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Unidade II GASTRONOMIA VEGETARIANA, FUNCIONAL E SUSTENTÁVEL Prof. Janaina Suconic Gastronomia funcional Gastronomia funcional é a nutrição aplicada à gastronomia; é quando conseguimos nos nutrir aliando o sabor à saúde. A gastronomia funcional leva em conta a individualidade bioquímica de cada pessoa. Primeiro, ela entende o que certo alimento causa no corpo de determinada pessoa quanto a alergias e intolerâncias; depois, cria as dietas direcionadas, sem abrir mão dos sabores e dos gostos pessoais. Um chef de cozinha tradicional cria seus pratos pensando apenas no paladar e no apelo visual daquele prato, ao passo que um chef de cozinha funcional vai se atentar, antes de tudo, se aquele prato é nutritivo, saudável, funcional, mas sem abrir mão das texturas e aromas. Na gastronomia funcional, o foco sempre vai ser no indivíduo e não na criação do prato em si. Gastronomia funcional Na gastronomia funcional, trabalhamos com os chamados alimentos funcionais, que são alimentos que contêm substâncias e nutrientes que podem oferecer benefícios à saúde, seja na prevenção ou no tratamento de doenças. As dietas com a utilização dos alimentos funcionais podem ajudar na prevenção ou na diminuição de doenças degenerativas, como o câncer, diabetes, hipertensão, doenças autoimunes, entre outras. Mas, para que os resultados desejados sejam alcançados e maximizados, o consumo desses alimentos deve ser regular. Gastronomia funcional Para se iniciar uma alimentação funcional, a dica é começar substituindo os alimentos refinados por alimentos integrais, os alimentos altamente processados por alimentos naturais, consumir o máximo possível de alimentos orgânicos, reduzir o consumo de carne de vaca, retirar da alimentação alimentos embutidos, refrigerantes, açúcar refinado, sal, cafeína, entre outros, se preocupar sempre com a ingestão de água e manter uma dieta equilibrada para que os alimentos possam cumprir suas funções adequadas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa disponibiliza uma lista com os alimentos considerados funcionais. A lista ainda é muito restrita tendo em conta a quantidade de alimentos e benefícios que já foram e estão sendo estudados. Gastronomia funcional Para que tenham alegação de alimentos funcionais em seus rótulos, os alimentos devem respeitar algumas exigências, como: o alimento deve conter efeitos melhoradores ou reguladores na prevenção de doenças específicas; não pode ser encapsulado, tem de ser consumido ao natural; deve fazer parte de uma dieta cotidiana; o conceito abrange também alimentos consumidos por toda a população, não somente por pessoas que busquem algum tipo de tratamento específico. Gastronomia funcional Universalmente, não existe uma única definição para os alimentos funcionais. A Comunidade Europeia, por exemplo, não os considera uma categoria, mas um conceito. Alguns países fazem uma diferenciação entre os alimentos funcionais e os nutracêuticos, alegando que os alimentos funcionais são totalmente naturais, enquanto que os nutracêuticos podem ser processados e administrados como medicamentos. Os EUA também não possuem nenhum tipo de definição específica para os alimentos funcionais, mas deixaram estabelecidas três categorias como regras que estão diretamente relacionadas às propriedades funcionais de cada um dos alimentos. Gastronomia funcional Alegações de saúde: é a relação entre um alimento e a redução do risco de alguma doença. Nesta alegação, é fundamental no alimento a existência de algum componente específico que tenha relação direta com o controle de doenças. Alegações quanto ao conteúdo de nutrientes: nestas alegações são utilizados os termos como “alimento livre de”, “com alto teor de”, “com níveis reduzidos de”, entre outros; só conseguem se encaixar neste termo nutrientes que têm estabelecidas suas doses diárias. Gastronomia funcional Alegações de funcionalidade: nesta alegação, estão descritos os papéis de cada um dos alimentos funcionais, como quanto à importância do cálcio no desenvolvimento dos ossos, ou como as fibras atuam na regularidade do intestino. Permite ainda que se descreva os benefícios para as doenças por conta da deficiência de algum determinado nutriente. Essas alegações não são pré-aprovadas ou verificadas, então a responsabilidade da veracidade das informações fica por conta do fabricante de cada produto. Gastronomia funcional Em 2006, a União Europeia, assim como os EUA, também definiram uma regulamentação de alegação específica para os alimentos funcionais, mas adotaram somente duas alegações, as de saúde e de nutrição. Apesar de só terem adotado duas alegações, os europeus são muito mais criteriosos quanto às informações que podem ser contidas nos rótulos. Para eles, todos os alimentos que se dizem funcionais precisam conter também: indicativos da importância de uma dieta balanceada e de um estilo de vida saudável; deixar clara a quantidade do alimento que deve ser consumido para alcançar o benefício que está sendo proposto; Gastronomia funcional deve indicar que tipo de pessoas devem evitar o uso daquele alimento e o porquê, ou seja, suas contraindicações; aviso de que, mesmo sendo produtos naturais, se consumidos em excesso, podem apresentar riscos à saúde. Não são permitidas referências genéricas, que não sejam específicas, ou ainda insinuar que a saúde do indivíduo pode ser afetada se não consumir aquele determinado tipo de alimento. Também não pode conter na embalagem nenhum tipo de recomendação médica, pois se tratam de alimentos e não de medicamentos propriamente ditos. Gastronomia funcional A conceituação e a regulamentação dos alimentos funcionais divergem muito de um país para outro, mas todos concordam que os alimentos têm de atender a alguns princípios básicos, como: devem ser um alimento convencional; além de seu valor nutricional, devem possuir funcionalidade específica e comprovada; melhorar a saúde e reduzir o risco de doenças; melhorar a qualidade de vida nos aspectos físicos e fisiológicos e, ainda, serem baseados em estudos científicos comprovados. A maior parte da população tem interesse nos alimentos funcionais que prometem auxiliar na perda de peso, aumentar a imunidade, diminuir o colesterol e melhorar os processos do trato digestivo. Interatividade O que a gastronomia funcional leva em conta? a) A gastronomia funcional leva em conta a individualidade bioquímica de cada pessoa. b) A gastronomia funcional leva em conta o paladar de cada pessoa. c) A gastronomia funcional leva em conta a nacionalidade de cada pessoa. d) A gastronomia funcional leva em conta a opção de vida de cada pessoa. e) A gastronomia funcional leva em conta a o trato intestinal de cada pessoa. Gastronomia funcional – ANVISA No Brasil, a regulamentação é ainda mais complexa. Enquanto na maioria dos países existe apenas um órgão regulador para os alimentos, no Brasil essa tarefa é dividida entre alguns ministérios. Na prática, a divisão acaba dificultando a vida dos fabricantes, principalmente daqueles que são obrigados a se dirigir a todos os ministérios. Por conta destas dificuldades, em 1998, com a contribuição de pesquisadores de várias áreas, surge a primeira proposta para regulamentação dessa classe de produtos no Brasil. Foi criada a Comissão Técnico-Científica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos (CTCAF), que tinha como objetivos: Gastronomia funcional – ANVISA prestar assessoria à Anvisa; avaliartoda a documentação científica para a comprovação da eficácia de novos alimentos; avaliar todos os pedidos de novos alimentos a fim de evitar alimentos que possam oferecer riscos a saúde do consumidor; avaliar os alimentos quanto a sua eficácia nas propriedades funcionais propostas. Apesar de a comissão levar em seu nome “alimentos funcionais”, não temos, no Brasil, uma categoria específica para esse tipo de alimentos; os alimentos funcionais são regidos pelas mesmas leis dos alimentos convencionais. Gastronomia funcional – ANVISA O conceito de alimentos funcionais surgiu por conta da população que busca uma qualidade de vida cada vez mais longa e melhor. Aliados aos avanços tecnológicos, foi possível aumentar a expectativa de vida mundial e implementar uma nova cultura, em que as pessoas primam pelo consumo dos alimentos puros e frescos e que preferem resolver ou amenizar seus problemas de saúde através de dietas específicas ao invés de recorrer a complementações e suplementações. Assim, essa nova categoria de produtos tem se tornado cada vez mais importante, mas deve-se investir em conhecimento para a população, pois se o consumidor passar a entender melhor cada produto, com certeza ele passará a se beneficiar mais daquele determinado alimento, já que vai saber exatamente o que está ingerindo. Gastronomia funcional – ANVISA É importante esclarecer que “alimentos funcionais” e “alimentos enriquecidos” são coisas diferentes. As alegações de propriedade funcional utilizadas nos chamados “alimentos funcionais” estão relacionadas ao papel metabólico ou fisiológico que um nutriente (por exemplo, fibras) ou não nutriente (por exemplo, licopeno) tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções do organismo. Isso significa que esses alimentos contêm ingredientes que podem auxiliar, por exemplo, na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, na proteção das células contra os radicais livres, no funcionamento do intestino, na redução da absorção do colesterol, no equilíbrio da flora intestinal, entre outros, desde que seu consumo esteja associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Gastronomia funcional – ANVISA Sempre que uma empresa quiser fazer alegações, a alegação deve ser submetida à avaliação da Anvisa (Resoluções 18 e 19/99). É importante ressaltar que as alegações não podem fazer referência ao tratamento, prevenção ou cura de doenças. Já os alimentos enriquecidos são aqueles aos quais é adicionado um ou mais nutrientes essenciais, tais como vitaminas, minerais e ou aminoácidos, em quantidades definidas em regulamento específico (Portaria 31/98). O objetivo dessa adição é reforçar o seu valor nutritivo em um ou mais nutrientes. Alguns alimentos, tais como as farinhas de milho e de trigo têm obrigatoriamente de ser fortificadas com ferro e ácido fólico, visando à redução da prevalência de anemia ferropriva e das doenças do tubo neural durante a formação do embrião, respectivamente. Gastronomia funcional – ANVISA Qualquer pessoa pode consumir alimentos funcionais e, caso haja alguma restrição ou orientação quanto ao uso, esta deve vir indicada no rótulo. Existem alimentos funcionais naturais e industrializados; a aveia, por exemplo, contém fibras e tem alegação comprovada de que auxilia na redução da absorção de colesterol. Nos alimentos funcionais, podem ser encontrados nutrientes como: ingredientes fontes de fibras, fitoesteróis, probióticos, ácidos graxos ômega 3, além de quitosana, psillium e produtos com proteína de soja. Alguns ingredientes contidos nos alimentos funcionais podem ter limite máximo de consumo, nestes casos, a quantidade do ingrediente por porção é limitada e está indicada nos requisitos disponíveis no site da Anvisa. Gastronomia funcional – ANVISA Em relação à propriedade funcional do nutriente ou não nutriente, ela deve ter sido cientificamente comprovada na aprovação da alegação. No entanto, em relação à composição do alimento como um todo, pode haver casos em que haja grande quantidade de açúcar, sódio ou gordura em sua composição, o que não é saudável. Por isso, é importante estar atento às informações nutricionais constantes nos rótulos. Podemos dizer que o Brasil foi um dos primeiros países a regulamentar o uso de alegações de propriedade funcional. Gastronomia funcional – ANVISA Além dos cuidados gerais na escolha de alimentos, o consumidor deve observar a lista de ingredientes e a tabela de composição nutricional, identificar a alegação do produto e tentar entender qual benefício será obtido com o consumo daquele alimento. Deve também compará-lo com outros semelhantes e escolher o que melhor atende às suas necessidades. É importante ainda não comprar produtos que se definam como alimento e que façam indicação para o tratamento, prevenção ou cura de doenças no rótulo ou material de divulgação, já que alimentos não têm essa propriedade. Gastronomia funcional – ANVISA Este é um mercado crescente. Por um lado, as empresas buscam inovações tecnológicas para agregar valor aos produtos e, por outro, os consumidores buscam novos produtos a fim de compensar uma alimentação inadequada. A maior responsabilidade da vigilância sanitária é garantir a segurança de consumo e veracidade das alegações funcionais, a Anvisa vem trabalhando no esclarecimento de dúvidas do setor regulado e na educação sanitária da população. O que é preciso ficar claro é que o consumo de alimentos funcionais deve estar associado a uma alimentação adequada e a hábitos de vida saudáveis. Esses alimentos podem fazer parte de uma alimentação saudável, mas não devem substituí-la. Interatividade Qual a maior responsabilidade da ANVISA quanto aos alimentos de alegações funcionais? a) É garantir a segurança de consumo e veracidade das alegações funcionais em cada alimento. b) É não garantir a segurança de consumo e veracidade das alegações funcionais em cada alimento. c) É garantir a segurança de consumo e a falsidade das alegações funcionais em cada alimento. d) A ANVISA não tem nenhuma responsabilidade. e) O órgão responsável não é a ANVISA. Gastronomia funcional – sem glúten e lácteos O conceito de gastronomia funcional é muito mais amplo do que somente uma cozinha na qual são proibidos o glúten e a lactose. Podemos, sim, ter uma preparação que seja funcional e que leve leite e trigo, por exemplo. Para que esse exemplo fique claro, temos os iogurtes naturais, que são ricos em probióticos e desempenham papéis superfuncionais em nosso organismo, auxiliando na manutenção da flora intestinal. É importante deixar bem claro que alimentos e produtos sem glúten e sem lactose não são necessariamente funcionais. Existem alguns grupos de alimentos que já têm sua eficácia comprovada e que são necessários para manter nosso organismo funcionando a todo vapor. Podemos citar os carotenoides, como o licopeno e o betacaroteno, que previnem o envelhecimento precoce da pele, já que são antioxidantes. Gastronomia funcional – sem glúten e lácteos Podemos citar os carotenoides, como o licopeno e o betacaroteno, que previnem o envelhecimento precoce da pele, já que são antioxidantes. A ciência está cada vez mais interessada na função desses nutrientes em nosso organismo. A gastronomia procura se unir à nutricionista funcional para estudar essas interações, formando a gastronomia funcional. Ainda hoje, a maior parte dos alimentos que é comercializada como funcional, é, no máximo, sem glúten/lácteos ou com alguns açúcares e farinhasmenos processados. Para que um produto possa se dizer funcional, ele deve conter algum dos nutrientes a seguir: ômega 3, carotenoides, fibras alimentares, fitoesteróis, poliesteróis, probióticos, proteína de soja. Gastronomia funcional – no organismo Os alimentos funcionais são decorrentes de vários efeitos metabólicos e fisiológicos que contribuem para um melhor desempenho do organismo do indivíduo que os ingere. A composição química dos alimentos, bem como sua qualidade, sempre foram informações de suma importância. Atualmente, já podemos encontrar alimentos funcionais naturais e artificiais. Os naturais são alimentos que contêm: ácidos graxos (linoleico, ômega-3 e 6, e limonoides), fibras, probióticos (lactobacilos e bifidobactérias), compostos fenólicos (resveratrol, isoflavona e zeaxantina) e carotenoides (betacaroteno, licopeno, luteína), pois cada um deles exerce uma função específica no organismo. Gastronomia funcional – no organismo Os industrializados devem ser testados e seus resultados comprovados através de testes e pesquisas. Por serem naturais, seu uso não acarreta nenhum tipo de contraindicação, mas, de qualquer forma, a pessoa que vai consumir deve sempre ficar atenta ao rótulo para que possa utilizar o produto da melhor forma. O ideal é que se faça uso desses alimentos aliados a uma dieta específica para cada caso. Gastronomia funcional – para desintoxicar Com os alimentos funcionais, praticamos a máxima de que você é aquilo que você come. Os alimentos são os responsáveis por nosso equilíbrio metabólico e são eles que vão nos ajudar a manter nossa saúde e beleza, prevenir de doenças e, com isso, melhorar nossa qualidade de vida. Os alimentos funcionais são muito utilizados para se fazer reeducação alimentar, pois ajudam o organismo a eliminar substâncias indesejáveis, as chamadas toxinas e, juntamente com elas, o excesso de gordura. Quando queremos desintoxicar, não devemos nos preocupar com as calorias, mas, sim, com a qualidade dos alimentos que estão sendo ingeridos e suas funções específicas em nosso organismo. Os alimentos que ajudam a desintoxicar também ajudam a emagrecer. Gastronomia funcional – para desintoxicar Quando utilizamos os alimentos funcionais para uma função desintoxicante, estamos limpando e facilitando o trabalho dos órgãos. Os maiores benefícios de uma dieta funcional desintoxicante são: prevenção de inflamações crônicas, aumentando o consumo de alimentos ricos em ômega 3; diminuição dos níveis de açúcar no sangue, ajudando a prevenir e tratar diabetes; diminuição dos níveis de gordura, ajudando no controle da pressão arterial e diminuindo os riscos de doenças cardiovasculares; prevenção de doenças como depressão, demência senil, problemas degenerativos e quadros alérgicos crônicos como rinite, sinusite, asma. Com uma orientação nutricional adequada, voltada para a desintoxicação, conseguimos prevenir inúmeras doenças e ter maior qualidade de vida. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares O primeiro ponto para evitar as intolerâncias alimentares é conhecer o seu organismo e os alimentos que são compatíveis com ele. As intolerâncias ocorrem quando o organismo encontra algum tipo de deficiência no processo de digestão de determinados alimentos. Temos que entender também que intolerâncias alimentares são diferentes de alergias alimentares. As alergias são mais fáceis de serem identificadas, pois atacam diretamente o sistema imunológico; assim que consome o alimento, o indivíduo já sente sintomas como coceiras, manchas na pele e asfixia. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Para intolerâncias, os sintomas são confundidos, pois são diversos: sentimos desconfortos, mas, normalmente, não associamos ao alimento. Por isso, continuamos a nos autossabotar, até que chegamos a um ponto crônico da doença. Só então fazemos exames específicos que conseguem diagnosticar as intolerâncias. Pode-se demorar anos para associar alimentação incompatível com as doenças sentidas em nosso organismo. Os efeitos são camuflados e podem aparecer através de olheiras, cansaço, gastrite, estufamento gástrico, coceiras, diarreia, entre outros sintomas, que são exaustivamente tratados sem que tenhamos um bom resultado. Com o tratamento, o sintoma pode até ser amenizado, mas depois de um curto período de tempo e o fim da medicação, ele reaparece. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Muito pior do que engordar por comer determinado alimento é não poder comer ou ter de se privar do que gosta por conta de alergias ou intolerâncias. Existem muitas pessoas que precisam excluir definitivamente alguns alimentos de suas dietas por conta de intolerâncias. Para essas pessoas, os alimentos funcionais têm um papel muito importante na alimentação diária. As três doenças mais conhecidas que têm uma melhora significativa através de tratamentos com alimentos funcionais são: fenilcetonúria, doença celíaca e intolerância à lactose. A quantidade de casos é tão significativa que a Anvisa criou uma portaria determinando que os rótulos dos alimentos contenham informações bem visíveis quanto à presença de fenilalanina, lactose e glúten. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Fenilcetonúria (PKU) É uma doença hereditária causada pela ausência da enzima que participa da eliminação da fenilalanina no organismo. A fenilalanina é um aminoácido essencial e está presente em todos os tipos de proteínas e leguminosas. O excesso desse aminoácido no organismo se torna tóxico e ataca o cérebro; se a doença não for diagnosticada e tratada corretamente, pode causar sérios problemas mentais. O exame deve ser feito assim que a pessoa nasce através do teste do pezinho. Se o resultado for positivo, o tratamento já é iniciado imediatamente, possibilitando que a criança se desenvolva normalmente, sem nenhuma sequela para o seu sistema nervoso. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares O tratamento consiste na exclusão de alimentos que contenham fenilalanina da alimentação, desde o nascimento até a idade adulta, principalmente no caso das mulheres grávidas. É uma restrição muito severa, e as pessoas com essa doença normalmente necessitam de suplementações; por conta disso, o acompanhamento médico e nutricional é essencial. Atualmente, com o avanço das tecnologias, já conseguimos encontrar no mercado produtos com baixo teor de proteínas que podem ser consumidos por esse grupo de pessoas. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Doença celíaca A intolerância ao glúten não necessariamente nasce com a pessoa, ela pode se desenvolver ao longo dos anos e seus principais sintomas são barriga inchada, diarreia, falta de apetite, dor abdominal, vômito, entre outros. A intolerância ao glúten é chamada de doença celíaca, que costuma se manifestar na infância, mas pode ocorrer em qualquer fase da vida. Os alimentos que contêm o glúten e que não devem ser ingeridos são: trigo, malte, cevada, aveia e centeio. Para obter o diagnóstico dessa doença, é necessário que se faça uma biópsia da mucosa intestinal; após o resultado, inicia-se uma dieta sem glúten. Essa restrição deve permanecer por toda a vida. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Entretanto, algumas substituições de ingredientes podem ser feitas para não interferir tanto nos hábitos alimentares, por exemplo, substituir a farinha de trigo por farinha de arroz, amido, farinha de milho, fubá, polvilho, fécula de batata, etc. Dessa forma, muitasreceitas podem ser facilmente adaptadas. Atenção: antes de consumir, sempre confira os rótulos dos produtos para se certificar dos ingredientes que o compõem. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Intolerância à lactose O açúcar do leite se chama lactose e, para digerir esse açúcar, nosso organismo necessita de uma enzima chamada lactase. Muitas pessoas já nascem com deficiência nessa enzima. Em outras, o organismo simplesmente deixa de produzir ao longo da vida. Os dois tipos são pessoas intolerantes à lactose. Não devemos nos alarmar por passar mal um único dia ingerindo um copo de leite. Os sintomas da intolerância são muito mais sérios e causam muito mais incômodos, como diarreias, flatulências e inchaços abdominais. Gastronomia funcional – intolerâncias alimentares Para obter o diagnóstico correto, devem ser feitos exames clínicos e biópsias. Muitas pessoas, mesmo com o diagnóstico positivo, ainda toleram a ingestão de alimentos com lactose reduzida, e a ingestão dos demais nutrientes é normal. Alguns iogurtes, inclusive, possuem enzimas que ajudam na digestão da lactase. Como em todos os casos de intolerâncias, é necessário ler os rótulos e procurar saber todas as informações sobre as preparações que vão ser ingeridas. Interatividade O açúcar do leite se chama lactose e, para digerir esse açúcar, nosso organismo necessita de uma enzima chamada? a) Lactante. b) Lactando. c) Latente. d) Lactase. e) Lacuna. Gastronomia funcional – mitos e verdades Culturalmente, as pessoas têm o hábito de achar que alguns alimentos são melhores do que outros, mas nem sempre essas substituições são inteligentes. A seguir estão listados alguns produtos que vão fazer a diferença para uma alimentação ser mais funcional. Margarina X azeite Margarina: por não conter colesterol e ser enriquecida, as pessoas têm a falsa ilusão de que a margarina não faz mal e a consomem desenfreadamente, mas temos de lembrar que esse produto é totalmente industrializado, que a maioria das marcas contém gordura hidrogenada e todas contêm aditivos químicos que são prejudiciais à saúde. Gastronomia funcional – mitos e verdades Azeite: é um ótimo substituto, pois possui ômega 9, que ajuda na redução do colesterol ruim, previne complicações cardiovasculares e auxilia na diminuição de inflamações. Peito de peru X sardinha Peito de peru: é muito utilizado em substituição a outros embutidos por ter a fama de ser mais leve, mas temos de lembrar que ele também é rico em sal e aditivos químicos. Sardinha: é um ótimo substituto, juntamente com o atum, para todos os tipos de embutidos. Mesmo quando são conservados enlatados seus benefícios continuam sendo muito grandes para a saúde. Possuem proteínas, vitaminas e minerais e ajudam na prevenção do diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras. Gastronomia funcional – mitos e verdades Suco X coco Sucos industrializados: é muito mais prático comprar um suco pronto do que comprar a fruta e fazer o suco, então muitas pessoas optam por isso. O que a maioria não sabe é que o que menos se encontra nesses sucos é a polpa da fruta em si. Eles são feitos de açúcares e adoçantes, aditivos químicos e espessantes, o que pode fazer aumentar as chances de se desenvolver doenças cardiovasculares, obesidade, acúmulo de gordura no fígado, entre outros. Água de coco: é um substituto natural, tem um ótimo poder de hidratação, além de vitaminas e minerais. Gastronomia funcional – mitos e verdades Bolacha X pão Bolacha de água e sal: as pessoas têm a ilusão de que as bolachas de água e sal são uma ótima opção, leves e benéficas para a saúde, mas é justamente o contrário; elas são ricas em gordura hidrogenada para manter a crocância e são feitas de farinha de trigo refinada, que aumenta o valor calórico e, com isso, os riscos de diabetes e obesidade. Torradas e pães integrais: os pães e as torradas integrais, principalmente os caseiros, são a melhor opção para substituição por conter fibras, ajudar no bom funcionamento do intestino, prevenir doenças e auxiliar na redução de peso. Gastronomia funcional – mitos e verdades Barrinhas X castanhas Barrinhas de cereais – muitas pessoas levam barrinhas como opções fáceis para a hora da fome. Mas o que pouca gente sabe é que muitas dessas barrinhas nem fibra possuem e estão cheias de coberturas fracionadas, que aumentam o teor de gordura ruim, corantes e uma alta concentração de frutose, ingredientes que são péssimos para a saúde. Castanhas e frutas secas: as castanhas e frutas secas naturais são a melhor opção, mas hoje já conseguimos encontrar no mercado várias marcas orgânicas que são mais saudáveis e com menor teor de gordura. Gastronomia funcional – ingredientes importantes O foco aqui não é dizer ou mostrar se os alimentos emagrecem ou engordam, mas, sim, mostrar quais são suas funcionalidades. Apesar de serem chamados de funcionais, todos devem ser consumidos com moderação, para que se tenha um equilíbrio. Farinha de coco A farinha de coco tem ganhado cada vez mais espaço na cozinha de quem busca alternativas à farinha de trigo. Benefícios: rica em fibras. Sua concentração de fibras é de 42%. A farinha de trigo refinada, que é a mais utilizada em preparações, possui 3%; baixo índice glicêmico; mais proteica que a farinha de milho ou de centeio. Gastronomia funcional – ingredientes importantes Adoçantes Na gastronomia funcional não se utiliza o açúcar refinado e nem xarope de glucose de milho. No processo de fabricação desses dois adoçantes, os nutrientes são praticamente todos perdidos, o que faz com que seu índice glicêmico se torne muito alto. Você metaboliza esses açúcares muito rápido, seu excesso se transforma em gordura e você se sente satisfeito por pouco tempo. Os principais substitutos para eles são: tâmaras: além de ricas em carboidratos simples e complexos, é fonte de fibras, minerais e vitaminas. Por ter carboidratos complexos, ela é digerida mais lentamente, o que aumenta a sensação de saciedade e evita picos de glicose no sangue. Gastronomia funcional – ingredientes importantes Mel, xarope de ágave, maple syrup: como tudo, todos esses adoçantes têm seu lado bom e ruim. A chave sempre é o equilíbrio e a rotatividade. Todos são opções melhores que o açúcar refinado, pois passam por menos processos químicos. Açúcar de coco: infelizmente aqui no Brasil, assim como a farinha de coco, é um ingrediente não tão fácil de ser encontrado e também não muito barato. É excelente, pois é rico em fibras e tem um índice glicêmico bem baixo. Stevia: é originária de uma planta e é uma boa opção para substituir os adoçantes comuns. Gastronomia funcional – ingredientes importantes Açúcar mascavo e demerara: originários da cana de açúcar, são opções mais interessantes que o açúcar refinado comum. Por não passarem por processos de refinamento, eles preservam seus nutrientes e possuem índice glicêmico menor. O açúcar demerara possui gosto menos característico que o mascavo, que algumas pessoas podem considerar com gosto de “caramelizado”. Essas são algumas das principais opções. Todas possuem índice glicêmico menor que o açúcar e adoçam tão bem quanto. Percebam que as substituições dos tipos de adoçantes na culinária funcional sempre prezam pela redução do índice glicêmico. Como fazer isso? Aumentando a quantidade de fibras e proteínas do alimento em questão. Gastronomia funcional – ingredientes importantes Óleo de coco e manteiga ghee Precisamos de gorduras parasobreviver. Existem gorduras boas e gorduras ruins. A manteiga ghee é uma ótima opção para intolerantes à lactose. Seu processo de fabricação deixa somente a gordura. O óleo de coco é rico em antioxidantes e auxilia na diminuição do colesterol ruim, o LDL, além de ter propriedades anti- inflamatórias. Ele não apresenta gorduras trans e, quando submetido a altas temperaturas, não perde suas características nutricionais. Temos muitos outros ingredientes utilizados na gastronomia funcional, mas esses são alguns dos mais comuns. Gastronomia funcional – ingredientes importantes Biomassa de banana verde A biomassa de banana verde nada mais é do que a polpa da banana verde cozida e processada em liquidificador. Ela é um superalimento, pois a banana verde tem o chamado amido resistente, que atua como fibras insolúveis, permanecendo no intestino e ajudando, assim, a manter e restabelecer a flora intestinal. Ela é considerada um alimento probiótico devido aos seus benefícios no organismo, que não são poucos: estimula o crescimento de bactérias no intestino, como os lactobacilos; combate o colesterol; diminui a absorção de açúcares e gordura pelo organismo; Gastronomia funcional – ingredientes importantes por ser um alimento que dá bastante saciedade, ele auxilia em tratamentos contra sobrepeso e obesidade; prevenção de câncer de cólon. Esses são alguns dos benefícios. A biomassa de banana verde também tem baixo valor calórico e não tem gosto específico, ela vira um coringa em qualquer receita. Seu preparo é bem simples. Interatividade Assinale os exemplos de alimentos que fazem a diferença para uma alimentação ser mais funcional: a) Azeite, sardinha, coco, pão, castanhas, biomassa de banana verde. b) Óleo de soja, sardinha, coco, pão, castanhas, biomassa de banana verde. c) Azeite, pescada, coco, pão, castanhas, biomassa de banana verde. d) Azeite, sardinha, coco, pão, castanhas, biomassa de banana madura. e) Nenhuma das alternativas anteriores. ATÉ A PRÓXIMA!