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QUALIDADE o Qualidade é a reunião de atributos sensoriais, nutricionais além da segurança do alimento, podemos acrescentar o preço, conveniência. o ATRIBUTOS SENSORIAIS: são aqueles que sensibilizam os órgãos sensoriais do consumidor. Em geral compramos com os olhos, logo, a aparência é o primeiro quesito avaliado pelo consumidor. A aparência é avaliada em função do tamanho, forma, coloração, brilho e defeitos, aparência sensibiliza a visão. O segundo seria o gosto, o doce ditado pelos açúcares, o ácido ditado pelos ácidos orgânicos, o amargo ditado pelos terpenóides e fenólicos e o salgado ditado pelos sais minerais. O aroma é o terceiro atributo sensorial, marcado pela emanação de milhares de voláteis diferentes, SABOR= GOSTO + AROMA + SENSAÇÕES TÁTEIS. A textura é determinada pela quantidade de água presente nesses alimentos (75% a 95%) e os carboidratos são importantes na definição dessa textura, como a hidrólise do amido no amadurecimento da banana. (por que ocorre o amaciamento do tomate quando amadurece? Ocorre ação de enzimas pectina metil esterase e poligalacturonase que atuam desesterificando a cadeia péctica e despolimerizando/solubilizando essas pectinas culminando com o amaciamento do produto final). Esses atributos são essenciais para a aceitação do consumidor o SEGURANÇA: envolve os riscos físicos (pequi tem espinhos que se não manuseados com cuidado podem agredir a boca), químicos (uso de agrotóxicos e defensivos agrícolas: somente utilizar os registrados para aquela cultura, usar somente no momento certo, só utilizar na quantidade certa e respeitar o período de carência) e biológicos (microorganismos patogênicos e deteriorantes). o CONVENIENCIA: necessidade de atender as novas demandas devido aos hábitos de vida do consumidor, alguns frutos não são convenientes seja pelo tamanho que excede a capacidade de consumo, seja pelo trabalho que deve ser empenhado para a preparação da fruta ou hortaliça. Atualmente, existe um novo clamor, que está sendo suprido pela criação de minimamente processados, ocorre uma fuga de fast foods e embutidos, oferecendo alimentos mais saudáveis, seguros e prontos para consumo ou para ir para a panela, podendo ser acessível economicamente ou não. Fisiologia e desenvolvimento de frutas e hortaliças o Todo o desenvolvimento é coordenado hormonalmente: ➔ Citocinas: multiplicação celular; ➔ Auxinas: crescimento celular; ➔ Giberelinas: maturação; ➔ Etileno: amadurecimento; ➔ Ácido abscísico: amadurecimento e senescência. FORMAÇÃO → CRESCIMENTO → MATURAÇÃO E AMADURECIMENTO → SENESCÊNCIA o Fruto é o produto do desenvolvimento do ovário das plantas angiospermas. O desenvolvimento inicia-se com a abertura da flor. o A classificação das frutas e hortaliças podem ser de acordo com as partes que serão consumidas, por exemplo: fruto (tomate e frutas), flor (couve-flor), folha (alface), caule (batata), raiz (mandioca) o Quanto maior a taxa respiratória, menor o potencial de conservação, maior a perecibilidade. o Para pós-colheita de frutas e hortaliças, os tecidos que mais interessam são tecidos dérmico (interface entre vegetal no meio ambiente) e tecido parenquimatoso (rico em açucares e matéria orgânica que caracterizam valor nutricional e sensorial do vegetal). O tecido meristemático é importante eventualmente como em batatas, alho e cebola por causa do brotamento. o Os frutos iniciam o desenvolvimento na abertura da flor, se dá a formação, ocorre entumecimento do ovário e enchimento desse ovário que passa a ser chamado de frutíleo. Esse frutíleo cresce pois há uma translocação da folha do vegetal (planta mãe) para o fruto (frutíleo), a planta mãe tem a habilidade fotossintética, na folha possui clorofila onde ocorre a transformação da energia luminosa em energia química e a fixação de CO2 atmosférico, dando origem a açúcares (glicose, hexoses, frutose) que se interconvertem na folha para garantir a sobrevivência da planta mãe e parte deles é translocada para os frutos, promovendo mudança no potencial osmótico da célula. Estímulos hormonais das auxinas, que são hormônios juvenis que estimulam o crescimento em função de uma transdução de sinal, promovem a liberação de cálcio do vacúolo pro citoplasma que provoca uma mudança no potencial osmótico, esse cálcio promove a exclusão de prótons H+ para a parede celular, acidificando a parede, essa acidificação ativa várias enzimas que fazem com que a parede celular seja rígida e flexível, garantindo o aumento do volume celular. o Frutos climatéricos: pode amadurecer após a colheita, se tiverem sido colhidos pós maturação (verde maturo). Exemplos: banana, maçã, mamão, manga, pera. o Frutos não climatéricos: não amadurecem após a colheita, devem ser colhidos maduros. Exemplo: jabuticaba, laranja, limão, mexerica, uva. ETILENO C2H4 o É o hormônio volátil do crescimento, se presente em ambientes de armazenamento leva a senescência do fruto. o Sintetizado a partir de um aminoácido sulfurado, a metionina, que na presença da SAM-sintase dá origem ao SAM (S-adenosil metionina) que na presença do ACC-sintase da origem ao ACC (ácido 1-carboxílico-1- aminociclopropano) que na presença da AAC oxidase da origem ao etileno. o Sistema I de produção de etileno: baixa taxa de síntese → fruto climatérico antes imaturos e não climatéricos durante o desenvolvimento. o Sistema II de produção de etileno: elevação da taxa de síntese, produção autocatalítica → frutos climatéricos antes, durante e após o amadurecimento. o Armazenamento: deve-se manter ↓ o etileno, pois antecipa o amadurecimento em climatéricos e s senescência em não climatéricos. Perda pós-colheita o Redução da qualidade e do volume que é comercializado, falta de pessoal capacitado para trabalhar com frutas e hortaliças pós- colheita. o As perdas podem ser de 3 tipos: ➔ Perdas por injúria mecânica: geralmente provocadas pelo próprio manipulador ou por algum equipamento, mas também podem ocorrer por chuva de granizo, contato de fruto com fruto, fruto com folha. Afeta a aparência, primeiro atributo sensorial avaliado pelo consumidor, reduzindo o valor comercial do produto, além de estimular a produção do etileno que dispara irreversivelmente o amadurecimento do fruto. Abrem portas para entrada de patógenos e suscetibilizam o fruto a desordens fisiológicas. ➔ Perdas por desordens fisiológicas: segundo tipo de perdas, são alterações na fisiologia normal do produto que culminam com a perda da qualidade dessas frutas e hortaliças. O chilling é a desordem fisiológica mais estudada, é causada pelo armazenamento em temperatura inferior a temperatura de segurança. Ocorre solidificação dos ácidos graxos, perca de permeabilidade seletiva e trocas indesejadas, por exemplo, as polifenol- oxidases e peroxidases, enzimas de escurecimento que estariam separadas em compartimentos distintos em seus substratos que são os fenólicos, oxidando e dando origem às ortoquinonas, que se polimerizam formando melaninas = escurecimento. ➔ Perdas por patógenos: maior índice de perdas, podem ser estimuladas por injúrias mecânicas, há a necessidade de cuidar tanto da integridade quanto a sanidade do fruto. Cadeia de frio o Refrigeração: 1º método de conservação. o Deve ser iniciada imediatamenteapós a colheita e preservada até a distribuição do produto. Ocorre a descompartimentação, comprometendo a geração de energia: ↓via glicolítica ↓via das pentoses ↓krebs o Eliminação do calor de campo é essencial para prolongar a vida útil do fruto, que pode ser retirado em práticas associadas a higienização. o A T ºC de refrigeração depende da espécie do fruto. o O frio reduz a taxa de reação química, reduz o metabolismo e a atividade enzimática → ↓ da produção de etileno, fruto não entra na fase de amadurecimento = vida útil prolongada. o O melhor método de resfriamento é o que tem habilidade de retirar calor do produto sem causar danos. o Ideal seria 2 câmaras frias para armazenamento, para que não ocorra a quebra na cadeia de frio: ➔ Pequena: para colocar frutas e hortaliças ainda com calor de campo. ➔ Grande: definitiva, colocar os produtos já pré-resfriados. o Pré-resfriamento com água: processo rápido, imersão ou pulverização em água fria, pode propiciar contaminação cruzada, água é fator limitante. o Pré-resfriamento a vácuo: evaporativo, processo rápido, pouco usado, não murcha. o Pré-resfriamento a ar: + comum, + barato, processo lento, risco de desidratação. o Pré-resfriamento com gelo: péssimo meio de transferência de calor, deve ser utilizado junto a água. Modificação atmosférica o Principal aliado a refrigeração para prolongar a vida útil do fruto e manter a qualidade. o Se ↓O2 e ↑CO2: ↓sintese e ação do etileno/ respiração/ atividade enzimática/ metabolismo/ ocorrência de podridão. Retardo do amadurecimento e senescência e desinfestação de frutas. o Atmosfera controlada (AC): controle rígido de gases dentro da câmara fria de armazenamento definitivo. Reduz a perda de massa e amolecimento. o AC tradicional e AC dinâmica. o Atmosfera modificada (AM): uso de embalagens plásticas ou coberturas, sem controle dos gases dentro das embalagens (fruto respira e ↓O2 diminui, ↑CO2, ↑umidade relativa). o Alcançar uma atmosfera de equilíbrio satisfatória é um desafio, depende da: permeabilidade do filme usado, dimensões da embalagem, atividade respiratória do vegetal, quantidade de vegetal embalado, temperatura de armazenamento. o AM passiva: apenas selar o produto. o AM ativa: promover vácuo e insuflar a embalagem com a combinação de gases consideradas adequadas. o Enceramento do produto, coberturas comestíveis e filmes biodegradáveis. o O2 muito ↓ = anaerobiose. o CO2 muito ↑= desordem fisiológica. Outros métodos de conservação o Fungicidas são os mais utilizados, entretanto, há a preocupação crescente dos riscos dos resíduos deixados por esses produtos, senso necessário a substituição por alternativas. o 1-MCP (1-metil-ciclopropeno): é um bloqueador do sítio de ligação do etileno, inibindo sua ação. É extremamente efetivo, inibindo principalmente o início dos frutos climatéricos. o Cloreto de cálcio (CaCl2): reduz o amaciamento do produto, pode ser utilizado no campo ou na pós colheita. o Vitamina C (ácido ascórbico) e cisteína: reduzem o escurecimento natural do produto. o Irradiação: irradiar o produto com raios γ. Reduz o amadurecimento, controla o brotamento inibindo o tecido meristemático e controle de patógenos. É efetivo para controle de mosca das frutas. Processamento mínimo o Frutas e hortaliças que sofrem alterações do tipo descascamento e corte, tornando-se um produto conveniente e ainda permanece vivo. o Alimento prontos para irem para a panela (kit para sopa) ou prontos para consumo (salada de frutas). o Perdas são mínimas pois a unidade de comercialização é adequada a capacidade de consumo do indivíduo. o Produto descascado e fatiado: ↑ síntese de etileno, ↑ atividade respiratória, ↑ metabolismo, alterando aparência (escurecimento), sabor, textura (amaciamento) e valor nutricional/funcional. o O sucesso dos produtos minimamente processados depende de: ➔ Matéria prima de qualidade: tempo certo de maturação, sem injúrias mecânicas, patogênicas, fisiológicas, não utilizar descarte. ➔ Mantenha limpo: a matéria prima, o manipulador, os utensílios, equipamentos, a câmara fria. Cuidados para evitar a contaminação por microrganismos patogênicos, contaminação cruzada. ➔ Mantenha frio: manter a carga microbiana ↓. Respeitar a cadeia de frio, matéria prima resfriada e processada e movimentada rapidamente para não quebrar a cadeia de frio. Devem ser mantidos sob refrigeração até o momento de consumo para garantir a segurança. o Para garantir a qualidade de vegetais minimamente processados pode ser utilizado a atmosfera modificada, 1-MCP, CaCl2 (↓amaciamento), ácido ascórbico e cisteína (↓ escurecimento), irradiação. Poligalacturonase: enzima de amaciamento. Peroxidase/ polifenoloxidase: enzimas de escurecimento.
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