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DP LPenal Tempo aula 5 2019 1

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 DIREITO PENAL
Prof. MSc. Hélio Siqueira Campos
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 DIREITO PENAL 
 LEI PENAL NO TEMPO
 MÓDULO 2
Princípios Jurídicos
Lei Penal no Tempo 
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 DIREITO PENAL 
 LEI PENAL NO TEMPO
	Princípio da Legalidade: para que uma conduta seja considerada como crime, a lei tem que prever, o mesmo ocorrendo em relação à pena.
 	Art. 1º do CP: não há crime sem lei anterior que o defina; não há pena sem prévia cominação legal.
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 LEI PENAL NO TEMPO
Princípio da anterioridade: segundo o qual uma pessoa só pode ser punida se, à época do fato por ela praticado, já estava em vigor a lei que descrevia o delito. 
O mesmo ocorre em relação à pena, que somente poderá ser aplicada se antes houver sido cominada a alguma conduta estabelecida como crime.
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 LEI PENAL NO TEMPO
Art. 2º do CP – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
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 LEI PENAL NO TEMPO
 A lei penal também nasce, tem seu tempo de eficácia e, posteriormente, é revogada.
 As regras de início de vigência, vacatio legis, formas de revogação, etc., são também aplicáveis às leis penais. 
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 LEI PENAL NO TEMPO
A entrada em vigor de uma lei de aprovação pelo Congresso Nacional, após o que a mesma deve ser sancionada pelo Presidente da República, promulgada e logo em seguida publicada. 
Mas nem sempre a data da publicação corresponde à data de início de vigência da lei.
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 LEI PENAL NO TEMPO
Quando a lei não dispuser sobre o dies a quo em que começa a entrar em vigor, aplica-se o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, (atual LINDB) que dispõe: “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. 
Em outras palavras, a lei pode estabelecer o termo inicial de sua própria vigência. Não o fazendo, ela entra em vigor 45 dias após a publicação.
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 LEI PENAL NO TEMPO
 
 Quanto à lei penal em particular, o princípio que rege a sua eficácia é o tempus regit actum, ou seja, a lei rege os fatos praticados em sua vigência. 
 
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 LEI PENAL NO TEMPO
 Em regra, lei não pode alcançar fatos ocorridos em período anterior ao início de sua vigência, nem ser aplicada àqueles fatos ocorridos após a sua revogação. 
 Este princípio está de acordo com o princípio da legalidade.
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 LEI PENAL NO TEMPO
 No entanto, esta é a regra, que possui suas exceções. 
 Em havendo disposição expressa da lei, é possível a ocorrência da retroatividade e da ultra-atividade da lei. 
 A retroatividade é o fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência. 
 A ultra-atividade é a aplicação da norma após a sua revogação.
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 LEI PENAL NO TEMPO
Retroatividade da lei mais benéfica:
Pelo princípio da anterioridade da lei penal (art. 1º do Código Penal), não há crime sem lei anterior, o que configura a irretroatividade da lei penal. 
Todavia, pode ocorrer que a lei posterior seja mais benigna do que a lei anterior (lex mitior), que foi utilizada ao caso. Assim, deve ocorrer a retroatividade da lei mais benigna.
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 LEI PENAL NO TEMPO
 Ultra-atividade da lei mais benigna:
 Por outro lado, em sendo a nova lei penal mais severa do que a anterior (lex gravior), ela não poderá retroagir, atingindo uma situação ocorrida antes de sua vigência, pelo que a lei anterior, mesmo após a sua revogação, continua a ser aplicada a este caso. 
 Assim, há a ultra-atividade da lei mais benigna.
 
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 LEI PENAL NO TEMPO
Ou seja, determinada lei, revogada, ultrapassa as barreiras da sua revogação, alcançando o futuro e produzindo efeitos, desde que sempre mais favorável ao acusado.
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 LEI PENAL NO TEMPO
 Em resumo, havendo conflito de leis penais com o surgimento de novos preceitos jurídicos após a prática do fato delituoso, será aplicada sempre a lei mais favorável. 
 Isto significa que a lei penal mais benigna possui extratividade (é retroativa e ultra-ativa) ao passo que a lei mais severa não.
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 LEI PENAL NO TEMPO
Princípio-exceção voltado, exclusivamente, ao DP
Art.5º, XL, CF e art 2º do CPB
A REGRA DETERMINANTE EXPLICA QUE AS LEIS, EM GERAL, TENHAM SUA VALIDADE VOLTADA AO FUTURO
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 LEI PENAL NO TEMPO
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 LEI PENAL NO TEMPO
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 LEI PENAL NO TEMPO
 resumo
Conceito e aplicação da extratividade da lei penal: 
Regra geral em direito: aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum);
Exceção – extratividade – possibilidade de aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito de sua vigência. 
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 LEI PENAL NO TEMPO
 resumo 
 – Irretroatividade da lei penal: em regra a lei não é aplicada a fatos anteriores à sua vigência, ou seja, a lei não retroage;
 – Retroatividade da lei penal: de acordo com o art. 2º, a lei que de alguma forma favoreça o acusado, retroagirá. (vide art. 5º, XL da CF/88).
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
Abolitio criminis: 
pode ocorrer que uma lei posterior deixe de considerar como infração um fato que era anteriormente punido. 
É a abolitio criminis, hipótese do art. 2º, caput, do CP: a lei nova retira do campo da ilicitude penal a conduta precedentemente incriminada. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
Art. 2º do CP – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
Qual a lei a ser aplicada: a anterior, que incrimina, ou a posterior, que descrimina? Claro que a posterior, em face do princípio da retroatividade da lei mais favorável, consagrado na legislação penal e na Carta Magna (art. 5º, XL). 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
A abolitio criminis, também chamada novatio legis, constitui fato jurídico extintivo da punibilidade, ex vi do art. 107, III, do CP, que reza: 
Art. 107 extingue-se a punibilidade ...
III. pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso.
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Novatio legis incriminadora: 
 ocorre novatio legis incriminadora quando um indiferente penal em face de lei antiga é considerado crime pela posterior. 
 A lei que incrimina novos fatos é irretroativa, uma vez que prejudica o sujeito. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 O fundamento desse princípio se encontra no aforismo nullum crimen sine preavia lege (não há crime sem lei anterior);
 
 Art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e o art. 1º do Código Penal. 
 Se não há crime sem lei anterior, a lei nova incriminadora não pode retroagir para alcançar fatos antes de entrar em vigor. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
Ou seja, como ex:
ocorre quando um indiferente
penal, representada por uma estrela, é pinçada naquela noite escura chamada ilicitude e entra no rol da constelação, representada pelo Código Penal. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Novatio legis in pejus (a lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do sujeito): 
 se a lei posterior, sem criar novas incriminações ou abolir outras precedentes, agrava a situação do sujeito, não retroage. Há duas leis em conflito: a anterior, mais benigna, e a posterior, mais severa. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 
 Em relação a esta, aplica-se o princípio da irretroatividade da lei mais severa; quanto àquela, o da ultra-atividade da lei mais benéfica. 
 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Dessa forma, se o sujeito pratica um fato criminoso na vigência da lei X, mais benigna, e, no transcorrer da ação penal, surge a lei Y, mais severa, o caso deve ser apreciado sob a eficácia da antiga, em face da exigência de não fazer recair sobre ele uma valoração mais grave que a existente no momento da conduta delituosa. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Novatio legis in mellius (a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o sujeito): 
 
 se a lei nova, sem excluir a incriminação, é mais favorável ao sujeito. Aplica-se o princípio da retroatividade da lei mais benigna. 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Ex: A pratica o crime sob a vigência da lei X, que comina pena de detenção. Após, passa a vigorar a lei Y, cominando, para o mesmo fato, pena pecuniária. A lei nova comina pena menos rigorosa e, assim, deve retroagir.
 Outro ex. Lei 11.343/2006
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 A Lei nº 11.343/06 (editada pelo Poder Legislativo) disciplina os crimes de comércio de drogas. A antiga Lei nº 6.368/76, em seu art. 12, indicava pena de reclusão (03 a 15 anos + multa)
redação da Lei 11.343/06
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
Observa-se que a sempre se busca beneficiar o réu em casos tais, não respeitando-se a coisa julgada;
É possivel aplicar a lei penal mais benéfica durante o seu período de vacatio legis? 
Duas correntes contrárias.
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
1ª corrente: É a chamada tempus vacationes;
Tem como ponto fulcral a necessidade de que a lei promulgada se torne conhecida. Não faz sentido, então, que aqueles que já se inteiraram do teor da lei nova, fiquem impedidos de lhe prestar obediência, desde logo, em face da retroatividade benígna da lei, pois uma hora ela (retroatividade) iria ocorrer. ALBERTO SILVA FRANCO
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 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
2ª corrente:entende-se que quando no período da vacatio legis a lei penal não possui eficácia jurídica ou social, devendo imperar a lei ainda vigente;
Há apenas a expectativa de lei;
Corrente predominante;
F. MARQUES; D. JESUS, G. NUCCI
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 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Lei Intermediária 
 
 E se houver a incidência sucessiva de três leis distintas? 
 
 Permanecem as mesmas regras já mencionadas, ocasião em que sempre será aplicada a lei penal mais benigna (extratividade). 
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 DIREITO PENAL
 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 
 Como saber que uma lei é mais benigna do que a outra? 
 Não existem regras teóricas que devem ser utilizadas na apuração da lei mais favorável entre aquelas postas ao intérprete. 
 
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 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 
 Assim só diante do caso concreto, com a aplicação hipotética das duas leis em confronte, se poderá escolher a mais benigna.
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 Princípio da anterioridade 
 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Pode haver casos em que a lei nova favoreça o autor do fato em um ponto, mas o prejudique em outro. 
 
 Assim, qual seria a solução mais adequada? 
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 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 Uma parte da doutrina entende que deve ser aplicada apenas uma das leis, devendo ser escolhida a que mais beneficie ou menos prejudique o autor do fato. CONSULTA-SE O ACUSADO.
 O fundamento é que a conjugação de leis estaria criando uma terceira lei, o que não é atribuição do aplicador.
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 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 
 No entanto, a maioria da doutrina entende que é possível se combinar ou conjugar as duas leis, de forma a se escolher em ambas o que mais beneficia o autor do fato. 
 
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 Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
 
 Esta corrente embasa o seu entendimento no fato de que é determinação legal que sempre seja aplicável a norma mais favorável. 
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 - Combinação de leis: é possível combinar várias leis para favorecer o sujeito? Há autores que entendem que sim, outros que não. 
 
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 Dentre os que têm posição negativa, a exemplo de Nelson Hungria, Heleno Fragoso e Aníbal Bruno.
 
 Argumentam que a disposição mais favorável ao sujeito não deve ser obtida através da combinação da lei antiga com a lei nova. 
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Nelson Hungria dizia que o Juíz (poder judiciário) ao conjugar critérios de uma e outra lei, estaria investido na condição de legislador (poder legislativo), o que criaria um terceiro tipo de lei (lex tertia).
Há no seu entender, violação a separação dos poderes. Tal situação não é permitida.
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 Por outro lado, os que adotam posição favorável, dentre os quais Rogério Greco, D. de Jesus e Celso Delmanto.
 Assim se posicionam por entender que há extensão aos princípios da ultra-atividade e retroatividade benéficas.
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LEI A
Pena 2/4 anos
Multa
LEI
B
Pena 4/8 anos
Sem Multa
		 LEI A + LEI B 
 Pena 2/4 anos e Sem Multa
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Decisões a favor:
STF (HC 95435 e RE 596152)
STJ (HC 111306) 
Se o juiz pode aplicar o “todo”, então, pode aplicar em parte.
Aplicação do in dubio pro reu no caso de empate – RE 596152.
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Decisões em contrário:
STF (HC 94687 e HC 103833)
STJ (HC 220589/SP e HC 179915) 
Em nenhum caso será possível tomar de uma e outra lei as disposições que mais beneficiem o réu, aplicando ambas parcialmente.
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Princípio da continuidade normativo-típica:
Não confundir com o abolitio criminis;
A abolitio criminis representa a supressão formal e material da figura criminosa. É a vontade do legislador em não considerar determinada conduta como criminosa. Ex: revogação do crime/sedução
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Crime revogado formal e materialmente pela edição da lei número 11.106/05
Pelo princípio da continuidade normativo-típica, significa a manutenção do caráter proibitivo da conduta, porém com o deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal;
a intenção do legislador: manter o caráter criminoso da conduta.
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Exs: 
rapto consensual – antes da lei número 11.106/05 - art. 220 CPB, posteriormente – revogado por abolitio criminis;
 rapto violento – antes da lei número 11.106/05 art. 219 CPB, posteriormente – art. 148, par. 1, V, do CPB.

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