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RAFAELA RIBEIRO SEIXAS DOS SANTOS MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA LEI E A DEFENSORIA PÚBLICA EM FACE DO REIVINDICANTE Rio das Ostras 2020 CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE FACULDADE CNEC DE RIO DAS OSTRAS DIREITO RAFAELA RIBEIRO SEIXAS DOS SANTOS MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA LEI E A DEFENSORIA PÚBLICA EM FACE DO REIVINDICANTE Projeto de Trabalho de Ética Profissional à Faculdade Cnec de Rio das Ostras/FACRO. Orientadora: Profª Anna Paula Moreno Reis Rio das Ostras 2020 3 I - INTRODUÇÃO As funções institucionais do Ministério Público é indispensável fazer um exame global da instituição do Ministério Público, não só sob o ponto de vista legal, mas também sob o ponto de vista social. Há de se conferir à Instituição as atuais funções que por ela são exercidas, como também devemos, assim, buscar o conteúdo e a fundamentação constitucional e institucional do Ministério Público enquanto ofício, enquanto conjunto de atribuições, poderes e deveres. O Ministério Público tem como garantias nas uais excedem as de um funcionário público em sentido estrito. Tratando-se de garantias excepcionais: independência funcional, vitaliciedade e inamovibilidade. Não devem os Promotores de Justiça ver suas prerrogativas processuais e extraprocessuais, suas garantias pessoais e funcionais como atributos de uma profissão privilegiada; devemos ver aquelas prerrogativas como garantias que são, que o constituinte conferiu à Instituição do Ministério Público e a seus agentes, para que sirvam o povo, o pobre, o espoliado, o sem-justiça II - O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO REPRESENTANTE DO ESTADO E DA SOBERANIA POPULAR A lei complementar nº. 40 de 14 de dezembro de 1981, em seu artigo 1º., sob a égide da Emenda Constitucional nº. 1 de 17 de outubro de 1969, dispunha o Ministério Público como instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, é responsável, perante o judiciário, pela defesa da ordem jurídica e dos interesses indisponíveis da sociedade, pela fiel observância das leis e da Constituição. Oportuno salientar que esta previsão legal foi a mola propulsora para que em 1986 os membros do Ministério Público aprovassem a “Carta de Curitiba” que elencava sua tridimensionalidade principio lógica, ou seja, unidade; independência funcional e indivisibilidade. Em linhas gerais, a Constituição de 1988 traça algumas características para o Ministério Público, vejamos elas: 4 - Exclusividade para promoção da ação penal pública; - Autonomia financeira, administrativa e orçamentária; - Controle externo da atividade policial; - defesa dos interesses trans-individuais e individuais indisponíveis; - Zelar pelo respeito mútuo entre os poderes e pelos serviços de relevância pública; - Permissão para a realização direta de diligências investigatórias; - Promoção do inquérito civil e da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de interesses difusos e coletivos; - Vitaliciedade; inamovibilidade e total equiparação de vantagens pecuniárias com os membros do Poder Judiciário. III - FORMAS DE ESCOLHA DOS REPRESENTANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO A relativa simetria da maneira de designação dos chefes do Ministério Público Federal e dos procuradores-gerais dos Ministérios Públicos dos Estados fora rompida em 1981. Até então essas posições eram de nomeação pelo presidente da República ou seus ministros e pelos governadores dos Estados em relação a seus ministérios públicos. De acordo com o art. 128, § 1º, da Constituição vigente, o Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução. Em linhas gerais, manteve-se o sistema vigente desde 1946, com a importante ressalva de que o PGR tinha de ser escolhido dentre integrantes da carreira do MPF. IV - O MINISTÉRIO PÚBLICO E A DEMOCRACIA É democracia, e se ao Ministério Público incumbe à defesa do regime democrático, está claro que tanto a legislação vigente como o próprio Ministério Público brasileiro ainda não despertaram de todo para a magnitude do papel a este reservado – a começar pelo Código Eleitoral, que data de mais de 30 anos, foi feito em plena ditadura, e praticamente olvida o Ministério Público no processo eleitoral. Afora o natural encargo de promover a ação penal pública no tocante aos crimes eleitorais, nessa matéria hoje só se fazem referências esparsas à intervenção do Ministério Público como: a) no processo das infrações penais, b) na cobrança de multas; c) na discriminação das atribuições dos procuradores-gerais respectivos, exercer a ação penal pública em todos os feitos de competência originária do tribunal; oficiar em todos os recursos; representar ao tribunal para observância e aplicação uniforme da legislação eleitoral; efetuar requisições; d) na fiscalização da abertura das urnas; 5 e) na promoção de responsabilidade por nulidade de eleição; f) na arguição de suspeição; g) nos pedidos de registro de partidos e de seus órgãos dirigentes; h) no pedido de cancelamento de registro de partido; i) no pedido de desaforamento; j) nas justificações e perícias; l) na impugnação de registro de candidato; m) na propositura de ação visando à declaração da perda ou suspensão de direitos políticos. Na área eleitoral, a Lei Complementar federal nº 75/93 comete ao Ministério Público federal a legitimidade para propor as ações cíveis necessárias para declarar ou decretar a nulidade de negócios jurídicos ou atos da administração pública, infringentes de vedações legais destinadas a proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, contra a influência do poder econômico ou do abuso do poder político ou administrativo. Considerando-se a destinação institucional do Ministério Público, de defesa da ordem jurídica e do regime democrático, já temos sustentado o imediato cabimento de sua atuação fiscalizadora em todo o procedimento eleitoral. Mas não é só o procedimento eleitoral que deve ser objeto da atenção do Ministério Público. Cabe aqui lembrar o extenso rol de funções institucionais do Ministério Público, previstas no art. 5º, da Lei Complementar federal nº 75/93, que se aplica também, de forma subsidiária, aos Ministérios Públicos dos Estados. V - A DEFENSORIA PÚBLICA COMO ACESSO POPULAR À JUSTIÇA É um espaço para pessoas que não tem condições de contratar um advogado. As diferenças de distribuição de serviços legais na sociedade é uma das formas pelas quais o Judiciário tende a favorecer determinados grupos sociais em detrimento de outros. Em contextos de elevadas diferenças na distribuição de serviços legais, a desigualdade social gera uma desigualdade jurídica. Temos certa defasagem de pessoas que exerça esse serviço de acesso à justiça junto a pessoas que não tem condições de arcar com à custa judicial. VI – A DEFENSORIA PÚBLICA E O PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO Como graves sanções jurídicas, como a penhora de bens ou a restrição da liberdade, podem ocorrer em processos judiciais em que alguma parte não exerceu esses direitos por não ter acesso a um serviço legal. Essas decisões podem ser consideradas não só como ilegais, uma vez que a Constituição prevê o direito de ampla defesa e contraditório, mas 6 também ilegítimas, na medida em que a aceitação social desse tipo de decisão tende a ser menor. Além disso, a ausência de acesso a serviçolegal para grupos e indivíduos de baixa renda inviabiliza a busca pelo Judiciário em caso de lesão de direitos. Em relações de consumo, por exemplo, uma empresa poderia adotar a estratégia de lesionar sistematicamente direitos de consumidores de baixa renda, sabendo que não têm condições de buscar o Judiciário. VII - A DEFENSORIA PÚBLICA E A MOBILIDADE SOCIAL ASCENDENTE Desde 1988 a Constituição estabelece que a Defensoria Pública é a instituição responsável por essa assistência jurídica. Não é um programa de governo sujeito a variações da política, mas sim uma instituição própria do sistema de Justiça. Um segundo tipo de reforma foram mudanças processuais e institucionais para que conflitos coletivos pudessem chegar ao Judiciário. Em 1985 foi criada a Ação Civil Pública como um mecanismo processual específico para solução judicial de conflitos coletivos. Algumas instituições receberam a atribuição para a representação de interesses coletivos e difusos no Judiciário, como primeiro aconteceu com o Ministério Público na década de 1980. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS VELLANI, Mario. Il publico ministero nel processo: profilo storico. Bologna: Nicola Zanichelli Editore, 1965. V.1., p. 16. MACHADO, Antonio Claúdio da Costa. A intervenção do Ministério Público no Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1989, p.10. RAFAEL, Edson José. Fundações e direito. São Paulo: Melhoramentos, 1997, p. 233. MACHADO, Antônio Claúdio da Costa. A intervenção do Ministério Público no processo civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1989. Ministério Público e direitos humanos.Campinas: Bookseller, 2005 p. 42. 7 Cf. art. 80 da Lei nº 8.625/93 – Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (LONMP) FALCÃO, Joaquim. Democratização e serviços legais. In: FARIA, José Eduardo (Org.). Direito e Justiça: a função social do Judiciário. São Paulo: Ática, 1989, p. 145-158; FARIA, José Eduardo. Justiça e conflito: os juízes em face dos novos movimentos sociais. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992. JUNQUEIRA, Eliane Botelho. Acesso à Justiça: um olhar retrospectivo. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 9, n. 18, p. 389-402, 1996. CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1988, p. 39. ARANTES, Rogério Bastos. Direito e política: o Ministério Público e a defesa dos direitos coletivos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 14, n. 39, 1999, p. 98.
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