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Direito Romano - Resumo do livro Roma e o Direito de Michele Ducos

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Direito Romano. 
Livro - Roma e o Direito de Michèle Ducos. 
Sumário 
1. Introdução ..................................................................................................................................................................... 2 
2. Como conhecemos o direito romano? ......................................................................................................................... 2 
A Lei das 12 tábuas ....................................................................................................................................................... 3 
As leis republicanas ....................................................................................................................................................... 3 
Os Senatusconsultos ..................................................................................................................................................... 3 
O editor do pretor ......................................................................................................................................................... 3 
Os juristas ...................................................................................................................................................................... 4 
As constituições imperiais ............................................................................................................................................. 6 
O costume ..................................................................................................................................................................... 6 
3. O cidadão e a sociedade ............................................................................................................................................... 7 
O Cidadão ...................................................................................................................................................................... 7 
O escravo....................................................................................................................................................................... 7 
O liberto ........................................................................................................................................................................ 8 
4. Direito de família ......................................................................................................................................................... 10 
A família ...................................................................................................................................................................... 10 
O pater familias e o patria potestas ........................................................................................................................... 10 
O filho de família ......................................................................................................................................................... 11 
A tutela e a proteção dos menores ............................................................................................................................. 11 
A condição da mulher ................................................................................................................................................. 12 
5. Os Bens ........................................................................................................................................................................ 13 
Definição de Bens........................................................................................................................................................ 13 
A noção de propriedade ............................................................................................................................................. 13 
A aquisição da propriedade ........................................................................................................................................ 13 
A posse ........................................................................................................................................................................ 13 
6. Como legar seus bens ................................................................................................................................................. 14 
O testamento .............................................................................................................................................................. 14 
A sucessão ab intestat ................................................................................................................................................. 15 
O testamento inoficioso .............................................................................................................................................. 15 
Aceitação da herança .................................................................................................................................................. 15 
Os legados ................................................................................................................................................................... 15 
7. As Obrigações ............................................................................................................................................................. 16 
As obrigações delituosas ............................................................................................................................................. 16 
Os contratos ................................................................................................................................................................ 16 
A estipulação ............................................................................................................................................................... 17 
O contrato escrito ....................................................................................................................................................... 17 
Os contratos reais ....................................................................................................................................................... 17 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
2 
 
Os contratos consensuais ........................................................................................................................................... 17 
8. O Procedimento .......................................................................................................................................................... 18 
Definição ..................................................................................................................................................................... 18 
As ações da lei ............................................................................................................................................................. 18 
O procedimento formular ........................................................................................................................................... 19 
O procedimento extraordinário .................................................................................................................................. 20 
 
 
1. Introdução 
... A nossa civilização, oriunda dessa latinidade, pode ser definida, na sua essência, como uma civilização jurídica. 
Nela, o direito conforma os próprios processos de construção das realidades social, cultural e ideológica. A evolução 
da civilização ocidental fez-se com um discurso legitimador e racionalizador: o jurídico. Esse discurso institui e 
cauciona um estatuto que se assentana realização e na garantia da liberdade. Esta poderia, mesmo, ser descrita 
como a diferença entre a civilização e a barbárie, juntamente com o desenvolvimento da língua e da escrita. 
De fato, o Direito constitui elemento necessário da civilização romana: os juízes não são profissionais, mas 
particulares que se encontram deste modo, em relação com os litígios privados e os problemas que provocam. 
Muitos atos jurídicos, como vendas, contratos ou testamentos, supõem o concurso de testemunhas, e a participação 
nesses atos é parte das obrigações morais e sociais às quais não seria possível se furtar. É legítimo pensar, então que 
os cidadãos romanos não podiam permanecer na ignorância do Direito. 
A própria noção de Direito (ius) é bastante complexa, e os romanos introduziram numerosa distinções, permitindo 
classificar as diferentes formas segundo a natureza das regras jurídicas ou sua origem. Inicialmente, opondo direito 
público e privado. Foi sobre o direito privado que os juristas romanos voltaram seu interesse. Ou na divisão 
“flutuante” entre o ius civile, peregrinum, gentium... 
2. Como conhecemos o direito romano? 
O que designamos atualmente por direito romano é um conjunto em que se encontram reunidos elementos de 
origem diversa, mas é no Corpus Iuris Civilis, com suas divisões bem nítidas e espessos volumes, que permanece 
como símbolo do Direito Romano. 
Esse conjunto, elaborado no século VI d.C., por ordem do imperador Justiniano tem quatro partes distintas: um 
manual, as institutas, um código e as novelas. Entretanto nosso conhecimento do direito romano repousa 
principalmente no digesto: essa obra reúne os fragmentos da jurisprudência clássica, separados por matéria, 
divididos em 50 livros, subdivididos por sua vez em capítulos. O digesto justapõe citações isoladas, de comprimento 
variável, e constitui, para nós, um conjunto insubstituível. Com efeito, dos juristas antigos até a jurisprudência 
clássica, é o essencial da ciência jurídica romana que se encontra reunido nessas páginas. 
Os diferentes elementos que serviram para a formação das normas jurídicas constituem o que se chama de fontes 
do direito romano. Entre elas figuram as leis e outras normas, há, também, decisões dos imperadores e o trabalho 
dos juristas. Seguindo a enumeração proposta por Gaio: "O direito do povo romano se compõe de leis, plebiscitos, 
Senatusconsulto, Constituição dos imperadores, editos daqueles que tem o direito de emitir e as respostas dos 
prudentes”. Gaio listou as fontes escritas, mas não se pode deixar de lado o Costume como fonte não escrita do 
direito romano. O costume é o direito que o uso aprovou; o consuetudinário era o mais forte. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
3 
 
Ao mencionar as leis e as decisões imperiais, o jurista reuniu os elementos que evocam a República e o Império e 
deixa transparecer, e o curso da história romana, as transformações do direito e a aparição de novas fontes. 
A Lei das 12 tábuas 
O Marco de origem do sistema jurídico Romano. 
O primeiro período da história de Roma vai (mais ou menos) de 700 a 200 a.C. e é marcado pelo predomínio do 
direito consuetudinário (não escrito) e a codificação dos direitos dos quirites (cidadãos romanos) sob a designação 
de Lei das 12 tábuas. 
Essa Lei surgiu como uma resposta a uma crise social nascida dos conflitos entre patrícios e plebeus, seu objetivo foi 
gerar uma certa igualdade entre os cidadãos. O código refere-se, sobretudo, ao direito privado. Estavam positivadas 
questões sobre Direito de Família, Propriedade, Direito Penal e Sucessões. 
Revela um universo ainda bem rude em Roma: O devedor insolvente torna-se prisioneiro de seu credor, por vezes 
vendido como escravo “além do Tibre ", isto é, fora da cidade. 
Direito e religião não se separavam sempre claramente. Além disso, o direito se laicizou nas "leis reais". Lei das 12 
tábuas é possível verificar o nascimento de um direito civil autônomo. 
A Lei das 12 tábuas inspirou e modelou a consciência jurídica romana. Segundo Cícero, ela é o fundamento do 
direito civil, e segundo Tito Lívio, ela é a fonte de todo direito público e privado. 
As leis republicanas 
Elas são uma exceção nesse conjunto jurídico, pois pouquíssimas tratavam sobre direito privado. A lei, nesse caso, 
entendida como ato votado pelos cidadãos reunidos em comícios, aplicava-se a diversos objetos: declaração de 
guerra ou ratificação de tratados, outorga da cidadania, organização das províncias. Esse cenário só foi diferente 
com Augusto, pois propôs numerosas medidas legislativas relativas a casamento, franquias ou a processos, mas isso 
foi um ato isolado. Pode-se dizer que "o povo do direito não é o povo da lei". Vastos domínios se desenvolverem 
sem o recurso à legislação: contratos, sucessões, ou regime de propriedade. Uma tal situação, iniciada com a 
república, prossegue sob o Império: os comícios não se reuniam mais, e as leis desapareciam progressivamente. 
Então fez-se presente, para evoluir o direito, outros meios e para adaptá-lo às circunstâncias e necessidades da 
sociedade. 
Os Senatusconsultos 
Sob a república, as decisões do Senado não possuem um valor normativo. A partir do século I a.C. em matéria 
financeira, por exemplo, em domínios de competência senatorial é que isso começou a mudar. No Principado, ao 
contrário, os Senatusconsultos adquiriram um lugar importante, seu número se multiplica, o alcance se estende e 
se voltam aos diversos setores do direito privado, por exemplo, direito de família ou direito testamentário. 
Segundo Gaio "o Senatusconsulto ... tem força de lei, apesar de ser discutível ". 
O editor do pretor 
O edito era afixado pelo pretor no momento de sua posse no cargo e constituiu uma fonte de direito, a partir do 
século II a.C., o pretor urbano desempenhou um maior papel na evolução do direito em Roma, principalmente em 
matéria de direito civil. 
Os editos eram uma espécie de programa de ação. O magistrado enumerava os casos aos quais atribuiria uma ação 
na justiça: iudicium dabo, segundo a fórmula que figurava no edito. Assim, o edito trazia ao cidadão em necessidade 
os meios de ver sua situação reconhecida e protegida pelo direito. Desse modo, o pretor podia adaptar o direito a 
novas necessidades, completá-lo ou modificado. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
4 
 
O edito, juntamente com outros meios de que o pretor disponha em virtude de seu imperium, constituiu um 
elemento essencial na formação do direito. 
Em princípio, o edito era válido por um ano, o que corresponde ao período em que os Pretores exerciam seu cargo. 
Mas certas disposições podiam ser retomadas pelos sucessores. Progressivamente, graças aos editos sucessivos, em 
que os Pretores utilizavam as medidas anteriores e acrescentavam igualmente as suas próprias, elabora-se um 
direito adaptado às transformações da sociedade romana nessa época, o direito pretoriano. 
Através do procedimento formular* o edito permite uma adaptação flexível do direito as necessidades da sociedade 
romana. Além disso, não é acessível unicamente os cidadãos romanos. Os estrangeiros podiam fazer uso das regras 
do direito pretoriano dado que, ao lado do pretor urbano, havia o pretor peregrino, que se ocupa dos litígios entre 
os romanos e os estrangeiros. 
Assim, a partir do século II a. C. até o principado, o edito desempenha um papel fundamental na formação do jus 
civile. 
A partir do século II d.C., com a publicação do edito perpétuo, o edito conserva a sua importância prática, mas não 
fará mais parte das forças criadores do direito. 
*O procedimento formular foi um avanço no direito romano, pois reduziu-se a ritualística que caracterizava o 
processo anterior. Ele consistia em duasfases – perante o pretor e a outra perante juiz. Surgiu o recurso das 
"fórmulas": as duas partes enunciavam em comum as suas reivindicações diante do pretor, que, a partir desses 
dados, concedia a ação e redigia a forma que permitiria ao juiz decidir. Esse documento continha as pretensões 
dos dois adversários e as instruções destinadas ao juiz. 
 
Os juristas 
Evolução dos juristas 
1. Direito Arcaico (Realeza) – Jurista Pontífice 
2. Direito Clássico: 
a. República – Jurista Autônomo; 
b. Principado – Jurista ex auctoritate principis (parecer em nome do príncipe). 
3. Direito Pós-Clássico (Dominato) – Jurista Subordinado ao imperador. 
Pode-se chamar os juristas de: Iuris Perite (os que são hábeis em direito), ou Iuris Prudentes (os competentes em 
Direito, são frequentemente chamados de prudentes). 
Eles intervinham para fazer com que o direito evoluísse e se completasse. Tal atividade nasceu muito cedo em Roma, 
era preciso alguém fosse responsável por interpretar e esclarecer, bem como adaptar a casos particulares a Lei das 
12 tábuas. Esta função foi, inicialmente, de competência dos pontífices, mas progressivamente a jurisprudência se 
laicizou, enquanto seu papel se tornou preciso ir se afirmou. 
Três termos resumem a atividade dos juristas: 
1. Agere - função de aconselhar as partes e os juízes no processo; 
2. Cauere - assistir os cidadãos na redação dos atos jurídicos; 
3. Respondere - Dar uma resposta àqueles que os consultavam (quando seu caso podia colocar um problema). 
O respondere, atividade resultante de uma consulta, chama atenção, pois essa atividade se referia principalmente a 
casos particulares. O objeto da jurisprudência é, antes de tudo, casuístico, ela não enuncia definições nem regras 
gerais. Com o trabalho dos prudentes nasceu toda uma literatura especializada, de formas precisas, que conhecemos 
como Digesta. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
5 
 
Por meio da Digesta, pode se descobrir a evolução das instituições. 
A primeira obra da jurisprudência é do séc. II a.C. e encontra-se ligadas a lei das 12 tábuas, chama-se tripertita de 
Aelius Paetus Catus. Ela é composta de três partes: as 12 tábuas, sua interpretação e as formas de ação na justiça. 
Ao longo desse século, a jurisprudência conquistou sua autonomia e não era mais o resultado de uma interpretação 
da lei, ela se afastou disso. Esse conjunto de respostas interpretações, inicialmente ligado as leis das 12 tábuas 
suscitou, por sua vez, outras interpretações de respostas para uma ciência independente aberta. 
Essa atividade se reforça no século seguinte para permitir o que é denominado de revolução científica do século I 
a.C. Uma nova etapa da evolução da jurisprudência começa de fato com Mucius Scaevola, pontífice, cônsul em 95 
a.C. Em seu tratado sobre o Direito Civil, empreendeu uma exposição sistemática do ius civile em seu conjunto 
(testamento, tutela, direito das pessoas). Não fez uma simples descrição, mas colocou em ordem, fez uma exposição 
sistemática. Ele recorreu a uma classificação por gêneros e por espécies das instituições jurídicas. Ação dele é a de 
um fundador: ele orientou de maneira decisiva evolução da jurisprudência. 
Daí em diante, os juristas não se atêm mais aos argumentos de autoridade e recorrem a dialética. Por exemplo, 
Servius Rufus aperfeiçoou tais métodos e a eles acrescentou o senso de equidade. 
Outro jurista importante foi Antistius Labeo que deixou obra abundante e fixou-se, inicialmente, na língua e na 
gramática. Procurou sentido exato dos termos para basear suas interpretações, recorrendo tanto a filosofia quanto a 
dialética. Assim, surgiu uma ciência jurídica nova, que continuou a se desenvolver sobre o principado. 
Surgiram duas escolas de juristas: os proculianos e os sabinianos. 
 Os proculianos referiam se à gramática, a lógica e a filosofia. 
 Os sabinianos permaneceram mais próximos dos métodos antigos, menos rigorosos em sua diligência. Eles 
basearam suas soluções sobretudo nas escolhas empíricas ou ditadas pela prática. 
No Principado, o papel da jurisprudência aumentou. Os juristas estavam presentes ao lado do príncipe e 
progressivamente associados a administração, por exemplo, como prefeito da cidade. Outros, por sua ação no 
Conselho do príncipe, participaram rigorosamente da elaboração de um direito que afirmou o papel do imperador. 
Sob Augusto houve a criação do ius publice repondendi (deu a alguns juristas peso maior), e as consultas ex 
auctoritate principies. 
Augusto criou um corpo de juristas qualificado cujas respostas ganharam autoridade e cujos pareceres 
prevaleceram nos tribunais. É a aprovação oficial atribuída pelo imperador devido seu poder de auctoritas que 
conferem um peso considerável essas consultas e respostas. A compilação dessas consultas e respostas foi um 
trabalho intensificado no Principado e provocou a criação de uma nova literatura, as soluções dos juristas foram 
reagrupadas em digestos. 
Com Gaio, ou mesmo com Celso, começou a jurisprudência clássica, que se desenvolveu sob o reinado dos Severos. 
É a época dos grandes juristas: Paulo, Papiniano, Ulpiano, Modestino. Por outro lado, suas decisões serviram de 
modelo por muito tempo. O lugar que ocuparam na história do direito Romano manifesta-se, inicialmente, pela 
grande quantidade de seus escritos. Comentário sobre as leis (Responsa) retomaram a tradição literária dos 
prudentes. 
Em um mundo em que o direito estava inteiramente nas mãos do imperador, os juristas associados ao poder criaram 
um direito que se exprimia nas constituições imperiais. Eles o comentaram em suas obras, confrontando com o 
direito antigo, para transformar as soluções particulares em um todo coerente. Assim anunciou-se o movimento que 
conduziu as codificações do Baixo Império (Dominado). 
Após os Severos, a jurisprudência perdeu dinamismo, sua atividade diminuiu reduzindo se a obras anônimas, 
resumos ou escritos apócrifos. Mas em 426 d. C. com a lei das citações, houve o reconhecimento oficial da 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
6 
 
autoridade dos cinco jurisconsultos clássicos: Gaios, Papiniano, Paulo, Ulpiano, Modestino. Em todas as 
circunstâncias, era lícito alegar suas soluções nos tribunais. As outras ou eram apenas com reservas. 
Ao mesmo tempo, esses recursos a fontes de uma data anterior demonstram que a jurisprudência verdadeiramente 
não serve mais para criar o direito, fundamental a partir de então, é a ação dos imperadores. 
 
As constituições imperiais 
As decisões dos imperadores possuem o nome de constituições, palavra que deriva de constituere, que, em latim, 
significa decidir. Sua origem está ligada a própria natureza do poder imperial, em que se encontram associados ao 
Imperium proconsular. Essas decisões eram proferidas em diferentes “ formatos” dependendo da função a ser 
desempenhada, por exemplo: 
Os editos - Textos de caráter geral, concernentes ao território e a uma categoria social, encontram-se ligadas 
ao imperium do príncipe. 
Decretos - Julgamentos emitidos pelo imperador e refletem o exercício da justiça pelo príncipe. 
As constituições imperiais ocuparam progressivamente um lugar essencial nas fontes do direito sobre o Império. Os 
juristas afirmaram esse valor, por exemplo: “não se pode duvidar jamais que essas decisões têm uma força de lei, já 
que por uma lei que o imperador recebe o poder” (Gaio). 
O que provém do príncipe, declara Ulpiano, tem força de lei. 
Houve um processo de codificação, que era um agrupamento dessas constituições, até resultar no código de 
Justiniano. 
O costume 
O seu papel em Roma estava longe de ser secundário. 
Nenhum sistema jurídico em que a lei tem um lugar restrito, emum sistema em que os precedentes e a tradição 
constitui referência importante e adaptação às necessidades da prática é flexível, não é possível ignorá-lo. 
O costume não figura, entretanto, entre as fontes do direito clássico. Sobre a República, e mesmo no início do 
principado, apenas os escritores o mencionam. Cícero lhe deu um lugar importante em suas exposições sobre as 
fontes do direito. Mas os juristas o colocaram de lado. 
Foi a utilização do direito romano nas províncias que fez com que os juristas voltassem sua atenção para ele. Em 
todo caso, foi preciso esperar até o século II d.C., com Juliano, para se encontrar alusões sobre o costume (longa 
consuetudo) baseado no consentimento tácito do povo (Digesto, I, 3, 32). 
Mas essa citação não foi suficiente e teve-se de esperar até Ulpiano mencionar explicitamente o costume, 
consuetudo, como uma das fontes do direito, posteriormente o código de Teodosiano e de Justiniano deu lhe lugar 
ao costume como uma fonte do direito. 
Gaio não disse uma palavra a respeito do costume. 
O problema essencial que o costume coloca é o de suas relações com a lei. Em princípio, o costume não pode ir 
contra lei, mas, quando há lacuna legal, o costume a substitui e tem valor obrigatório. No período do principado a 
principal fonte do direito eram as Constituições Imperiais, outras fontes do direito haviam sido negligenciadas, 
passou-se, então, a se utilizar o costume como uma forma de abrandamento das constituições ou mesmo como uma 
fonte alternativa às constituições imperiais. Ou seja, nesse período os usos locais abrandaram e adaptaram 
constituições muito gerais. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
7 
 
3. O cidadão e a sociedade 
O Cidadão 
Era ao redor do cidadão que ser organizado direito em Roma. Ninguém que não tivesse essa condição podia fundar 
uma família legítima, possuir um patrimônio em qualquer propriedade, legar seus bens ou demandar na justiça. Era 
quem podia contratar obrigações ou decidir a sorte dos bens após a morte. Assim, o cidadão era aquele que, dentro 
da ordem política, participava da vida na comunidade. 
Não há um Estatuto do cidadão nem outras regulamentações. Esse conjunto de possibilidades, contudo, nunca foi 
objeto de enumeração exaustiva no mundo romano. A própria noção de direitos do cidadão, tão importantes para 
nós, é uma noção moderna, estranha o mundo antigo. Essa ausência explica, portanto, a necessidade de se recorrer 
a comparação com outras situações menos privilegiadas para se compreender a condição de cidadão romano. 
Para Gaio, de fato, a "divisão fundamental" da sociedade residia na oposição entre homens livres e escravos. Os 
escravos (tratados como coisas) não possuem liberdade, pertenciam ao seu senhor. O homem livre é o cidadão. O 
homem livre podia ter adquirido essa condição por nascimento, então eram chamados de ingênuo, ou podia receber 
o benefício da libertação, se fosse um escravo antigo, o liberto. Há um terceiro caso, ligada política municipal de 
desenvolvimento do Império Romano: aquisição da cidadania romana pelas províncias. 
Existiu no Império Romano os peregrinos, estranhos ao direito romano e faziam uso do seu próprio direito. 
Certos habitantes do Império possuíam o conubium, que permitia o casamento legítimo entre um romano ou 
romana e o commercium, que tornava possível conclusão de contratos com os romanos. 
Houve um movimento de romanização, que foi a extensão da cidadania a todos os habitantes do Império, isso se 
concretizou em 212, com edito do imperador Caracala. 
O escravo 
A condição de escravo podia ser por nascimento ou situação posterior, em particular em decorrência de guerras. Ele 
pertencia a um senhor, e, juridicamente, era definido como uma res, ou seja, um bem sobre o qual se exerce 
plenamente o direito de propriedade. Isso significa que ele podia ser vendido, comprado, ou alugado o mesmo 
partilhado. Além disso, ele era objeto de reivindicação na justiça. Seu senhor possuía sobre ele um poder absoluto, 
expresso, pelo termo potestas. 
O Direito reconhecia poderes que o senhor possuía: coerção, e de vida e de morte sobre o escravo. 
Apesar de uma condição jurídica muito rigorosa na prática, havia uma extrema diversidade de situações. A história 
jurídica da escravatura foi progressivamente se abrandando e o fato de o escravo ser considerado como res foi 
sendo esquecido e ele começou a ser visto como ser humano, suscetível de ser protegido pelo poder imperial. A 
qualidade do homem é reconhecida ao escravo, e essa tomada de consciência implica, inicialmente, a limitação pelo 
direito dos tratamentos cruéis que poderiam ser infligidos. Desde o início do Império, a lei Petrônia impedia os 
senhores de enviar escravos para lutar contra as feras, nos jogos circenses, exceto quando se tratava de uma pena. 
Mais amplamente durante o século II, arbitrariedade dos senhores foi restringida. Gaio indica que várias 
constituições imperiais impediam os senhores de maltratar os escravos além da medida e sem motivo. De fato, uma 
Constituição do Imperador Antonino ordena "punir aquele que maltrata seu próprio escravo sem razão e tão 
severamente quanto aquele que matou escravo de outro ". Para violências excessivas injustificados, o governador da 
província pode forçar o senhor a vender o escravo. Assim, o direito de vida de morte, que era característica mais 
notável da dominica potestas, passou a ser daí em diante restrita, contida pelo poder imperial, em benefício dos 
escravos. 
Houve, então, um processo de diferenciação entre objetos inanimados e os Escravos. A partir da república, admitia-
se que por intermédio de seu escravo, um cidadão podia adquirir crédito, mas ainda, o direito de propriedade. O 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
8 
 
escravo tinha possibilidade de tomar o lugar do amo em determinados atos e tornava-se, em certa medida, segundo 
a fórmula de Girardi, um " instrumento de ação jurídica ". Mas essa capacidade comportava, inicialmente, limites 
importantes: o escravo só agia no interesse de seu senhor; podia torná-lo credor, mas não devedor. Essa restrição 
considerável impedia total participação do escravo no comércio. 
Entretanto o direito pretoriano alargou os domínios de ação reconhecidos ao escravo e admitiu que ele podia 
comprometer seu amo e torná-lo devedor. Por exemplo, o escravo podia ser encarregado de um assunto ou de uma 
empresa que ele administrativa, ou ainda de um navio, ele concluía todos os atos jurídicos necessário e tornava seu 
amo devedor. Em outros casos, era possível lhe confiar a gestão de alguns bens. Esse conjunto, que recebeu o nome 
de pécula, é de natureza muito variável: somas de dinheiro, propriedades.... Os escravos que administravam tais 
bens encontravam-se, portanto, em situação favorável e, frequentemente, possuíam uma grande independência. 
Assim, o escravo, definido como uma res, passou a ter proteção física, podia concluir atos jurídicos e fechar 
contratos com terceiros. Escapou do direito de vida e morte possuído por seu amo; tinha acesso em certas medidas 
à propriedade, bem como ao mundo da justiça que ele era fechado até então. Sob o Império, com o 
desenvolvimento do processo extraordinário, o escravo podia apresentar uma queixa ao magistrado em 
determinadas situações. 
Para prolongar esse reconhecimento do escrevo enquanto pessoa, faltava considerar seus laços de parentesco. O 
escravo não podia contrair matrimônio, ele só podia ter uma união de fato ou coabitação, a qual era suscetível de 
ser rompida a qualquer momento pela vontade do seu senhor. Somente em data tardia que os prudentes 
reconheceram a necessidade respeitar os laços de parentesco entre os escravos. O escravo viu, assim, sua condiçãomelhorar nitidamente e passou a ser reconhecido enquanto pessoa. Mas o sonho do escravo continuou a ser, sem 
qualquer dúvida, a passagem para uma condição muito mais atraente: a de liberto. 
 
O liberto 
Esse termo designa o antigo escravo, um ex-escravo. Essa categoria desenvolveu ao longo da história romana e mais 
particularmente sobre o Império. Seus membros não eram mais colocados sob a dependência do Senhor, eles 
passaram a ter acesso à liberdade e também a cidadania. A passagem de escravo sob dependência (manus) para 
aquisição da cidadania envolvia o respeito " a formas precisas ", a entrada na comunidade cívica implicava 
igualmente o acordo da comunidade e, pelo menos, de um de seus representantes. É por isso que os atos de 
libertação, em sua forma clássica, supõem a presença tanto do senhor quanto do magistrado. 
Manus significava a dependência que um escravo possuía sob o seu senhor, daí surgiu nome manumissio dado a 
essas formalidades. 
Existiram três formas de libertação na República: o censo, a libertação pela uindicta e o testamento. 
Pelo censo (no recenseamento) no qual o senhor, um cidadão, indicava um de seus escravos como livre. Nessa 
situação o censor, se aceitasse escrever o escravo na lista de cidadãos, então este se tornava um homem livre após 
18 meses. 
A manumissio uindicta era um ritual com determinada fórmula que se desenrolava diante do pretor. 
A libertação por testamento foi o tipo mais comum e mais simples, era a declaração de liberdade que o senhor, após 
sua morte, dava a um escravo devido aos benefícios e serviços de sua propriedade durante a vida. Havia situações 
em que, para a liberdade ocorrer, deveriam ser cumpridas determinadas condições pelo escravo. Além disso, nessas 
situações, era comum que os escravos fossem denominados como herdeiros. 
De toda sorte, as razões que faziam deles herdeiros nem sempre eram nobres, por vezes o que motivava era a 
herança está gravada por dívidas. Dessa maneira, buscava se evitar a um cidadão a desonra de ver os bens do 
defunto, tornado seus próprios bens, vendidos em leilão (Gaio, II ,154). Mas, mesmo nessas condições, a liberdade 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
9 
 
era adquirida pelo escravo e o fazia ter acesso a categoria de liberto. Na passagem da República para o Império 
houve um aumento considerável do número de libertos. Entretanto no Império, em determinado período, certos 
governantes buscaram limitar as libertações. 
Sobre o Império surgiram situações em que o antigo escravo possuía uma liberdade fato, que não era 
necessariamente acompanhada pela cidadania; elas estão ligadas a libertações procedentes de formas de modos 
não formais. São aqueles casos em que o senhor se contentava em exprimir sua vontade por carta ou diante de 
amigos. Tais libertações, realizadas sem a intervenção da autoridade pública, conferiu ao escravo uma situação 
particular: ele vivia livre, mas morria escravo. Essa fórmula paradoxal permitia que, como homem livre, podia 
adquirir bens, e seus descendentes nasciam livres; mas, em sua morte, não era possível legar os bens, que eram 
retidos por seu antigo senhor. Quem se encontrava nessa situação pertencia a categoria dos latinos junianos. 
Juridicamente, essa não era uma condição totalmente satisfatória, mas havia possibilidade de adquirir a cidadania 
caso cumprida algumas condições, por exemplo, serviços prestados à comunidade como: construção de navios de 
grande calado para o comércio de trigo, serviço nas corporações de vigilância por três anos e outras. 
No período em que governantes buscaram limitar as libertações, por exemplo, Augusto publicou a Lei Fufia Caninia 
que restringia as libertações testamentárias proporcionalmente ao número de escravos que o testador possuía. Já a 
lei Aelia Sentia regulamentava a questão considerando as libertações realizadas por senhores inexperientes e muito 
jovens, por exemplo, menor de 20 anos precisava da autorização de um conselho formado por cinco senadores e 
cinco cavalheiros e presidida pelo pretor. Além disso, era necessário motivo legítimo. Se o motivo fosse admitido, 
uma manumissio uindicta fazia do escravo cidadão integralmente, senão ele se tornava latino juniano. Tais 
disposições tinham por objetivo tornar as libertações uma solenidade que, nessa época, haviam perdido e chamar a 
atenção para a importância que era necessário atribuir a esse ato. 
Assim, o Principado (Alto Império) constitui um período ambíguo em sua atitude em relação a libertação. Por um 
lado, o acesso do escravo a liberdade foi facilitado, mas, por outro, as restrições se multiplicaram e surgiram novas 
categorias. Contrariamente ao que acontecia na república ao escravo não mais se assegurava o acesso direto à 
cidadania. Frequentemente, havia etapas intermediárias. 
No Dominato (Baixo Império), a evolução é diferente; ela tende para uma simplificação dessas categorias mais 
complexas. Justiniano suprime os latinos junianos e os peregrinos desdidos e, daí em diante, a legislação tornou-se 
extremamente favorável aos libertos e a libertação. Nessa época, os modos não formais produziam os mesmos 
efeitos que os legítimos, bastava que a libertação fosse feita na presença de cinco testemunhas. 
É importante destacar que o liberto permaneceu de modo estreito dependente do seu senhor, o ex-senhor 
transformou-se em protetor e patrono. Em resumo, o ex-escravo (atual liberto) continuava integrado a família, 
mesma após obter a liberdade. Pelo dom da liberdade, o liberto devia reconhecimento a seu patrono. Isso se 
expressa pelo termo pietas, noção que tem alcance amplo em latim e serve aqui para designar uma mistura de 
respeito, afeto e lealdade. Concretamente, o termo significava deveres morais e obrigações precisas, por exemplo, 
não pode atacar seu antigo senhor na justiça. Outras obrigações eram expressas pelos juristas em termos de 
obediência, serviços, direito sobre os bens (obsequium, operae, bona). Logicamente, esses princípios se 
completavam pela necessidade de provar seu devotamento a seu patrono. Em tempos mais antigos, tais serviços 
eram mal definidos, com isso os patronos tinham tendência de fazer exigências muito duras aos libertos. 
Progressivamente, o direto se esforçou para limitá-las. Por exemplo, com um editor do pretor Rutílios Rufus, as 
obrigações impostas pelos patronos foram restringidas e bem mais precisas. Os patronos podiam pretender apenas 
os serviços prometidos por juramento antes da libertação e era somente a esse respeito que havia possibilidade de 
se impetrar uma ação na justiça, se o liberto não os efetuasse. A digesta, está repleta de responsa, que tendem 
igualmente a proteger os libertos, colocando limites nos pedidos abusivos dos patronos. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
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Em troca dessas obrigações e encargos, o patrono, por sua vez, devia dar assistência ao liberto na justiça e fornecer 
de alimentos, se fosse necessário. O patrono também tinha o dever de se abster de toda acusação capital 
endereçada a seu liberto. 
4. Direito de família 
A família 
A família organizava seu redor de um chefe, o pater familias, que exerce esse poder sobre os escravos e também 
sobre os filhos e esposa. Segundo Ulpiano, " a família é um conjunto de pessoas submissão ao poder de um só ". 
Nesse conjunto, existiam dois sistemas de parentesco: os agnatus, que faziam parte da família e constituíam um 
parentesco masculino, e os cognatos, que são parentes pelo lado das mulheres. Nos tempos mais antigos, a família 
encontrava se inserida em um conjunto mais amplo, a gens, agrupando todos aqueles que reclamavam um ancestral 
comum (mesmo sobrenome). Mas rapidamente a família se torna uma entidade autônoma. Para compreendê-la,é 
preciso inicialmente voltar-se para o poder do Pater Familias e visualizar sua evolução no decorrer da história, bem 
como sua redução progressiva no momento em que se passou a afirmar a autonomia do indivíduo. 
O pater familias e o patria potestas 
Os pater familias era o soberano da Família Romana, e sua potestas unificava e caracterizava a família. O pater 
familias mantinha em suas mãos um poder extremo, que continha o ius vitae necisque (direito de vida e morte), 
pelo qual ele poderia legalmente matar seus descendentes. Este poder extremo sofreu mitigações ao longo da 
história romana, não obstante isto permaneceu por um longo período. 
O Pater familias caracterizava-se por sua independência, era definido como um sui iuris, em oposição aos outros 
membros da família que eram denominados alieni iuris. As crianças, com a morte do pai, tornavam-se sui iuris isso é 
"pais de família", mesmo que não tivesse em filhos nem exercessem o patria potestas. A mulher, como veremos 
mais adiante, podia igualmente ser sui iuris, mas essa de independência era limitada a sua própria pessoa, já que não 
poderia possuir o poder paterno. 
O pater familias exercia sobre seus bens um poder total e sobre os membros da família, uma autoridade absoluta, 
sob a forma de patria potestas. Esse poder durava até a morte do pai, qualquer que fosse a idade dos descendentes. 
Teoricamente era um poder muito amplo, inclusive direito de vida e morte se permitia sobre os filhos (ius vitae 
necisque – poder de vida e morte). Mas é preciso acrescentar o que os costumes tendiam a limitar o excesso desse 
poder. Admitia-se muito mal, em Roma, que um pai pudesse mandar matar seu filho e era comum reunir um 
conselho, antes de qualquer decisão desse tipo. O pai de família podia abandonar seus filhos logo após o nascimento 
ou vendê-los (A venda dos filhos era prevista nas 12 tábuas). 
Igualmente ele podia adotar crianças ou dar as suas para adoção, para segurar sua própria descendência ou permitir 
que outros tivessem uma. 
O pai era quem possuía os bens da família, sem que os filhos, qualquer que fosse a sua idade sua função, tivessem 
qualquer direito em relação à gestão de patrimônio. Assim, os filhos de família permaneciam alieni iuris até a morte 
do pai. 
Reduziu, durante república e o Império, os direitos dos do pai e os direitos dos filhos foram aumentados. Pai que 
maltratasse o filho gerava a este o direito de emancipação. A morte também deixou de ser um direito do pai sobre o 
filho. Com Constantino o pai que matar seu filho era culpado de infanticídio, isto é, o maior dos crimes contra 
família. Ao perder a característica de poder absoluto, poder paterno se transforma e deixa de ser unilateral. 
Ao mesmo tempo em que muitos direitos eram reconhecidos aos pater familias, eles impunham obrigações em 
relação aos seus descendentes. Era preciso dotar sua filha, sustentar os membros de sua família; concedia se à 
criança o direito de reclamar alimentos ao pai ou apresentar queixa contra ele diante de um magistrado. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
11 
 
O filho de família 
Com o tempo, em Roma, houve uma evolução considerável que consagrava autonomia dos filius familia, a situação 
foi nitidamente melhorando com tempo, embora o direito buscasse sempre assegurar uma proteção contra a 
inexperiência. 
Gaio demonstra isso afirmando que o filius familia contraía obrigações em todos os domínios, da mesma forma que 
um padre famílias (Digesta, 44, 7, 39). Mesmo assim, tal liberdade ainda tinha seus limites, sobretudo sobre os 
limites de crédito, eram restringidos pelo Senado-consulta. 
Além disso, admitiu se, após o Império, que certas aquisições permanecessem como bens do filho. Surgiu uma nova 
situação para o filho militar, foram considerados como deles próprios os bens adquiridos enquanto soldados, não 
eram mais passados ao pai. E César reconheceu o filho direito de dispor desses bens em testamento. O filho então 
era considerado proprietário desse conjunto de bens, que recebe o nome de pecúlio castrense, denominação que é 
suficiente para demonstrar a origem militar. 
Isso demonstra a importância do trabalho militar exercido por profissionais, que chegava a durar de 20 a 25 anos, e 
rompia a ligação com a família. 
A tutela e a proteção dos menores 
É o caso do órfão. Não estando mais sobre dependência de um pater familias, eles se tornavam sui iuris. Mas, 
frequentemente tratava-se de uma criança ou de um adolescente desprovido de experiência e incapaz de 
compreender como administrar um patrimônio. Também, para proteger esse conjunto, havia necessidade de um 
tutor que administre os bens do menor. A instituição da tutela é antiga, desde as 12 tábuas, mas tinha objetivo, 
naquela época, proteger, antes de tudo, um patrimônio e era confiada aos agnatus. Com o passar do tempo, seu 
significado evolui. A tutela passou a existir, então, para assegurar a proteção de um menor fraco e inexperiente. Já 
não eram mais só os agnatus que podiam exercer lá. Desde as 12 tábuas era possível nomearam tutor por meio de 
testamento, e esta era a escolha mais como. O pater familias nomeava um ou mais tutores para defender os 
interesses dos filhos impúberes e das filhas. Na ausência dessa designação, o magistrado podia assim proceder. 
Durante o Império, a designação dos tutores passa para os cônsules. Essa tutela, que se chamava dativa, é regulada 
pela Lei Atilia. A tutela dativa é considerada manus publicum, um encargo que era obrigado a assumir, a menos que 
tivesse uma desculpa valiosa. 
As funções do tutor foram se tornando mais ao longo do tempo e seu papel variava segunda idade da criança. O 
primeiro estágio era chamado infantia que corresponde a primeira infância (até os sete anos), o tutor agia e decidia 
sozinho; após sete anos, sobretudo a partir dos 11 anos, a criança podia progressivamente participar de alguns atos 
jurídicos: tornar-se proprietário ou credor ou ainda livrar-se de alguma dívida. Essa capacidade era limitada e 
suponha que o tutor concedesse sua auctoritas. 
Auctoritas é um termo que remete a uma noção fundamental do Direito Romano, desempenha um papel importante 
tanto direito público quanto no privado. Caracterizava o papel do Senado; e encontramos igualmente na matéria de 
tutela. Etimologicamente, Auctoritas aproxima-se do verbo augere; termo que designa um acréscimo de validade 
conferida ao ato. De acordo com sua Auctoritas o tutor trazia aos atos de seu pupilo uma validade que eles não 
teriam por si só. 
Aos 14 anos o menor deixava tutela e tornava-se sui iuris. Podia, então, exigir prestação de contas de seu tutor ou 
intentar um processo por mais gestão. De fato, o tutor devia defender os interesses de seu pupilo e conservar seu 
patrimônio. 
Os poderes do tutor foram sendo progressivamente restringidos com o decorrer do tempo. Inicialmente ele tinha a 
situação de proprietário podia de gerir o patrimônio como se fosse seu, ou de acordo com a sua auctoritas. Mais 
tarde o direito evoluiu para impedir que realizasse atos em opostos àqueles de interesse de seu pupilo, mais tarde 
uma importante parte do patrimônio tornou-se inalienável. O tutor era responsável pela gestão do patrimônio, e 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
12 
 
vários tipos de ação na justiça permitiram recursos contra ele em caso de abuso. Isso era previsto desde as 12 
tábuas. 
A partir dos 14 anos o pupilo adquiria liberdade como sui iuris. Mas rapidamente a sociedade romana tomou 
consciência dos perigos inerentes dessa liberdade precoce devido os prejuízos causados por pessoas mais 
experientes ao negociar com esses jovens. Para evitar tais problemas foi instituída a Lei Laetoria que reprimia 
manobra dolosassobre menores de 25 anos. Posteriormente apareceu a figura do curador, papel desempenhado 
por um homem mais experiente que assistia aos atos para evitar prejuízos e também para tornar possível de pessoas 
contratar assim com jovens de 14 a 25 anos, pois sem a presença de um curador, o negócio poderia ser desfeito 
segundo a Lei Laetoria. Assim, criou-se uma classe de novos menores, adolescentes prolongados, capazes em direito 
e incapazes de fato. 
A condição da mulher 
As mulheres eram submissas ao poder paterno até o casamento. Após este, sua situação em relação ao direito 
dependia da União contratada. Desde a origem, distinguem-se várias categorias, e sua evolução com o passar do 
tempo explica as transformações no estatuto da mulher. No direito mais antigo, existiam três formas de união que 
colocavam esposa sobre dependência do marido. Havia o casamento por confarreatio (dir. arcaico – solene e 
religioso, acessível apenas aos patrícios), o casamento por coemptio (laico e ritualística seguindo formas precisas da 
mancipatio) e o por usus (sem cerimônia; forma de aquisição da mulher por posse prolongada – coabitação de um 
ano). 
Casamento por confarreatio era acessível apenas pelos patrícios e era composto por uma cerimônia religiosa. 
A coemptio era uma união laica e uma forma de aquisição da mulher devido acordo com o pai de família ou com o 
tutor. Ele parecia ser uma forma de união que desempenha papel muito importante no final da República. 
Por usus não era acompanhado de nenhuma cerimônia, sendo que eu final de um ano de coabitação, a mulher 
passava para família de seu marido e encontrava-se, então, sob o poder deste último, adquirida, de alguma maneira, 
por posse prolongada, como a propriedade de certos bens. 
Nos três casos a mulher era submissa o poder do marido, expresso pelo termo manus, que serve para indicar essa 
situação de dependência. Com a passagem para manus, a mulher perdia seus laços com a família de origem, entrava 
para família do marido e, do ponto de vista jurídico, encontrava-se na situação de uma filha (loco filiae). Tudo que 
ela possuía tornava-se propriedade do marido e, daí em diante tornava se torna patrimônio familiar. Além disso, o 
marido podia repudiá-la ou puni-la, notadamente em caso de adultério. Podia até matá-la se a surpreendesse em 
flagrante delito, enquanto a mulher devia evidentemente suportar o adultério do esposo. Eles possuíam o ius vitae 
necisque (A mais importante faceta da patria potestas: o direito de vida e morte). 
Esse tipo de união cum manu raramente era desfeita pelo divórcio ou repúdio. O divórcio ocupava lugar restrito na 
época antiga e se realizava por iniciativa exclusiva do marido. Portanto, é a morte que rompe essa união ou, a rigor, 
a prisão. 
O casamento cum manu diminuiu progressivamente e desenvolveu-se amplamente o casamento sine manu. Tratava-
se de uma união fundada na vontade dos esposos e pela vida em comum. Para realizá-lo, não havia formalidade 
solene nem intervenção de autoridade pública. Se traduzia pela instalação da esposa na residência do marido 
enquanto escritos regulamentavam as relações pecuniária entre os esposos e o pagamento do dote. Em uma 
situação assim, a mulher permanecia ligada à família de origem: ainda submissa ao poder paterno, ou era sui iuris e 
sob o comando de um tutor. Mas ela guardava propriedade administração de seus bens. 
O casamento sine manu difundiu-se com grande facilidade, já que sua existência estava ligada ao acordo entre 
esposos e a vida em comum. Se essas duas condições não estivessem reunidas o casamento desaparecia. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
13 
 
Os filhos, além disso, não eram herdeiros de sua mãe. Não podiam ser herdeiros legítimos nem ser testamentários, 
já que as mulheres não podiam primitivamente fazer testamentos. Mas esse estado de coisas evoluiu durante o 
Império. Os laços entre mãe e filho foram progressivamente reconhecidos. Sob o Império, a mãe recebeu numerosas 
direitos: reclamar alimentos para o filho, receber a guarda de crianças em púbis... 
Ao longo da história houve importantes transformações na condição jurídica da mulher como pode ser visto com o 
casamento sine manu e também a evolução da tutela. No início a mulher não podia, por si mesma, realizar atos 
jurídico, nem demandar em justiça, nem fazer testamento. No fim da República, o tutor não tinha mais o poder de 
administrar o patrimônio da mulher, ele controlava os atos, mas era própria mulher que cuidava de sua fortuna de 
ministrava seus bens. 
5. Os Bens 
Definição de Bens 
O sistema fez uma classificação muito precisa dos bens, os juristas multiplicaram as divisões e realizaram sabias 
repartições, herdadas da tradição romana mais antiga, em que se marcava igualmente a influência da filosofia. Em 
primeiro lugar, os bens suscetíveis de apropriação privada, que faziam parte do patrimônio (res in patrimonium), e 
aqueles que não são (res extra patrimonium). Essa última categoria encontrava-se, por sua vez, dividida em várias 
espécies. 
Gaio distinguia as coisas de direito humano e de direito divino. Dentro de cada categoria havia ainda uma série de 
subdivisões dependendo o critério se analisar. 
A noção de propriedade 
A propriedade privada individual constituiu se, sem dúvida, muito cedo em Roma. Na Lei das 12 tábuas, ela parecia 
uma realidade bem estabelecida. Em troca, o conceito jurídico de propriedade (dominium) desenvolveu-se ao longo 
dos séculos. Inicialmente era um controle de fato, um poder pleno sobre a coisa, que se exprimia no direito de usar, 
fruir, e dela dispor. 
O direito de propriedade supunha um cidadão romano, mas podia ser concedido aos latinos por meio do 
commercium. A aquisição da propriedade implicava o respeito às formas precisas, a mancipatio por exemplo. 
Num primeiro momento a propriedade estava ligada a bens materiais mobiliários e imobiliários, mas com 
desenvolvimento das ciências jurídicas, outras questões se colocavam, como por exemplo, a respeito do estado dos 
bens sem dono. As terras sem proprietário eram adquiridas por tomada de posse. Cícero mostra sua importância, 
sobretudo nos primeiros tempos da humanidade, já que não existia nenhum bem por natureza. 
A aquisição da propriedade 
Em primeiro lugar, a propriedade era adquirida ou transferida pela Mancipatio*. Este era o modo de alienação por 
excelência, mencionado nas 12 tábuas e, sem dúvida, nitidamente mais antigo, mas igualmente conhecido e aplicado 
no Direito clássico. Esse ato tornava proprietário o comprador. Esse tipo de transferência era reservado aos cidadãos 
romanos e dizia respeito exclusivamente aos bens suscetíveis de proprietário quiritario. 
*Mancipatio – ritualista composta pelo comprador, vendedor, cinco testemunhas (homens púberes) e um 
portador da balança. E havia uma fórmula que precisa ser dita pelos agentes envolvidos. 
Com o tempo surgiram várias formas de aquisição de propriedade. 
Uma vez adquirida, qualquer que fosse origem, a propriedade se encontrava protegida pelo direito. 
A posse 
É o poder exercido sobre uma coisa por aquele que não é proprietário; é uma potestas, e não direito. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
14 
 
Tratava-se, portanto, de uma situação de fato, mas que, a partir de uma certa data, foi reconhecido e protegida pelo 
direito. 
A situação de posse podia, inclusive, ser transmitida aos herdeiros. A partir de Justiniano a posse tornou-se um 
direito, quando se tratava de uma posse de " boa fé ". 
Mas a posse não era apenas um controle de fato protegido pelo direito. Em certas condições, ela tornava possível 
aquisição da propriedade. Nas leis das 12 tábuas era previsto que uma posse prolongada durante certo tempo setransformava propriedade. Esse tipo de aquisição trazia o nome de usucapião. O período de um ano para os bens 
móveis e de dois anos para os bens imóveis. 
Inicialmente as condições de aplicação da usucapião eram limitadas apenas aos romanos e não podia ser aplicado as 
propriedades províncias. Para as propriedades provinciais era aplicado o Instituto da prescrição por longo tempo, 
que surgiu no final do século II. 
6. Como legar seus bens 
O testamento era um Instituto muito importante na sociedade romana. Para todos os que possuíam bens e um 
patrimônio, o testamento constituía um ato importante que manifestava o poder do cidadão. Desde as 12 tábuas, 
encontravam-se afirmadas a preponderância da sucessão testamentária e a preeminência da vontade do defunto. A 
sucessão ab intestat vinha apenas em segundo lugar. O testamento representava igualmente um assunto de debates 
e controvérsias sem-fim entre os juristas. Ele permitia, de fato, numerosos atos: escolher um herdeiro, legar os bens, 
às vezes instituir um tutor ou libertar um escravo. O direito também se ocupou em definir as condições de validade 
do testamento, intervir nas controvérsias a seu respeito e em interpretar as disposições obscuras dos legados e dos 
testamentos. 
O testamento 
O testamento ocupava um lugar de destaque na sociedade romana. Como se observa nas declarações de Plínio, o 
jovem, os testamentos eram lidos e discutidos pela opinião pública, que via ali "um espelho dos homens e dos seus 
costumes". Na história de Roma, o testamento parece ter existido numa época remota bem anterior as 12 tábuas. 
Havia testamento calatis comitiis, que era feito diante do povo nas cúrias. De fato, todos os anos, nos dias 24 de 
março e 24 de maio, cada cidadão podia apresentar seu testamento diante dos comícios criados: ele confiava 
solenemente as suas vontades à memória de todos os seus concidadãos, em um período em que o ato escrito ainda 
não existia. 
Posterior a Lei das 12 tábuas, surge o testamento per aes et libram. Nesse ato, o essencial era a declaração oral 
(nuncupatio) do testador, que devia, sob pena de nulidade, conter expressamente a nominação do herdeiro e em 
que se encontrava igualmente a menção dos legatários isso, a menção do tutor, a indicação dos escravos que seriam 
libertados. No início, essa declaração era feita oralmente. E, posteriormente, tornou se habitual escrever em tabletes 
de cera e apresentá-las às testemunhas. As testemunhas pressionavam carimbo com sua assinatura na cera. Esse 
tipo de testamento permitia a transmissão dos bens, créditos e do passivo. E o herdeiro não era apenas aquele ao 
qual se transferia um patrimônio. Era também o continuador da pessoa e dos cultos familiares. 
Fui sobretudo no Baixo Império que o ritual e as “formas precisas” tenderam a se simplificar. Outras formas e modos 
de testar foram, então, reconhecidos pela autoridade pública: declaração diante de autoridades judiciárias ou 
municipais, declaração oral diante de 5 ou 7 testemunhas, remetendo documento para guarda pelo imperador. 
Havia também o testamento tripartite em que as disposições testamentárias eram apresentadas às testemunhas 
que aplicavam seu selo e seu nome numa frase manuscrita. 
Contudo, não é suficiente que um testamento respeitasse apenas um ritual para ser válido. Para que ele adquirisse 
sua plena validade, era igualmente necessário respeitar numerosas condições da forma. A primeira e principal 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
15 
 
consistia na designação de um herdeiro, o que os romanos denominavam de " instituição de herdeiro ". Testamento 
e herdeiro eram, portanto, inseparáveis. Um não existia sem outro. Essa obrigação deixa ver que o essencial no 
testamento não era tanto a repartição dos bens, mas a escolha de um herdeiro que sucede seus direitos e 
obrigações do defunto e tomasse seu lugar à testa do patrimônio. Gaio a chamava de fundamento do testamento: 
caput et fundamentum testamenti. (Inst., II, 229) 
Mas nem todos podiam ser instituídos herdeiros. Havia aqueles que poderiam ser designados como herdeiros e 
outros que não podiam. Exemplos que podiam: um escravo — em certas situações, um liberto, uma criança, ainda 
que menor de idade. Entre os que não podiam estavam os peregrinos, os incapazes e as mulheres. 
A sucessão ab intestat 
Uma sucessão sem testamento em caso de o testamento ter sido considerado nulo, ou se o herdeiro não aceitasse a 
sucessão. Esse tipo de sucessão era reconhecido desde a Lei das 12 tábuas, ela já previa três ordens de herdeiros de 
direito: 
I. O primeiro era aquele dos "herdeiros seus" (heredes sui), ou "herdeiros de si mesmo" porque 
continuavam a propriedade do pai. 
II. Na ausência de heredes sui a sucessão voltava-se para os agnatos, em princípio, o agnato mais próximo. 
III. Em última instância a estavam os membros da gens. 
Para o liberto, morto intestado sem herdeiros seu, era o patrono que recebia a sucessão. 
Com essas três ordens, elaborou-se um sistema claro e nítido, que privilegiava família agnática. Esse sistema 
manteve-se rígido até o pretor o abrandá-lo, corrigindo os excessos e reconhecendo outras relações. Assim, 
estabeleceu-se progressivamente um sistema paralelo à herança legítima, que terminou, aliás, por prevalecer, em 
caso de conflito. 
A contribuição mais importante do direito imperial é, sem qualquer dúvida, a atenção que concedeu aos filhos e aos 
seus direitos sobre os bens maternos. 
O testamento inoficioso 
O direito protegia os filhos injustamente despojados e atacava os testamentos que faltavam a esse dever (officium). 
Podia-se, assim, intentar uma queixa por testamento inoficioso: a querela inofficiosi testamenti. 
A queixa (querela) estava, portanto, ligada à reivindicação de herança e reservada os parentes próximos, 
descendentes ou ascendentes, irmãos ou irmãs, aos quais o testador devia, em princípio, deixar uma parte de seus 
bens. 
Aceitação da herança 
A questão destina-se aos herdeiros chamados de voluntários ou externos que deviam manifestar a sua vontade de 
aceitar a sucessão, para tanto era necessário respeitar as formas determinadas, as quais eram diferentes no direito 
civil e no direito pretoriano. (A questão não se coloca nem para os "herdeiros seus" nem para o herdeiro chamado 
de necessário, isto é, o escravo instituído herdeiro, que recebia liberdade o patrimônio como seu ativo, e, sobretudo, 
as dívidas.) 
Os legados 
Compunha o testamento instituição do herdeiro e os legados, isto é, liberalidades a título de particulares. Com o 
tempo, para proteger os direitos dos herdeiros, limitou-se os legados e liberalidades. 
Desse sistema surgem os fideicomissos, no início, eram recomendações sem valor jurídico, confiadas à "boa 
fé"(fides) de um terceiro. Por exemplo: um testador confia a um amigo cuidado de libertar um escravo ou transferir 
uma propriedade a outro. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
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Nos tempos de Augusto os fideicomissos receberam o reconhecimento jurídico e foi quando se tornou possível agir 
na justiça para demandar sua execução. 
7. As Obrigações 
 
Nas Institutas de Justiniano, a obrigação é definida como "um laço de direito, pelo qual somos obrigados a pagar 
alguma coisa, de acordo com o direito da nossa cidade" (III, 13, pr). Essa definição abstrata é resultado de uma longa 
evolução do direito. 
Obrigação parece, antes de tudo, ter designado o ato de vincular na origem. 
Os juristas romanos classificaram as obrigações em vista de sua fonte. Gaio declara: " toda obrigação nasce seja de 
um contrato, seja de um delito " (III, 88). Os delitos davam um lugar a perseguições intentadas pela própria vítima, 
diante das jurisdições civis. 
Em Roma,o Direito Penal dividia-se em delicta e crimina. Somente a crimina implicava em perseguições penais 
públicas, porque colocavam em causa a ordem pública. Os fatos ilícitos cometidos em detrimento apenas de um 
particular, os delicta, davam lugar às perseguições intentadas pela própria vítima, diante de jurisdições civis. As 
delicta dão origem a uma "obrigação delituosa" sancionada por uma são civil ou pretoriana. Esta obrigação delituosa 
ensejava reparação do prejuízo e uma pena. 
 
As obrigações delituosas 
Alguns delitos foram previstos desde as 12 tábuas, outros foram mencionadas pelos códigos: árvores cortadas, 
utilização de uma viga caída, animais que vão parar no terreno de outro. Entre os delitos mais antigos, Gaio 
menciona principalmente a iniura, o furto, " dano causado injustamente ". 
A iniura em sentido amplo designa todo ato contrário direito, é mencionada na Lei das 12 tábuas. 
Com a evolução do direito houve a transformação de determinados delitos " privados " em delitos públicos. Isso 
ocorreu, por exemplo, com o furto (furtum) no Império. 
Os contratos 
Os contratos permitiam uma transferência de bens e serviços. Era necessário que fosse realizado conforme as 
formas exigidas e que fosse reconhecido como tal. É importante destacar o aspecto formalista, sem, contudo, propor 
uma " Teoria Geral ", os prudentes apresentaram em suas análises diferentes elementos necessários à formação dos 
contratos: consentimento, objeto e a causa da obrigação. 
O acordo de vontades constitui uma necessidade absoluta, e o consentimento tácito não era suficiente. Não poderia 
conter vícios como: erro sobre a pessoa, sobre a natureza do contrato ou sobre o objeto. Precisava estar excluído de 
dolo e violência, pois eram considerados delitos. O consentimento foi resumido nos seguintes termos: dare, facere, 
praestare. Dare designa transferência de propriedade; facere indica ação e toda prestação que não fosse uma 
transferência de propriedade; praestare é a expressão empregada quando se tratava de assumir uma 
responsabilidade ou garantir o resultado, basicamente assegurava uma prestação. 
Existiam, igualmente, obrigações negativas de não fazer, não transferir etc. Qualquer que fosse a natureza, essas 
obrigações deviam ser lícitas. 
Segundo Gaio, " a obrigação é contratada pela diminuição de uma coisa, pelas palavras ou por escrito, ou por 
consentimento ". 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
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A estipulação 
Era um ato pessoal feito sem representantes nem intermediários, mas na presença de testemunhas. Era uma espécie 
de contrato verbal e formal, no qual o acordo entre as partes só tinha efeito se se pronunciasse certas palavras em 
certa ordem: Uma pergunta e uma resposta que deviam ser suceder imediatamente e apresentar uma concordância 
perfeita. 
Aquele que respondia à pergunta devia executar rigorosamente aquilo que prometera. Um tal ato convinha a 
compromissos de todo tipo: empréstimos, trabalho ou até operações mais complexas, tais como confirmar um 
compromisso interior, criar um vínculo entre várias prestações ou vários credores ou, ainda, vários devedores. A 
estipulação desempenhou um papel importante no mundo romano. Esse papel persistiu no decorrer dos séculos. 
Progressivamente tornou-se um contrato formado por escrito. 
O contrato escrito 
Surgiu na república por volta de 300 a. C., mas desenvolveu-se sobretudo na época de Cícero, para desaparecer 
sobre o Império. Era ligado à escritura e à contabilidade, ele supunha prática de livros contábeis. Decorre do hábito 
dos chefes de família anotar em suas despesas e receitas em um livro de registro. Mediante uma menção no livro de 
contabilidade do credor, que indicava uma saída de fundos, constituía-se uma obrigação a cargo daquele que era 
citado como tendo recebido tal soma. Era a expensilatio, contrato solene, unilateral, de direito escrito. Era um 
contrato unilateral, porque seus efeitos ficavam a cargo unicamente do emprestador. Como poderia nascer a 
obrigação de uma simples transcrição nos livros do credor? Contudo, devia haver um acordo entre as partes e era 
necessário, além disso, que o credor fizesse prova de compromisso devedor, pelos meios habituais: testemunhas, 
reconhecimento escrito pelo devedor. 
Os contratos reais 
Os contratos reais formavam-se pela entrega de uma coisa que devia ser posteriormente devolvida: e aí que residia 
a obrigação. 
Um dos contratos mais comuns era um empréstimo de consumo (mutuum). Versava sobre gêneros perecíveis, e, 
mais tarde, sobre dinheiro, em que o emprestador tinha obrigação de restituir o equivalente daquilo que recebeu: a 
mesma quantidade o mesmo valor (Gaios, III, 90). Com relação ao empréstimo, muito frequentemente, o legislador 
intervinha para limitar as suas taxas. 
A fidúcia era um contrato que comportava transferência de propriedade de uma res mancipi, ao qual se 
acrescentava uma convenção pelo qual o comprador se compromete a restituir o bem adquirido. Portanto, o 
primeiro proprietário confiava de boa-fé (fides) em seu comprador. 
A fiança, depósito e o comodato, são três tipos de contratos diferentes, mas apresentam características comuns. Os 
três suponham entrega de uma coisa, mas não havia transferência propriedade. 
Os contratos consensuais 
Segundo Gaio, " não exigem qualquer forma específica, nem por palavras, nem por escrito ". Eles distinguissem dos 
outros contratos por que nasciam do simples consentimento das partes. Se, algumas vezes, houve a redação de um 
ato escrito era para servir de prova. No direito clássico, esses contratos eram em número de quatro: a venda, o 
aluguel, a sociedade e o mandato. Todos eram atos de boa-fé, acessíveis aos peregrinos e ligados ao 
desenvolvimento da vida econômica. 
Na venda, uma parte se compromete a entregar determinada coisa e a outra. O preço devia ser em moeda, ser 
certo e real. Por meio dele, era possível vender um bem móvel ou imóvel, as vezes incorpóreo, e mesmo uma coisa 
de outrem. Inclusive, a partir do fim da República, era possível a venda futura, por exemplo: colheitas, do vinho que 
se seria feito após a futura vindima ou do peixe que seria trazido depois de pescado. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
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O aluguel ocupava lugar importante no direito romano, porque se tratava de uma categoria Jurídica usada nas mais 
variadas situações. De fato, distingue-se o contrato de arrendamento, contrato de trabalho e o aluguel de obra na 
qual empresários compromete a fazer contra remuneração determinado trabalho. 
Contrato de sociedade surgiu no século II.C.. É o contrato pela qual duas ou várias pessoas se comprometem a 
colocar alguma coisa em comum para obter uma vantagem com objetivo lícito. Assim, seu objeto podia ser bastante 
diversificado. Os juristas distinguiam, assim, uma sociedade universal, em que os associados colocavam seus bens 
em comum, presentes e futuros. Existia também o tipo de sociedade para aquisições futuras ou, então, para uma 
única operação ou único tipo de atividade comercial. Era preciso, sobretudo, o interesse comum e a vontade de 
formar uma sociedade. A sociedade chegar ao fim quando objetivo pela qual foi formada era alcançado, ou pela 
vontade de seus membros, ou ainda pela saída de um dos associados. 
O contrato de mandato estava ligado a prática de comércio internacional. Uma pessoa denominada mandante 
encarregavam mandatário de realizar gratuitamente determinado serviço. Mas em 123 a.C. surgiu ação de mandato. 
Esta se formava pela vontade das partes, sem que fosse exigida qualquer forma. Era relativo a tarefas variadas: atos 
jurídicos ou trabalho ou, então, operações mais completas, como a gestão de um domínio. 
Assim, o sistema de obrigaçõesromanos caracterizava-se pela flexibilidade e pela adaptação às necessidades da 
prática, que o tornava frequentemente complexo, quando se tratava de elaborar uma teoria jurídica, mas que 
explica a influência ao longo dos séculos. 
8. O Procedimento 
Definição 
O processo desempenhava papel essencial no sistema jurídico. Para ser titular de um direito era necessário que a 
pessoa fosse reconhecida na justiça, isto é, que o pretor lhe concedesse uma ação. Portanto, era um sistema bem 
diferente do nosso, no qual o direito de ação decorre de lei. 
Todo cidadão, possuidor de condições de idade e fortuna, podia ser inscrito na lista de juízes. Era, portanto, 
suscetível de tomar uma decisão no processo civil. Certamente o juiz, que não era perito, podia apelar para 
especialistas e cercar-se de um conselho. 
O procedimento ocupava um lugar importante na vida jurídica de Roma. Seus modos eram muito variados; havia 
elementos do direito arcaico, do tempo das 12 tábuas, e com o tempo incorporou-se uma mistura de novos 
procedimentos, mais recentes, que se tornaram necessários pela complexidade da vida jurídica e os contatos com 
exterior. Entretanto essas várias formas não desapareceram de repente para ser imediatamente substituídas por 
outra; elas se entremearam e coexistiram durante grande parte da história romana. 
Uma das formas, era um processo que havia uma divisão em duas fases. Uma primeira parte da instância tinha lugar 
diante do magistrado, quem recebia as queixas dos dois adversários; era diante dele que se desenrolavam os ritos 
formais e era ele que examinava validade das pretensões de cada adversário. Essa parte do processo, portanto, é 
extremamente importante e, em resumo, era ali que se resolvia a questão do plano jurídico. Essa parte é 
denominada in iure. E era diante do juiz que as provas eram examinadas esse desenrolavam as defesas dos 
advogados, essa fase era chamada de apud iudicem. O juiz decidia em razão do valor dessas provas, ou podia se 
abster de dar uma sentença, declarando que o conjunto não era claro. 
 
As ações da lei 
O procedimento mais antigo em Roma, elas eram maneiras de agir na Justiça. Elas tinham um caráter muito 
formalista, era preciso pronunciar as palavras rituais e realizar gestos prescritos. Qualquer modificação tinha efeito 
de provocar a perda do processo. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
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Quatro tipos de ações da lei existiam desde as 12 tábuas: Sacramentum, iudicis arbitriue postulatio, pignoris capio e 
a manus iniectio. Um quinto procedimento surgiu no séc. III a.C.: a condictio. 
Esses procedimentos ou serviam para estabelecer um direito contestado, ou permitiu fazer executar uma decisão de 
justiça. 
Para estabelecer um direito contestado: 
1-Sacramentum - ação para " desafio sagrado "; 
2- Iudicis arbitriue postulatio - demanda de um juízo ou um árbitro destinada a um magistrado para certos 
créditos surgidos de uma estipulação. Um procedimento abstrato, cujas possibilidades eram mais amplas do 
que a legis actio per Sacramentum; 
3- Condictio – sancionava créditos tendo por objeto uma determinada soma de dinheiro. 
Os outros dois procedimentos permitiam fazer executar uma decisão da justiça: 
1- Pignoris capio - tomada de fiança; 
2- Manus Iniectio - apreensão privada ou penhora. 
Nas ações da lei, os dois adversários deviam comparecer pessoalmente. Mas a cidade não intervinha; era o 
demandante que tomava iniciativa do processo e obrigava seu adversário comparecer, chamava-o em justiça e podia 
arrasta-lo até diante do magistrado, se fosse preciso. 
Objeto do litígio devia estar realmente presente na justiça, as vezes isso é impossível, como no caso de bens imóveis, 
e logo se admite uma representação simbólica: um montinho de terra, uma telha do telhado.... Havia uma forma, 
um ritual, no qual o demandante exige o seu direito e no qual o réu negava tal pretensão. A importância desse ritual, 
era que o rito criava direito. O que quer que tenha sido, os dois adversários afirmavam sua propriedade do objeto 
mediante declarações paralelas. 
O demandante desafiava o réu para um juramento (Sacramentum) de determinado número moedas que deveria ser 
pago caso o demandante ganhasse a causa. Esse juramento, essa aposta jurada deu todo nome ao procedimento. 
Posteriormente ao juramento era comum a litis contestatio - tomada de testemunho dos assistentes. Num segundo 
tempo, intervinha o juiz, que examinava as provas, verificava se o sacramento era ou não justo e avaliava 
eventualmente o dano. 
Caso o ganho de causa fosse do demandante, cabe a ele, fazer o perdedor executar a sentença. 
A tomada de fiança era bem mais limitada. Em certos casos muito precisos, a lei autoriza o credor a apreender um 
bem pertencente ao seu devedor; procedimento pode até ser desenrolando ausência do magistrado, e o credor 
conservava o bem até a extinção da dívida. 
A condictio, que foi introduzida pelas leis Silia e Calpurnia, era um instrumento mais flexível relacionada a dívidas em 
dinheiro ou obrigações por coisa certa. O demandante devia afirmar solenemente a existência de seu crédito e 
convidar o réu a negar o reconhecer o valor de sua pretensão. Por sua vez, se o réu respondia que não tinha 
obrigação e o adversário convidava, então, a voltar, após 30 dias, frente do magistrado, para nominação do juiz. O 
demandante limitava-se a indicar o objeto do pleito, para que o juiz decidir se se é obrigação existia. 
O procedimento formular 
A rigidez das ações de lei tornava difícil seu manejo, e o seu formalismo podia ter consequências perigosas: a falta ou 
esquecimento de um detalhe podia anular todo processo. Além disso, os laços entre procedimento e lei tornavam 
difícil desenvolvimento do direito, pois o magistrado não podia demonstrar nenhuma iniciativa. 
RESUMO DE DIREITO ROMANO SERGIO SOMENZI JR 
 
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Porém houve uma progressiva flexibilização da justiça com o contato com outros povos e a instituição do pretor 
peregrino em 240 a.C. O papel do magistrado aumentou, surgiram, então, instruções destinadas aos juízes, 
permitindo modificar as categorias anteriores. 
No fim do século III a.C. o pretor fez uso do seu imperium, para assistir aqueles que a lei deixava sem proteção e 
corrigir efeitos injustos da justiça estritamente legal. Ele emitia interditos, para impedir a perturbação da posse de 
um bem; liberava "mandados de posse", que autorizavam o querelante a obter a posse provisória de certos bens. 
O processo formular deu-se inicialmente em instâncias entre romanos e peregrinos, em seguida, foi utilizada pelo 
pretor urbano para preencher as lacunas do direito civil. 
Nesse novo procedimento, subsiste ainda divisão do processo em duas fases, mas a etapa in iure, que se desenrolava 
diante do magistrado (pretor) foi profundamente modificada. Os dois adversários não tinham mais de pronunciar as 
palavras e nem realizar gestos previamente estabelecidos. 
Surgiu o recurso das "fórmulas". As duas partes enunciavam em comum as suas reivindicações diante do pretor, que, 
a partir desses dados, concedia a ação e redigia a forma que permitiria o juiz decidir. Esse documento continha as 
pretensões dos dois adversários e as instruções destinadas ao juiz. Portanto, versava sobre os pontos a serem 
verificados. Era o resultado de um trabalho conjunto reunindo o magistrado e os dois querelantes: o demandante 
indicava que ação ele pretende utilizar, entre aquelas que figuravam no edito do pretor. Aqui se encontra todo 
importância prática do programa de ação do pretor: o pretor concedia ou recusava ação e transmitia, assim, um 
programa de instruções ao juiz, conduzindo ao exame das provas. A aceitação da fórmula pelas duas partes dava 
origem

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