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Classicismo.ppt

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	Renascimento
		O Humanismo revelou que uma nova concepção de mundo estava a se constituir. Essa visão de mundo consolidou-se durante o Renascimento, o nome que designa o período de grandes transformações políticas, econômicas e culturais que ocorreram na Europa entre meados do século XV e fim do século XVI.
		A grosso modo, o período Renascentista foi uma profunda transformação nas artes e na ciência, assim como nos modos de pensamento e expressão.
		As bases dessa transformação podem ser esquematizadas através da configuração do capitalismo, da crise religiosa, das grandes navegações, do aprofundamento e divulgação do saber e da divulgação da teoria do heliocentrismo.
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	Na Literatura
	Soneto – composição poética de quatorze versos, dispostos em dois quartetos e dois tercetos, rimados entre si ou com todos os versos brancos. O soneto foi criado na Itália (centro cultural europeu da época) por Jacopo da Lentini e introduzido em Portugal pelo poeta Francisco Sá de Miranda.
	
	Epopeia – obra em forma de poesia que tem como temática a valorização dos feitos heróicos de um determinado povo.
	
	Modelos greco-latinos – Homero, escritor grego, autor de Odisseia e Ilíada e Virgílio, escritor latino, autor de Eneida, são os grandes modelos a serem copiados no período do Classicismo português.
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Características do Classicismo
	Racionalismo: no Classicismo português, como tinha sido na Antiguidade clássica, a razão predomina sobre o sentimento. Isso não significa que os artistas deixassem de confessar seus sentimentos e emoções, mas que essa confissão era controlada pela razão.
	Perfeição formal: buscando a perfeição na forma de expressão, os escritores atendiam à ordenação lógica do pensamento. A adoção de formas de composição como o soneto e a epopéia revelam essa preocupação, já que, em ambos os casos, o cuidado com a forma é fundamental. São dois casos em que a forma é fixa e o artista deve submeter-se a ela.
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	Humanismo: por se sentir capaz de dominar as coisas do mundo concreto, o homem renascentista liberta-se da Igreja e volta-se para ele mesmo, valorizando a vida terrena, a aventura, a confiança em sua própria capacidade e força. A retomada da epopéia, em que se exaltam a coragem e a ousadia do homem, é um bom exemplo desse humanismo renascentista. A religiosidade deixou de ser a questão central para o homem renascentista.
	Universalismo: O predomínio da razão leva os artistas a se preocuparem com fatos e idéias relacionadas a verdades universais, consideradas absolutas, isto é, que valem para qualquer homem em qualquer momento histórico. Por isso, os assuntos de caráter individual, particular, ficam sempre em segundo plano.
	
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	Presença da mitologia: para poder simbolizar emoções, sentimentos, atitudes humanas e até alguns conceitos abstratos (razão, justiça, beleza), a Antiguidade clássica tinha criado seres mitológicos. Estes seres desenhados, pintados, esculpidos, concretizavam aquelas emoções, sentimentos e conceitos e apresentavam um caráter universal, ou seja, significavam a mesma coisa nas diversas culturas. Como o ideal dos escritores do Classicismo era atingir a universalidade, eles se valiam das entidades mitológicas, que passaram a conviver com outras da tradição cristã herdadas da época medieval.
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		Obras épicas
“Odisséia”
(Homero)
É a história da volta do herói
grego Ulisses ao tentar voltar
a Ítaca após a guerra de Troia.
“A Ilíada”
(Homero)
Trata da própria história do
rapto de Helena e de toda a 
guerra de Troia.
“A Eneida”
(Virgílio)
O herói grego Eneias que,
após a guerra de Troia, funda
uma nova cidade: Roma.
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	Soneto
	O soneto teria sido criado no começo do século XIII, na Sicília, onde era cantado na corte de Frederico II Hohenstaufen da mesma forma que as tradicionais baladas provençais. A invenção do soneto é atribuída a Jacopo da Lentini - conhecido como Jacopo Notaro, após receber o título «Jacobus de Lentino domini imperatoris notarius» - poeta siciliano e imperial de Frederico II, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita para música, possuindo uma oitava e dois tercetos, com melodias diferentes.
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	O número de linhas e a disposição das rimas permaneceu variável até que o poeta toscano Guittone D'Arezzo (ou Fra Guittone), tornou-se o primeiro a adotar e aderir definitivamente àquilo que seria reconhecido como a melhor forma de expressão de uma emoção isolada, pensamento ou idéia: o soneto. Durante o século XIII, criou o soneto guitoniano, padronizado, cujo estilo foi empregado por Petrarca e Dante, com pequenas variações.
	Coube ao fiorentino Francesco Petrarca aperfeiçoar a estrutura poética iniciada na Sicília, difundindo-a por toda a Europa em suas viagens. Sua obra engloba 317 sonetos contidos no Il Canzoniere, a coletânea de poesia que exerceu influência sobre toda a literatura ocidental. Os melhores poemas desse livro são dedicados a Laura de Novaes, por quem possuía um amor platônico. Destacam-se os recursos metafóricos e o lirismo erótico dos sonetos.
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	Sá de Miranda
		
		Graças a uma viagem que fez para a Itália, o poeta português Sá de Miranda regressou com uma nova estética poética para Portugal, introduzindo o soneto, composição feita em quartetos e tercetos, tendo os versos de dez sílabas, que são conhecidos como versos decassílabos. Mais tarde, Camões adotaria a estética, escrevendo diversos sonetos tendo o amor e a natureza do mundo como temáticas principais e imortalizando o soneto em língua portuguesa.
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Luís Vaz de Camões
		É pouco o que se sabe de Luís Vaz de Camões, e esse pouco é, ainda assim e na maioria dos casos, duvidoso. Terá nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves), mas isto não é certo. Quem defende esta tese atribui-lhe como pai Simão Vaz de Camões e como mãe Anna de Sá e Macedo. Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, seria aparentado com o navegador Vasco da Gama.
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		Viveu algum tempo em Coimbra onde terá freqüentado aulas de Humanidades, talvez no Mosteiro de Santa Cruz, já que aí tinha um tio padre. No entanto, embora a existência desse tio, D. Bento de Camões, esteja documentada, não há qualquer registro da passagem do poeta por Coimbra. Em algum lado, afirmam os estudiosos da sua vida, terá adquirido a grande bagagem cultural que nas suas obras demonstra possuir.
		Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boêmia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria Infanta D. Maria, irmã do Rei D. Manuel I. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parte para a Índia e este é um dos poucos fatos da sua vida que os documentos corroboram. Fixou-se na cidade de Goa onde terá escrito grande parte da sua obra.
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	Regressou a Portugal, mas pelo caminho naufragou na costa de Moçambique e foi forçado, por falta de meios para prosseguir a viagem, a ficar aí.
	Foi em Moçambique que seu amigo Diogo do Couto o encontrou, encontro que relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava então "tão pobre que vivia de amigos", ou seja, vivia do que os amigos podiam dar-lhe. Foi Diogo do Couto quem lhe pagou a viagem até Lisboa, onde Camões finalmente aportou em 1569.
	
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	Pobre e doente, conseguiu publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Mas até a publicação de Os Lusíadas está envolta num pequeno mistério - há duas edições do mesmo ano e não se sabe qual foi a primeira. Em recompensa dos serviços prestados à pátria, o rei concede-lhe uma modesta pensão, mas mesmo esta será sempre paga tarde a más horas e não salva o poeta da extrema pobreza.
	Quanto à sua obra lírica, o volume das suas "Rimas" ter-lhe-á sido roubado. Assim, a obra lírica de
Camões foi publicada postumamente, não havendo acordo entre os diferentes editores quanto ao número de sonetos escritos pelo poeta. Há diferentes edições de "líricas" camonianas e não há completa certeza quanto à autoria de algumas das peças líricas.
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	Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580 e foi sepultado a expensas de um amigo. O seu túmulo, que teria sido na cerca do Convento de Sant'Ana, em Lisboa, perdeu-se com o terremoto de 1755, pelo que se ignora o paradeiro dos restos mortais do poeta, que não está sepultado em nenhum dos dois túmulos oficiais que hoje lhe são dedicados – um no Mosteiro dos Jerónimos e outro no Panteão Nacional. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo. Alguns dos seus sonetos, como o conhecido Amor é fogo que arde sem se ver, pela ousada utilização dos paradoxos, prenunciam já o Barroco que se aproximava. 
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Estudo sobre a obra
Os Lusíadas (1572)
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		O renascimento literário atingiu seu ápice em Portugal, durante o período conhecido como Classicismo, entre 1527 e 1580. O marco de seu início é o retorno a Portugal do poeta Sá de Miranda, que passara anos estudando na Itália, de onde traz as inovações dos poetas do Renascimento italiano, como o verso decassílabo e as posturas amorosas do Doce Stil Nuovo. 	Mas foi Luís de Camões, cuja vida se estende exatamente durante este período, quem aperfeiçoou, na Língua Portuguesa, as novas técnicas poéticas, criando poemas líricos que rivalizam em perfeição formal com os de Petrarca e um poema épico, Os Lusíadas, que, à imitação de Homero e Virgílio, traduz em verso toda a história do povo português e suas grandes conquistas, tomando, como motivo central, a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama em 1497/99.
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		Para cantar a história do povo português, Camões foi buscar na antiguidade clássica a forma adequada: o poema épico, gênero poético narrativo e grandiloquente, desenvolvido pelos poetas da antiguidade para cantar a história de todo um povo.
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		A Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero (Século VIII a. C), através da narração de episódios da Guerra de Troia, contam as lendas e a história heroica do povo grego.
		Já a Eneida, de Virgílio (71 a 19 a.C.), através das aventuras do herói Eneias, apresenta a história da fundação de Roma e as origens do povo romano.
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		Ao compor o maior monumento poético da Língua Portuguesa, Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões copia a estrutura narrativa da Odisseia de Homero, assim como versos da Eneida de Virgílio. Utiliza a estrofação em oitava rima, inventada pelo italiano Ariosto, que consiste em estrofes de oito versos, rimadas sempre da mesma forma: ABABABCC. A epopeia se compõe de 1102 dessas estrofes, ou 8816 versos, todos decassílabos, divididos em 10 cantos (capítulos).
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Divisão da obra
		O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:
	
	1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3) Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.
	
	2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.
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	3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
	4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heroica portuguesa.
	
	5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156) Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua "voz rouca” não ser ouvida com mais atenção.
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Estrutura narrativa
		O poema se estrutura através de uma narrativa principal, que apresenta a viagem da armada de Vasco da Gama. A esse fio narrativo condutor é incorporada inicialmente a narração feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde, em que conta a história de Portugal até a sua própria viagem. 
		Na voz do Gama, ouvem-se os feitos dos heróis portugueses anteriores a ele, como Dom Nuno Álvares Pereira, o caso de amor trágico de Inês de Castro, o relato de sua própria partida, com o irado e premonitório discurso do Velho do Restelo e o episódio do Gigante Adamastor, representação mítica do Cabo da Boa Esperança.
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		Por fim, já na Índia, Paulo da Gama, irmão de Vasco, conta ainda outros feitos heróicos portugueses ao Catual de Calicute.
		A esta narrativa do poema é composta, portanto, por três narrativas remetendo à história de Portugal, interligadas pela narração da viagem de Vasco da Gama. 
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Ecletismo religioso
		O poema apresenta um ecletismo religioso bastante curioso. Mescla a mitologia greco-romana a um catolicismo fervoroso.
		Protegidos pelos deuses, os portugueses procuram impor aos infiéis mouros sua fé cristã. O português é visto por Camões como representante de toda a cultura ocidental, batendo-se contra o inimigo oriental, o árabe não-cristão.
		Todo esse fervor religioso não impede a utilização pelo poeta do erotismo de cunho pagão, como no episódio da Ilha dos Amores e seus defensores lusitanos são protegidos, ao longo de todo o poema, por uma deusa pagã, Vênus.
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		É curioso notar que a imagem clássica do deus romano Baco (o Dioniso dos gregos), amigo do vinho e do desregramento, inimigo maior dos portugueses, é a de um ser de chifres e rabo. A mesma que foi utilizada pela igreja católica para representar o demônio.
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Episódios principais
		Diversos são os episódios célebres de Os Lusíadas que merecem um olhar mais atento. Um deles é o da ilha dos Amores, (Canto IX, estrofes 68 a 95) em que a "Máquina do Mundo", com suas inúmeras profecias, é apresentada aos portugueses.
		Nessa passagem do final do poema o plano mítico - dos deuses - e o histórico - dos homens - encontram-se: os portugueses são elevados simbolicamente à condição de deuses, pois só aos últimos é permitido contemplar a "Máquina do Mundo".
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		Foi o episódio da ilha dos Amores que inspirou o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade a compor seu poema "A Máquina do Mundo". Outro é o do Gigante Adamastor, (Canto V, estrofes 37 a 60), representação figurada do Cabo da Boa Esperança, que simboliza os perigos e tormentas enfrentados pelos navegadores lusitanos no caminho da Índia.
		Adamastor é o próprio Cabo, que foi transformado em rocha pelo deus Peleu, como vingança por ter seduzido sua esposa, a ninfa Tétis.
		Esse episódio foi recriado por Fernando Pessoa (1888-1935) no poema "O Mostrengo" do livro Mensagem (1934).
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Trecho de “Os Lusíadas”
1 As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; 
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2 E também as memórias gloriosas Daqueles Reis, que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando; E aqueles, que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 3 Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta, Que outro valor mais alto se alevanta. 
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4 E vós, Tágides minhas, pois criado Tendes em mim um novo engenho ardente, Se sempre em verso humilde celebrado Foi de mim vosso rio alegremente, Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloquo e corrente, Porque
de vossas águas, Febo ordene Que não tenham inveja às de Hipoerene. 5 Dai-me uma fúria grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta ruda, Mas de tuba canora e belicosa, Que o peito acende e a cor ao gesto muda; Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe e se cante no universo, Se tão sublime preço cabe em verso. 
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Análise da obra completa
		O enredo de “Os Lusíadas” trata da viagem do heróico navegador Vasco da Gama à procura de um caminho marítimo para as Índias.
		A obra está dividida em 10 cantos (capítulos), tem 1102 estrofes de oito versos cada uma delas (sempre tendo o esquema de rima ABABABCC).
		O herói da obra épica é, na verdade, um herói coletivo: todo o povo português que, com sua valentia, desbravou o infindável oceano atrás de honras e glórias. Vasco da Gama apenas é um representante desse povo, personificação dessa valentia lusitana.
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		Durante a obra, há três narradores que aparecem: o próprio Camões (fazendo uma narrativa em 3ª. pessoa), o navegador Vasco da Gama e seu irmão Paulo da Gama (apenas uma vez).
		A obra mistura o maravilhoso cristão (que é o povo português) com o maravilhoso pagão (deuses greco-latinos) – criando um universo eclético e fazendo a obra aproximar-se dos grandes épicos.
		Camões levou 10 anos para escrever aquela que seria a maior obra da língua portuguesa – durante seu exílio na Índia. Em 1572, apresentado ao rei D. Sebastião, este gostou tanto da obra que mandou publicá-la (ainda poucos volumes). Aqui vão as partes em que se divide a obra:
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proposição: indica sobre o que vai tratar a obra. No caso, a viagem de Vasco da Gama procurando um caminho marítimo para as Índias.
b. invocação: Camões pede à tágides – musas do Rio Tejo, que o ajudem a escrever a obra de modo grandiloqüente.
c. dedicatória: a obra “Os Lusíadas” é dedicada ao rei D. Sebastião.
d. enredo: é a própria história em si. Tem três narradores e apresenta três momentos líricos: “O Gigante Adamastor”, “O Velho do Restelo” e “Inês de Castro” (aquela que foi coroada rainha depois de morta).
e. epílogo: a volta do heróico Vasco da Gama a seu país, cheio de glórias por ter, finalmente, conseguido achar um caminho marítimo para as terras orientais.
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		Pela autoria de uma obra tão importante, Camões passou a receber um soldo do governo português, porém o valor era muito baixo e, após sua morte (1580), Camões foi enterrado como indigente. Ainda naquele ano, Portugal seria invadido pela Espanha (que só em 1640 saiu do território português).
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Um universo de deuses e deusas
Deuses que ficaram a favor dos portugueses durante a viagem:
Vênus – deusa da Beleza. Vênus era valorizada pelos portugueses que se interessavam pelas artes e por tudo que é belo. Assim, tiveram várias vezes a ajuda da deusa que os queria muito bem.
Marte – deus da Guerra. Marte também auxiliou os portugueses porque entendeu que a viagem era muito arriscada e muitos poderiam perder suas vidas. Pela valentia do povo português, ganharam sua benemerência.
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Deuses que ficaram contra os portugueses durante a viagem:
Baco – deus do Vinho. Valorizado pelos árabes, Baco não desejava que os portugueses chegassem às Índias já que, se não conseguissem, teriam que pagar tributos aos árabes que impediam o livre trânsito pelo Oriente Médio.
Netuno – deus dos Mares. Entendia que a empáfia dos portugueses era muito grande. Aquele povo, além de não pedir sua autorização para entrar nos seus domínios, ainda se considerava um povo desbravador dos mares. 
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Camões lírico
Alguns sonetos camonianos
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Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? 
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. 
Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. 
O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. 
E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía. 
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Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prémio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida, Começa de servir outros sete anos, Dizendo: — Mais servira, se não fora Pera tão longo amor tão curta a vida! 
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Alma minha gentil, que te partiste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente, e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te alguma cousa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus olhos te levou.
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Transforma-se o amador na coisa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim como a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia; O vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples busca a forma.
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Aquela triste leda madrugada cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre celebrada Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade que nunca poderá ver-se apartada. Ela só viu as lágrimas em fio que, de uns e de outros olhos derivadas, se acrescentara em grande e largo rio. Ela viu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio, e dar descanso às almas condenadas.

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