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Vícios Redibitórios

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Teoria Geral dos Contratos 
Assunto: Vícios Redibitórios 			 
 
DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS
Arts. 441 a 446 CC
É um dos principais efeitos dos contratos e refere-se à garantia legal existente quanto aos vícios contratuais.
Vícios contratuais: vícios redibitórios, vícios do produto e a evicção.
- Atingem o objeto do negócio
- Não se confundem com os vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) ou com os vícios sociais (simulação e fraude contra credores)
- O vício redibitório se distingue do defeito visível, aparente ou ostensivo, por um lado, e do erro, vício da vontade, por outro.
- No vício redibitório, o bem adquirido é exatamente aquele que se desejava, embora tenha um defeito oculto não conhecido pelo comprador, nem suscetível de verificação imediata.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS NO CÓDIGO CIVIL
São os defeitos ocultos que desvalorizam a coisa ou a torna imprópria ao uso. 
CC somente trata dos vícios ocultos. 
Para José Fernando Simão vício oculto é aquele defeito cuja existência nenhuma circunstância pode revelar, senão mediante exames e testes.
Aplicáveis aos contratos civis.
O fundamento da responsabilidade pelos vícios redibitórios encontra-se respaldado no princípio de garantia, segundo o qual todo alienante deve assegurar, ao adquirente, a título oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os fins a que é destinada.
Previsão legal: arts 441 a 444, CC
Maria Helena Diniz – “Os vícios redibitórios são defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo ou de doação onerosa, não comum às congêneres, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o negócio não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter o abatimento no preço”.
Situação:
Alguém compra um automóvel do vizinho, que não é profissional nessa atividade de venda de veículos. O carro seminovo apresenta problemas de funcionamento. Como não há relação de consumo, estaremos diante de um vício redibitório, aplicando-se o Código Civil.
O adquirente prejudicado poderá fazer uso das Ações Edilícias com fundamento nos arts. 442 a 444 do Código Civil.
Requerendo a resolução do contrato devolvendo a coisa e recebendo de volta a quantia em dinheiro que desembolsou (sem prejuízo de perdas e danos*) – Ação Redibitória
Pleitear o abatimento proporcional no preço – Ação Quanti Minoris ou Ação Estimatória.
* Para pleitear as perdas e danos deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja, que o mesmo tinha conhecimento dos vícios redibitórios (art. 443, CC)
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Prazos
Vícios de fácil constatação – são os que podem ser percebidos de imediato, após o bem ser adquirido (art. 445, caput)
30 dias - bens móveis
1(um) ano – bens imóveis
Contados da TRADIÇÃO
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
Se já estava na posse do bem – o prazo é reduzido à metade
15 dias – bens móveis
6 meses – bens imóveis
Contados da ALIENAÇÃO do bem
Vícios de difícil constatação – são os que, pela sua natureza, só podem ser conhecidos mais tarde. (art. 445, §1º)
180 dias – bens móveis
1(um) ano – bens imóveis
Contados da CIÊNCIA/ CONHECIMENTO do vício
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
Venda de animais – (art. 445, §2º)
- Os prazos serão previstos na lei especial
Exemplo: Compra por consumidores de animais de estimação em lojas especializadas (Pet Shops)
- Na falta de previsão legal, deve-se aplicar os usos e costumes locais (em sintonia com o art. 113, CC)
- Na falta de usos e costumes aplica-se o prazo do §1º do art. 445, CC.
Animais semoventes (móveis) – 180 dias
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Responsabilidade do Alienante
O art. 443 estabelece a diferença de tratamento do alienante na hipótese de boa e de má-fé.
Alienante de boa-fé – resolução mais devolução do preço pago e das despesas realizadas pelo adquirente.
Alienante de má-fé – resolução mais devolução do preço pago e das perdas e danos (abrangem o danos emergentes e os lucros cessantes).
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Exemplos:
Novilhas escolhidas para reprodução de gado (estéreis)
Existência de cláusula contratual – Prazo de garantia convencional
O prazo de garantia convencional independe do legal
Na vigência do prazo de garantia convencional não correrão os prazos da garantia legal.
O adquirente deverá comunicar o vício ao alienante
Prazo de 30 dias 
Contados do seu descobrimento
Findo o prazo de garantia convencional ou não sendo ele exercido pelo adquirente iniciam-se os prazos legais previstos no art. 445 do CC.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
OS VÍCIOS DO PRODUTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Código de defesa do consumidor (Lei 8.78/90)
Previsão legal: arts. 18 ao 25 CDC;
A Lei consumerista engloba:
Vícios aparentes (produtos/serviços) – contados a partir da entrega da coisa (tradição) ou do término do serviço.
Vícios ocultos ((produtos/serviços) – contados da ciência/ conhecimento do vício.
Art. 18, CDC. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Vícios ocultos
        § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
        I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
        II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
        III - o abatimento proporcional do preço.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: 
 I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
30 dias / produtos não duráveis (são os que desaparecem facilmente com o consumo). Exemplo: produtos alimentíciosII - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
90 dias produtos duráveis (são os que não desaparecem facilmente com o consumo). Exemplo: veículos, eletrodomésticos, etc.
 § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
 
 Atenção: Para o vício oculto o prazo decadencial inicia-se com a descoberta do defeito (art. 26, §3º, CDC)
Art. 26, § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

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