalmente após a oviposição. Então, após o início da oviposição ocorre um 
agravamento dos sinais e sintomas. 
 
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Se este parasito se alimenta basicamente de sangue e seu conteúdo, pode levar a uma diminuição da 
hemoglobina, então, à nível laboratorial vamos encontrar leucocitoce em decorrência da reação do organismo 
diante do parasito. Leucocitose com aumento significativo de eosinófilo - eosinofilia. 
A sucção de sangue pode chegar, no caso do Ancylostoma duodenale, até 0,3mL de sangue por dia para 
cada verme adulto, principalmente as fêmeas que são maiores que os machos. Imagine, 0,3mL por dia para uma 
carga parasitária relativamente alta tende a levar a um quadro de ANEMIA MICROCÍTICA E HIPOCRÔMICA (sempre 
relacionado à deficiência de Ferro). 
Ocorrerá por isso carência de ferro. Toda vez que o indivíduo estiver carente de ferro, ele tenderá a uma 
depravação do apetite, tendendo a comer terra, barro, reboco de parede, estado conhecido como GEOFAGIA. 
No ponto de fixação da cápsula bucal na mucosa intestinal, há uma grande perda de sangue e plasma. 
Portanto, vamos encontrar também um quadro de HIPOALBUMINEMIA. 
O fígado não está sintetizando albumina como deveria - que são as proteínas. O verme está esfoliando 
sangue, plasma ou está sendo perdido no ponto de fixação, ou o indivíduo não está ingerindo proteínas 
adequadamente. 
Em alguns casos também poderemos observar uma HIPERGAMAGLOBULINEMIA, aumento principalmente 
de IgG e de IgE. 
 
 DIAGNÓSTICO 
Diagnóstico clínico: começando pelas lesões provocadas pela penetração das larvas. 
Anamnese: contato com o solo, lesões no local de penetração das larvas, relato de geofagia, etc. 
 
Diagnóstico laboratorial: as fêmeas eliminam milhares de ovos diariamente, podendo chegar à 20 mil ovos, 
no caso do A. duodenale. Então, é fácil de encontrar ovos nas fezes. 
 
Exame parasitológico de fezes: 
Os ovos têm alta densidade então podemos utilizar sedimentação espontânea – método de Hoffman Pons e 
Janer ou Lutz. 
Podemos também utilizar técnica de sedimentação por centrifugação: método de MIFC. 
Ou também podemos utilizar uma técnica que faça suspensão dos ovos no meio adequado: método de Willis. 
 
Os ovos de Ancylostoma ou Necatur são indistinguíveis, ou seja, são morfologicamente idênticos. 
Através destes exames só dá para saber se o indivíduo está ou não parasitado por ancilostomídeos. 
 
Técnica de Stoll: serve para quantificar os ovos por grama de fezes (OPG). Mostra a carga parasitária do 
hospedeiro. 
Mas o diagnóstico específico para gênero e espécie é necessário fazer um método de coprocultura. Assim, 
conseguimos obter a larva L3 filarióide e a partir da L3 dá para saber qual é o gênero e espécie. A coprocultura mais 
utilizada é a técnica de Harada-Mori. 
 
 TRATAMENTO 
No início do século passado este parasitismo já gerava preocupação como relatado nas histórias de Monteiro 
Lobato e no Livro do Neves. 
 
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Pirimidinas: Pamoato de pirantel. 
Pode-se usar também uma segunda substância alopática: os benzinidazóis representados pelo albendazol e 
mebendazol. O albendazol não deve ser utilizado por gestantes devido os efeitos teratogênicos. 
 
Suplemento à base de proteína e ferro (sulfato ferroso). 
Ferro e vitamina C auxiliam um na absorção do outro. 
 
 
 PROFILAXIA 
Educação em saúde e educação sanitária. 
Andar calçado. 
Ao manipular terra ou esterco para jardinagem: usar luvas. 
Água tratada, filtrada ou fervida. 
Cuidado com os alimentos. 
 
OBS: A ingestão da L3 junto com água e alimentos pode provocar parasitismo, porém não vamos observar 
nem o ciclo de Loss nem a Síndrome de Loffler, porque normalmente a L3 ingerida passa pelo estômago e chega ao 
intestino, penetra na mucosa intestinal e vai até as células de Lieberkühn e retorna para a luz intestinal. Como L4 
fixa-se à mucosa do intestino e se transforma em L5 e posteriormente em adulto. 
Então, neste caso de parasitismo por acilostomídeos, não observamos nem Ciclo de Loss nem Síndrome de 
Loffler quando larvas de L3 são ingeridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LARVA MIGRANS: 
Ancylostoma brasiliensis, Ancylostoma caninum e Toxocara canis 
 
Ancilostomídeos que não tenha o homem como hospedeiro definitivo e sim canídeos e felídios (tanto 
domésticos quanto silvestres) podem eventualmente acometer os seres humanos. 
Ancylostoma brasiliensis e A. caninum são acilostomídeos do intestino delgado de cães e gatos que 
ocasionalmente podem acometer seres humanos. 
Temo um terceiro tipo que não é um ancilostomídeo e sim um “ascaradidium” chamado Toxocara canis que 
também pode provocar danos aos seres humanos, mas normalmente não há desenvolvimento do ciclo, portanto são 
chamados de larva migrans. 
 
Larva migrans cutânea: A. caninum e A. brasiliensis. 
Larva migrans visceral ou ocular: Toxocara canis. 
 
O processo é o mesmo. São geohelmiltoses. 
Larva L1, L2: rabditoide. Larva L3: filarióide ou infectante. 
A larva L3 faz penetração ativa nos cães e gatos ou podem ser ingeridos com alimentos ou penetrar na 
mucosa oral de cães e gatos e também podem fazer um ciclo diferente da dos humanos que é a transmissão 
transplacentária e transmamária em alguns gatos. A transplacentária é a mais comum. 
Portanto, cãezinhos jovens de até 3 semanas de idade já podem eliminar ovos de ancilostomídeos no meio 
ambiente. Essa infecção foi adquirida na via ainda intrauterina e contamina o meio ambiente. 
Eles, então, podem eliminar ovos no meio ambiente que vão gerar larvas L1, L2 e L3. 
Quando estiver nas imediações, estas larvas L3 infectantes podem fazer penetração ativa pela pele de 
humanos, mas não vão entrar na corrente sanguínea, nem na corrente linfática para A. caninum e A. brasiliensis. 
Eles ficarão preambulando pelo subcutâneo gerando uma reação inflamatória conhecida por DERMATITEPRURIGINOSA ou DERMATITE SERPIGINOSA (semelhante à serpente). Aqui são denominados bichos 
geográficos. 
(...) 
Normalmente ela não passam para L4, porque não completa o ciclo. Ela morre depois de um certo tempo, 
mas esse tempos pode chegar a meses. Não se transforma em L4 e não completa o ciclo num hospedeiro que não 
seja adequado, mas causa grande desconforto. Prurido intenso e coceira. 
A pessoa se coça muito e as mãos e unhas podem estar contaminadas por agentes patogênicos que podem 
ser carreados para o subcutâneo. O ato de se coçar pode gerar uma solução de continuidade (ferida, úlcera) e 
carrear agentes patogênicos. Agente piogênicos, ou seja, que gera a formação de pus e pode levar até a uma 
gangrena. 
 
 Diagnóstico 
 História de contato com terra contaminada como areia das praias, etc. 
Posteriormente análise dos aspetos morfológicos e topográficos das lesões dermatológicas. A partir daí 
estabelecer um diagnóstico. 
 
 
 
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 Tratamento 
À base de pomada ou creme de tiabendazol. 
A cura parasitológica ocorre em 48 – 72 horas. Portanto o prurido cessa. 
 
 Profilaxia 
OBS: as larvas não estão na água. 
Quando for a praias procurar locais de proteção como as marés. Pois a água que esporadicamente chega ali, 
e como ela é salgada, matará larvas e matará ou inviabilizará os ovos. A água salgada provoca no ovo um fenômeno 
chamado de EXOSMOSE – puxa toda a água e inviabiliza o processo de embriogênese e inviabiliza, portanto, o ovo. 
Não levar os cães à praia. 
 
 
Toxocara canis 
 
Com relação à Toxocara canis não estamos falando de larva migrans cutânea e sim de uma larva migrans 
visceral ou de uma larva migrans ocular. 
Aqui não estamos falando da penetração ativa de uma larva L3 pela pele e sim da ingestão de um ovo de 
“ascaridídium” junto com alimentos que passam pelo estômago. No intestino ocorre eclosão do ovo estimulado 
principalmente pelo suco gástrico e a larva penetra na mucosa intestinal, ganha a corrente sanguínea e é distribuída 
pelas mais diferentes regiões do organismo. 
Então podemos ter larva migrans visceral em qualquer local do organismo e também ocular. Esta larva pode 
causar sintomas ou nenhum tipo de sintoma. O grande problema é o diagnóstico. O clínico é praticamente 
impossível. 
Estas larvas no organismo fazem praticamente nada. Pode levar a formação de um granuloma alérgico e ter 
uma reação inflamatória crônica e específica e isso pode acarretar alguns distúrbios, mas vai depender do órgão 
afetado. 
Pode ser no fígado. Aqui temos um caso de hepatomegalia e talvez ascite. 
Pode ser no sistema nervosos central. 
Estas larvas vieram de um material fecal e podem portanto ter agentes patogênico carreados juntamente com 
elas, então podemos ter um evento de acometimento do SNC com meningites e até encefalites. 
Pode ocorrer um acometimento do olho por estas larvas, principalmente se o número de ovos ingeridos for 
pequena. De certa forma, estas larvas acabam escapando do sistema de defesa e acomete os olhos causando uma 
série de distúrbio como hemorragias retinianas, cataratas, necroses, pode até haver perda total ou parcial da visão. 
 
 Diagnóstico 
O diagnóstico clínico e o diagnóstico laboratorial por biópsia são muito difíceis. É um dos casos mais 
complicados para se diagnosticar. 
No olho é mais fácil de identificar, mas em outros órgãos seria muito difícil, então poderemos utilizar algumas 
técnicas mais sofisticadas e procurar por rastreadores, antígenos para ... ELISA e WESTERN BLOT. 
 
 Profilaxia 
É a mesma que vimos até agora, não muda nada. 
 
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Enterobius vermicularis 
 
É conhecido vulgarmente por oxiurus, porque a família era oxiuridae, mas agora não é mais. E acabou 
ficando conhecido como oxiurus ou lagartinha. 
É um verme monoxênico, ou seja, não exige hospedeiro intermediário. O ciclo é direto: homem – homem. 
Em termos morfológicos o que temos é isso, machos bem menores que a fêmea. Macho tem 
aproximadamente 5mm e a fêmea pode chegar a 1cm. 
Ambos possuem aspecto interessante: na extremidade anterior vamos observar 2 projeções chamadas de 
ASAS CEFÁLICAS - mais nítido na fêmea por causa de seu tamanho. Não se conhece a função dessas asas. 
Possui dimorfismo sexual sim, pela diferença de tamanho. 
A fêmea elimina muitos ovos (não nas fezes). Esses ovos são depositados por ela no período noturno na 
região peri-anal. Portanto, os ovos não são eliminados nas fezes. 
O ovo possui um embrião, possui dupla camada que confere a ele uma grande resistência no meio ambiente. 
Ele possui uma parte convexa e uma outra parte um tanto quanto achatada lembrando grosseiramente a forma da 
letra D. 
O indivíduo parasitado elimina ovos no meio ambiente, os ovos contaminam objetos no meio ambiente. Os 
ovos contaminam água e alimentos e depois ocorre a infecção dele próprio. Então podemos ter vários tipos de 
infecção: 
Auto-infecção externa: onde este hospedeiro que elimina ovos para o meio ambiente pode infectar a si 
mesmo. 
Auto-infecção externa: 
Hétero infecção: indivíduo se infecta com ovos de outro hospedeiro. 
Retro-infecção: se o ovo se romper ainda na região peri-anal e as larvas fazerem uma penetração pelo reto. 
O ovo eclode na região peri-anal libera a larva que penetra pelo reto e se transforma em verme adulto no intestino 
grosso, principalmente no ceco e apêndice. 
 
 Se ocorrer a presença destes vermes no apêndice cecal, pode acarretar uma apendicite. 
 
 Ciclo 
 
Água e alimentos contaminados ----> Homem ----> Intestino delgado ----> Eclosão das larvas ----> L2 ----> L3 ----> 
Ceco ----> Adultos (Acasalamento) ----> fêmeas na região perianal ----> Deposição de ovos ----> Água e alimentos 
contaminados 
 
Este é um parasitismo muito comum em crianças, mas não quer dizer que adultos não possam tê-la. 
O problema desta parasitose não é curar e sim a reinfecção, porque os ovos têm alta resistência no meio 
ambiente e são muito leves e podem ser movidos por várias vias. 
 
Asas cefálicas são as características de uma fêmea – são projeções bilaterais simétricas. 
Após a cópula os machos são eliminados com as fezes e morrem, já a fêmea permanece no intestino grosso 
e no período noturno, ao se deitar para dormir, as fêmeas migram da região cecal para a região peri-anal para 
fazerem a postura de seus ovos. 
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Foto: região anal repleta de fêmeas que vão fazer a postura de ovos no período noturno. 
 
Estas fêmeas ficam perambulando na região anal, sofrem ressecamento – acabam eliminando ovos – e 
morrem. 
A preambulação destas larvas na região peri-anal provocam prurido anal intenso no período noturno. Esse 
prurido provoca irritabilidade, insônia, coceira e pode haver ferimento, lesão na mucosa anal. 
Portanto vai ocorrer na região anal e peri-anal um reação inflamatória com ..... 
A irritabilidade talvez venha da insônia que é provocada por este tipo de verminose. 
Quando o indivíduo se coça, pode ocorrer a contaminação do espaço sub-unguial (em baixo da unha) o que 
serve para contaminar a própria pessoa, alimentos e o meio ambiente. 
 
O interessante neste tipo de parasitismo é que em meninas, a preambulação dessas larvas pela região peri-
anal e perineal pode levar a infecção do trato genital feminino e estas larvas podem provocar uma vaginite, salpingite 
e até uma metrite (é uma inflamação da parede uterina provocada, habitualmente por uma infecção bacteriana). Isso 
devido as questões anatômicas. 
Mas em outros casos observamos que a preambulação destas larvas pode provocar em meninas erotismo e 
até masturbação. 
 
 Diagnóstico 
Clínico: depende da idade, presença insônia e prurido anal. 
Não vamos encontrarovos no exame de fezes. Se eles existirem, serão escassos e necessita de um técnico 
muito especializado. Portanto, o resultado de fezes normalmente é falso negativo. 
O exame convencional recomendado é o método da fita gomada – Método de Grahan. Faz-se aposição da 
fita na região anal e depois é colocada na lâmina para observar ao microscópio na lâmina de 10 x. 
Para fazer este exame o paciente não deve ter feito higiene matinal. 
Portanto, o método de Grahan é o método de eleição para diagnóstico laboratorial da enterobiose. 
 
 Tratamento 
Deve-se fazer aconselhamentos porque só tratar não resolverá o problema. 
Existem muitas drogas, mas que são inócuas para este parasito. Hoje só conheço 1 fármaco efetivo contra o 
Enterobius vermicularis: pamoato de pirvínio conhecido como PYR-PAN. 
 
Ressalva tanto para os ancilostomídeos quanto para o enteróbios: 
No caso do ancilostomídeo A. duodenale e N. americanus, precisamos fazer a repetição do medicamento 15 
à 20 dias depois. Isso porque o tratamento vai matar ou imobilizar o verme adulto, normalmente por bloqueio 
colinérgico (matando? Não. Imobilizando-o). 
No caso das pirimidinas é um bloqueio colinérgico que leva à paralisia muscular. 
No caso dos benzinidazóis, não há síntese da molécula de tubulina por bloqueio da tubulina polimerase, uma 
enzima. Então, se não há formação de microtúbulos, não há formação de citoesqueleto e portanto há uma 
degeneração do epitélio e o parasito morre. 
Só que estamos falando do parasito adulto. As larvas que ainda estão em trânsito pelos pulmões vão morrer 
alguns dias após com a repetição do tratamento – as quais eram larvas no primeiro tratamento e agora viraram 
adultos. 
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Aqui é a mesma coisa, devemos repetir o tratamento alguns dias. Então por mais eficaz que ele seja, temos 
que adotar medidas paralelas ao tratamento. 
 
Medidas paralelas: 
- Nunca sacudir roupas de cama e sim enrolá-las e depois lavá-las com água fervente. 
- Não varrer o quarto e sim usar aspirador de pó e incinerá-las. 
- Roupas íntimas devem ser lavadas e fervidas. 
 
Utilização de pomada à base de mercúrio – pomadas mercuriais – no espaço sub-unguial e manter as unhas 
sempre cortadas bem rentes e mais uma vez tomar cuidado com águas e alimentos principalmente aqueles ingeridos 
in natura. 
Essa é a profilaxia da enterobiose. 
Os enteróbios adoram a região litorânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniele

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