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Caso Simulado - Recursos Excepcionais - RE e REsp

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Peça processual:
Maria Nazaré de Tal, já qualificada nos autos, ajuizou ação declaratória de nulidade de cláusula contratual que prevê o rejuste por faixa etária em desfavor da empresa MM plano de saúde ltda, também já qualificada.
Na inicial, alega a autora que quando completou 60 anos de idade, seu plano teve um reajuste considerável, em 89%. Assim, sustentou a violação ao Estatuto do Idoso que determina que não pode haver discriminação contra o idoso.
A empresa, ao apresentar sua defesa, alegou inicialmente que inaplicável seria o Estatuto do Idoso, uma vez que o contrato firmado entre as partes é de 1999, sendo que o Estatuto é de 2003 (lei 10.741/2003). Ademais, registra que o contrato prevê o reajuste por faixa etária e que por óbvio que uma pessoa idosa costuma utilizar o plano com mais frequência do que antes e por isso, o risco é calculado pela idade, razão pela qual há majoração do valor da mensalidade dependendo da mudança de faixa etária.
O magistrado de 1º grau, da 25ª Vara Cível de São Paulo, julgou procedente o pleito da autora, entendendo pela nulidade da cláusula 12.1 do contrato, que prevê o reajuste acima dos 60 anos de idade. Determinou a devolução dos valores pagos a maior, aplicando-se o prazo prescricional de 10 anos, nos termos do art. 205 do Código Civil.
A empresa interpôs recurso de apelação, alegando, de início o erro no julgamento quanto à ocorrência da prescrição, pois já há recurso repetitivo julgado determinando que o prazo prescricional é de 03 anos em situações como tais. Alegou em seu apelo o seguinte: 
Isso porque, no julgamento do recurso especial repetitivo – Resp n.º 1.360.969/RS - o STJ firmou a seguinte tese: “Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002.”[1: REsp 1360969/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 19/09/2016.]
Portanto, restou definido que a pretensão de repetição de indébito dos valores supostamente pagos a maior somente se refere às prestações pagas no período de três anos compreendidos no interregno anterior à data do ajuizamento da ação.
		Ademais, a empresa sustentou que houve no caso violação ao ato jurídico perfeito, previsto, inclusive, na CF/88, uma vez que o contrato entabulado ocorreu em 1999 e foi aplicado o Estatuto do Idoso.
		Afora isso, alegou que o Estatuto do Idoso não veda reajuste, mas sim a discriminação contra o idoso, mas que há tratamento desigual para aplicação do princípio da igualdade, que o fato de ter havido o reajuste aos 60 anos de idade não significa tratamento desigual e discriminatório.
	Quanto a isso, citou também outro recurso repetitivo, cuja tese foi firmada pela 2ª Seção no REsp. 1.568.244-RJ, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado pelo rito do art. 543-C do CPC/73, cuja ementa se transcreve a seguir:
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CIVIL. PLANO DE SAÚDE. MODALIDADE INDIVIDUAL OU FAMILIAR. CLÁUSULA DE REAJUSTE DE MENSALIDADE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. LEGALIDADE. ÚLTIMO GRUPO DE RISCO. PERCENTUAL DE REAJUSTE. DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS. ABUSIVIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. EQUILÍBRIO FINANCEIRO-ATUARIAL DO CONTRATO.
	A col. 15ª Câmara Cível do TJSP conheceu do apelo e deu parcial provimento ao recurso apenas para aplicar o prazo prescricional trienal. No mais, manteve a sentença incólume.
	A operadora de planos de saúde opôs, então, os embargos declaratórios, alegando omissão quanto o art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, assim o art. 15, § 3º do Estatuto do Idoso. Suscitou a necessidade imperiosa de se mencionar tais dispositivos no fundamento do acórdão em razão do prequestionamento da matéria.
	Ao analisar os embargos, a 15ª Câmara Cível entendeu que não há omissão no julgado e que a intenção da empresa é somente rediscutir os argumentos que já foram analisados pelo Tribunal.
	O acórdão que julgou os embargos de declaração foi publicado em 24.04.2017 (segunda feira). Assim, interponha o(s) recurso (s) cabível (eis) no penúltimo dia do prazo.

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