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EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Da inclusão negativa à Inclusão afirmativa

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Da inclusão negativa à Inclusão afirmativa
		WALDIR VENANCIO VIANA
Trabalho de Conclusão de Curso DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUIZ DE JABOTICABAL como requisito parcial à obtenção do título DA PÓS_GRADUAÇÃO SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA MARCIA SCHMIDT NÉGLIA ARMENINI  
 
BELO HORIZONTE 
OUTUBRO 2016 �
Este trabalho busca descrever os pontos positivos e os negativos da inclusão dos ALUNOS COM Necessidades Educativas Especiais – PNEE’s. A partir da minha prática pedagógica com esses alunos e com embasamento teórico adquirido através de leituras e estudos relatei algumas dificuldades que podem acontecer se o tema não for amplamente debatido com os envolvidos no processo educativo. Ao meu entender é indiscutível que o processo de inclusão tem que ocorrer, mas não apenas fazendo um “ajuntamento” de alunos. Ela deve acontecer de fato e de direito. 
Palavras-chaves: Integração – Inclusão – Necessidades Educativas Especiais. 
A Diversidade que Constitui nosso Alunado 
SUMÁRIO: 
Introdução 04 
Contexto Histórico 05 
Educação Especial como Modalidade escolar 07 
Diversidade que Constitui nosso Alunado 10 
Da Inclusão Negativa à Inclusão Afirmativa 12 
Referências Bibliográficas 14 
 
INTRODUÇÃO 
Nossa sociedade se diz despida de preconceitos, porém, sabemos que há muita hipocrisia. Fazemos parte de uma sociedade segregacionista que ainda faz diferenciação de pessoas, julga e classifica segundo alguns padrões pré-estabelecidos por uma minoria. É sabido que a busca pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária têm sido constante. E muitas lutas estão sendo travadas em busca do respeito dos direitos de todos os cidadãos. Na luta pelos direitos de inclusão na sociedade estão os negros, os índios, os Na luta pelos direitos de inclusão na sociedade estão os negros, os índios, pobres, e tantos outros que vivem à margem da sociedade. Com os Portadores de Necessidades Especiais (PNE’s) não é diferente, sofrem muito com a forma como são tratados. Uma grande porcentagem dessas pessoas não tem acesso a educação, saúde, trabalho, locomoção e transporte, a cultura e ao lazer. 
 Ao iniciar a minha trajetória como educadora não esperava e nem imaginava ser capaz de trabalhar com alunos portadores de necessidades especiais. Foi trabalhando com a educação infantil que tive a oportunidade de ter o primeiro contato com alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais (PNEE’s1). 
A inexperiência levou-me a buscar cursos e formas mais adequadas para desenvolver atividades criativas que atendesse as necessidades individuais do meu aluno. Assim a partir de 1998 pude sentir como é difícil, porém, gratificante o trabalho com essas pessoas. Hoje já fazem sete (07) anos, que estou nessa condição de ser professora de educação especial, na qual, a cada situação vivenciada marca de alguma maneira a minha vida profissional e pessoal. 
 Atualmente muito se fala em inclusão, mas percebo uma dicotomia entre a prática e a teoria as vezes ficamos muito atrelados a nossa experiência e deixamos a teoria de lado. Buscando esclarecer que é preciso e urgente que ocorra nas escolas mais esclarecimentos e preparo dos educadores e de todos os que, direta ou indiretamente estão ligados à educação. 3 O objetivo desse trabalho é auxiliar os envolvidos com a educação a refletir sobre os pontos positivos e negativos da inclusão. Além de discorrer sobre este tema embasada por alguns autores, este trabalho descreverá também a minha trajetória como educador. instigou-me a refletir e a buscar mudanças na minha prática pedagógica com embasamento teórico. Segundo Maria Montessori (Montessori, 1965, p.32).
 “ O professor deve se preparar para ser educador e essa preparação requer amor, respeito à ação de encorajar, de reconfortar, de transformar-se e de revigorar a vida”. Percebi a necessidade de estar constantemente em formação para poder desempenhar de maneira mais adequada a minha profissão. Acredito que a educação tem um papel primordial na transformação social do nosso país. Para isso, busquei o contexto histórico que mostra a diferença entre “Integração” e “Inclusão”, as mudanças ocorridas a partir da “Declaração de Salamanca”; relato da minha trajetória educacional e o encontro com os PNEE’s; minha postura como profissional de educação ; a diversidade que constitui nosso alunado. 
 TCC – “No curso, o TCC representa a síntese possível da articulação teórico-prática encontrada nos registros materializados nos porta-fólios; a realização do diálogo com a realidade e a consolidação do compromisso com a formação de um profissional autônomo que não abdica de sua curiosidade, que não abre mão de ver/fazer coisas novas e construir/reconstruir realidades que não estão dadas” (Curso PIE, Mód. VI, vol. 3, 2003, p. 17-18). Segundo Córdova (2003, p.163) Viver numa sociedade humana é viver imerso num magma de significações imaginárias sociais que dão sentido e orientação a nossas vidas enquanto sociedade e diante das quais cada um de nós tem que encontrar sentido para sua vida pessoal, construir sua identidade pessoal, constituir-se como sujeito. E é nesse processo que a educação desempenha uma função fundamental. Incluir os PNEE’s consiste em um grande desafio da educação e tem sido abordada e discutida mundialmente o que acarretou mudanças em vários setores da sociedade. A inclusão não se limita apenas a população de pessoas com alguma deficiência, mas a todas as pessoas na medida que visa construir uma sociedade mais justa que valorize a diversidade das manifestações humanas. 
Contexto Histórico
 Por muitos e muitos anos as pessoas com algum tipo de “deficiência4 Esse preconceito é um legado histórico, resultante de situações políticas, religiosas e econômicas de séculos. (SOARES E CARMONA, Ano 2003, p.155). ” viviam totalmente a margem da sociedade não sendo aceitas nem mesmo no seio familiar, viviam escondidas, trancadas dentro de casa como seres irracionais. A partir do Século XIX, passou-se a estudar novas maneiras de atender o portador de necessidade especial. No entanto, criaram-se abrigos e instituições formadas a base de assistencialismo e paternalismo, nas quais muitas desenvolveram um regime residencial, no qual, o portador de deficiência era afastado da família e da sociedade. A partir da década de 70 nos Países Nórdicos iniciaram os movimentos em favor da integração5 4 Deficiência: falta, carência, insuficiência – Dicionário Escolar Aurélio. . As práticas sociais e educacionais de segregação começaram a ser questionadas. 5 Integração: ato ou efeito de integrar. Integrar: fazer parte, incorporar, juntar – Dicionário Escolar Aurélio. Nessa fase surgiram as classes especiais e as salasde recursos: ambientes dentro das escolas regulares adaptados ou não para receber os deficientes e a criação de novas escolas especiais. Na integração, os alunos passam por uma seleção prévia para serem inseridos nessas classes onde os mesmos ficavam obrigados a se adaptarem buscando aproximar-se dos padrões de normalidade e por conta própria buscar superar as barreiras que a escola lhe impunha. Não há, nesse modelo, uma mudança da escola como um todo, são os alunos que precisam mudar para se adaptarem às suas exigências. Em Jontiem, na Tailândia em 1990 aconteceu o “Congresso de Educação para Todos”, que tinha como propósito à “erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental como objetivo e compromisso oficiais do poder público, perante a comunidade internacional”. (EFA, 2000, p.2). Com este Congresso nascia um movimento mundial de inclusão.
 Desse compromisso, foi natural que profissionais se mobilizassem a fim de promover o objetivo da Educação para todos, examinando as mudanças fundamentais de política necessárias para desenvolver a abordagem da Educação Inclusiva, nomeadamente, capacitando as escolas para atender todas as crianças, sobretudo as que têm necessidades educativas especiais. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, P. 5).
 Com a presença de noventa e dois representantes governamentais e vinte e cinco organizações internacionais realizou-se em 1994, na cidade de Barcelona, Espanha, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade. As conclusões foram registradas na Declaração de Salamanca e definiram na área das necessidades educativas especiais. 
Novas concepções de necessidades educacionais especiais e a s diretrizes para a ação a nível nacional: política e organização, fatores escolares, recrutamento e treino do pessoal docente, serviços externos de apoio, áreas prioritárias, perspectivas comunitárias, recursos necessários, e as diretrizes de ação a nível regional e internacional. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, P. 15). 
 A Educação Inclusiva se caracteriza como uma política de justiça social que alcança alunos com necessidades educacionais especiais, tomando-se aqui o conceito mais amplo, que é o da Declaração de Salamanca (1994, p. 17-18). A partir dessa Declaração cresce o movimento a favor da inclusão. Uma prática inovadora que busca a qualidade de ensino para todos os alunos, exige que a escola se modernize e que os professores busquem aperfeiçoamento das suas práticas pedagógicas. Embora os dois vocábulos – “integração” e “inclusão” – tenham significados semelhantes, não expressam a mesma situação de inserção e se fundamentam em posicionamentos teórico-metodológico divergentes. O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter.(SOARES, 2002, p.189) 
Educação Especial como Modalidade Escolar
 A Educação Especial como modalidade de educação escolar significa um tipo de educação que se dá na escola. Pode até parecer banal descrever isto, porém, é preciso lembrar que antes da Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 não existia esse tipo de atendimento.
 Educação Especial como “modalidade de educação escolar, é considerada como um conjunto de recursos educacionais e de estratégias de apoio que estejam à disposição de todos os alunos, oferecendo diferentes alternativas de atendimento”. (BRASIL/LDB, 1996)
 
 
 Essa modalidade de educação escolar perpassa por todos os níveis de ensino da educação infantil ao ensino universitário. Dando a todos os alunos o direito a adaptação curricular, inclusive o uso de computador para alunos universitários com histórico de dislexia ou paralisia cerebral, por exemplo. Essas alternativas não deveriam ser limitadas somente aos alunos com necessidades educacionais especiais para que a inclusão fosse de fato mais ampla deveria permitir que todos os alunos tivessem a mesma oportunidade o que só iria favorecer a igualdade de direitos. Teríamos assim, um ensino muito mais voltado para o sucesso, para a construção da cidadania do que para a competição que tem marcado a sociedade da exclusão. A Educação Inclusiva se caracteriza como uma política de justiça social que alcança alunos com necessidades educacionais especiais, tomando-se aqui o conceito mais amplo, que é o da Declaração de Salamanca (1994, p. 17-18).
 O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. AS crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças de populações distantes ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas. (Declaração de Salamanca 1994)
 No Brasil, a diversidade social tem sido concebida de forma contraditória e tem evidenciado a desinformação, os preconceitos e a produção de novos tipos de exclusão, gerando controvérsias quanto à implantação da Educação Inclusiva nas escolas de ensino público e particular. 
A Educação Inclusiva é um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar brasileiro. É uma prática inovadora, que exige que a escola se modernize e que os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. 6 Observa que o texto original, em espanhol, emprega a expressão sobredotados que quer dizer superdotados. Essas mudanças trazem a nós educadores a evidência da fragilidade de nossa formação.
 Por diferentes motivos temos dificuldades de aceitar a permanência destes alunos em nossas escolas comuns, sejam elas públicas ou particulares. ... No ano de 1997, atuando com alunos de seis anos, mesmo com uma turma superlotada recebi mais um aluno. Esse Portador de Necessidades Educativas Especiais. Era portador de uma síndrome que ainda tinha sido não diagnosticada. Foi um período muito difícil, de muita incerteza e angústia. Sentia-me impotente e incapaz, com medo de não conseguir realizar meu trabalho com aquele aluno. Paulo (nome fictício) era uma criança meiga, carinhosa e bem educada o que facilitou o relacionamento comigo e com os colegas e sua socialização foi muito rápida. Mesmo assim, não mudava a minha apreensão, pois sentia não avançar na parte pedagógica. Paulo necessitava de um atendimento individualizado o que eu não conseguia com uma turma tão cheia. Na época da matrícula do aluno, falaram que teria o auxílio de uma professora itinerante que daria apoio e orientação no desenvolvimento do trabalho com o aluno.
 Após uma boa espera surge a tão esperada professora. Mais frustração, eu fui “obrigada” a receber o aluno mesmo sem nenhuma experiência e ela ocupou aquele cargo por total falta de opção. Não tinha também nenhuma experiência com a educação especial e pouco podia me ajudar. A situação era angustiante, mas, não poderia continuar daquela forma.
 Ele era meu aluno e deixar passar todo o ano sem fazer nada era uma irresponsabilidade, então eu me sentia inquieto.Busquei mais conhecimentos na área da educação especial. Não foi a solução, mas um norte para o meu trabalho. Tenho plena consciência que deixei muito a realizar, porém, não cruzei meus braços e realizei por ele o que pude dentro das minhas limitações. Assim, foi meu primeiro contato com a Educação Especial..Não sou professor só do ensino especial, devo me preparar para trabalhar com alunos da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental.. Embora meu desejo de retomar meus estudos fosse grande não imaginava que as teorias fizessem tanta falta para a minha prática pedagógica. 
Fui percebendo que como professor não tinha por obrigação saber tudo, sou um ser inacabado e em construção permanente. Gentili e Alencar (2003, p.111) deixam claro que sou um sujeito em formação permanente. “O professor não ensina, estimula a aprender... Mas ela sabe que é mais importante produzir novas perguntas, levantar indagações,do que trazer respostas prontas e passar uma informação inacabada”. Durante a convivência com os alunos vi o quanto à leitura é primordial para o meu desenvolvimento. A minha “incapacidade” de escrever foi aos poucos se desfazendo embora ainda seja um grande desafio que preciso enfrentar, passo a passo e como a formação continuada me é necessária para cada vez desenvolver de forma mais adequada o meu fazer pedagógico.
 Sair do senso comum e buscar fundamentação teórica foi fundamental para que eu percebesse que dentro da modalidade de ensino que atuo – a Educação Especial – é preciso que ocorram mudanças. Hoje se fala muito da inclusão, objeto desse trabalho e eu me pergunto de que forma ela esta sendo concretizada? Qual a preparação dos educadores para abraçar efetivamente tais mudanças? Estamos preparados para quebrar os paradigmas existentes? Incluir pelo simples ato de incluir vale a pena? Será possível realizar a inclusão social sem a inclusão escolar? Muitos são os questionamentos que precisam ser feitos e debatidos. Talvez boa parte desses questionamentos não tenha respostas imediatas, só serão respondidas a medida que o processo for acontecendo, mas se faz necessário que eles estejam sempre em discussão pois somente assim não se manterá o caráter da exclusão.
 Segundo Brandão (apud GENTILI e ALENCAR, 2003, p. 116) “A escola não muda o mundo: pode e deve mudar as pessoas. E estas sim, é que mudam o mundo”.com essas mudança na formas de trabalho com crianças com necessidades especial sofridas por mim, e sou eu que preciso ajudar a construir uma educação despida de preconceitos.
 A Diversidade que constitui nosso alunado
Ao assumirmos uma turma passamos a nos constituir como um grupo homogêneo que embora apresente diferenças na aparência e no comportamento tentamos fazer com que esse grupo aprenda um conjunto de informações constantes de um currículo que não tem como prioridade às diferenças. Há que se atentar, para o fato de que embora esses alunos sejam uma classe, na realidade não formam uma unidade, é perceptível às diferenças, mesmo que não sejam levadas em consideração. Existe variáveis ali presentes que faz de cada aluno uma pessoa singular. 
Cada um com uma história de vida peculiar, com características culturais próprias, com realidades de vida familiar, social e econômica bastante diferenciada. Isto torna cada aluno um sujeito de aprendizagens único, que precisa ser conhecido e reconhecido para obter sucesso no processo de ensino aprendizagem. Cada aluno tem um conhecimento da realidade, que foi construído em sua historia de vida e não pode ser ignorado no processo de ensinar. Cada um tem necessidades educacionais específicas e o professor tem que responder pedagogicamente, caso queira cumprir com seu papel.
 Independentemente das condições e diversidades dos alunos, todos os sistemas escolares podem e devem criar condições para o atendimento da imensa maioria dos educandos com necessidades especiais. (SOARES, 2002). Todo e qualquer aluno pode apresentar necessidades educacionais especiais, ocasional ou permanente. Precisamos considerar toda essa diversidade que envolve nosso espaço educacional. É preciso focalizar não o aluno em si, mas as respostas que a escola pode oferecer a cada um para que ocorra a aprendizagem pretendida. A explicação dada para o fracasso escolar passa a ser exposto por diversas denominações e causas, tais como: distúrbios, disfunções, problemas, dificuldades, carência, desnutrição, família desestruturada, entre outras, desconsiderando totalmente as situações escolares contextuais. A diversidade está presente em nossa vida a partir do nosso nascimento. Para Filho (2003,p.167)
 “A diferença é antes de tudo uma realidade concreta, um processo humano e social, que os homens empregam em suas práticas cotidianas e encontra-se inserida no processo histórico”. Temos a nossa frente um mundo a ser descoberto e construído, assim, vamos crescendo e convivendo com o novo até o dia em que nos deparamos com as rupturas impostas pelo preconceito. Ficamos então com uma grande vontade de banir tudo o que é diferente de nosso meio, o que nos incomoda. Tentamos adiar o encontro com a diversidade, tentamos criar uma zona de conforto para nos restringirmos a ela. Embora ninguém seja igual ao outro, criamos “Padrões de Normalidade” e passamos a acreditar que o que foge desses padrões não presta ou tem valor inferior, e assim, esse contato causa-nos desconforto, e nos remove do nosso comodismo. Transportando essa diversidade para a educação, nos deparamos com dificuldades para lidarmos com um número incontável de formas de agir, de pensar, de aprender. E muitas vezes é bem mais cômodo querer que todos os alunos aprendam ao mesmo tempo, da mesma maneira, que tenham as mesmas habilidades e os mesmos interesses. 
Ao sensibilizarmos os professores para a identificação das diversidades sociais, culturais, emocionais e físicas, sejam elas de caráter individual ou coletivo, estamos contribuindo para o seu comprometimento com a aprendizagem e o desenvolvimento de seus alunos, evitando, assim, que essas diferenças se tornem causa de evasão e de exclusão escolar. (SOARES, 2002, p. 191)
 Para que seja repensado os valores, e os problemas que envolvem a educação na perspectiva da diversidade e buscar encontrar caminhos na busca de soluções, é necessário que aconteça muitas discussões com toda comunidade escolar, para que tais valores e posicionamentos sejam repensados e soluções encontradas. As mudanças devem acontecer também com a flexibilização institucional. É necessário que ocorram mudanças curriculares, pedagógicas, metodológicas e da estrutura física da escola. A LDB no. 9.394/96, indica no capítulo V, Art. 59 “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender suas necessidades”. As adaptações e mudanças que estão previstas na lei são agentes facilitadores no processo ensino-aprendizagem dentro da diversidade, mas outros elementos: pais, professores, direção, coordenação, e os sistemas educacionais são essenciais para o apoio ao desenvolvimento dos alunos. Os dispositivos legais por si só não definem o Projeto Educacional, mas como ela é operacionalizada, dentro da realidade de cada comunidade escolar. Para Carvalho “Se normas institucionais são fundamentais para estabelecer diretrizes coletivas, não são suficientes para estabelecer diretrizes coletivas, não são suficientes para garantir transformações éticas, conceituais e atitudinais”. Leis e ações devem andar paralelamente e é preciso criar programas de apoio ao corpo docente e discente. Gerar relações de confiança entre os educadores, educandos e pais para juntos envolverem a sociedade na busca de um mundo mais igualitário.
 Da inclusão negativa à inclusão afirmativa
 È preciso pensar se apenas o ato de colocar todas as crianças na mesma escola é satisfatório para promover a inclusão. Somente a aglomeração no mesmo ambiente escolar não é suficiente para consolidar o processo da educação inclusiva. Antes de tudo se faz necessário à inclusão do ser humano de forma global e irrestrita na sociedade. É preciso que a infraestrutura dos ambientes seja coerente com os princípios da inclusão. Tem que se buscar o respeito a estes alunos oferecendo instalações, tecnologias e equipamentos aptos a recebe-los sem restrições. Uma sociedade que não abre espaço, para aqueles desprovidos dos padrões pré-estabelecidos por uma minoria dominante, não é capaz de se sensibilizar com aqueles que são portadores de necessidades especiais. Todos os seres humanos portam algum tipo de deficiência, umas bem mais simples quase imperceptíveis, outras mais agravantes. É preciso desmistificar essa cultura preconceituosa
 
 É preciso que as escolas se tornem espaços vivos de acolhimento e de formação para todos os alunos e de como transformá-las em ambientes educacionais verdadeiramente inclusivos. (MANTOAN, 2003,p.55).
 Além da preparação do espaço escolar a preparação do corpo docente de forma a dar-lhes esclarecimentos e formação que contemplem suas dificuldades para que não se sintam impotentes e/ou insuficientes é fator primordial na transição desse processo. É preciso uma formação inicial e contínua e de qualidade. Faz-se necessário uma formação que crie um movimento de desconstrução do modelo educacional excludente e por conseqüência na construção de novos paradigmas que desafiem a recriação do sentido de educar.
 É essencial que os professores se adaptem a este novo processo, pois é preciso um novo olhar para com as pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Superando a visão, padronizadora e classificatória que condena a todos que dela fugirem. Mesmo as práticas discriminatórias menos explícitas, quase que imperceptíveis, que são tão cruéis quanto as mais duras e que devem ser totalmente desestimuladas. Entender que deficiência não é doença é um passo importante para aceitação das diferenças. Ter uma necessidade educativa especial não significa a incapacidade para a aprendizagem. Apenas ela acontece em ritmos diferenciados, há um espaço de desenvolvimento real e as possibilidades que nela se anunciam. Para fazer a inclusão acontecer não existe uma receita pronta, mas existem aspectos que devem ser considerados e discutidos: é preciso uma política pública com maior clareza no referencial conceitual quanto às necessidades educativas especiais; maior clareza nas metas estabelecidas, observando prioridades como a adaptação curricular e com avaliação constante de todo processo.
 A inclusão é insdicutível, mas tenho receio quanto ao modelo que vêm ocorrendo sem preparação adequada dos espaços físicos e do corpo docente para que não ocorra uma “inclusão” apenas de aglomeração de alunos no mesmo espaço e que os PNEE’s fiquem exclusos dentro de uma pseudo “inclusão”.
 É um tema polêmico e que muitos ainda preferem não discutir sobre as conseqüências de uma inclusão escolar mal elaborada.
 Referências Bibliográficas:
 BRASIL. LDB; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei Nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. 
BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Especial. Educação para todos: EFA 2000.
 Avaliação: políticas e programas governamentais em educação especial. Brasília: MEC/SEESP, 2000. CARVALHO, J.L. Inclusão: direito singular e compromisso plural. Amae Educando. Belo Horizonte. 2000. (Periódico). 
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS. 1994. Salamanca, Espanha. Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades especiais. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde. 1994
 GENTILI, Pablo & ALENCAR, Chico. Educar na Esperança em tempos de esperança. Petrópolis. 2003.
 MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar – O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo. Editora Moderna. 2003.
 MONTESSORI, Maria. Pedagogia Científica. Tradução Aury Brunetti. São Paulo: Flamboyant, 1965.
 SOARES, Marlene da Silva; CARMONA, Olimpo Ordoñez. Fundamentos da Educação Especial. Curso PI/FE/UnB. Módulo III, vol. 3. Universidade de Brasília. Faculdade de Educação. Secretaria de Estado de Educação. 2003.

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