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Manejo Reprodutivo

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CAPÍTULO – VI 
MANEJO REPRODUTIVO 
 
 
 
VI.I INTRODUÇÃO 
 
 As condições impostas por uma economia estabilizada e globalizada, a competição 
de outras culturas pelo uso da terra e de carne de outras espécies pelo consumidor, devem 
forçar os pecuaristas a serem mais eficientes. 
 
 Dentre os fatores que afetam primariamente a renda bruta, especialmente para 
fazendas de cria ou ciclo completo, estão os índices reprodutivos. Neste contexto, a 
fertilidade passa a exercer um papel fundamental, já que determina o número de animais 
disponíveis para a venda, o que influencia a renda bruta anual cerca de cinco vezes mais do 
que a taxa de crescimento. Assim, medidas que permitam otimizar os índices reprodutivos 
assumem grande importância. 
 
 Para que a eficiência reprodutiva seja alcançada, a boa nutrição dos animais e o 
controle sanitário tornam-se essenciais. A maior parte dos problemas reprodutivos deve-se 
ao consumo insuficiente de energia e proteína; a deficiência de minerais geralmente 
ocasiona redução no consumo e na utilização do alimento, tendo efeito indireto. 
 
 A reprodução consiste em assegurar a manutenção da espécie. A capacidade de 
produção dos órgãos reprodutores apresenta relação bastante estreita com a saúde e a 
capacidade de adaptação dos animais. Esses órgãos só começam a desempenhar suas 
funções quando os animais atingem a puberdade (início da maturidade sexual). 
 A chegada da maturidade varia com: 
 
 a) a raça 
b) a linhagem 
 c) o indivíduo 
 d) a saúde animal 
 e) a nutrição balanceada 
 f) o manejo adequado MEIO AMBIENTE → PUBERDADE ← GENÉTICA 
↑ 
 ALIMENTAÇÃO 
 
 
VI.II CONCEITOS BÁSICOS 
 
• ANATOMIA E FISIOLOGIA REPRODUTIVA DO MACHO 
 
O aparelho genital masculino dos bovinos consiste em dois testículos contidos na 
bolsa escrotal, órgãos acessórios (glândulas e ductos) e o pênis. 
 
A) TESTÍCULOS: 
A função dos testículos consiste na formação dos espermatozóides e na secreção da 
testosterona, o hormônio masculino. Sob a influência da testosterona, há o desenvolvimento 
das características sexuais secundárias masculinas e o estímulo para a formação do sêmen. 
 
B) EPIDÍDIMO: 
Composto de cabeça, corpo e cauda do epidídimo. É nessa estrutura que se dá a 
maturação dos espermatozóides. 
 
C) DUCTO DEFERENTE: 
É um canal que, no momento da ejaculação, propele os espermatozóides da cauda 
do epidídimo para o ducto ejaculatório da uretra prostática. 
D) CORDÃO ESPERMÁTICO: 
É composto de: 
a) ducto deferente; 
b) músculo cremaster → responsável pela termorregulação testicular. 
c) artéria e veia testicular → além do suprimento sangüíneo, ajudam a abaixar a 
temperatura testicular; 
d) nervo testicular; 
e) vasos linfáticos. 
E) GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS: 
a) vesículas seminais → glândulas compactas secretoras de substâncias nutritivas e 
tamponantes para o sêmen; 
b) próstata → produz uma secreção alcalina para neutralizar o pH ácido da uretra 
masculina. È responsável pelo odor característico do sêmen; 
c) bulbouretrais → produz uma secreção rica em mucina (muco). 
 
F) PÊNIS: 
O órgão copulador masculino é chamado pênis ou verga e pode ser dividido em três 
regiões principais: 
a) glande → é a extremidade livre; 
b) corpo → é a porção principal; 
c) raízes ou Pilares → fixam o pênis na pélvis. 
 
O pênis dos bovinos apresenta duas flexões, em forma de “S”. Durante o estímulo 
sexual, o S se desfaz por relaxamento, expondo-o através do prepúcio. 
 
G) PREPÚCIO: 
Prega de pele que circunda a extremidade do pênis quando não está em ereção. 
 
H) BOLSA ESCROTAL: 
As principais funções da bolsa são: 
a) alojar os testículos 
b) proteger os testículos 
c) manter a temperatura testicular cerca de 4ºC mais baixa do que a temperatura 
corporal 
A bolsa escrotal dispõe de três mecanismos para manter baixa a temperatura 
testicular: 
a) a pele é cerca de 2/3 mais fina do que o restante do corpo; 
b) o músculo cremaster eleva-o para próximo ao corpo em dias frios e abaixa-os em 
dias quentes; 
c) a rede de artérias e veias resfria o sangue que chega aos testículos. 
 
• ANATOMIA E FISIOLOGIA REPRODUTIVA DA FÊMEA 
 
A reprodução na fêmea é um processo complexo que envolve todo o corpo do 
animal. O sistema reprodutivo é formado de dois ovários, duas trompas de Falópio, útero, 
vagina e vulva. 
 
A) OVÁRIOS: 
São glândulas que produzem os óvulos e hormônios (estrógeno e progesterona). 
Sob a influência do estrógeno, há o desenvolvimento das características sexuais secundárias 
na fêmea. 
B) TROMPAS DE FALÓPIO: 
São também conhecidas por ovidutos ou tubas uterinas. São dois tubos que 
conduzem os óvulos de cada ovário para o útero, e é o local onde ocorre a fertilização do 
óvulo pelo espermatozóide. 
C) ÚTERO: 
É formado por dois cornos uterinos, corpo do útero, colo uterino (cérvix). O corno 
uterino é o lugar onde ocorre o desenvolvimento do feto. A cérvix ou o colo do útero 
permanecem bem fechados, exceto durante o cio e o parto, servindo de proteção contra a 
invasão de material infectante. 
Durante a gestação, no útero encontram-se pequenas projeções chamadas de 
carúnculas que se ligam aos cotilédones da placenta, originando os placentomas. 
D) VAGINA: 
Órgão tubular de pH ácido que serve de proteção contra infecções. Na vagina 
encontra-se o meato urinário e as glândulas de Bartholin (muco lubrificante). 
E) VULVA: 
É a parte externa da genitália feminina. Na parte inferior está localizado o clitóris 
(órgão excitatório). 
 
• CICLO ESTRAL: 
 
As fêmeas bovinas entram em cio a intervalos claramente regulares. Esse intervalo 
entre o início do período do cio e o início do próximo é denominado ciclo estral. O ciclo 
estral dos bovinos resulta de uma seqüência de eventos bem orquestrados que envolvem 
várias estruturas e uma porção de hormônios advindos de diferentes partes do corpo. 
 
O ciclo estral é controlado diretamente pelos hormônios ovarianos e indiretamente 
pelos hormônios hipofisários (cérebro). Durante o ciclo estral ocorrem mudanças em todo o 
aparelho reprodutivo da fêmea, com o objetivo de liberar um ovócito em condições de ser 
fecundado, permitir o transporte dos gametas ao local de fecundação, proporcionar 
condições para que ocorra uma fecundação normal, transportar o zigoto para o útero e 
preparar o útero para receber o embrião e para o desenvolvimento da prenhez. 
 
O ciclo estral possui quatro fases distintas: 
 
A) PRÓ-ESTRO: (dura em média três dias na vaca) 
É uma fase preparatória na qual se percebe alteração no comportamento da fêmea, 
como inquietação, perda do apetite, micção freqüente (urina), e a vaca monta sobre as 
companheiras, mas não se deixa montar, não há cópula. 
B) ESTRO: (dura em média de 12 a 18horas) 
Essa fase compreende o cio propriamente dito, o período de receptividade sexual da 
fêmea. 
As principais alterações de comportamento são: há presença de muco; mais 
inquietação; perda do apetite; micção mais freqüente; a vaca em cio deixa-se montar pelas 
companheiras, rufião ou reprodutor; mugidos freqüentes; arqueamento e estiramento da 
coluna; a fêmea procura pelo macho; há cópula ou inseminação artificial. 
C) META-ESTRO: (duração média de três dias) 
Cessação súbita de cio, desaparece tolerância à monta, o comportamento volta ao 
normal, com indiferença pelo macho. 
 
A ovulação na vaca ocorre de forma espontânea, sem necessidade de cópula. 
D) DIESTRO: duração média de 15 dias. 
É conhecido também como anestro fisiológico. Se não houver a fertilização, um 
novo ciclo recomeça. Mas, se houver a fecundação, o aparelho reprodutivoé mobilizado 
como um todo para garantir a sobrevivência do embrião/feto. 
• PUERPÉRIO: 
É o período compreendido entre o final do parto e a próxima ovulação, com o 
retorno do útero ao tamanho normal e restabelecimento do ciclo estral. 
Também conhecido como pós-parto. 
O intervalo entre partos é muito afetado pela nutrição. O desencadeamento do 
primeiro cio após o parto é influenciado pelo nível de nutrição antes e após o parto; pela 
condição orgânica no parto, pela lactação, distocias, raça e idade da vaca. 
A necessidade econômica dos partos ocorrerem com um intervalo de 12 meses, tem 
estimulado considerável número de pesquisas nesta área. 
GESTAÇÃO DE BOVINOS: 290 dias 
DURAÇÃO DE UM ANO: 365 dias 
DIAS PARA RECUPERAÇÃO E NOVA PRENHEZ: 75 
 
VI.III AVALIAÇÃO DO REBANHO 
 
• ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO REBANHO 
Categorias de fêmeas → bezerras, novilhas, vacas de primeira cria, vacas adultas. 
Categorias de machos → bezerros, garrotes, touros. 
• TOUROS 
O impacto da fertilidade do touro no desempenho reprodutivo do rebanho é diversas 
vezes mais importante do que o da vaca, pois a expectativa é de que cada touro cubra pelo 
menos 25 vacas. Touros de baixa fertilidade, por permanecerem longo tempo no rebanho, 
causam grandes prejuízos na produtividade do sistema, quando não diagnosticados em 
tempo hábil. Além disso, deve-se lembrar que eles contribuem com a metade do material 
genético de todas as crias, enquanto é esperada de cada vaca a desmama anual de um 
bezerro. 
Para eliminar as perdas causadas por subfertilidade e infertilidade, a capacidade 
reprodutiva dos touros deve ser avaliada antes da monta ou repasse, por meio de um exame 
andrológico completo. Essa avaliação deve ser conduzida de modo a possibilitar tempo 
suficiente para a substituição e adaptação dos touros adquiridos. Desde que os touros a 
serem avaliados não sofram restrição alimentar, durante a seca, o exame poderá ser feito 
em torno dos 60 dias antes do início da estação de monta. Essa avaliação deve incluir: 
a) exame físico, onde são observadas todas as condições que possam interferir com 
a habilidade de monta, tais como: defeitos de aprumos, condição corporal, incidência de 
doenças, problemas respiratórios e de dentição e outros; 
b) exame do reprodutivo, para diagnóstico de anormalidades dos órgãos genitais 
internos e externos. O perímetro escrotal é um excelente indicador da produção espermática 
e da precocidade sexual das filhas e irmãs; 
c) avaliação das características físicas (volume, aspecto, cor, pH, motilidade, vigor, 
turbilhonamento, concentração e porcentagem de espermatozóides vivos e mortos) e 
morfológicas (defeitos maiores, menores e total de defeitos) do sêmen; 
d) avaliação da libido (desejo de procurar a fêmea e completar a monta). Touros 
considerados férteis podem apresentar baixa libido, reduzindo a capacidade de monta; 
e) capacidade de monta (relação touro/vaca). Com relação aos touros mais jovens, 
recomenda-se que sejam colocados com as novilhas, pois eles poderão ter dificuldades em 
cobrir as vacas adultas. Outro ponto importante é não colocar no mesmo pasto touros 
adultos e jovens, pois os adultos, por causa da dominância social, poderão impedir o 
desempenho dos demais. 
 
• CONDIÇÃO CORPORAL DAS VACAS AO PARTO: 
 
A avaliação da condição corporal das fêmeas é uma ferramenta extremamente útil 
no manejo reprodutivo. O emprego dessa prática, em ocasiões estratégicas, permite que 
correções no manejo nutricional possam ser efetuadas a tempo, de modo que os animais 
apresentem as condições mínimas no momento desejado. Diversos trabalhos de pesquisa 
demonstraram que é alta a correlação entre a condição corporal ao parto e o desempenho 
reprodutivo no pós-parto. Vacas com boas condições corporais ao parto retornam ao cio 
mais cedo e apresentam maiores índices de concepção. Portanto, o monitoramento da 
condição corporal, no terço final de gestação, pode indicar a necessidade de ajustes nos 
níveis nutricionais, de modo que, ao parto, a condição corporal seja atingida. 
O sistema de avaliação da condição corporal mais utilizado é aquele no qual a 
pontuação varia na escala de 1 a 9, conforme descrito na Tabela 1. O ciclo estral se mantém 
quando a condição corporal é de 4 ou maior ao parto. Para se obterem bons índices 
reprodutivos, os animais devem ser manejados de modo que venham a parir com uma 
condição entre 5 e 7. 
 
TABELA 1. Sistema de escore visual para avaliação corporal das vacas de cria. 
 
Escore 
 
Condição corporal 
 
Observações 
 
1 a 3 
 
Muito magras 
 
Falta de musculatura. Espinhas dorsais agudas ao tato. Ílios, ísquios, 
inserção da cauda e costelas proeminentes. 
 
4 
 
Magras 
 
Costelas, ancas e ísquios ainda visíveis. Processo transverso das 
vértebras lombares não podem ser visto individualmente. Garupa 
ligeiramente côncava. 
 
5 
 
Moderada 
 
Paleta, coxão e garupa com cobertura muscular média. Últimas costelas 
visíveis, boa musculação sem acúmulo de gordura. 
 
6 
 
Boa 
 
Espinhas dorsais não podem ser vistas, mas podem ser sentidas. As 
pontas da anca não são mais visíveis. Boa musculatura e alguma gordura 
na inserção da cauda. Aparência lisa. 
 
7 
 
Gorda 
 
Animal suavemente coberto de musculatura, mas os depósitos de gordura 
não são acentuados. As espinhas dorsais podem ser sentidas com pressão 
firme, mas são mais arredondadas que agudas. Cupim bem cheio e 
acúmulo de gordura na inserção da cauda. 
 
8 a 9 
 
Muito gorda 
 
Acúmulo de gordura, visível principalmente na inserção da cauda, úbere, 
peito e linha do dorso. Espinhas dorsais, costelas, pontas de anca e 
ísquios cobertos de musculatura não podem ser sentidos, mesmo com 
pressão firme. 
Fonte: Nicholson & Butterworth (1986). 
 
 
A categoria que apresenta maior problema é a das vacas primíparas. Essas vacas 
ainda têm uma demanda relativamente alta para crescimento, amamentação e necessitam 
recuperar a condição corporal para o próximo parto. 
É fácil treinar o pessoal de campo para utilizar a avaliação da condição corporal. A 
princípio, a separação dos animais quanto à condição corporal pode ser bastante simples: 
três grupos formados com vacas magras, condição moderada e gordas. O refinamento da 
técnica, com a distribuição de valores de 1 a 9, pode ser feito quando se ganha maior 
confiança pela equipe (Figuras 1 a 4). 
O momento de avaliação das mudanças de condição corporal pode ser determinado 
em épocas estratégicas: 
d) à época da palpação 
e) ao início da estação de monta 
f) à desmama (abril/maio), que coincide com o início do período da seca. Nessa 
ocasião, as fêmeas prenhes que estiverem muito magras (escore abaixo de 4) 
deverão receber suplementação alimentar para que atinjam escore de 5 a 6 ao 
parto. 
 
 
 
Fig. 1. Vaca com escore corporal 2 (muito magra). Fig. 2. Vaca com escore corporal 2 (muito magra). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3. Vaca com condição corporal 5 (moderada). Fig. 4. Vaca com escore corporal 8 (muito gorda). 
 
 
FONTE: VALLE, E. R.; ANDREOTTI, Renato; THIAGO, L. R. L. de S. Técnicas de Manejo Reprodutivo em Bovinos de 
Corte, Campo Grande: EMBRAPA/CNPGC, 2000. p. 16-18. 
 
 
 
TABELA 4. Porcentagem de vacas em cio aos 40, 50 e 60 dias após o parto, de 
acordo 
 com o estado corporal ao parto. 
 
 
Estado corporal 
 
Porcentagem de cio 
 
ao parto 
 
40 dias 
 
50 dias 
 
60 dias 
 
Magra 
Moderada 
Boa 
 
19 
21 
31 
 
34 
45 
42 
 
46 
61 
91 
Fonte: Wiltbank (1994). 
 
 
 
VI.IV ESTAÇÃO DE MONTAO estabelecimento de um período de monta, além de disciplinar as demais 
atividades de manejo, também faz com que o período de maior oferta de alimentos de 
qualidade se ajuste àquele de maior demanda nutricional por parte do animal, de forma a 
reduzir os custos com a suplementação, quando necessária. 
 O sistema de monta mais primitivo é aquele em que o touro permanece no rebanho 
durante todo o ano. Como conseqüência, os nascimentos se distribuem por vários meses, 
dificultando o manejo das matrizes e das respectivas crias. Com a ocorrência de 
nascimentos em épocas inadequadas, o desenvolvimento dos bezerros é prejudicado e a 
fertilidade das matrizes pode ser reduzida por causa do aumento do intervalo parto-primeiro 
serviço, induzido pela restrição alimentar. 
 No sistema de criação extensiva, a fertilidade do rebanho apresenta variações 
vinculadas às condições climáticas. Por isso, o estabelecimento de um período ou de uma 
estação de monta de curta duração é uma das decisões mais importantes do manejo 
reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. 
• VANTAGENS 
As principais vantagens de uma estação de monta reduzida são a melhoria da 
fertilidade e da produtividade do rebanho. Reduzindo-se a duração da estação de monta é 
possível identificar as fêmeas de melhor desempenho reprodutivo. As vacas mais prolíficas 
tendem a parir no início da época de parição e desmamam-se bezerros mais pesados. 
• ÉPOCA 
É determinada em função da melhor época de nascimento para os bezerros e do 
período de maior exigência nutricional das vacas. 
No Brasil Central, a melhor época de nascimento coincide com o período seco, 
quando é baixa a incidência de doenças, como a pneumonia, e de parasitos, como 
carrapatos, bernes, moscas e vermes. Portanto, para atender a esse requisito, o período 
recomendado para a monta deve ser de novembro a janeiro. Neste caso, as parições 
ocorrerão de agosto a outubro e o terço inicial de lactação, que apresenta as maiores 
exigências nutricionais, irá coincidir com o de maior oferta de alimentos de melhor 
qualidade (estação das chuvas). 
O importante é que, para reduzir o intervalo do parto ao primeiro cio, tanto vacas 
como novilhas têm de estar com condições corporais de moderada a boa, no início da 
estação de monta. Logo, o manejo nutricional durante os dois últimos meses que antecedem 
o parto é de vital importância para a recuperação da atividade reprodutiva. 
• DURAÇÃO 
Para vacas adultas, a meta ideal para a duração da estação de monta deve ser de 60 a 
90 dias. Para novilhas, esse período não deve ultrapassar a 45 dias, e tanto seu início como 
final devem ser antecipados em pelo menos 30 dias em relação ao das vacas. Essa 
antecipação visa, principalmente, a proporcionar às novilhas, tempo suficiente para a 
recuperação do seu estado fisiológico e iniciar o segundo período de monta, junto com as 
demais categorias de fêmeas. 
• IMPLANTAÇÃO 
O estabelecimento de um período de monta é uma prática de fácil adoção e sem 
custo para o produtor. No entanto, deve-se evitar a mudança brusca do sistema tradicional 
(monta o ano inteiro) para o de curta duração, por causa do elevado número de fêmeas que 
terão de ser descartadas. 
No primeiro ano, esse período pode se estender de outubro a março (seis meses) e, 
nos anos seguintes, ela deve ser ajustada gradativamente, eliminando-se os meses 
correspondentes aos de poucos nascimentos, até a obtenção do período ideal. 
Para otimização da produtividade da cria, o produtor deve ter como meta a obtenção 
de elevados índices de concepção (acima de 70%) nos primeiros 21 dias da estação de 
monta e índices superiores a 90%, durante os dois primeiros meses de monta. 
• DESCARTES 
O ganho mais significativo da implantação deste método foi proporcionado pela 
“igualdade de condições” no uso desta técnica. Ao concentrar o período de monta, são 
oferecidas às vacas e às suas crias as mesmas condições ambientais, fazendo com que a 
performance alcançada por cada animal esteja mais relacionada com o seu potencial 
genético. 
Assim, o processo de seleção tornou-se muito mais fácil e objetivo, contribuindo 
muito para os ganhos de produtividade que vêm sendo observados ao longo das últimas 
décadas. 
As vacas que, dadas às mesmas condições, não concebem ou tendem a parir no final 
do período devem ser descartadas, pois fatalmente não irão conceber na próxima estação, e 
estarão prejudicando a produtividade do rebanho. 
 
VI.V MÉTODOS DE REPRODUÇÃO 
 
• MONTA NATURAL 
 
¾ EM CAMPO: 
O sistema de acasalamento mais empregado na pecuária de corte extensiva é a 
monta em campo. Nesse regime de acasalamento, os touros permanecem junto ao rebanho 
de fêmeas durante toda a estação de monta, eliminando o trabalho diário de identificação 
dos animais em cio e a condução destes ao curral, para inseminação. Esse sistema onde 
vários touros são mantidos no mesmo pasto com as fêmeas é denominado de Acasalamento 
múltiplo. As principais desvantagens 
são o desconhecimento da paternidade das crias, que impossibilita a comparação do 
desempenho reprodutivo e produtivo dos diferentes touros, e o desgaste destes por causa do 
número repetido de cobrições que uma mesma fêmea recebe de um ou mais touros. No 
entanto, em rebanhos comerciais, essas desvantagens são compensadas pela economia de 
mão-de-obra e a certeza de que a maioria das fêmeas irá conceber durante uma determinada 
estação de monta. 
No regime de Acasalamento simples, cada lote de fêmeas é mantido com um único 
touro. A maior vantagem é a identificação da paternidade das crias, a um custo menor 
quando comparado à monta dirigida ou controlada. Nesse sistema, o conhecimento da 
fertilidade e da capacidade reprodutiva do touro é de vital importância, pois qualquer falha 
na seleção poderá resultar em índices de concepção insatisfatórios. 
 
¾ CONTROLADA: 
Na monta controlada, o touro é mantido separado das vacas durante a estação de 
monta. Quando uma fêmea é detectada em cio, ela é trazida para junto ao touro onde 
permanece até a cobrição. No geral, só é permitido um serviço. Quando são efetuadas duas 
cobrições, uma pela manhã e outra à tarde, as probabilidades de concepção são maiores. 
Esse método de acasalamento pode ser usado quando se deseja conhecer a paternidade. O 
desgaste dos touros é menor, mas existe a possibilidade de erros na identificação dos 
animais em cio, além do trabalho em separar os animais para a monta. 
 
• INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL 
 
No Brasil como nos Estados Unidos, somente 3% a 5% do rebanho bovino de corte 
utiliza a inseminação artificial (IA). Uma das grandes limitações à sua expansão está 
relacionada com o sistema extensivo de exploração pecuária. A dificuldade na identificação 
correta do cio, os problemas associados com o aparte, condução, contenção e inseminação 
diária dos animais e os custos envolvidos na implantação do processo têm sido apontados 
como os principais fatores limitantes à sua adoção por um maior número de produtores. No 
entanto, convém lembrar que esta tecnologia proporciona ao produtor a oportunidade de 
melhorar o desempenho produtivo do seu rebanho, mediante a utilização do sêmen de 
reprodutores de alto potencial genético. Para compensar as possíveis perdas resultantes de 
falhas no processo de observação do cio e inseminação, é recomendável que, após o 
período de inseminação, seja efetuado um repasse com touros. Com a expansão dos 
programas de cruzamento, a procura pela I.A. vem aumentando gradativamente. Diversas 
entidades de pesquisa e particulares vêm trabalhando na capacitação de mão-de-obra 
especializada, de forma a atender a demanda por esses profissionais. 
 
• TRANSFERÊNCIA DEEMBRIÕES 
 
Se a inseminação artificial representou a possibilidade de acelerar o progresso 
genético dos rebanhos, ao tornar possível que um macho excepcional tivesse uma progênie 
muito maior, a técnica de transferência de embriões foi o segundo passo nesta mesma 
direção. 
A possibilidade de se obter mais de dez produtos de uma concepção que envolveu 
um sêmen da mais alta qualidade com fêmeas selecionadas trouxe a possibilidade de 
seleção e ampliação de plantéis em um ritmo, até então, inimaginável. 
As técnicas de superovulação, coleta, inseminação a fresco, descongelamento one-
step, têm progredido e se simplificado com o passar dos anos. É cada vez mais comum 
encontrar propriedades com tradição em comercializar genética que possuem programas já 
bem estabelecidos de transferência de embriões. Em breve, será difícil achar as que não os 
têm. 
 
VI.VI DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO 
 
 O diagnóstico de gestação é de grande importância para a melhoria da eficiência 
reprodutiva, pois possibilita a identificação precoce das fêmeas que não ficaram prenhes 
durante a estação de monta. O método de diagnóstico mais utilizado é o via palpação retal 
realizado por um médico-veterinário experiente. Normalmente, esse exame pode ser 
efetuado a partir dos 45 a 60 dias após o final da estação de monta. Para facilidade de 
manejo, ele poderá ser realizado por ocasião da desmama (abril/maio), antes da seca. 
Identificadas as fêmeas vazias, elas devem ser descartadas do rebanho antes do início do 
inverno, pois ainda não perderam peso e o descarte dessas aumenta a disponibilidade de 
forrageiras para as fêmeas prenhes durante o terço final de gestação, quando as exigências 
nutricionais se elevam, por causa do acentuado desenvolvimento do feto. 
 No entanto, um plano de descarte baseado unicamente no diagnóstico de gestação 
deve ser analisado com muito cuidado. Um número elevado de fêmeas vazias pode ser o 
resultado da restrição alimentar após períodos de seca prolongados, como também da 
fertilidade e capacidade reprodutiva dos touros e da incidência de doenças da esfera 
reprodutiva, que não foram diagnosticadas. 
 
 Por ocasião da desmama, o produtor pode também efetuar a seleção das melhores 
matrizes, levando em consideração a habilidade materna e a idade. Vacas que apresentam 
baixa habilidade materna perdem seus bezerros precocemente ou têm bezerros com baixo 
peso à desmama. A idade da vaca é outro fator que interfere no seu desempenho produtivo. 
A partir dos dez anos de idade, o peso dos bezerros ao nascimento diminui gradativamente 
e, a partir dos oito anos de idade, passa a haver também um decréscimo gradual tanto no 
peso a desmama como aos doze meses de idade. 
Ciente desse fato, o produtor deve acompanhar o desenvolvimento dos bezerros dessas 
categorias e estabelecer um plano de descarte de acordo com as suas necessidades. 
 Também descartar as que abortarem, as que sofreram problemas de parto 
(“distocias”), as que apresentaram retenção de placenta, e as que rejeitarem suas crias. 
 
VI.VII CUIDADOS COM A GESTAÇÃO 
 
• ATENDIMENTO À VACA PRENHE 
 
Para otimização do desempenho reprodutivo do rebanho, o produtor deve propiciar 
condições adequadas para as vacas prenhes, de modo que estas possam apresentar boas 
condições corporais ao parto e menor período de anestro. 
 Durante o terço final de gestação, os requerimentos nutricionais das vacas se elevam 
a partir do 7º mês, atingindo um máximo no 9º mês, quando o feto tem o seu maior 
desenvolvimento. Em vacas de primeira cria, os requerimentos nutricionais são ainda 
maiores, pois estas ainda estão em crescimento. 
 Logo, a restrição alimentar nesse período, além de originar bezerros fracos e mais 
suscetíveis a doenças, também prolonga o período de anestro, reduzindo os índices de 
concepção ao início da estação de monta. Como o terço final de gestação, no Brasil Central, 
ocorre durante o período da seca, o produtor deve tomar certas precauções para evitar esse 
problema. 
 A primeira medida a ser tomada é a de assegurar uma reserva de pastagem para a 
seca. Portanto, o manejo adequado das pastagens durante as águas é que vai determinar as 
sobras necessárias para esse período. Outra prática importante é o descarte das vacas vazias 
ao início da seca, para aumentar a disponibilidade de forrageiras para as prenhes. Além 
disso, é conveniente separar as vacas e as novilhas prenhes (pasto-maternidade) das demais 
categorias para evitar danos que possam provocar abortos. Isso possibilita também garantir 
o suprimento de nutrientes necessários, registrar a ocorrência de abortos e outras 
anormalidades e prestar assistência ao parto quando necessária. 
 Em determinadas circunstâncias, a suplementação protéica pode ser necessária para 
garantir o desempenho reprodutivo no pós-parto. Quando o teor de proteína bruta na 
matéria seca é inferior a 7%, o que ocorre principalmente durante a seca, o consumo de 
forragens é restrito. O resultado é que, para atender as demandas nutricionais nessa fase 
reprodutiva, o animal mobiliza as próprias reservas corporais, acentuando a perda de peso 
corporal; como conseqüência, o restabelecimento da atividade reprodutiva é retardado até 
que essas necessidades sejam satisfeitas. Convém salientar que, durante o terço final de 
gestação, a demanda nutricional necessária ao desenvolvimento do feto, em termos de 
proteína bruta, praticamente triplica entre o sétimo e o nono mês de gestação (de 66 para 
188 gramas/dia). Portanto, nessa fase da vida reprodutiva do animal, a suplementação 
protéica tem como objetivo principal suprir a deficiência de proteína necessária ao 
desenvolvimento do feto e ao restabelecimento da atividade ovariana no pós-parto. 
 
VI.VIII PERÍODO DE PARIÇÃO 
 
• MANEJO NA MATERNIDADE E ATENDIMENTO AO PARTO 
 
A maternidade é uma invernada destinada à parição das vacas, concentrando desta 
forma os nascimentos, facilitando o atendimento aos recém-nascidos. 
Deverá ser limpa, com pastagens de porte baixo, livre de buracos e leiras, tamanho 
médio, preferencialmente próxima à moradia do materneiro. 
As vacas mojadas deverão ser apartadas do lote de vacas prenhes e transferidas para 
a maternidade pelo menos uma ou duas vezes por semana, garantindo que a parição ocorra 
neste piquete. 
 
O manejo consiste em visitas diárias (período da manhã e à tarde), entrada de vacas 
mojadas e saída de vacas paridas, conforme a intensidade de parição, e atendimento aos 
recém-nascidos. Esse procedimento deverá ser rigoroso, verificando e garantindo que o 
bezerro mame o colostro nas primeiras horas de vida e curando adequadamente o umbigo. 
Correrias e movimentos bruscos, além de gritos e agressividade deverão ser 
evitados para não agitar e estressar os animais. Realizar os rodeios, se possível, em horários 
fixos ou próximos e no mesmo local. 
Se observada qualquer anormalidade ou demora no parto, deverão ser tomadas 
providências como chamar ou consultar um médico-veterinário, para evitar a morte de 
bezerros e vacas durante o parto. 
Durante o período de nascimentos o materneiro deverá anotar todos os 
acontecimentos: nascimentos (data, sexo, nº da mãe, peso), abortos, natimortos, retenção de 
placenta, rejeição de bezerros, bezerros fracos, dificuldade na amamentação (ex.: tetas 
grandes). As vacas que apresentarem alguma destas ocorrências deverão ser apartadas para 
as devidas providências. 
 
VI.IX GRUPOS RACIAIS BOVINOS 
 
• CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS RAÇAS BOVINAS DE 
CORTE 
 
¾ RAÇAS TAURINAS: 
A) RAÇAS CONTINENTAIS: 
Este grupo caracteriza-se por alto potencial de crescimento, boa conversão 
alimentar, altos pesos de abate e carcaça com poucagordura. Entretanto, apresenta 
problemas de partos distócicos e peso adulto elevado. Como resultado, são animais de 
grande exigência de energia para mantença. As vacas apresentam peso adulto médio de 700 
a 800 kg e os machos, em torno de 1.000 a 1.200 kg. 
 
As raças continentais como o Limousin, Simental, Blond-Aquitaine, Piemontês, 
Pardo-Suiça, Charolês, Marchigiana, Chianina e outras, possuem características de 
desenvolvimento dos tecidos muscular, adiposo e ósseo completamente diferentes das 
britânicas. Por serem animais considerados tardios, possuem um crescimento muscular 
mais prolongado, podendo ser levados ao abate com peso maior que o grupo das raças 
britânicas – em torno de 18 a 19 arrobas , porém com mais idade. A formação de gordura 
se dará quando o crescimento muscular estiver quase completo. Por esta razão, é comum 
abaterem-se animais dessas raças com peso ideal de abate, porém sem acabamento de 
carcaça. É muito importante fornecer para essas raças na fase final de engorda um 
concentrado rico em energia, visando a acelerar a produção de gordura. As raças 
continentais apresentam um rendimento de carcaça superior a todas as demais raças. 
 
B) RAÇAS BRITÂNICAS: 
Em ambiente propício, representantes deste grupo apresentam boa taxa de 
sobrevivência e taxas reprodutivas e de crescimento suficientes para produzir carcaças de 
ótima qualidade. Caracterizam-se, porém, pelas desvantagens de partos distócicos, de muita 
gordura quando atingem altos pesos e de taxa de crescimento menor do que a de raças 
continentais e, conseqüentemente, por menor taxa de conversão alimentar e menor peso 
adulto. As vacas apresentam cerca de 500 a 600 kg de peso adulto e os machos, de 800 a 
900 kg. 
 Esse grupo de raças, entre elas Aberdeen Angus, Red Angus, Hereford, Devon, 
Shorthorn, Red Polled, Polled Hereford e outras, possui acabamento de carcaça muito 
rápido. Por serem raças precoces, o crescimento muscular atinge o seu ponto máximo de 
desenvolvimento num curto espaço de tempo, com peso ideal de abate para machos em 
torno de 16 arrobas. A partir do momento em que a musculatura desacelera o crescimento, 
a tendência é produzir mais gorduras: por esta razão não devemos deixar esses bovinos 
atingirem peso acima do recomendado para o abate. A carne dos bovinos das carcaças 
britânicas é marmorizada  possui gordura entremeada na musculatura  de grande 
aceitação no mercado nacional, americano e asiático. As raças britânicas apresentam 
rendimento de carcaça inferior ao das raças Nelore (zebuína) e continentais. 
 
 
¾ RAÇAS ZEBUÍNAS: 
Em relação às taurinas (britânicas ou continentais), os representantes deste grupo 
apresentam baixas taxas de crescimento, baixos índices reprodutivos e carcaça com pouca 
aceitabilidade, principalmente por produzirem carne mais dura. Todavia, apresentam 
excelente taxa de sobrevivência, boa habilidade materna, é são tolerantes a parasitos e a 
altas temperaturas. As vacas adultas têm peso médio de 350 a 450 kg e os machos, de 600 a 
700 kg. 
Os bovinos dessas raças possuem um comportamento intermediário entre os dois 
grupos de raças européias. Esse grupo de animais, que tem como principal representante a 
raça Nelore, cuja participação no rebanho nacional é de 80%, tem como característica 
produzir especialmente gordura de superfície, cobrindo com facilidade toda a carcaça, 
porém com muito pouca gordura intramuscular. Tal característica é apreciada por alguns 
mercados de exportação, principalmente na Europa, por ser um animal gordo de carne 
magra. O peso ideal de abate desses animais situa-se entre 16 e 17 arrobas. Os bovinos da 
raça Nelore apresentam rendimento superior às raças britânicas, porém inferior às 
continentais. Raças: Nelore, Guzerá, Gir, Tabapuã, Indubrasil, Brahman, Cangaiam, Sindi e 
outras. 
 O produtor moderno, além de ter a necessidade de trabalhar com altos índices de 
produtividade, deverá ter como meta produzir uma carne aceita pelo mercado consumidor, 
cada vez mais exigente. 
 A rastreabilidade da carne bovina é um programa que está sendo implantado na 
pecuária  o produto final será identificado na gôndola do supermercado, constando os 
dados do produto e a sua origem, cabendo ao consumidor escolher a mercadoria que mais 
lhe agradar. 
 A presença de gordura, além de tornar a carne mais macia, transfere ao consumidor 
um visual agradável, porém não pode ter excesso nem falta de gordura. 
 Um bovino, para produzir uma carcaça com tais características, deverá no abate 
estar em um ponto ideal de acabamento de carcaça, isto é, com uma espessura mínima de 
gordura entre 3 e 5 mm, não ultrapassando 10 mm. A gordura deve cobrir, de forma 
homogênea, toda a superfície da carcaça. 
 O grau de deposição de gordura influencia diretamente no rendimento de carcaça. 
Animais com excesso de gordura diminuem o rendimento porque o excedente é retirado por 
ocasião da matança. Quando o grau de deposição é insuficiente, abaixo do mínimo 
recomendado, diz-se que o animal não está acabado, e, nesta condição o rendimento 
também é menor. A gordura serve de proteção contra o frio quando a carcaça é colocada na 
câmara frigorífica; havendo pouca cobertura, a carcaça toma uma cor azulada, fator de 
depreciação. 
 As fêmeas têm maior facilidade de produzir gordura por não terem influência do 
hormônio testosterona, própria dos machos, que inibe a formação de gordura. Por isso, 
atingem o processo de acabamento mais rapidamente que os machos, porém com menor 
peso, dentro do seu grupo genético. 
 As fêmeas das raças precoces entram mais cedo em reprodução por causa da maior 
rapidez no acabamento de carcaça. Normalmente antecipam o acabamento em um ano se 
comparadas com as raças tardias. Essas fêmeas tendem a acumular gordura em excesso na 
carcaça, principalmente se ficarem fora da reprodução, o que interfere negativamente no 
aspecto reprodutivo e maternal. 
 Para vacas de descarte recomenda-se fazer uma engorda rápida, aproveitando o 
ganho compensatório, abatendo-as no máximo com 45 a 60 dias de tratamento, antes que 
acumulem excesso de gordura  que será retirada no abate, diminuindo o benefício. 
 Os bovinos inteiros acumulam menor quantidade de gordura pela interferência da 
testosterona. Animais de raças tardias, sendo abatidos inteiros, sempre terão deficiente 
formação de gordura na carcaça. O produtor deverá conhecer detalhadamente todos os 
aspectos citados para poder levar ao abate um animal no seu ponto ideal de acabamento, 
acompanhando a matança para constatar se o produto que está oferecendo ao mercado está 
de acordo com o gosto do consumidor. 
 
COMPARATIVO DE CARCAÇAS 
 
Fonte: Produtor Rural, fevereiro, 2002, p. 58 e 59. 
 
 
VI.X CRUZAMENTOS E SEUS OBJETIVOS 
 
 O produtor de bovinos de corte tem a oportunidade de melhorar a produtividade do 
sistema de cria e a qualidade do produto por meio de um programa de cruzamento. O 
cruzamento pode ser definido como o acasalamento entre duas ou mais raças com a 
finalidade de se utilizar a heterose ou vigor híbrido nas crias. Pela utilização dessa heterose 
pode-se aumentar a performance reprodutiva, a taxa de sobrevivência, a habilidade 
materna, a taxa de crescimento e a longevidade do rebanho. 
 
 
O cruzamento pode também ser utilizado para combinar e sincronizar as características 
desejáveis de diferentes raças bovinas, de acordo com a necessidade do mercado e da 
disponibilidade de alimentos, para diferentes sistemas de produção. 
Carcaça de raça 
continental com peso 
ideal, porém sem 
acabamento 
SIMENTAL X NELORE
Carcaça de raça 
continental com peso 
ideal, porém sem 
acabamento. 
 
Simental X Nelore 
(TARDIA)Carcaça de raça britânica 
no ponto ideal de 
abatimento. 
 
Red Angus X Nelore 
(PRECOCE) 
 A performance reprodutiva dos animais mestiços é superior à dos puros, por causa 
da maior precocidade (menor idade à maturidade sexual), maior peso das crias à desmama 
(melhor taxa de crescimento) e maior taxa de sobrevivência (baixa mortalidade do 
nascimento à desmama). Embora os índices de natalidade possam ser semelhantes entre 
mestiços e puros, as características mencionadas permitem que a produtividade seja maior 
(quilos de bezerro desmamado por hectare/ano) nos rebanhos mestiços. 
 O programa de cruzamento é formado pelos chamados sistemas de cruzamento. 
Cada sistema deve ser desenvolvido para atender às necessidades específicas de um 
determinado sistema de produção. Diversos fatores devem ser considerados na escolha de 
um sistema de cruzamento, dos quais se destacam: 
a) ambiente, 
b) exigência do mercado, 
c) mão-de-obra disponível, 
d) nível gerencial, 
e) sistema de produção, 
f) viabilidade de uso da inseminação artificial, 
g) objetivo do empreendimento, 
h) número de fêmeas e 
i) número e tamanho dos pastos. 
Tecnicamente, o sistema de cruzamento ideal deveria preencher os seguintes 
requisitos: permitir que as fêmeas de reposição sejam produzidas no próprio sistema, a fim 
de evitar a introdução de material genético de qualidade inferior via aquisição de 
fêmeas originárias de rebanhos sem programa de seleção adequado. Esse sistema visa 
também a possibilitar o uso de fêmeas mestiças, junto a heterose combinada resulta em 
incremento na produção de quilogramas de bezerros desmamados; explorar efetivamente a 
heterose; não interferir com a seleção; possibilitar a adaptação de machos e fêmeas ao 
ambiente onde eles e suas progênies serão criados. 
Basicamente, os cruzamentos podem ser classificados em três sistemas: simples ou 
industrial; contínuo ou absorvente; rotacionado ou alternado contínuo. 
 
¾ CRUZAMENTO SIMPLES OU INDUSTRIAL 
 
É definido como o acasalamento que envolve apenas duas raças com produção da 
primeira geração de mestiços, os chamados F1. Neste sistema não há continuidade, pois 
machos e fêmeas oriundos do cruzamento são abatidos. Assim, há necessidade de 
preservação de parte das fêmeas puras para produzir fêmeas de reposição, tanto para o 
próprio rebanho puro quanto para aquele que produzirá os mestiços. Caso contrário, essas 
fêmeas terão de ser adquiridas de outros criadores. 
No Brasil, o uso de cruzados de Zebu x Europeu tem sido um dos avanços que mais 
rapidamente se disseminou. A precocidade e a qualidade superior dos produtos fizeram 
com que os pesquisadores procurassem soluções para as dificuldades iniciais que advieram 
do uso de animais de sangue europeu. 
 
¾ CRUZAMENTO CONTÍNUO OU ABSORVENTE 
 
Tem a finalidade de substituir uma raça ou grau de sangue por outra. O uso contínuo 
desta segunda produz animais conhecidos como “puros por cruza” ou PC. 
 
¾ CRUZAMENTO ROTACIONADO OU ALTERNADO CONTÍNUO 
 
Neste cruzamento, a raça do pai é alternada a cada geração. Pode ser feito com duas 
(criss-cross), três (three-cross) ou mais raças. É importante, porém, que as raças sejam 
semelhantes em algumas características, como tamanho corporal e produção de leite, por 
razões que serão discutidas adiante e que se relacionam com a adequação do genótipo ao 
ambiente geral. 
Recentemente, o uso de compostos de três ou mais raças tem se firmado como uma 
tendência do futuro. E quem achou que os criadores fossem ter dificuldade em colocar seus 
animais no mercado, enganou-se. O uso dos compostos traz a necessidade de plantéis puros 
que tenham sua genética cada vez mais apurada. A cada ano que passa, fica mais claro que 
não existem respostas prontas: o que interessa é ter-se à disposição o maior número 
possível de alternativas, para possibilitar a escolha daquela que melhor se adaptar a cada 
situação. 
 Esse esquema de acasalamento caracteriza-se pelo abate de machos e fêmeas 
oriundos do cruzamento. Tal esquema pode participar tanto do sistema de cruzamento 
simples quanto do rotacionado. No primeiro caso, todos os produtos F1 seriam abatidos, ao 
passo que no segundo, as fêmeas mais novas seriam mantidas num sistema rotacionado, 
sendo as outras acasaladas com um touro terminal. Os últimos produtos seriam todos 
abatidos. 
 O objetivo é utilizar as vantagens do rápido crescimento e da boa taxa de conversão, 
pois, em cruzamentos terminais utilizam-se, normalmente, como touros terminais, animais 
de raça de grande porte. 
 
• VANTAGENS E DESVANTAGENS 
 
¾ CRUZAMENTO ROTACIONADO 
 
Este sistema atende as condições necessárias ao uso correto do cruzamento. No 
Brasil, porém, seu uso tem mostrado evidências de sucesso limitado, por causa da variação 
entre gerações em termos de requerimentos nutricionais e de manejo. Até recentemente, a 
maioria absoluta dos cruzamentos envolvia a raça Nelore e uma raça européia de grande 
porte e/ou de maior produção leiteira. O resultado é que as gerações subseqüentes, com 
maior ou menor grau de sangue europeu, apresentam maior ou menor requerimento 
nutricional que a geração anterior. Variações semelhantes ocorrem, também, em relação ao 
manejo de diferentes gerações, causando variações na produtividade ou nível de 
desempenho de vacas e bezerros. 
 
¾ USO DE TOUROS F1 
 
A utilização deste esquema de cruzamentos, em sistema simples ou rotacionado, 
resultará em nível de heterozigose inferior ao obtido com reprodutores puros. No entanto, 
em condições onde a inseminação não é aconselhável ou desejável e a monta natural com 
touros europeus puros é inviável, sua utilização é apropriada. Possibilita, ainda, o uso 
máximo de heterose para fertilidade de machos, que contornaria problemas de baixa libido 
e avançada idade à puberdade (puberdade mais tardia), comuns em raças indianas. É de 
fácil manejo, flexível quanto à troca de raça européia para eventuais ajustes de adaptação às 
condições de mercado ou de produção. 
 
¾ FORMAÇÃO DE POPULAÇÕES COMPOSTAS 
 
O desenvolvimento de programas de cruzamento com este objetivo teve grande 
impulso há quatro ou seis décadas. 
Esse tipo de cruzamento pode envolver duas ou mais raças. Após a formação da 
raça Santa Gertrudes, esse tipo de cruzamento expandiu-se, mantendo sempre a mesma 
linha. Começou como cruzamento rotacional e, a partir de determinado grau de sangue  
normalmente 5/8 europeu e 3/8 zebu , estabelecia o chamado cruzamento “inter se” ou 
bimestiçagem, que consiste no acasalamento de machos e fêmeas do mesmo grau de 
sangue. Além da Santa Gertrudes, várias raças foram formadas dentro desta concepção, 
como Ibagé, Canchim, Pitangueiras, Brangus, Belmont Red, e várias outras. 
 
¾ CRUZAMENTO TERMINAL 
É um esquema vantajoso para produção de animais a serem terminados em 
condições favoráveis, principalmente no que se refere à alimentação, como pastagens de 
boa qualidade ou confinamento, uma vez que este cruzamento resulta em animais com altas 
taxas de ganho de peso e altos pesos à terminação. É, porém, de aplicação limitada na 
pecuária, pelo fato de serem abatidas às fêmeas. 
 
 
¾ ROTACIONADO TERMINAL 
 
Neste caso, de 45% a 50% das fêmeas são acasaladas em sistema rotacionado a fim 
de produzir fêmeas de reposição. As fêmeas restantes, as mais velhas, são acasaladas com 
touro terminal. É um esquema complexo, exigindo grande capacidade gerencial e mão-de-
obra qualificada. 
 
 
 
 
 
VI.XI ANEXOS 
MEDIDAS DE SEGURANÇA NO TRABALHO, MEIO AMBIENTE, NOVAS 
EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS E CIDADANIA.ANEXO 1 
 
TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES 
 
• INTRODUÇÃO 
Embora o ovário dos mamíferos contenha centenas de milhares de ovócitos, o 
número de descendentes de uma fêmea é pequeno. Nos bovinos, o número de vezes que 
uma vaca fica prenhe é severamente limitado pela longa duração da gestação. Além disso, 
apenas um ou dois óvulos são liberados a cada ciclo estral nas espécies não multíparas. 
 
O número de descendentes que uma fêmea pode produzir durante sua vida pode ser 
bastante aumentado, permitindo repetidamente, que fique temporariamente prenhe, 
recolhendo-se embriões nos estágios iniciais da gestação (6 a 8 dias) e transferindo-os para 
outras fêmeas para completarem a gestação. Esse processo pode ser ampliado: se a doadora 
for superovulada. 
 
Alguns problemas da técnica já estão sendo resolvidos e a transferência, como a 
inseminação, representará uma significante atuação na reprodução animal. 
 
• OBJETIVO 
A transferência de embriões é usada para o melhor aproveitamento da capacidade de 
reprodução das fêmeas de boa qualidade. Ou seja, é usada para retirar o maior número de 
filhos (produtos) de uma fêmea com alto valor genético. 
“ A transferência de embriões não cria nada, apenas multiplica”. 
• CONCEITOS: 
A) FÊMEA DOADORA → é a matriz de alto valor genético que vai doar os embriões 
para serem transferidos. 
 
B) FÊMEA RECEPTORA → matriz selecionada para receber os embriões da 
doadora. Deve apresentar boa condição corporal (úbere, produção de leite, caixa 
para parir bem) e excelente comportamento para parição e cuidado com os filhotes 
(habilidade materna). 
 
C) SINCRONIZAÇÃO DE CIO → é a antecipação ou retardamento do momento 
natural do cio das fêmeas, para que possam ser fecundados em maior número e em 
curto espaço de tempo. 
 
D) SUPEROVULAÇÃO → tratamento hormonal que se faz nas fêmeas doadoras para 
se obter o maior número de óvulos para serem fecundados. 
 
• PROCEDIMENTOS 
¾ Seleção de animais doadores e receptores. 
¾ Sicronização dos ciclos sexuais de ambos. 
¾ Superovulação dos animais doadores. 
¾ Inseminação artificial das doadoras. 
¾ Coleta, seleção, transferência ou conservação dos embriões. A coleta e seleção dos 
embriões são feitas no sétimo ou oitavo dia após a inseminação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 2 
 
NOVILHAS PARA REPOSIÇÃO 
 
 No geral, a maioria dos produtores retém boa parte das novilhas do próprio rebanho 
para repor as vacas descartadas. O manejo destes animais, da desmama ao início da monta, 
e do primeiro parto ao período de monta seguinte, é de extrema importância na 
produtividade futura do rebanho de cria. Devido ao manejo inadequado ou falta de atenção 
necessária, o desenvolvimento desses animais fica prejudicado, resultando em baixos 
índices de prenhez e de natalidade, inviabilizando esse tipo de atividade. Portanto, a seleção 
e o preparo de novilhas para reposição são alguns dos itens mais importantes do manejo 
reprodutivo. Essas devem ser selecionadas e manejadas para que tanto a concepção como as 
parições ocorram ao início do período de monta e nascimentos, respectivamente. 
 
 Para que esses objetivos sejam alcançados é necessário que o produtor observe os 
seguintes pontos: 
a) propiciar condições nutricionais e sanitárias adequadas para a redução da idade 
à puberdade; 
b) colocar em monta uma quantidade de novilhas superior à necessária para 
reposição das vacas descartadas. Cerca de 25% a mais; 
c) iniciar e terminar a estação de monta, pelo menos quatro semanas antes da 
estação de monta das vacas. A duração não deve ultrapassar 45 dias; 
d) selecionar para reposição aquelas que conceberam ao início do período de 
monta; 
efetuar o diagnóstico de gestação de 45 a 60 dias após o final da monta, para 
descartar as vazias; proporcionar condições nutricionais adequadas para que as 
novilhas apresentem condições corporais de moderada a boa ao parto. A restrição 
alimentar durante o último trimestre da gestação é prejudicial ao desenvolvimento 
das novilhas e do feto, reduz o peso do bezerro ao nascimento e os índices de 
concepção após o parto. Como nessa fase as exigências nutricionais destas são 
muito superiores às das vacas e representam apenas 13% do rebanho de cria, 
recomenda-se que elas sejam manejadas em separado. Por outro lado, o excesso de 
peso pode também contribuir para a redução dos índices de fertilidade; e 
e) após o parto, as novilhas devem ser mantidas em pastos separados das vacas, até 
a desmama, para que tenham suas necessidades nutricionais atendidas e possam 
conceber na próxima estação de monta. Por estarem ainda em crescimento, 
apresentam exigências nutricionais muito elevadas durante a fase de lactação e 
superiores às do terço final de gestação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 3 
 
CONTROLE DA AMAMENTAÇÃO AUMENTA A FERTILIDADE 
 
A fertilidade do rebanho apresenta variações vinculadas às condições climáticas, 
onde invernos rigorosos, ou excessivamente secos causam redução da fertilidade devido à 
baixa disponibilidade e qualidade da forragem. 
 A freqüência e a intensidade da amamentação tem influência na atividade ovariana, 
que associadas ao efeito sazonal das pastagens, reduzem a incidência de manifestação de 
cios no pós-parto, e como conseqüência as vacas parem em anos alternados, devido ao 
longo período necessário ao restabelecimento da atividade reprodutiva. 
 Desta forma, atender às exigências nutricionais do rebanho de cria é um fator básico 
para a melhoria dos índices reprodutivos. Os requerimentos nutricionais para vacas e 
novilhas em reprodução são maiores durante os três primeiros meses de lactação, quando 
comparados ao terço final de gestação, e desta forma, melhores índices de prenhez são 
obtidos quando o rebanho tem suplementação alimentar pós-parto, no primeiro terço da 
lactação. 
 Apesar de todas as vantagens incontestáveis da suplementação da vaca de cria, seu 
uso está condicionado ao aspecto econômico. Outras alternativas de manejo, mais práticas e 
com custo mais baixo podem ser adotadas, como o controle da amamentação, cujo objetivo 
básico consiste em reduzir o estresse da amamentação e também diminuir os requerimentos 
nutricionais no pós-parto, principalmente em épocas de escassez de forragens. 
 Os principais métodos de controle da amamentação são: 
a) desmama antecipada ou precoce; 
b) desmama interrompida ou temporária; 
c) amamentação controlada. 
 
¾ DESMAMA ANTECIPADA OU PRECOCE 
Esta prática consiste na separação definitiva do bezerro, bem mais cedo que a 
efetuada tradicionalmente, aos 7 meses de idade. Ela é recomendada para os períodos de 
escassez de forragem, com a finalidade de se reduzir o estresse da lactação e os 
requerimentos nutricionais da vaca, antecipando assim o restabelecimento da atividade 
reprodutiva. 
Experimentos realizados constataram que a separação do bezerro aos três meses 
elevou substancialmente os índices de fertilidade do rebanho, durante a estação da monta de 
dezembro a fevereiro, chegando a reduzir em 40 dias o intervalo entre partos para animais 
criados em campos nativos. 
No entanto, a desmama aos três meses de idade resultou na mortalidade de alguns 
bezerros, além de um desenvolvimento ponderal inferior quanto a fertilidade e à maturidade 
sexual de fêmeas, quando não suplementadas após a desmama, em relação as fêmeas 
desmamadas aos 4 e 7 meses de idade. 
Já, a desmama aos quatro meses de idade seria a mais adequada, pois não prejudica 
o desenvolvimento dos bezerros, quando estes apresentaram peso superior a 90 kg porocasião da desmama. 
Outro aspecto favorável à desmama precoce é a curva de lactação de vacas Nelore, 
que atinge seu máximo (4,7 litros/dia) nos primeiros 30 dias de lactação, permanecendo 
mais ou menos estável até 90 dias, quando então declina rapidamente, até atingir a média 
de 2,7 litros aos 5 meses, o que nos mostra que a participação do leite na dieta do bezerro 
diminui, consideravelmente, a partir do terceiro mês de lactação. 
Para a obtenção de elevados índices de fertilidade, entretanto, é necessário que a 
prática da desmama precoce esteja associada à utilização de uma estação de monta de curta 
duração, que concentra os nascimentos numa determinada época do ano, como também 
disciplina as demais atividades de manejo da propriedade. 
 
Resultado da utilização da Desmama Precoce em bezerros aos 3, 4 e 7 meses de idade. 
 
 
IDADE NA 
DESMAMA 
 
Nº DE 
CAB. 
 
PD 
(kg) 
 
P 12 
(kg) 
 
PM 
(kg) 
 
% DE 
PRENHEZ 
 
3 Meses 
 
14 
 
94 
 
140 
 
265 
 
21.4 
 
4 Meses 
 
16 
 
115 
 
157 
 
280 
 
50.0 
 
7 Meses 
 
19 
 
153 
 
170 
 
280 
 
47.4 
FONTE: VALLE et. al. (1990) 
 
PD = Peso à desmama 
P12 = Peso aos 12 meses 
PM = Peso ao início da monta ou 27 meses de idade 
 
¾ DESMAMA TEMPORÁRIA OU INTERROMPIDA 
A remoção temporária do bezerro é uma técnica de manejo relativamente fácil e de 
baixo custo operacional. Tal processo consiste em separar o bezerro da vaca, por um 
período que pode variar de 48 a 72 horas, a partir de 40 dias após o parto, sem prejudicar a 
produção de leite da vaca, ou o peso do bezerro a desmama. 
O efeito da remoção temporária do estímulo da amamentação provoca um aumento 
na liberação do LH (hormônio luteinizante), 24 horas após a remoção do bezerro. E o 
aumento gradual na liberação deste hormônio parece ser um requisito essencial para o 
restabelecimento do ciclo estral em bovinos de corte. 
No entanto, deve-se levar em conta o estado nutricional da vaca, pois animais em 
péssimo estado corporal não respondem, satisfatoriamente, à desmama temporária. 
Foi observado também, que a desmama temporária não melhorou a taxa de prenhez 
de vacas em bom estado nutricional, que já vinham manifestando cio regularmente. 
 
Efeito da Desmama Temporária (72 horas) na Taxa de Prenhez de Vacas Nelore 
 
 
TIPO DE DESMAMA 
 
Nº DE CABEÇAS 
 
% DE PRENHEZ 
 
Temporária (72 hs) 
 
33 
 
97.0 
 
Testemunha 
 
32 
 
72.0 
FONTE: Dode et al. (1989) 
 
¾ AMAMENTAÇÃO CONTROLADA 
A amamentação controlada consiste em permitir que o bezerro tenha acesso 
limitado à amamentação a partir do 30º dia de idade. Os bezerros permanecem com a mãe 
durante dois curtos períodos do dia, entre 6 a 8 horas da manhã, e das 4 às 6 horas da tarde. 
 
Contudo, convém salientar que cuidados especiais devem ser tomados com bezerros 
de novilhas de primeira cria, pois como estas produzem menos leite que as vacas adultas, os 
bezerros poderão ter seu desenvolvimento prejudicado se não forem suplementados 
adequadamente durante as primeiras semanas. 
Não há duvida que a utilização do método mais adequado de desmama para cada 
caso, pode melhorar o desempenho do rebanho sem prejudicar o desenvolvimento do 
bezerro, desde que se tomem alguns cuidados. 
A eficiência de cada método vai depender da disponibilidade de forragem e do 
estado nutricional das vacas e novilhas, por ocasião do tratamento. 
Melhores resultados são obtidos quando se estabelece uma estação de monta de 
curta duração, de maneira que o período de maior requerimento nutricional das vacas 
coincida com o período de maior disponibilidade de forrageiras de boa qualidade. 
 
Efeito da Amamentação Controlada Sobre os Índices de Cio e de Prenhez 
 
 
AMAMENTAÇÃO 
 
Nº DE CABEÇAS 
 
% CIO 
 
% PRENHEZ 
 
SECA 
Tradicional 
2 Vezes / dia 
 
 
60 
60 
 
 
26.6 
61.6 
 
 
20.0 
43.3 
 
ÁGUAS 
Tradicional 
2 Vezes / dia 
 
 
60 
59 
 
 
66.6 
84.7 
 
 
58.3 
71.2 
FONTE: Fonseca et al. (1981)

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