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Trabalho de atividade de APS: DIREITO DO CONSUMIDOR São Paulo FUNDAMENTAÇÃO UTILIZADA PELO MAGISTRADO O problema fático discutido na decisão judicial se refere à responsabilidade da fabricante em relação ao acidente ocorrido com celular. Como cediço, o Código do Consumidor é um conjunto de normas de proteção e defesa do consumidor. Entretanto, apesar da situação de vulnerabilidade técnica a que o consumidor está submetido, não é possível alegar desconhecimento das regras insculpidas no certificado de garantia que acompanha o produto. No presente caso, a consumidora levou o celular à assistência técnica e não concordou em esperar pelo prazo de 30 (trinta) dias, o qual está em consonância com o disposto no artigo 18, parágrafo 1º da Lei 8.078/1990. Optou por adquirir nova bateria em loja não autorizada, o que, consequentemente, ensejou a perda da garantia do celular. Ora, fabricante é responsável pelos seus produtos e pelos serviços prestados por si e pelos seus credenciados, não podendo ser responsabilizado por atos de terceiros. Destarte, competia à consumidora levar o produto à rede autorizada, que prestaria serviço de qualidade, resguardando, assim, além do seu direito à troca da bateria ou, se o caso, um novo aparelho, a credibilidade da fabricante. Uma vez que a consumidora preferiu adquirir a bateria no mercado paralelo, acabou atingir o art. 12, parágrafo 3º, inciso III: “O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.” Por todo o exposto, indefiro o pedido realizado, uma vez que não há responsabilidade da fabricante em decorrência de má-prestação de um serviço realizado por estabelecimento não capacitado, especialmente quando este fornece assistência técnica autorizada, o que garante a qualidade de peças originais e do serviço, bem como a credibilidade da marca. Portanto, a consumidora, ao descumprir as regras para manutenção da garantia, renunciou aos direitos previstos na Lei 8.078/1990, e acabou por ser atingida pelo art. 945 do CC: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso , a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.” Não podendo alegar desconhecimentos dos termos de garantia do produto, a consumidora deverá arcar com os prejuizos acumulados, pois, ao não seguir a orientação do fabricante, acabou por assumir a responsabilidade de possíveis prejuízos. Assim, para que seja devida a condenação do fabricante é necessário a demontração do ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade, nos termos do art. 14 do CDC. Por fim, ressalta-se, que tal decisão tem como escopo harmonizar as relações de consumo, impedindo que o consumidor obrigue o fabricante/representante a consertar um produto que foi danificado por utilização indevida ou em razão de tê-lo submetido a conserto em assistência não autorizada. Referências: Assistência técnica e os direitos do consumidor - https://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/assistencia-tecnica-os-direitos-do-consumidor-17579028 - disponível em 16 de abril de 2019; Garantia: conheça os prazos para reclamar de produto com defeito https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/garantia-entenda-os-prazos-para-reclamar-de-produto-com-defeito - disponível em 18 de abril de 2019. Guia de Defesa do Consumidor http://www.procon.sp.gov.br/pdf/GuiadeDefesaConsumidor.pdf - disponível em 16 de abril de 2019; Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor; Lei 13.105 de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil;
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