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Ação Civil Publica

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE ROSANA - SÃO PAULO
 
 
 
 
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu Promotor de Justiça que ao final subscreve, com fulcro nos artigos 1.º, inciso III, 5.°, caput e incisos XXXV, 6.°, caput, 127, 129, incisos II e III, 205, caput, 206, caput, 208, inciso I, todos da Constituição Federal, art.120, incisos II, III e XI, da Lei Federal n.º 8.625/93, combinados com o art. 282, do Código de Processo Civil e demais diplomas normativos pertinentes a espécie, art.1.º, 57, incisos IV, alíneas “a” e “b”, V, 67, inciso II, da Lei Complementar n.º 85/99, artigos 4º, 53, inciso I, 54, inciso I, 201, inciso V, do Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos 2º, 4º, 22, 29 e 30, da Lei nº 9.394/1996 e com fundamento nos autos do Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo MPSP nº XXXXXXXX, e que foi recusado, vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PRECEITO COMINATÓRIO DE OBRIGAÇÃO E PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
em face do MUNICÍPIO DE ROSANA-SP, pessoa jurídica de direito público, sediada na Travessa XXXXX, nº xxx, Centro, nesta Cidade, que deverá ser citado por intermédio de seu representante legal, consoante art. 75, inciso III, do Código de Processo Civil pelo que expõe e requer o seguinte:
1- DOS FATOS
A violação dos direitos básicos e fundamentais das crianças e adolescentes tem sido, constantemente, observada no nosso país. A realidade fática hoje verificada demonstra, claramente, que os próprios Poderes Públicos, que, a princípio, deveriam adotar medidas urgentes e prioritárias para garantir a sobrevivência digna dos nossos jovens, desrespeitam o Estatuto da Criança e do Adolescente, proporcionando aos jovens em peculiar condição de pessoa em desenvolvimento situações que ofendem o princípio da dignidade humana.
Conforme consta do Termo de Ajustamento de Conduta MPSP nº XXXXXXXX, da Xª Promotoria de Justiça de Rosana(SP), cuja peça passa a fazer parte integrante desta petição, a Administração Pública de Rosana está contribuindo, de forma incontestável e decisiva, para a violação dos direitos fundamentais das crianças deste município, na medida em que oferece às mesmas número insuficiente de vagas na rede municipal de ensino infantil.
O Município de Rosana tem se mostrado absolutamente incapaz de compreender a importância da educação no processo formador do cidadão, deixando criminosamente de implementar os investimentos devidos na manutenção e no desenvolvimento do ensino, bem como na oferta de vagas em creches e pré-escolas.
A falta de vagas na Educação Infantil também é objeto de confirmação por parte de um grupo de mãe e pela própria Administração Municipal, que em resposta a Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público (Procedimento Administrativo anexo), se negou ao cumprimento, alegando “ (...) Esclarece que a falta de vagas é devido à crise econômica e as crianças devem aguardar em casa até o próximo ano letivo, pois a falta de vagas se deve à necessidade de corte de gastos da Administração Pública e a administração pública municipal está adotando uma série de providências para resolver a questão”.
			O Prefeito de Rosana, ainda foi mais contundente:
“(...) Informa que existe defasagem na oferta de vagas oferecidas pelo Município para a educação infantil. Informa que não haveria dinheiro suficiente para isso, em razão de estar finalizando as obras de um grandioso estádio de futebol.”
O Município de Rosana não atende espontaneamente a demanda existente no âmbito de jurisdição dessa Justiça da Infância e da Juventude, no que se refere ao oferecimento de vagas na educação infantil (creches – crianças até 03 anos de idade - e pré-escolas (crianças acima de 04 anos de idade).
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes esclareceu que o chefe do poder executivo local não pretende solucionar a questão, senão vejamos:
“ (...)Informa que as vagas para crianças na educação infantil em Rosana são insuficientes. Existe um número insuficiente de CMEI’s. Sabe que a Secretária Municipal de Educação tenta solucionar a questão, mas encontra obstáculo junto ao Prefeito de Caldas Novas que não se propõe a resolver a questão(...)”
De fato, o Município de Rosana não mantém em funcionamento um número suficiente de unidades de ensino da educação infantil, efetuando o atendimento parcial das crianças na faixa etária de 0 (zero) a 6 (seis) anos. 
O que mais preocupa, contudo, é que o requerido, ao invés de buscar equacionar o problema mediante a implementação de novas unidades de ensino e, conseqüentemente, criação de novas vagas, prefere realizar obras vultuosas e adotar a solução simplista e mais danosa àquela clientela infanto-juvenil, especificamente delibera por manter a omissão confessada.
O Município de Rosana insiste em desrespeitar os direitos de um elevado número de crianças que não são atendidas na rede municipal de ensino infantil, logo não resta alternativa ao MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO senão ingressar com a presente Ação Civil Pública, visando a obstrução, imediata, destas violações, e a solução definitiva do problema no âmbito de jurisdição dessa Justiça da Infância e da Juventude, no que tange ao oferecimento de quantidade insuficiente de vagas na educação infantil (creches – crianças até 03 anos de idade - e pré-escolas (crianças acima de 04 anos de idade) pelo requerido.
 
2.      DO DIREITO
2.1. – Da legitimidade ativa do Ministério Público
Em face do disposto nos artigo 127, caput, da Constituição Federal, incumbe ao Ministério Público promover a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº. 8.069/90, em seu artigo 208, inciso III, registra que se regem pelas disposições daquela Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade.
O mesmo dispositivo legal, em seu parágrafo único, registra que as hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses individuais ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.
Pronunciamentos da jurisprudência referendam integralmente a legitimidade do Ministério Público para questões como esta posta em debate. 
Veja-se sobre o tema, dentre outras decisões:
“MINISTÉRIO PÚBLICO - Legitimidade de parte ativa - Defesa da ordem jurídica, sobretudo no que diz respeito aos direitos básicos do cidadão - Recurso provido. Não se deve negar ao Ministério Público a legitimidade ativa ad causam, na defesa do cumprimento das normas constitucionais, sob o argumento da independência entre os Poderes. São independentes, enquanto praticam atos administrativos de competência interna corporis. Não são independentes para, a seu talante, desobedecerem à Carta Política, às leis e, sob tal pálio, permanecerem, cada uma seu lado, imune à reparação das ilegalidades.”(TJSP, Apel. 201.109-1, Rel. Villa da Costa, 04.02.94).
A Egrégia Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao apreciar a Apelação n.º 63.969.0/2-00, da Comarca de Assis, proferiu decisão conforme ementa que segue:
“MENOR – Apelação – Ação Civil Pública para compelir o Município à abertura de matrículas na rede de ensino infantil a todas as crianças de zero a seis anos de idade, sem exceção – Legitimidade do Ministério Público reconhecida – Dever estatal com a educação – Competência municipal para o atendimento em creches e pré-escolas das crianças de zero a seis anos – Necessidade que se equivale à obrigatoriedade – Sentença de procedência mantida – Recurso improvido.” (Rel. Des. Fonseca Tavares, j. 23/11/00, v.u.).
2.2. – Da competência da Justiça da Infância e da Juventude
Não suscitadúvida a competência absoluta para processo e julgamento da causa pela Justiça da Infância e da Juventude, não sendo razoável pretextar-se que vigora a competência do juízo especializado em causas em que figurem como parte a Fazenda Pública, sendo esta inquestionável.
O artigo 148, inciso IV do Estatuto da Criança e do Adolescente, que é Lei Federal (nº. 8.069, de 13 de julho de 1990), estabelece que:
“Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
(...)
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209;”
O artigo 209, por seu turno, dispõe que:
“Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvada a competência da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.”
Vale dizer, apenas a competência da Justiça Federal e dos Tribunais Superiores prefere a da Infância e da Juventude. Nada ficou registrado quanto à competência da Vara da Fazenda Pública, que não goza da mesma qualidade daquela atribuída por Lei Federal à da Infância e Juventude. Mas tal competência é absoluta.
2.3. – Do Mérito
O direito fundamental à educação é tema afeto a inúmeros diplomas legais em todas as órbitas da Federação. Além de objeto da Constituição Federal e de leis nacionais como a que estabelece diretrizes e bases para a educação (Lei Federal nº. 9.394/96) e o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº. 8.069/90), é também alvo de disciplina nas Cartas estaduais e nas leis de organização interna dos municípios.
Antes mesmo daquele dispositivo específico, a própria Constituição Federal já consagrara a educação como direito social fundamental, dispondo sobre ela, dentre outros, nos seguintes artigos:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(...)
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
(...)
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
(...)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
(...)
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
(...)
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade:
(...)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
(...)
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
O artigo 227 da Constituição Federal de 1988 prevê que o Estado, em conjunto com a família e a sociedade, tem o dever de assegurar, com absoluta prioridade, a observância dos direitos das crianças e dos adolescentes, garantindo-lhes o bem estar e a segurança necessária para o pleno desenvolvimento. Vejamos:
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
O mandamento constitucional direcionou, sem dúvida alguma, o legislador do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), o qual elaborou diversos dispositivos que fundamentam a pretensão do Ministério Público e garantem à criança e ao adolescente a salvaguarda dos seus direitos, inegavelmente desrespeitados pela Prefeitura Municipal de Rosana, com a falta de oferecimento de número suficiente de vagas na rede municipal de ensino infantil.
O artigo 7º do ECA regulamenta o direito à vida e à saúde das crianças e adolescentes:
“Art. 7º. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”
O requerido não está preocupado com o “desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”, das crianças de 0 a 6 anos idade. Não providencia a implementação de seu direito fundamental à educação desse importante público, demonstrando preocupante desinteresse pela questão aqui levantada.
A criança, tida pela legislação brasileira, como um ser em desenvolvimento, físico e mental, deve ser respeitada, merecendo tratamento digno, a ponto da Lei nº 8.069/90 estabelecer que “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.” (art. 18).
			E mais especificamente, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece:
“Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
(...)
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Confrontando os dispositivos acima mencionados, com o artigo 54, inciso IV do ECA, que enuncia ser “dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente, atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”, podemos concluir que a acessibilidade geográfica integra o direito fundamental à educação.
Por fim, apenas para espancar qualquer dúvida, merece destaque o artigo 208, inciso III do ECA, aplicável ao caso concreto:
“Art. 208 - Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensas aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não-oferecimento ou oferta irregular:
 (...)
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade.”
2.4 – DA URGÊNCIA DO PROVIMENTO JURISDICIONAL 
No presente caso, necessária a urgência em compelir o Município de Antonina a proporcionar, de imediato, a oferta de vagas em creches, demodo a atender de forma universal a todas as crianças que zero a três anos com interesse em se matricular. 
O provimento jurisdicional em caráter liminar exige a presença de dois requisitos essenciais: fumus boni iuris (juízo de probabilidade e verossimilhança da existência de um direito) e periculum in mora (fundado temor de que a demora na solução do litígio inviabilize a sua “justa composição”). No caso em apreço, não resta qualquer dúvida quanto à possibilidade ou probabilidade do direito alegado, consoante se infere dos argumentos e dispositivos legais antes mencionados. Com efeito, a plausibilidade do direito invocado, qual seja o fumus boni iuris, está plenamente evidenciado pela flagrante desobediência às referidas normas constitucionais e infraconstitucionais, haja vista que todas as crianças do Município encontra-se privada de atendimento gratuito em creche.
 É reconhecido pelo ordenamento pátrio de maneira expressa o direito à igualdade de acesso de todas as crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos idade à educação infantil, com o correspondente dever do Poder Público (mais especificamente, do município), em proporcioná-la - inclusive, na forma da lei, sob pena de RESPONSABILIDADE - mas também o poder-dever da Justiça da Infância e Juventude em determinar o cumprimento dos comandos legais e constitucionais respectivos, coibindo assim a omissão do Estado tão lesiva aos interesses infanto-juvenis. 
Por outro lado, não permitir a continuidade do agir (ou, melhor, do não agir) do requerido, mostra-se conveniente - e necessário - para minimizar os danos causados à população infantil desta cidade. A continuidade dos atos lesivos a esses interesses só pioraria e agravaria a atual situação que não foi e nunca será bem aceita pelas entidades de atuação em benefício da infância, bem como pela comunidade de Antonina. 
Quanto mais tempo perdurar a negligência e omissão do requerido, maiores os prejuízos àqueles que se encontram privados do atendimento em creche de Educação Infantil - e como dito, enquanto isto as crianças do município permanecem expostas a toda sorte de situações de risco - e maior a chance de tornarem-se inviáveis as soluções às graves violações apontadas aos direitos das crianças e dos adolescentes (até porque as crianças não deixarão de nascer e crescer). 
Assim, diante dos argumentos apresentados, conclui-se que a situação caótica em que se encontra a população infantil do Município de Rosana. 
Assim sendo, resta patente o requisito do periculum in mora, já que a permanência desta situação poderá gerar lesões graves e de difícil reparação às crianças mais carentes, tendo em vista a impossibilidade de receberem educação escolar, retardando e prejudicando o pleno desenvolvimento físico, nutricional, mental e intelectual. 
Muitos são os prejuízos das crianças que ficam em casa ou em outro lugar expostas ao perigo, tendo em vista que os pais necessitam trabalhar e não têm onde deixar seus filhos. 
Ora, a atual situação é confortável para a Administração Pública e desesperadora para as famílias. O Além disso, as crianças estão deixando de aprender as primeiras noções da vida em sociedade e de receber estímulos físicos e psíquicos cuja falta repercutirá não somente em toda sua vida, mas também na realidade social.
3 – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO por intermédio de seu representante legal, requer:	
a) Seja a presente petição recebida, autuada e processada;
b) Seja concedida antecipação de tutela para obrigar o Município de ROSANA, até final julgamento da presente ação, à prestação do serviço público de educação infantil em creches para crianças de até 3 anos e 11 meses, em condição de igualdade, e em pré-escolas a todas as crianças a partir dos quatro anos de idade, cujos pais desejem matriculá-las, quer por meio de rede pré-escolar própria, conveniada ou indireta, respeitados os princípios da universalidade e gratuidade do direito à educação.
c) Seja fixada multa diária ao réu, em caso de descumprimento do item anterior (Tutela Antecipada) com o valor a ser fixado a critério desse Juízo com observância dos mandamentos legais, a ser suportada pelo próprio patrimônio pessoal do Administrador Municipal, fixando-se prazo razoável para o cumprimento da tutela liminar, nos termos do artigo 213, §§ 1º e 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois restou demonstrado que grande número de crianças não está freqüentando creches e pré-escolas municipais, por omissão do município, situação que induvidosamente lhes causam prejuízos.
d) Seja o Município de ROSANA citado na pessoa de seu Representante Legal, o Senhor Prefeito XXXXXXXXXXXXXXX, para, querendo, vir responder aos termos da presente ação no prazo legal, sob pena de aplicação dos consectários jurídicos legais da revelia, o que desde já requer, produzindo as provas que porventura possuir, acompanhando-a até final julgamento;
e) Seja julgado procedente o pedido constante da presente ação em todos os seus aspectos, confirmando-se a antecipação de tutela, para condenar o Município de ROSANA a prestar o serviço público de educação infantil em creches para crianças de até 3 anos e 11 meses, em condição de igualdade, e em pré-escolas a todas as crianças a partir dos quatro anos de idade, cujos pais desejem matriculá-las, quer por meio de rede pré-escolar própria, conveniada ou indireta, respeitados os princípios da universalidade e gratuidade;
f) Seja o Réu condenado, também, ao pagamento das custas e emolumentos processuais, como ônus da sucumbência.
g) Seja reconhecida a isenção do pagamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nos termos do que dispõe o artigo 219, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
h) Seja providenciada a intimação pessoal do Ministério Público do Estado de São Paulo, nos termos do que dispõe o artigo 180, do Código de Processo Civil.
Requer e protesta, ainda, provar o alegado por qualquer meio de prova admitida em direito, máxime provas testemunhais, periciais e documentais, e, inclusive pelo depoimento pessoal do réu, pleiteando desde já a juntada dos documentos anexos que fazem parte do conjunto probatório colhido no Termo de Ajustamento de Conduta, em trâmite nesta Promotoria de Justiça.
Dá-se à presente causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para efeitos fiscais.
			Rosana, XX de XXXXX de 20XX.
XXXXXXXXXXXXX
Xª Promotoria de Justiça de Rosana 
(Curadoria da Infância, Juventude e Educação)
Rol de Testemunhas:
XXXXXXXXX
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XXXXXXXXX
XXXXXXXXX
XXXXXXXXX
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