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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
 
O TEMA HONORÁRIOS ESTÁ DISCIPLINADO: 
 
a) No Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (EAOAB) – Arts 
18 a 26; e 
 
b) Código de Ética e Disciplina (CED) – Arts. 48 a 54 
 
ADVOGADO EMPREGADO 
 
O Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8.906/94 - 
EAOAB) , nos Arts. 18 a 21 disciplina os salários devidos ao advogado empregado, 
destacando, entre outros que o advogado, salvo acordo, convenção coletiva ou 
sentença normativa, tem jornada de trabalho de 4 horas diárias continuas ou 20 
horas semanais. 
 
As horas que ultrapassarem as mínimas relacionadas acima (e horas diárias 
contínuas e 20 semanais) serão remuneradas como extraordinárias à base de 100%, 
sendo que os trabalhos realizados entre as 20horas e às 5 horas da manhã serão 
remunerados em mais 25% . 
 
Anote-se que são consideradas horas trabalhadas o tempo que o advogado 
permanece à disposição do cliente. 
 
Questão importante a ser observada quando falamos em remuneração do advogado 
empregado é o fato dos honorários de sucumbência que, como sabemos, pertence 
ao advogado, em regra. 
 
Porém, quando tratar-se de advogado empregado de sociedade de advogados, os 
honorários de sucumbência serão fixados em acordo entre o advogado e seu 
empregador. 
 
ADVOGADO AUTÔNOMO 
 
Já os honorários devidos ao ADVOGADO autônomo são regulamentados pelos 
artigos 22 a 26 do EAOAB e nos artigos 48 a 54 do Código de Ética e Disciplina 
(CED). 
 
OS HONORÁRIOS DEVER SER FIXADOS COM MODERAÇÃO. Esta é a regra 
contida no artigo 49 do CED e deve servir de parâmetro para o advogado, 
obedecidos os critérios fixados no art. 49 do citado código. 
 
Art. 49. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os elementos 
seguintes: I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas; II - o 
trabalho e o tempo a ser empregados; III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir 
em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros; IV - o valor da causa, a 
condição econômica do cliente e o proveito para este resultante do serviço profissional; V - o 
caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente eventual, frequente ou constante; VI - 
o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do advogado ou de outro; VII - a 
competência do profissional; VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos. 
 
Conforme estabelece o Art. 22 do EAOAB, é direito dos inscritos na OAB receber os 
honorários: 
convencionados, os fixados por arbitramento judicial e os de sucumbência. 
 
Nota-se que a preocupação do legislador e do Conselho Federal da OAB foi evitar 
os eventuais conflitos entre advogado e cliente. 
 
Nesse sentido observamos que os honorários devem ser, preferencialmente, fixados 
em contrato escrito, observada a Tabela de Honorários fixada pelo respectivo 
Conselho Seccional, seguindo os elementos estabelecidos no Art. 49 do CED acima 
transcrito. 
 
Não havendo estipulação em contrário, um terço dos honorários são devidos no 
início, um terço até a sentença de primeira instância e o restante no final. Esta é a 
regra contida no parágrafo 3º do artigo 22 do EAOAB: 
§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no início do 
serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante no final. 
 
Ainda, com base no EAOAB e no CED observamos que a fixação dos honorários em 
contrato escrito, embora não seja obrigatória, eis que podem ser contratados 
verbalmente, traz uma série de vantagens ao advogado. 
 
Entre as citadas vantagens destacamos: 
 
a) a possibilidade de dedução da quantia ser recebida pelo cliente, mediante 
determinação judicial, desde que o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato 
de honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório; 
 
b) o fato do contrato escrito, tal qual ocorre com a decisão judicial que fixar ou 
arbitrar honorários, ser títulos executivos e constituir-se em crédito privilegiado na 
falência, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial; 
 
c) o fato da execução ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha 
atuado o advogado. 
 
Prescrição: 
 
Conforme estipulado no Art. 25 do EAOAB, prescreve em 5 anos a ação de 
cobrança de honorários de advogado. 
 
Referido prazo conta-se, conforme previsto no citado art. 25, do: 
a) vencimento do contrato, se houver; 
b) trânsito em julgado da decisão que os fixar; 
c) da ultimação do serviço extrajudicial; 
d) da desistência ou transação; e 
e) da renúncia ou revogação do mandato. 
 
Observar que, de modo coerente, o legislador também fixou em 5 anos o prazo para 
a eventual ação de prestação de contas do cliente em face do advogado. 
 
Esta é a regra contida no Art. 25-A do EAOAB. 
 
Art. 25-A. Prescreve em cinco anos a ação de prestação de contas pelas quantias 
recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele (art. 34, XXI). 
 
Ainda, com relação às disposições do EAOAB merecem destaque o fato de que o 
advogado quando receber substabelecimento com reserva de poderes não pode 
cobrar honorários do cliente sem a intervenção do advogado substabelecente. 
 
Lembre-se que o substabelecimento pode ser efetuado com ou sem reserva de 
poderes e que, o substabelecimento com reserva é ato exclusivo do advogado, sem 
necessidade de autorização do cliente. 
 
Por sua vez, o substabelecimento quando efetuado na modalidade sem reserva 
exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente. 
 
Veja-se a respeito a regra do art. 26 do Código de Ética e Disciplina, nos seguintes 
termos: 
 
Art. 26. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do 
advogado da causa. § 1º O substabelecimento do mandato sem reserva de poderes 
exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente. § 2º O substabelecido com reserva 
de poderes deve ajustar antecipadamente seus honorários com o substabelecente. 
 
Observar, também, as regras especiais relativas à Quota Litis e ao saque de 
duplicatas e respectivo protesto previstas nos artigos Art. 50 e 52 do novo Código de 
Ética e Disciplina, respectivamente. 
 
 
 
Em relação à quota litis, tal qual ocorria com o Código de Ética anterior, devemos 
sempre observar que, embora permitido, há a necessidade de que a mesma seja 
fixada em contrato escrito, em pecúnia (dinheiro) e que, a participação do advogado 
em bens particulares do cliente, só é permitida excepcionalmente, mediante contrato 
escrito. 
 
Art. 50. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser necessariamente 
representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, não podem ser 
superiores às vantagens advindas a favor do cliente. 
§ 1º A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter 
excepcional, quando esse, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfazer o 
débito de honorários e ajustar com o seu patrono, em instrumento contratual, tal forma de 
pagamento. 
§ 2º Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre prestações vencidas e vincendas, os 
honorários advocatícios poderão incidir sobre o valor de umas e outras, atendidos os requisitos da 
moderação e da razoabilidade. 
 
Observar, entretanto, que o novo Código de Ética de disciplina autoriza o protesto de 
cheque ou nota promissória emitido pelo cliente em favor do advogado, desde que 
este prove a tentativa de cobrança amigável. 
 
Art. 52. O crédito por honoráriosadvocatícios, seja do advogado autônomo, seja de sociedade de 
advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza 
mercantil, podendo, apenas, ser emitida fatura, quando o cliente assim pretender, com fundamento 
no contrato de prestação de serviços, a qual, porém, não poderá ser levada a protesto. Parágrafo 
único. Pode, todavia, ser levado a protesto o cheque ou a nota promissória emitido pelo cliente em 
favor do advogado, depois de frustrada a tentativa de recebimento amigável. 
 
É também interessante observar, como novidade trazida pelo novo Código de Ética 
e disciplina a possibilidade de utilização de cartões de crédito para pagamento de 
honorários. 
 
Ressaltamos aqui que referida utilização embora inserida no novo Código de Ética e 
disciplina já havia sido autorizada pela OABSP. Deve-se, no entanto ressalvar que o 
advogado continuará responsável pelos ajustes realizados com a empresa 
operadora do cartão de crédito sempre que houver qualquer problema nesse 
sentido. 
 
Note-se que problemas podem ocorrer, especialmente quando houver a revogação 
e/ou a renuncia do mandato. 
Art. 53. É lícito ao advogado ou à sociedade de advogados empregar, para o 
recebimento de honorários, sistema de cartão de crédito, mediante credenciamento junto 
a empresa operadora do ramo. 
Parágrafo único. Eventuais ajustes com a empresa operadora que impliquem pagamento 
antecipado não afetarão a responsabilidade do advogado perante o cliente, em caso de 
rescisão do contrato de prestação de serviços, devendo ser observadas as disposições 
deste quanto à hipótese. 
 
HONORÁRIOS PRO BONO 
Ainda com relação aos honorários merece destaque o fato de que o novo Código de Ética 
regulamentou os honorários pro bono (gratuitos). 
Note-se, entretanto, que, a fim de que se evitem distorções e abusos, o Conselho Federal da 
OAB estabelece que os honorários somente podem ser gratuitos em caráter EVENTUAL E 
VOLUNTÁRIO. 
Além disso, tal gratuidade fica vedada para fins político partidários ou eleitorais ou para fins 
de captação de clientela. 
Art. 30. No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como defensor nomeado, 
conveniado ou dativo, o advogado empregará o zelo e a dedicação habituais, de forma 
que a parte por ele assistida se sinta amparada e confie no seu patrocínio. 
 § 1º Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária de 
serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus 
assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação 
de profissional. 
§ 2º A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, 
igualmente, não dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, 
contratar advogado. 
§ 3º A advocacia pro bono não pode ser utilizada para fins político-partidários ou 
eleitorais, nem beneficiar instituições que visem a tais objetivos, ou como instrumento de 
publicidade para captação de clientela 
 
Não se deve, entretanto, confundir a hipótese de honorários pro bono (gratuitos) estipulados 
no Art. 30 do CED, com aquela prevista no parágrafo primeiro do Art. 22 do EAOAB. 
Mesmo porque a hipótese prevista no Art. 22 da Lei refere-se ao atendimento à população 
carente (necessitados), quando da impossibilidade da Defensoria Pública. 
Note-se, também, que na hipótese do Art. 22 o advogado receberá do Estado os honorários 
fixados pelo juiz com base na Tabela de Honorários. 
§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, 
no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem 
direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho 
Seccional da OAB, e pagos pelo Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACORDÃOS 
 
Honorários advocatícios - Contrato de prestação de serviços - Análise de cláusula contratual 
específica - Não conhecimento - Honorários contratuais - Ações cíveis - Honorários ad exitum - 
Fixação em 30% do benefício patrimonial obtido - Imoderação - Renúncia - Direito aos 
honorários contratados proporcionais ao trabalho efetivado - Conhecimento parcial. A 1ª 
Turma não tem competência para o exame concreto de cláusulas de contrato de prestação de 
serviços advocatícios. Definição sobre o conteúdo da cláusula, em concreto, que cabe ao Poder 
Judiciário ou às Turmas Disciplinares. Em tese, é possível a cumulação de honorários fixos ou pro 
labore com parcela adicional sobre o benefício patrimonial obtido em favor do cliente, por sentença 
transitada formal ou materialmente em julgado, desde que respeitados os parâmetros do art. 36 do 
CED, especialmente o princípio da moderação. São imoderados honorários contratuais de 30% do 
benefício patrimonial obtido em favor do cliente na esfera cível, ainda que previstos para a hipótese 
de êxito. Limite máximo recomendável de 20%, somando-se os honorários ad exitum com eventual 
verba fixa inicial ou pro labore. No caso de renúncia, os honorários são devidos proporcionalmente ao 
trabalho efetivado, sejam aqueles adiantados, a título de pro labore, sejam aqueles previstos para a 
hipótese de êxito. Se houver cláusula contratual que assim o preveja, de forma clara, honorários que 
puderem ser assim caracterizados como pro labore podem ser retidos, proporcionalmente ao trabalho 
efetivado, devolvendo-se o restante. No final da causa, em caso de êxito, deverá ser feita a dedução 
prevista em contrato com os honorários para esta hipótese, se prevista em contrato. Também no final 
da causa, não havendo êxito, podem ser retidos os honorários previstos a título de pro labore, se a 
previsão contratual for clara a respeito, proporcionalmente ao trabalho efetivado. Recomenda-se 
sempre (e firmemente) solução amigável com o cliente, de modo a evitar pendengas de resultado 
nem sempre previsível (Processo E-4.356/2014 - v.m., em 22/5/2014, parecer e ementa do julgador 
Dr. Fábio de Souza Ramacciotti, vencido o relator, com declaração de votos dos julgadores Drs. 
Aluisio Cabianca Berezowski, Cláudio Felippe Zalaf e Leopoldo Ubiratan C. Pagotto - Rev. Dr. Fábio 
Kalil Vilela Leite - Presidente Dr. Carlos José Santos da Silva). 
Fonte: www.oabsp.org.br, Tribunal de Ética, 574ª Sessão, de 22/5/2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cartão de crédito como meio de receber honorários advocatícios - Possibilidade, desde que 
respeitados os preceitos do Código de Ética - Recebimento de honorários parcelados do 
cliente e negociação de antecipação para recebimento do crédito à vista junto à operadora do 
cartão - Relações independentes - Honorários recebidos de cliente e necessidade de 
devolução em decorrência de revogação de mandato - Pertinência com o trabalho realizado - 
Anúncio de forma de pagamento em site de internet - Vedação ética. Em tese, advogado pessoa 
física pode fazer credenciamento junto à operadora de cartão de crédito para recebimento de 
honorários advocatícios, desde que o contrato entre ambos respeite e permaneça durante sua 
vigência em consonância com os ditames do Código de Ética e Disciplina. Precedentes E-3.819/2009, 
E-3.843/2009 e E-4.304/2013. Quanto à forma de recebimento dos honorários, respeitando o 
advogado o que estiver contratado com seu cliente, nada o impede de negociar antecipação de seus 
recebíveis junto à operadora, em razão da incondicionalidade de pagamento ao prestador de serviço 
gerada pela chamada delegação imperfeita, inerente à utilização do cartão de crédito, sendo certo 
que tal operação, como dito, em nada pode interferir na relação entre advogado e cliente. Havendo 
revogação do mandato pelo cliente, e não existindoestipulação contratual a respeito, o advogado 
deve observar o disposto no § 3º do art. 22 do Estatuto da OAB, considerando as fases dos serviços 
prestados, para fins de definir se haverá ou não valor a ser restituído ao cliente, já que a 
remuneração do advogado guarda relação fundamentalmente com o trabalho realizado. Não é 
permitido ao advogado, em qualquer publicidade relativa à advocacia, incluindo site de internet, 
divulgar forma de pagamento dos honorários, por configurar publicidade imoderada, com objetivo de 
captar e angariar clientela (art. 31, § 1º, CED, e art. 4º, letra d, do Provimento nº 94/2000 do Conselho 
Federal) (Processo E-4.380/2014 - v.m., em 24/4/2014, parecer e ementa do Rel. Dr. Sergio Kehdi 
Fagundes). 
Fonte: www.oabsp.org.br, Tribunal de Ética, 573ª Sessão, de 24/4/2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
Lei 8906/94 – arts 15 a 17; 
Regulamento Geral da OAB – arts. 37 a 43; 
GONZAGA, Alvaro de Azevedo. Ética profissional sintetizado. Rio de Janeiro: 
Forense, 2017. 
Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530977085/cfi/6/30!/4/2@0:0

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