Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
42 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Unidade II 3 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NA GESTÃO DE STAKEHOLDERS Os projetos, notadamente na área pública, caracterizam-se pelo grande número de participantes com eles relacionados. Além de métodos e técnicas, a gestão de projetos envolve fundamentalmente pessoas com interesses nem sempre comuns e que, eventualmente, podem entrar em conflito com outras, podendo gerar prejuízos para os trabalhos. Não apenas a equipe atua diretamente no projeto, a partir de seu gerente, dado que há um grande número de pessoas que denominamos stakeholders, as quais têm algum interesse ou motivação com o projeto. Observação O stakeholder é conhecido também como parte interessada e abrange a equipe interna, demais unidades da empresa e agentes externos, como clientes, fornecedores, entidades governamentais, instituições financeiras etc. Para obter êxito, um projeto demanda uma liderança efetiva e legítima, desenvolvida com base na prática e conquistada de forma natural, que, além de dar legitimidade ao gerente do grupo, aumenta a probabilidade de obtenção de sucesso no decorrer dos trabalhos. É essa liderança que poderá gerenciar de forma adequada os conflitos existentes entre os participantes nos projetos. Vários estudos têm sido conduzidos sobre liderança, procurando entender os seus motivadores e os seus diferentes modos de expressão. 3.1 A importância do gerente de projetos para a solução dos conflitos entre os variados stakeholders De fato, a administração de conflitos está diretamente relacionada com a habilidade do gerente de projeto de conseguir prever situações que podem gerá-los, identificando suas origens e atuando para impedir sua disseminação entre todos os envolvidos, reduzindo a possibilidade de gerar atrasos, perda de motivação e trabalhos malfeitos, parcial ou totalmente. É essencial que sejam positivas as contradições e divergências de interesses fundamentais no grupo, ou ainda dos integrantes destes com stakeholders externos, determinando fatos contraditórios que demandem a busca de soluções para atender às partes envolvidas no projeto. 43 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS Naturalmente, nem tudo é paz no desenvolvimento de qualquer atividade humana, e isso vale particularmente para os projetos, até porque o seu objeto pode ser algo novo, muitas vezes em experimentação. Nesse contexto, não se pretende obter unanimidade, que, na maioria das vezes, conduz a resultados inexpressivos e com pouca ousadia e criatividade. A divergência é positiva, pois auxilia a aprimorar os caminhos que pretendemos percorrer na solução dos problemas. Por isso, é vital considerar que tais situações de conflito, dependendo das circunstâncias, podem se transformar em fontes de amadurecimento para a entidade, desde que sejam adequadamente gerenciadas. Mas, afinal, de quais tipos de conflitos estamos tratando? Os conflitos podem ser constatados à medida que identificamos as várias interações entre os stakeholders de um projeto, por exemplo: • entre o gerente e a equipe designada para o desenvolvimento dos trabalhos; • entre a equipe e o patrocinador do projeto; • entre o patrocinador e os órgãos decisórios ou usuários das informações ou dos serviços que serão oferecidos pelo resultado do projeto. 3.2 Como são gerados os conflitos Se pensarmos nas razões dos conflitos, chegaremos a determinantes como: • Direitos não atendidos ou não conquistados. • Tensões, ansiedades e medo. • Luta pelo poder. • Necessidade de status. • Desejo de favorecimento econômico. • Exploração de terceiros ou manipulação de necessidades e interesses, e expectativas individuais não atendidas. • Carência ou ausência de informações. • Indisponibilidade de tempo e de tecnologia, e escassez de recursos. 44 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II • Significativas diferenças culturais e individuais. • Divergência de metas e objetivos que se pretende alcançar. • Tentativas de obtenção de maior autonomia para realizar as tarefas. • Emoções não expressas ou inadequadas. • Obrigatoriedade de consenso. • Diferenças de preocupação quanto às questões relacionadas com o meio ambiente. • Preconceitos. Lembrete Para obter êxito, um projeto demanda uma liderança efetiva e legítima, desenvolvida com base na prática e conquistada de forma natural. 3.3 As contribuições trazidas pela Teoria da Agência A correção dessas situações é estudada pela Teoria da Agência, muito discutida nos estudos de administração e economia, que procuram explicar e definir meios de controlá-las ou direcioná-las para a obtenção dos maiores objetivos do empreendimento. A teoria considera que os agentes tendem a maximizar seu bem-estar-pessoal (utilidade) ao longo de sua vida. Em entidades ou organizações empresariais ou públicas, isso pode fazer com que sejam prejudicados interesses de terceiros. Preceitua que há uma clara distinção entre o agente pertinente ao conjunto dos tomadores de decisões e os principais, que, por interesse ou necessidade, confiam decisões a terceiros. Quando se propicia um ambiente organizacional agradável, incentivando a competitividade aliada à criatividade, os stakeholders podem usufruir da oportunidade de desenvolvimento de suas tarefas, inibindo-se a geração de conflitos desnecessários. Em muitas ocasiões, não é fácil a identificação dos focos de conflito, notadamente em situações que envolvam stakeholders com interesses e culturas diferenciados, pressionados por rígidos cronogramas de atividades, limitações orçamentárias e em situações de fusões organizacionais. Há situações de conflitos que são geradas por “guerras de egos”, desconsiderando que o sucesso do projeto é da entidade, e não de seus líderes. 45 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS Se o conflito for identificado como prejudicial ao desenvolvimento e à implantação do projeto, deve ser tratado de forma clara e direta, visando a uma rápida solução, além, naturalmente, das medidas disciplinares necessárias em cada situação particular. Uma das técnicas adotadas para a administração de conflitos consiste em identificar e atender às expectativas dos stakeholders, sem tirarmos o foco na garantia do sucesso do projeto. Entre os diferentes stakeholders envolvidos com o projeto, é importante conhecer: • Os que estão dispostos a apoiar: referimo-nos aqui aos que apresentam baixo potencial de ameaça ao sucesso do projeto. • Os marginais: não são reconhecidos como ameaças nem como cooperadores no desenvolvimento e na implantação do projeto. • Os indispostos a cooperar: representam alto potencial de ameaça ao sucesso do projeto. • Os que agem de forma ambígua: muitas vezes parecem seguir numa direção e outras vezes em outra, frontalmente contrárias. Demonstram alto potencial, tanto de ameaça quanto de cooperação para o sucesso do projeto. O quadro a seguir compara os potenciais de ameaça e de cooperação dos stakeholders envolvidos com o projeto e possíveis estratégias de atuação que podem ser adotadas pelo gerente. Quadro 2 – Alternativas de potencial de ameaça e cooperação dos stakeholders para o sucesso do projeto Potencial dos stakeholders em ameaçar a organização Alto Baixo Potencial dos stakeholders em colaborar com a organização Alto Tipo 4: ambíguoEstratégia: colaborar Tipo 1: disposto a apoiarEstratégia: envolver Baixo Tipo 3: indispostos a apoiarEstratégia: defender Tipo 3: indispostos a apoiar Estratégia: monitorar 3.4 Como reconhecer o poder exercido pelos stakeholders nos conflitos relacionados com o projeto O poder, a legitimidade e a urgência requeridos pelos stakeholders são fatores que contribuem decisivamente para a maior interferência no andamento dos projetos. Combinando-se esses atributos, encontraremos os seguintes tipos: • Adormecido: tem poder para impor sua vontade na entidade, mas não legitimidade ou urgência. 46 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II • Arbitrário: possui legitimidade, mas não urgência e poder para influenciar a organização e seus projetos. • Reivindicador: deve ser monitorado, embora não tenha poder e legitimidade e não deve influenciar muito a entidade. • Perigoso: quando há poder e urgência, embora não exista a legitimidade. É um stakeholder coercitivo, que pode se constituir em perigo para a entidade. • Dependente: precisa do poder de outro stakeholder para conseguir que suas reivindicações sejam aceitas. • Definitivo: possui poder e legitimidade. Deve ser concreta e prioritariamente monitorado quando revela urgência. O gerente de projeto deve identificar o tipo de comportamento de cada stakeholder e a real causa da criação do conflito antes de optar por uma determinada atuação. Observação É sempre importante ter em conta que o comportamento revelado pelo indivíduo nada mais é do que o resultado da somatória de diversos fatores de natureza pessoal, como medos, emoções, crenças, culturas, preocupações, autoestima e experiências adquiridas, tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional. São recomendadas, conforme as circunstâncias, diferentes táticas para a resolução de conflitos na entidade, notadamente quanto ao desenvolvimento e execução de projeto. Veja a seguir: • retirar-se temporariamente; • mudar o foco; • empregar a força; • firmar um compromisso, com uma troca que traga vantagens para os lados envolvidos no conflito; • solucionar o problema; • negociar, reunindo os diferentes pontos de vista, levando a um consenso com as partes envolvidas no conflito. A negociação costuma ser uma ótima tática para administrar conflitos, mas, se for malconduzida, pode até contribuir, inversamente, para o aumento da discórdia. 47 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS Chiavenatto (1999 apud TREFF; BATTISTELLA, 2014, doc. 1961-1962) classifica os níveis de gravidade de conflitos. – Conflito percebido ou latente. Quando existem vários objetivos e há possibilidade de ocorrer qualquer tipo de interferência ou bloqueio de objetos por parte dos indivíduos. – Conflito experienciado ou velado. Quando os envolvidos revelam sentimentos de hostilidade, raiva, medo e descrédito, sem, porém, manifestá-los de forma clara e objetiva. – Conflito manifestado ou aberto. Quando há confronto manifestado de maneira clara e objetiva. Sabemos que para gerenciar conflitos, evidentemente, não bastam os conhecimentos sobre técnicas e métodos. Na verdade, faz-se necessária a aplicação de habilidades de comunicação e de competências interpessoais, como saber ouvir e questionar. 3.5 Estímulo ao diálogo e à participação dos grupos e beneficiários dos projetos É inegável que o gerente do projeto deve estimular o constante diálogo entre os stakeholders envolvidos no conflito para que todos os pontos de vista possam ser levados em consideração e para que as necessidades e diferenças individuais e da equipe sejam bem conhecidas. Cabe ao gerente de projetos manter a equipe unida e aberta ao diálogo, à criatividade e à iniciativa, sempre focando no alcance do sucesso do projeto. A posição otimista e o entusiasmo do gerente irão contribuir muito para a substancial redução desses conflitos entre os que participam do projeto. Nascimento e El Sayed (2002, p. 47) comentam: Os conflitos existem desde o início da humanidade, fazem parte do processo de evolução dos seres humanos e são necessários para o desenvolvimento e o crescimento de qualquer sistema familiar, social, político e organizacional. É possível pensar inúmeras alternativas para indivíduos e grupos lidarem com os conflitos. Estes podem ser ignorados ou abafados, ou sanados e transformados num elemento auxiliar na evolução de uma sociedade ou organização. 48 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Se observarmos a história, até há pouco tempo a ausência de conflitos era encarada como expressão de bom ambiente, boas relações e, no caso das organizações, como sinal de competência. Alguns profissionais viam o conflito de forma negativa, como resultante da ação e do comportamento de pessoas indesejáveis, associadas à agressividade, ao confronto físico e verbal e a sentimentos negativos, os quais eram considerados prejudiciais ao bom relacionamento entre as pessoas e, consequentemente, ao bom funcionamento das organizações. Sim, de fato, a administração de conflitos se constitui em ponto de grande significado para o bom desenvolvimento e implementação de um projeto. Confronto de ideias e expectativas é sempre algo positivo para o sucesso de qualquer empreitada, desde que mantido sob limites aceitáveis e coerentes com o que se espera atingir com o trabalho. Na verdade, o que mais precisa ser feito, em qualquer trabalho em grupo, é administrar pessoas. Todavia, é necessário que adotemos métodos eficientes para o planejamento das atividades. Só assim se consegue extrair o melhor em termos de talento e habilidade das pessoas e, consequentemente, chegar aos resultados esperados. 4 PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES DO PROJETO É notável que qualquer atividade somente será bem conduzida se alicerçada em um planejamento prévio, bem conduzido, que pense e esquematize o que se espera atingir com o projeto. O bom planejamento permite um mapeamento dos riscos a que as atividades estão subordinadas e, por isso, tende a reduzir os custos de desenvolvimento das tarefas. Quando falamos em recursos, estamos atentos a seus principais componentes, como são as expectativas de prazos para a obtenção dos resultados. Afinal, se estes não forem obtidos em prazos adequados, de forma tempestiva, é quase certo que não cobrirão as necessidades e os objetivos que impulsionaram a sua realização. Nesse caso, os custos, por menores que possam ter sido, tornaram-se enormes pelo não atingimento dos objetivos do projeto. 4.1 As mudanças trazidas pelas técnicas de gestão de projetos Evidentemente, os projetos públicos obedecem às mesmas diretrizes e expectativas fundamentais dos projetos desenvolvidos para as entidades do setor privado. 49 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS No setor público, além da necessidade de realização de atividades que propiciem o cumprimento de prazos e a obediência a um razoável orçamento de custos e despesas, é vital considerar o que o projeto trouxe de benefícios refletidos em melhores condições de vida, igualdade de direitos, inclusão social etc. Saiba mais Um exemplo de aplicação da gestão de projetos na administração pública pode ser encontrado em: TREFF, L.; BATTISTELLA, L. R. (Org.). Inovação em gestão de projetos na administração pública. Rio de Janeiro: Brasport, 2014. Kindle. Outro aspecto relevante que se discute na administração pública é a necessidadede apropriação dos conhecimentos táticos dos seus servidores, transformando-os em inovações que tragam benefícios para a sociedade, evitando desperdícios ou má distribuição de recursos financeiros. A adoção de uma metodologia de gestão de projetos implica mudanças significativas da cultura de uma entidade. A gestão de projetos vem sendo cada vez mais aplicada no Brasil, destacando-se as experiências na administração pública. Operar com base numa metodologia de gestão de projetos tem sido essencial para a obtenção de sucesso e geração de resultados sustentáveis em uma entidade. Como indicado em Ford (2012): O gerenciamento de projetos parece aparecer na mídia principalmente quando ele falha. Estudos são liberados frequentemente com grande alarde sobre por que projetos falham. Altos funcionários do governo aparecem nos noticiários para se desculparem por estouro de orçamento em projetos públicos. As técnicas e métodos de controle de projetos constituem importantes ferramentas para a aceleração da transição da administração de cunho burocrático para outra, gerencial, a partir das experiências obtidas nas organizações do setor privado da economia. Ford (2012) salienta ainda: A gestão operacional normal preocupa-se em repetir a mesma coisa durante um longo período. Ela desenvolve as habilidades e conhecimentos adequados para lidar com isso. Por exemplo, um gerente aprende a manter sua equipe feliz e produzir no seu máximo. Ele raramente, ou nunca, lida com a construção inicial de uma equipe. E espera-se que ele nunca tenha que lidar com o fim da sua equipe. 50 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II A gestão de projetos, no entanto, preocupa-se com a construção de um resultado único em um ciclo de criação. Para tal, desenvolvem-se habilidades e conhecimentos adequados para lidar com o início e o fim de um ciclo. Por exemplo, um gerente de projetos aprende a construir uma equipe e a desmanchar uma equipe. Ele está constantemente atuando nas fases de construção e término, e muitas vezes nunca lida com problemas de uma equipe estática. 4.2 Tratamento das restrições que devem ser suportadas na gestão de projetos Desenvolver projetos, definitivamente, não é uma tarefa simples e, obviamente, isenta de riscos ou erros. Por isso, o gerente e sua equipe podem deparar-se com várias restrições. Essas restrições podem estar relacionadas às escolhas e definições de escopo, tempo, custos, qualidade, recursos, riscos e outros fatores que interferem no planejamento e desenvolvimento de um projeto. Desempenha um papel significativo no conjunto de restrições a adoção de uma particular tecnologia, previamente aprovada pela entidade. Ademais, existem obrigatoriedades expressas em datas limites (compulsórias) que devem ser obedecidas para as fases de elaboração e de conclusão do projeto. No que tange às restrições de custos, obviamente deve ser considerado o fato de que os recursos financeiros disponíveis para o projeto são escassos. Há um determinado número de recursos humanos (e de outra ordem) que podem ser disponibilizados e definidos para o projeto. Assim, é preciso muita atenção às questões culturais relacionadas com aversão da empresa ou entidade a riscos associados aos prazos das fases do projeto. O projeto objetiva que sejam cumpridos os desempenhos anteriormente acordados com os stakeholders. Segundo Moura (2013, p. 10): A gerência ou o patrocinador pode definir uma estrutura de prioridades para guiar as opções quando existirem conflitos entre diferentes restrições do projeto. Para muitos projetos, o escopo é a principal prioridade, por que está definido no contrato, sendo o tempo a segunda prioridade por [existirem] penalizações por atrasos. Muitas vezes, é possível existir restrições múltiplas que devem ser obedecidas simultaneamente no desenvolvimento do projeto, por exemplo, em termos de escopo, tempo e custos. O Guia PMBOK menciona que “As características e circunstâncias específicas do projeto podem influenciar as restrições nas quais a equipe de gestão do projeto precisa se concentrar” (PMI, 2013, p. 6). 51 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS Esses fatores estão relacionados de tal forma que, se algum deles mudar, pelo menos outro fator provavelmente será afetado. Por exemplo, se o cronograma for abreviado, muitas vezes o orçamento precisará ser aumentado para incluir recursos adicionais, a fim de concluir a mesma quantidade de trabalho em menos tempo. Se não for possível um aumento no orçamento, o escopo ou a qualidade poderão ser reduzidos para entregar o produto do projeto em menos tempo e com o mesmo orçamento. As partes interessadas no projeto podem ter ideias divergentes sobre quais fatores são os mais importantes, gerando um desafio maior ainda. A mudança dos requisitos ou objetivos do projeto pode criar riscos adicionais. Logo, a equipe do projeto precisa ser capaz de avaliar a situação, equilibrar as demandas e manter uma comunicação proativa com as partes interessadas a fim de entregar um projeto bem-sucedido. 4.3 Constituição da estrutura analítica do projeto É a principal ferramenta de planejamento e de gestão global do projeto. Há dois critérios que devem ser considerados para a montagem dessa estrutura: o produto e a fase do ciclo de vida. As estruturas analíticas de projeto que usam o critério do produto são parecidas e sempre possuem pelo menos três componentes: o produto propriamente dito; a infraestrutura; as pessoas (usuários ou funcionários). Observação Na literatura especializada, a estrutura analítica de um projeto (EAP) é reconhecida pela sigla WBS (Work Breakdown Structure). Enquadram-se entre as principais funções de uma WBS: • delimitar o escopo do projeto; • propiciar a identificação de suas fases; • permitir a identificação dos responsáveis pelo seu desenvolvimento e sua implantação; • descrever as entregas (deliverables); • facilitar a obtenção de estimativas de recursos previstos para utilização em sua construção; • identificar os riscos envolvidos no desenvolvimento do projeto. 52 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II A figura a seguir mostra um exemplo bem simplificado: Projeto 1. Fase A 2. Fase B 1.1 Pacote A 1.2 Pacote B 1.3 Pacote C 3. Fase C Figura 10 – Estrutura analítica de um projeto genérico As estruturas analíticas que usam o critério do ciclo de vida do projeto também são semelhantes. As fases são indicadas no primeiro nível do diagrama e, em seguida, são detalhadas em bases menores ou produtos. O processo prossegue até que se chegue aos pacotes de trabalho. A figura a seguir ilustra a estrutura analítica do projeto de montagem de um call center: Projeto lógico Módulo de atendimento Teste unitário Operacional Pré-piloto Suporte técnicoProjeto físico Local físico Módulo de monitoração Teste integrado Suporte PilotoDesenvolvimento Hardware Módulo gerencial Homologação Expansão Aprovação homologação Rede de comunicação Projeto físico Infraestrutura Testes Treinamento Implantação Pós-implantação Call Center Figura 11 53 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS 4.4 Cronograma de atividades Pensa-se que o cronograma representa o próprio planejamento do projeto. Como indicado por Tetrim (2013): Quantas vezes você já perguntou para alguém sobre o plano de projeto erecebeu o cronograma como resposta? Muita gente confunde cronograma com plano de projeto. O cronograma, apesar de ser muito importante, é apenas uma parte do plano de gerenciamento de projeto. Além da estrutura analítica, é necessário que a lista de tarefas seja preparada e que o ciclo de vida estimado para o particular projeto seja estudado, logo, a primeira parte do planejamento de um projeto é a preparação da lista de atividades, que serão apresentadas e relacionadas em um cronograma. Finalizada a lista, deve ser identificada a sequência de realização das atividades: • Quais deverão ser realizadas inicialmente? • Quais dependem de outra(s) atividade(s)? • Quais afetarão os prazos e a execução das seguintes? Esse sequenciamento permite que sejam estabelecidas as prioridades relativas das tarefas, demonstrando-se as relações e o encadeamento das atividades, sintetizado no chamado diagrama de precedências. A continuação das atividades será influenciada por fatores como: lógica, decisão e condicionantes externos. A lógica independe de decisão, no entanto, determinadas atividades somente podem ser executadas se outra já tiver sido feita. Por exemplo, a arrumação do local antecede à realização da palestra para a sociedade. Em muitas ocasiões, as dependências entre as atividades são fixadas de forma arbitrária e quem define essa sequência não é a lógica, mas a decisão de um administrador ou responsável. Neste caso, o executivo escolhe como começar, continuar e terminar uma atividade. Há, naturalmente, fatores externos que podem afetar essa sequência de atividades. Vejamos alguns: • Prazos para que sejam feitas as entregas de componentes ou para que sejam prestados certos serviços. • Exigências de prazos e condições especiais de entrega pelos clientes (cidadãos, no caso de projeto público). 54 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II • Uma instalação deve estar desocupada para que possa ser alocada a equipe responsável pelo desenvolvimento e a implementação do projeto. • Fenômenos naturais como chuvas, calor etc. podem afetar a realização de determinadas atividades. 4.5 Diagrama de precedências A tabela de precedências é outro instrumento de planejamento e organização que apresenta o sequenciamento das atividades de um projeto. Uma tabela desse tipo é iniciada com uma listagem simples das atividades, seu número e breve descrição, sua duração (por exemplo, em dias úteis) e qual atividade lhe é anterior. Tabela 1 – Atividades previstas para a realização de uma palestra Número Descrição da atividade Duração (em dias úteis) Atividade que lhe precede 1 Preparação da relação de convidados para a palestra 1 -------- 2 Escolha do local onde será realizado o evento 5 -------- 3 Envio de convites para a palestra 5 1 e 2 4 Organização do local onde será efetivada a palestra 1 2 5 Realização da palestra 1 4 e 3 6 Limpeza e arrumação do local após a realização da palestra 1 5 7 Levantar o balanço e realizar a prestação de contas do evento 1 6 Portanto, com esse diagrama é possível estudar e organizar o sequenciamento e elaborar o cronograma das atividades relacionadas com o projeto. A partir da tabela anterior, esse diagrama será construído como demonstrado a seguir: Atividade 1 Fazer lista de convidados Atividade 2 Escolher local Atividade 3 Enviar convites Atividade 4 Organizar o local Atividade 5 Realizar o almoço Figura 12 – Sequenciamento de atividades de um projeto 55 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS No diagrama apresentado, cada atividade é identificada por um nó/símbolo, como um retângulo ou um círculo, dentro do qual se anota a letra ou o número e uma curta descrição da atividade. As setas entre esses nós representam a relação de dependência de cada atividade. A ligação de uma atividade a outra (de um retângulo ou círculo para outro) indica também que a próxima (designada como sucessora) somente pode ser iniciada após o término da precedente (anterior). Podemos caracterizar os possíveis tipos de relações de dependências entre as atividades: • Começo para o fim (Start to Finish – ST): uma atividade é finalizada quando (ou após) a precedente iniciar. • Começo para o começo (Start to Start – SS): uma atividade é iniciada quando (ou após) a precedente também iniciar. • Fim para o começo (Finish to Start – FS): uma atividade somente é iniciada quando outra for concluída. • Fim para o fim (Finish to Finish – FF): uma atividade é concluída quando (ou após) a precedente terminar. A figura a seguir ilustra essas alternativas de dependências entre as atividades: Atividade 1 Atividade 1 Atividade 1 Atividade 1 Atividade 2 Atividade 2 Atividade 2 Atividade 2 Dependência do começo para o fim (Finish to Start = FS) Dependência do fim para o começo (Finish to Start = FS) Dependência do começo para o começo (Start to Start = SS) Dependência do fim para o fim (Finish to Finish = FF) Figura 13 – Tipos de dependências no sequenciamento de atividades Como indica Maximiano (2008, p. 69), “Embora todas essas relações existam na vida real, é muito provável que a grande maioria das situações de gestão de projetos trabalhe apenas com [a sequência] fim para o começo [FS]”. 56 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II 4.6 Componentes do cronograma de atividades O cronograma é um instrumento gráfico que mostra a distribuição das atividades e o seu tempo de duração ao longo de um projeto. Entre os fatores que podem afetar as estimativas de tempo das atividades, podemos mencionar: • Utilização de recursos: certamente, a disponibilização e a quantificação dos recursos disponíveis irão afetar o tempo para cada atividade. • Serviços de terceiros: neste caso, as atividades do projeto podem estar sujeitas às restrições ou mesmo às habilidades e competências de pessoas ou fornecedores externos. Portanto, é necessário que ocorra uma coordenação e comunicação constante com esses stakeholders para que haja um menor risco de interferência, possibilitando aumento dos prazos das atividades do projeto. • Expectativas relacionadas com o planejamento das atividades: as atividades do projeto podem estar sujeitas a uma data limite, às vezes definidas por entidades ou regulamentações governamentais ou por qualquer outra ordem. Ademais, há datas predeterminadas que precisam ser obedecidas pelas atividades, como festividades culturais, religiosas e esportivas. O cronograma pode ser dilatado (ou, na maior parte das vezes, comprimido) de forma que a duração da atividade respeite essas datas-limite. Portanto, haverá situações em que o cronograma poderá ser desenhado ao contrário, adaptando a duração da atividade a tais situações/eventos. • Fatores incontroláveis: greves, tempestades, feriados ou até mesmo esquecimentos precisam ser considerados durante a elaboração do cronograma de atividades do projeto. Lembrete A duração das atividades depende de lógica, decisão, fatores externos e outros que podem afetá-las. No estágio inicial do projeto, é organizado um cronograma inicial, denominado mestre, que estabelece a programação das atividades principais e dá origem a cronogramas mais detalhados. Há várias formas de desenhar um cronograma, bem como existem softwares para facilitá-los, como o MS Project, da Microsoft, amplamente adotado mesmo para projetos de maior complexidade. Saiba mais Obtenha mais informações sobre a atual versão do MS Project no site: MICROSOFT. Project. Microsoft, 2015.Disponível em: <http://office. microsoft.com/pt-br/microsoft-project-software-de-gerenciamento-de- projetos-FX103472268.aspx>. Acesso em: 17 ago. 2018. 57 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS 4.7 Atrasos e avanços na duração das atividades do projeto Durante o desenvolvimento do projeto, podem ocorrer situações, às vezes, imprevistas, que determinam antecipações ou atrasos nas entregas das diferentes fases dos trabalhos. A figura a seguir ilustra os avanços (leads) e atrasos (lags) no sequenciamento das atividades de um projeto. Predecessora Sucessora LEAD Predecessora Sucessora LAG Figura 14 4.8 Diagramas de rede Tratam-se de diagramas de precedências que contém informações sobre a duração de cada atividade e o caminho crítico de um projeto. O caminho crítico é conceituado como sendo o mais longo, da primeira à última atividade prevista no cronograma do projeto. É o percurso de maior duração das atividades. As atividades com durações mais curtas precisam aguardar o caminho crítico encerrar para poderem continuar sendo executadas. Maximiano (2008, p. 82) apresenta um exemplo de projeto composto de cinco atividades: Quadro 3 – Atividades relacionadas com um projeto exemplo de abertura e de inauguração de sua loja de atendimento Número da atividade Breve descrição da atividade Duração (em dias úteis) Dependência 1 Reforma das instalações 30 5 2 Montagem da loja 30 1 3 Abertura da empresa e obtenção das licenças para o seu funcionamento/operação 120 --------- 4 Inauguração da loja 0 2 e 3 5 Obtenção de licença para reforma 30 --------- Adaptado de: Maximiano (2008, p. 82). É possível visualizar que o caminho crítico passa pela atividade 3, relacionada com a burocracia de legalização da empresa. De fato, a atividade associada com a inauguração da loja depende das atividades anteriores, normalmente 2 e 3. A 3 faz parte do caminho crítico do projeto. 58 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II A abertura da loja pode, eventualmente, atrasar por estar aguardando o término da atividade que faz parte do caminho crítico do projeto. Na linguagem da gestão de projetos, podemos considerar que essa entrega (delivery) poderá se atrasar em relação às expectativas inicialmente esperadas. A figura a seguir mostra a representação desse projeto por um diagrama de rede: E A B D E 30 30 30 1 120 30 60 90 121 120 Duração Soma com a duração anterior mais longa Atividade Caminho crítico Figura 15 – Diagrama de rede Outra forma de elaborar os diagramas de rede é admitir que se trabalhe com as datas de início e término mais cedo e mais tarde. O percurso de ida é indicado pelo cálculo da duração da atividade, a partir de suas datas de início e término, mais cedo. O caminho de volta possibilita o cálculo da folga (float) admitindo o uso flexível do tempo entre as atividades. Vejamos as ideias principais dessa técnica. Atividade Duração ES EF LS LF TF Data de início mais cedo (Early Start) Data de início mais tarde (Late Start) Data de término mais tarde (Late Finish) Data de término mais cedo (Early Finish) Folga total da atividade (Total Float) • Data mais cedo de início da atividade (ES – Early Start): é a data mais cedo na qual a atividade pode ser inciada caso sejam obedecidas as durações estimadas de todas as duas antecessoras. • Data mais cedo de término da atividade (EF –Early finish): é a data mais cedo na qual a atividade pode ser finalizada, começando na ES e respeitada a sua duração. • Data mais tarde de término da atividade (LF – Late Finish): data mais tarde em que a atividade pode terminar, sob pena de atrasar data de término do projeto. • Data mais tarde de início da atividade (LS – Late Start): data mais tarde em que a atividade pode começar, de modo a encerrar em sua lF. Figura 16 – Conceitos básicos de CPM (método do caminho crítico) 59 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS O retângulo (nó) que representa uma atividade está ampliado e contém as posições em que devem ser inscritos os tempos de início e de término, a identificação, a duração e a folga de cada atividade. A figura a seguir retrata o projeto exemplo com suas cinco atividades: 1 2d 1 2 2 4d 1 4 3 4d 5 8 5 12d 5 16 4 1d 9 9 I F Começa no “dia 1” e dura 2 dias, logo, termina no “dia 2” Figura 17 – Cálculo do caminho de ida, considerando-se o maior EF entre as atividades precedentes • A atividade 1 tem dois dias de duração. A 2 tem 4 dias, e assim sucessivamente. • A atividade 1 é iniciada no dia 1 especificado para o projeto. • Termina no dia 2, que pode também ser outra data específica. • Como a atividade 3 tem duas que a precedem, escolhemos a de menor duração para o caminho de volta. Com essas considerações, o projeto é concluído no dia 16. Quadro 4 – Conceitos básicos relacionados com o método caminho crítico (COM) Atividade Duração ES EF LS LF Adaptado de: Maximiano (2008, p. 83). Observação A atividade (1) só pode ser iniciada quando (1) e (2) forem concluídas. 60 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Podemos planejar as atividades com base no caminho de volta, como revelado na figura a seguir: 1 2d 1 10 2 11 2 4d 1 1 4 4 3 4d 5 12 8 15 5 12d 5 5 16 16 4 1d 9 16 9 16 I F Termina no “dia 16“ e dura 1 dia, logo, deve iniciar no próprio “dia 16“ As atividade (3) e (5) dependem de (2). Portanto, a última data em que (2) pode ser finalizada corresponde à menor entre as “data de início mais tarde“ de (3) e (5). Figura 18 – Cálculo do caminho de volta, considerando-se o maior EF entre as atividades precedentes Considerando o término do projeto no dia 16, é a partir dessa data que são feitos os cálculos de duração das atividades. Da atividade 4 para a atividade 3, há um dia de intervalo e, assim, a data de término mais tarde é o dia 15. Da atividade 4 para a 5, não existe dependência, e a data de término mais tarde é o dia 16. A atividade 3 tem duas precedentes, devendo ser escolhida a de menor duração nesse caminho de volta. O caminho crítico é aquele em que não há folga e, assim, não pode haver atraso, sob pena de afetar o projeto como um todo. Depois, é possível construir um cronograma com as datas de início e de término das atividades. 1 2d 1 10 2 11 9 2 4d 1 1 4 4 0 3 4d 5 12 8 15 7 5 12d 5 5 16 16 D 4 1d 9 16 9 16 7 I F As datas de início mais cedo e mais tarde são diferentes As datas de início mais cedo e mais tarde são iguais Figura 19 – Cálculo de folgas para um projeto com cinco atividades 61 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS 1 2d 1 10 2 11 9 2 4d 1 1 4 4 0 3 4d 5 12 8 15 7 5 12d 5 5 16 16 D 4 1d 9 16 9 16 7 I F Caminho crítico: 2-5 Figura 20 – Cálculo do caminho crítico par Atividade A Início Fim 1 jan. 15 jan. Atividade B Início Fim 10 jan. 12 fev. Atividade C Início Fim 10 jan. 25 abr. Atividade D Início Fim 25 abr. 15 maio Figura 21 – Cronograma em formato de rede com datas predeterminadas4.9 Uso do gráfico de Gantt O gráfico de barras ou de Gantt é a ferramenta mais adotada quando se pretende mostrar planejamento e controle do tempo de um processo ou projeto. As barras representam os períodos para a realização das atividades. Assim, o gráfico de Gantt propicia a obtenção das seguintes informações: • Quanto tempo está previsto para a realização de uma determinada atividade? • Quanto tempo já decorreu desde que o projeto e cada uma das atividades iniciaram? • Quanto tempo ainda falta para que o projeto e as demais atividades sejam concluídas? Num diagrama de Gantt, cada tarefa é representada por uma linha, enquanto as colunas indicam os dias, as semanas ou os meses do calendário conforme a duração do projeto. O tempo atribuído a uma tarefa é modelado através de uma barra horizontal cuja extremidade esquerda é posicionada sobre a data prevista de início e a direita sobre a data prevista de fim da tarefa. 62 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II As tarefas podem ligar-se sequencialmente ou serem executadas em paralelo. No primeiro caso, relações de precedência podem ser especificadas por uma seta com base na tarefa superior para a tarefa inferior. A tarefa inferior não pode ser executada enquanto a superior não for concluída. Progressivamente ao adiantamento de uma tarefa, a barra que a representa é preenchida de modo proporcional ao seu grau de cumprimento. Dessa maneira, é fácil e rápido ter uma ideia do adiantamento do projeto traçando uma linha vertical que atravessa as tarefas no nível da data e do dia. As tarefas realizadas estão assim situadas à esquerda desta linha, as não iniciadas à direita, já as tarefas em curso são atravessadas pela linha. Se o seu preenchimento for situado à esquerda da linha, a tarefa está em atraso em relação ao planejamento. Se o número de tarefas for grande, é possível criar diagramas adicionais que detalham a planificação das principais. Podem-se assinalar no planejamento os acontecimentos importantes além das próprias tarefas, constituindo pontos essenciais para o projeto: tratam-se das tarefas marcos (milestones, em inglês). Os marcos permitem dividir o projeto em fases claramente identificadas, evitando uma etapa final em prazo demasiado longo. Um marco pode ser a produção de um documento, a realização de uma reunião ou ainda uma entrega do projeto. Os marcos são representados no Gantt como tarefas de duração nula, visualizadas por um símbolo específico, em geral um triângulo ou losango. É muito útil que os recursos (humanos ou materiais) sejam demonstrados no diagrama, possibilitando que se tenha uma visão do custo global. Numa preocupação com a concisão, as iniciais ou os nomes dos responsáveis por cada tarefa serão suficientes. O diagrama de Gantt, também chamado gráfico de Gantt, é um gráfico que permite modelar as tarefas necessárias para realizar um projeto. Esta ferramenta foi inventada em 1917 por Henry L. Gantt. Dada a relativa facilidade de leitura dos diagramas de Gantt, eles são utilizados por quase todos os chefes de projeto de todos os setores. O diagrama de Gantt é uma excelente ferramenta para mostrar graficamente a evolução do projeto, além de ser um ótimo meio de comunicação entre os participantes do mesmo. Este tipo de representação é particularmente fácil de criar com uma simples folha de cálculo, mas existem ferramentas especializadas, como o Microsoft Project. Aliás, também existem equivalentes livres e gratuitos deste tipo de software (GRÁFICO DE GANTT, [s.d.]). Saiba mais Para obter mais detalhes sobre os processos de construção de diagramas, gráficos de Gantt e conceitos associados ao caminho crítico de um projeto, leia: MAXIMIANO, A. C. A. Administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 63 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS 4.10 Controle dos custos do projeto Feita a lista de atividades e o diagrama de precedências, parte-se para a estimativa de recursos e respectivos custos que devem ser atribuídos ao projeto. Os recursos necessários para o desenvolvimento de um projeto podem ser classificados em: • Mão de obra — Consideram-se aqui os servidores e funcionários da entidade e os serviços contratados, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas. — Devem ser previstas as ocupações de funções de coordenação, técnica, administração, operação etc. • Material permanente — São os bens, equipamentos e instalações que podem ser adquiridos, construídos ou alugados, dependendo das políticas de aquisição e das considerações das alternativas financeiras. • Material de consumo. — Envolve despesas com combustíveis, aquisição de material de escritório, peças de reposição etc., conforme as especificações do respectivo projeto. • Serviços de terceiros — Despesas com viagens, hospedagens, alimentação, transporte local, serviços especializados, programação de computadores etc. Essas estimativas demandam três informações. Primeiramente, é preciso saber o custo unitário de cada um dos recursos adotados no projeto. Depois, avalia-se a duração das atividades. A sua multiplicação pelo custo unitário possibilita a estimativa do custo total da atividade. Por fim, temos os custos indiretos, que englobam as despesas que não são produzidas pelo projeto, mas a ele são atribuídas, como os custos de overhead (administração geral), previsão de reserva para os períodos de inatividade, benefícios etc. 4.11 Elaboração do orçamento O plano financeiro de um projeto costuma ser indicado por meio dos relatórios de orçamento e da estimativa dos custos do projeto. Um exemplo de orçamento de custos e despesas é mostrado na tabela a seguir: 64 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Tabela 2 – Exemplo de orçamento de custos e despesas Meses (em 2014)‑R$ (milhares) Custos Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Semestre Mão de obra 100 110 120 130 140 150 Equipamentos 50 50 50 60 60 60 Instalações 100 100 150 200 250 250 Despesas gerais 10 15 20 25 25 20 Impostos e taxas 30 40 50 60 70 80 Serviços de terceiros 40 40 50 50 60 50 Total A definição do Cost Baseline (curva de custos acumulados) depende da distribuição no tempo do orçamento, com os valores acumulados a cada período do projeto, como um todo e para itens significativos de custos e de despesas. 1 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 2 3 4 5 6 Cu st o ac um ul ad o (R $) Figura 22 – Gráfico Cost Baseline – linha de referência dos custos 4.12 Cronograma de desembolso ou fluxo de caixa Esse importante instrumento mostra a programação das receitas (entradas), despesas e custos (saídas) no período do projeto: Tabela 3 – Exemplo de fluxo de caixa de um projeto Entradas e saídas de caixa Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Recebimentos previstos 1000 3000 Recebimentos acumulados 0 0 1000 1000 1000 3000 Custos e despesas Mão de obra 100 110 120 130 140 150 Equipamentos 50 50 50 60 60 60 65 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS Instalações 100 100 150 200 250 250 Despesas gerais 10 15 20 25 25 20 Impostos e taxas 30 40 50 60 70 80 Serviços de terceiros 40 40 50 50 60 50 Custos e despesas mensais 330 355 440 525 605 610 Custos e despesas acumulados 330 685 1125 1650 2255 2865 Resultados de cada mês -330 -355 560 -525 -605 2390 Resultados acumulados-330 -685 -125 -650 -1255 1135 4.13 Implementação de um escritório de gestão de projetos (PMO) O PMO (Project Management Office) é uma unidade constituída na empresa ou entidade que tem como função básica o apoio ao desenvolvimento e ao controle de todos os projetos. Conforme o Guia PMBOK: Um escritório de gerenciamento de projetos (EGP, ou, em inglês, PMO) é uma estrutura organizacional que padroniza os processos de governança relacionados a projetos, e facilita o compartilhamento de recursos, metodologias, ferramentas e técnicas. As responsabilidades de um PMO podem variar, desde o fornecimento de funções de apoio ao gerenciamento de projetos até a responsabilidade real pelo gerenciamento direto de um ou mais projetos (PMI, 2013, p. 11). O PMO auxilia a visão dos projetos sob uma ótica estratégica e é parte vital para o tratamento formal da gestão de projetos, para que estes sejam desenvolvidos e executados nos prazos, obedecendo aos custos e demais condições esperadas em sua definição. Suas responsabilidades [do PMO] podem incluir definir, organizar treinamentos, disponibilizar gerentes de projeto, disponibilizar ferramentas e planilhas, orientar, facilitar a comunicação e negociação, informar a administração sobre o desempenho de projetos e a definição de prioridades. O PMO objetiva o alcance da excelência nos resultados previstos na definição de prioridades para os projetos (MOURA, 2013, p. 17). A administração pública deve criar estruturas de trabalho e gerência visando à apropriação dos conhecimentos internos e a geração de inovações, refletindo em benfeitorias para a sociedade, com adequado binômio custo-benefício. O PMO é, pois, uma central de gestão de projetos, disponibilizando recursos, ferramentas e técnicas necessárias para o desenvolvimento dos trabalhos. Existem diferentes tipos de estruturas de PMOs. Vejamos: 66 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Estruturas de suporte Funcionam como consultores e apoio para os projetos e para o pessoal envolvido, com treinamento e fornecimento de informações e experiências. Trata-se, basicamente, de um repositório de projetos, com pouco controle sobre estes. Estrutura de controle Neste caso, há a exigência de cumprimento de um conjunto de formalidades, modelos, formulários e ferramentas específicas, ou conformidade com a governança. Esses PMOs costumam fazer revisões do desempenho dos projetos. Pode ser classificado como médio o nível de controle desses tipos de PMOs. Estrutura diretiva Com alto nível de controle, esse tipo de PMO assume o controle e o controle direto dos projetos das entidades. A composição e a estrutura de um escritório PMO dependem das necessidades específicas da organização e de quais projetos apoia e/ou dirige: Um PMO pode ter a autoridade para atuar como uma parte interessada integral e um importante decisor ao longo do ciclo de vida de cada projeto, fazer recomendações, encerrar projetos ou tomar outras medidas, conforme a necessidade, para manter o alinhamento aos objetivos de negócios. Além disso, o PMO pode estar envolvido na seleção, gerenciamento e mobilização de recursos de projeto compartilhados ou dedicados. [...] A principal função de um PMO é apoiar os gerentes de projetos de diversas maneiras, que podem incluir, mas não se limitam a: • gerenciamento de recursos compartilhados em todos os projetos administrados pelo PMO; • identificação e desenvolvimento de metodologia, melhores práticas e padrões de gerenciamento de projetos; • orientação, aconselhamento, treinamento e supervisão; • monitoramento da conformidade com os padrões, políticas, procedimentos e modelos de gerenciamento de projetos através de auditorias em projetos; 67 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS • desenvolvimento e gerenciamento de políticas, procedimentos, modelos e outros documentos compartilhados do projeto (ativos de processos organizacionais); e • coordenação das comunicações entre projetos (PMI, 2013, p. 11). Treff e Battistella (2014, doc. 376) admitem que a gestão de projetos permite a aplicação do ciclo PDCA no setor público. Observação O ciclo PDCA é uma ferramenta de gestão muito conhecida na administração geral, hoje em fase de utilização pelo setor público. Visa controlar e melhorar os processos e produtos de uma forma contínua, com um processo sem intervalos ou interrupções. Saiba mais Aprofunde seus conhecimentos sobre o ciclo PDCA em: BEZERRA, F. Ciclo PDCA: conceito e aplicação (Guia Geral). Portal Administração, 2014. Disponível em: <www.portal-administracao.com/2014/08/ ciclo-pdca-conceito-e-aplicacao.html>. Acesso em: 17 ago. 2018. O PMO propicia maior visibilidade dos projetos pela alta administração da empresa ou entidade, além de: • Gestão padronizada de projetos. • Acompanhamento com mais detalhes dos projetos em desenvolvimento. • Monitoração com indicadores de desempenho. • Análise e controle de riscos. • Disponibilização das informações dos projetos, de forma rápida, atualizada e confiável. • Registro e documentação dos projetos executados, mantendo-se uma base de dados histórica para o desenvolvimento de futuros projetos, pautada nos conceitos de gestão do conhecimento. 68 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II A matriz Swot é também bastante empregada pelo PMO na definição da oportunidade de exploração de novos projetos pela organização, considerando os dados internos (forças e fraquezas) e os dados externos (oportunidades e ameaças). Swot Fatores positivos Fatores negativos Fa to re s e xt er no s Fa to re s i nt er no s S – Strengths Pontos fortes O – Oportunities Oportunidades W – Weakenesses Pontos fracos T – Threats Ameaças Figura 23 – Representação de uma matriz Swot Cabe citar outro importante aspecto que advém da implementação de um PMO na administração pública, que é a possibilidade do estabelecimento e melhor gestão de projetos feitos em parceria com entidades do setor privado. As instituições parceiras costumam interagir com o PMO durante todas as etapas da gestão dos projetos (inicialização, planejamento, viabilização, execução, controle e encerramento). O relacionamento costuma ser feito com base em reuniões periódicas com os stakeholders e com o monitoramento das atividades contidas na WBS (estrutura analítica de projeto) por meio de relatórios de progresso do andamento dos trabalhos. A implementação de um PMO demanda a ruptura de paradigmas anteriores, mudanças culturais e a criação de um ambiente de colaboração que permita ganhos generalizados, não apenas para os executivos. É importante, ainda, que seja criado um padrão de trabalho democrático e sem muitas imposições ou restrições, alinhados à estratégia e aos objetivos da entidade. O PMO costuma trazer uma mudança expressiva no uso de métodos e técnicas de gestão, com maior profissionalismo. A execução de um PMO também permite: • a governança por resultados; • maior transparência das informações; • padronização dos processos de seleção e de gestão de projetos; 69 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS • identificação dos projetos como ação de política pública; • o impacto do escritório de projetos no planejamento da administração pública. Com a gestão de projetos, a administração pública melhora a sua conscientização comrelação à importância e ao alcance das tarefas de planejamento de suas atividades. Aos poucos, ele vai deixando de ser entendido como uma tarefa técnica sob o domínio de alguns especialistas e burocratas. A visão anterior, que de certa forma ainda é muito difundida, considera que basta adotar o plano certo para que a implantação ocorra de forma automática. Contudo, a realidade demonstrou que muitos planos e programas falham em sua execução ou conduzem a resultados negativos inesperados. É essencial que as estratégias organizacionais estejam alinhadas com as reais necessidades do planejamento público. Dinsmore apud Treff e Battistella (2014, doc. 780) considera que: […] no novo contexto de globalização e escassez de recursos, a administração pública se vê forçada a se tornar mais competitiva na luta pela busca de novas fontes de recursos financeiros, sendo obrigada a repensar seus processos internos de trabalho e estabelecer uma reestruturação completa da máquina pública para viabilizar a correta utilização e efetiva captação de investimentos privados nacionais e internacionais e, também, recursos federais. Além das questões financeiras, há a pressão da sociedade civil e uma nova postura e formas de reivindicação de direitos e interesses. Melhorias dos processos públicos institucionais passaram a ser mais exigidas, até por força da comparação com o que é ofertado pela iniciativa privada e pelo terceiro setor. Treff e Battistella (2014) chamam a atenção para uma cultura de planos no Brasil com a intenção de antever e organizar o futuro. Quando se analisam as funções das secretarias e do Ministério do Planejamento, percebe-se um caráter altamente controlador. Suas principais contribuições giram em torno de controlar o orçamento e a alocação de recursos para diferentes órgãos estatais e projetos. Aos poucos, a cultura de planejamento vai se tornando um processo de decisão político-social que depende de informações precisas, transparência, ética, convívio com diferentes visões e interpretações que sejam aceitáveis para toda a sociedade. É aí que surge a gestão de projetos como elemento vital para o aprimoramento do planejamento público. O interesse pelo assunto vai crescendo, apoiado nos vários resultados positivos obtidos por organizações que aplicaram de forma sistemática os princípios e orientações da gestão de projetos. 70 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Dessa forma, a gerência de projetos deixa de ser uma ferramenta operacional para o controle de prazos de atividades e passa a ser uma ferramenta que deve estar “casada” com os objetivos estratégicos da administração pública. A implementação do PMO tem se destacado como um importante fator para essa nova visão sobre a gestão de projetos nas entidades do setor público. A estrutura do escritório de projetos deve favorecer a correta execução do planejamento estratégico da organização, maximizando o cumprimento dos seus objetivos. A metodologia de condução dos projetos tem sido alinhada à estratégia da entidade, com implicações de longo prazo no uso dos seus recursos. O que se espera é que a antiga forma de gestão na área pública dê lugar a iniciativas inovadoras e à proatividade, com foco na evolução da capacidade de gestão dessas instituições e, consequentemente, com maior racionalidade na utilização dos recursos do Estado. O escritório de gestão de projetos transforma-se num forte parceiro na busca do aprimoramento continuado dos processos estratégicos existentes, sincronizando as várias esferas da administração pública. Resumo Iniciamos esta unidade tratando dos aspectos vitais relacionados com a gestão dos recursos humanos, envolvidos direta ou indiretamente com o desenvolvimento e a execução de um projeto. Notadamente no setor público, pelo seu tamanho e grande número de stakeholders vinculados ao projeto, este assunto assume especial dimensão, sendo, em diversos casos, um dos maiores responsáveis pelo surgimento de problemas que dificultam e até inviabilizam determinado projeto. Sim, são fatores humanos, com diferentes interesses pessoais e políticos, que costumam constituir grandes obstáculos ao sucesso de um empreendimento. Assim, abordamos a importância do controle de conflitos entre os stakeholders de um projeto, procurando identificar sua origem e as formas de controlá-los. Vimos que é essencial a atuação do gerente de projetos para dirimir situações que gerem impasse no relacionamento entre os diversos participantes, diretos e indiretos, de um projeto. Há que se conhecer os tipos e as características dos stakeholders que atuam em todo o processo. Acentuamos que é sempre bom o confronto de ideias entre os participantes de um grupo, em geral contribuindo para melhor performance nos trabalhos e na obtenção dos resultados do 71 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS empreendimento. Ainda comentamos que os conflitos, dependendo das circunstâncias, podem se transformar em fontes de amadurecimento para a entidade, contribuindo para seu sucesso. Contudo, importa, efetivamente, que ele seja administrado com o fito de combater suas influências negativas sobre os trabalhos. Depois abordamos a Teoria da Agência, muito discutida nos assuntos de economia e administração, e sob a qual muitos desses conflitos podem ser tratados, a fim de controlar o processo de delegação de responsabilidades para o alcance dos objetivos do trabalho. A teoria admite uma distinção entre os interesses do principal (responsável pelo projeto) e os agentes para quem são conferidas as execuções e decisões sobre o andamento das atividades. A teoria explicita que os agentes costumam maximizar seu bem-estar pessoal (utilidade) ao longo de sua vida, o que pode acarretar prejuízos aos interesses de outros stakeholders. Vimos que são várias as possibilidades de ocorrências de conflitos, por exemplo, os decorrentes das divergências de metas e objetivos a serem perseguidos na execução do projeto. Nesse contexto, consideramos os aspectos atinentes à programação e ao controle das atividades de um projeto. Também tratamos das ferramentas mais utilizadas para o controle das atividades de um projeto, como: • Montagem da WBS, isto é, da estrutura analítica do projeto, quando elaboramos o cronograma de atividades e o diagrama de precedências. • Constituição dos diagramas de rede que permitem a visualização do caminho crítico de um projeto. • Uso do gráfico de Gantt para revelar as atividades do projeto. Em seguida, estudamos os controles necessários dos custos do projeto, apresentando a necessidade de elaboração de diagramas que mostrem as movimentações de caixa (entradas e saídas) e o orçamento previsto para o projeto. Finalizamos esta unidade com o escritório de projetos, que tem sido cada vez mais utilizado, seja em empresas privadas, seja em empresas públicas, de forma a conscientizar todos os envolvidos dentro da organização, estabelecer padrões de elaboração e os projetos desenvolvidos e previstos pela entidade. 72 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II Exercícios Questão 1. Quando refletimos sobre projetos, pensamos em sua elaboração e também em sua implementação. Nesse percurso, vemos que há necessidade de gestão das ações a ele vinculadas. Considerando a gestão de projetos, analise as afirmativas a seguir: I – Os projetos desenvolvidos em organizações públicas devem demonstrar melhorias na qualidade de vida de um determinado público-alvo. II – As diretrizes básicasdos projetos devem ser observadas por ações desenvolvidas em empresas públicas ou em empresas privadas. III – A questão do desperdício ou da má utilização de recursos deve ser considerada quando executamos projetos de natureza pública. IV – A gestão de projetos pressupõe a manutenção de culturas institucionais já consolidadas nas empresas. V – Os projetos devem estimular o fortalecimento de uma gestão burocrática nas organizações, sobretudo nas públicas. É correto apenas o que se afirma em: A) I, III e V. B) III, IV e V. C) II, III e IV. D) I, II e III. E) I, II e V. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: de fato, esses projetos devem apresentar como objetivo final a viabilização da qualidade de vida da população. Assim, projetos públicos não devem visar à atenção de interesses pessoais, e sim o que é coletivo. O projeto deve beneficiar um grupo. 73 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 ANÁLISE E ENCAMINHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS II – Afirmativa correta. Justificativa: há referências básicas que devem oferecer um norte, uma referência para a elaboração e também para a gestão e o acompanhamento dos projetos. Tais referências devem ser seguidas, quer esses projetos sejam elaborados por empresas públicas, quer sejam por empresas privadas. III – Afirmativa correta. Justificativa: a correta utilização de recursos constitui um aspecto basal para a execução de projetos de natureza pública. Nesse sentido, um projeto público deve primar por ações que evitem o desperdício assim como a má utilização dos recursos que o sustentam. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: em tese, a gestão e o acompanhamento de projetos nos impele a rever culturas institucionais já consolidadas e não revistas nas instituições. Trabalhar com projetos pressupõe a revisão das culturas institucionais, e não a sua manutenção. Assim, antes de serem mantidos, os conceitos arraigados devem ser revistos. V – Afirmativa incorreta. Justificativa: os projetos precisam favorecer a adoção dos modelos gerenciais nas empresas públicas e, por conseguinte, fortalecer processos de administração que são excessivamente assentados na burocracia. Assim, a administração burocrática deve ser enfraquecida, e não fortalecida, como sugere o enunciado da questão. Questão 2. A Prefeitura Municipal de Sucupira possui um rol amplo de ações que são desenvolvidas por meio de projetos públicos distribuídos nas mais variadas áreas de atuação. Dado o grande volume de projetos instituídos e em funcionamento, ficou definida a constituição de um escritório de gestão de projetos que também é apresentado pela abreviação americana PMO (MOURA, 2013). Dentre as atribuições desse escritório de gestão de projetos, podemos citar: I – Evitar que a gestão pública adote posturas inovadoras, uma vez que a natureza desses serviços é a manutenção de uma gestão burocrática. II – Constituir uma estrutura em que não sejam disponibilizados recursos, ferramentas ou quaisquer técnicas necessárias aos projetos, pois isso compete aos escritórios de gestão de projetos. III – Constituição de uma estrutura básica e que não guarde qualquer relação com aqueles que a dirigem. IV – Padronização dos processos de governança relacionados a projetos, podendo fornecer até apoio ao seu gerenciamento. 74 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - 2 9/ 08 /1 8 Unidade II V – Observar e analisar os projetos seguindo uma ótica estratégica, considerando ainda a necessidade de que os projetos sejam executados dentro do prazo estabelecido. Partindo de nossa análise, é correto apenas o que se afirma em: A) I, II e III. B) II, III e IV. C) II, III e V. D) III, IV e V. E) IV e V. Resposta desta questão na plataforma.
Compartilhar