Buscar

Coordenação e Subordinação do Estado

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO DO ESTADO
Para iniciar a compreensão, da forma de atuação do Estado perante o Direito Internacional e Interno, é necessário termos o conhecimento do que é a pura norma jurídica.
Em base, a norma jurídica tem sua origem no fato social, sendo o Estado o responsável pela criação de normas jurídicas positivadas, estas feitas, sem o fundamento da realidade social não teriam significância para o cotidiano da sociedade.
 Arnaldo Vasconcelos ¹ conceitua a respeito, pautando:
	O conceito mais simples de norma jurídica e, talvez por isso mesmo, o de maior virtualidade, embora envolva uma tautologia, é aquele que resulta do posicionamento da expressão sintética ‘jurídica’ ao lado da correspondente expressão analítica ‘de Direito’ norma jurídica é norma de Direito, isto é, norma de fazer Direito. A norma jurídica é regra de fim. Dimensionam-se, ai, os aspectos formal e material do Direito. A norma, que é formula ou forma do direito, deve, ademais, ter Direito. O Direito de que se trata, logo se vê, é aquele que se põe através da norma. O direito posto na norma é previsão de Direito acontecendo o fato normativo, realiza-se a precisão surgindo daí o Direito. 
 
	Vale ressaltar a lição de Flávio Bortolozzi Junior ², pautada nos ensinamentos de Georges Gurvitch:
Gurvitch sustenta que o Estado não é a única nem a primeira fonte do mundo jurídico, coexistindo com inúmeros outros grupos sociais independentes do Estado e capazes de produzir formas jurídicas. Para melhor compreendermos a concepção de Gurvitch, deve-se ressaltar o fato de que “(...) chaque groupe et chaque ensemble possède, em effet, la capacité d´engendrer son propre ordre juridique autonome réglant as vie intérieure (“... cada grupo e cada conjunto possui, efetivamente, a capacidade de produzir sua própria ordem jurídica autônoma, regulando sua vida interna”)(Tradução no original).
	Sendo retratadas estas considerações gerais, dando inicio ao ponto de vista do Direito internacional, é importante destacar que este é caracterizado pelo conjunto de normas, consuetudinárias e convencionais, que regulam as relações externas, determinam os direitos e deveres dos Estados, dos indivíduos e das instituições que obtiveram personalidade por acordo entre Estados, que compõem a sociedade internacional. Deve-se chamar a atenção para o fato de que o Direito Internacional não existe um legislativo e, portanto, o processo de elaboração da norma jurídica internacional difere dos mecanismos do Direito Interno. 
	A validade formal do Direito Internacional é considerado como sistema de normas jurídicas em face do Direito Interno dos Estados, e visto também como um conjunto sistemático de normas da mesma natureza, ou, de outro aspecto, é tema vinculado à determinação das relações especificas entre Direito Internacional e Direito Interno.
Entretanto, há casos que as duas ordens jurídicas regulam a matéria de modo diferente, pelo fato de que no direito interno, a norma emana do próprio Estado ou é por este aprovada. O Estado impõe a ordem jurídica interna e garante a sanção em caso de sua violação, criando assim uma relação de subordinação.
Já no Direito Internacional, diferentemente do Direito Interno, os Estados estão em igualdade com os demais Estados soberanos, produzindo a norma jurídica que lhes será aplicada, por forma de tratados, entre ambos Estados, que consequentemente constituem uma relação de coordenação, indo contrario a relação de subordinação do Direito Interno, que por este, dá ao Estado o poder de produzir e sancionar os atos ilícitos cometidos. No Direito Internacional os Estados são juridicamente iguais, referente ao princípio da igualdade jurídica dos Estados e, portanto, não existe uma entidade central e superior ao conjunto de Estados, com a prerrogativa de impor o cumprimento da ordem jurídica internacional e de aplicar uma sanção por sua violação. 
Roberto Luiz Silva ³ ressalta as seguintes ponderações;
“(...) a questão das relações entre o Direito Internacional e o Direito Interno envolve, primeiramente a questão relativa á existência ou não da conexão entre ambos, podendo ainda gerar muitos problemas de ordem pratica especialmente se, havendo um conflito entre eles decidir qual dos dois prevalecera. Assim sendo, surgiram duas correntes: a escola do dualismo que sustenta que os sistemas são totalmente distintos e incapazes de qualquer penetração mútua e a dos monistas que considera ambos os direitos unidos dentro do marco de um ordenamento jurídico global”. 
 	
	Conceituando sobre a corrente Dualista, denominação dada por Alfred Verdross, em 1914, e aceita por Triepel, em 1923, que afirmava que o Direito Internacional e o Direito Interno de cada Estado eram rigorosamente independentes e distintos, te tal modo que a validade jurídica de uma norma interna não se condicionava a sua sintonia com a ordem internacional.
	A teoria dualista identificava as duas ordens jurídicas (internacional e interna) de maneira tangente, isto é elas poderiam se tocar, mas em hipótese alguma seriam secantes. Apresentando com o teorema a ideia de que as duas ordens jurídicas eram independentes e que nada teriam em comum. Essa independência teria como base três fatores, sendo eles; as relações sociais, o homem era sujeito do direito interno e o Estado do Direito Internacional; as fontes do Direito Interno eram decorrentes da vontade do Estado, enquanto que a do Direito Internacional tratava-se da vontade coletiva dos Estados manifestados pelos costumes e nos tratados; a estrutura do Direito Interno era de subordinação, isto é, as leis ordinárias subordinadas a Constituição, e a do Direito Internacional eram de coordenação, logo, a convenção para ser usada internamente teria que se transformar em lei interna. 4
	Já, a corrente Monista, defende que exista um único direito, sendo que este acredita que tanto o Direito Internacional quanto o Interno, Nacional, constituem o mesmo sistema jurídico, isto é, há apenas uma única ordem jurídica que dá nascimento às normas internacionais e nacionais. É o entendimento desposado por Hans Kelsen 5, conforme se depreende do seguinte trecho da Teoria Pura do Direito:
"Se esta norma, que fundamenta os ordenamentos jurídicos de cada um dos Estados, é considerada como norma jurídica positiva, e é o caso, quando se concebe o direito internacional como superior a ordenamentos jurídicos estatais únicos, abrangendo esses ordenamentos de delegação, então a norma fundamental no sentido específico aqui desenvolvido, de norma não estabelecida, mas apenas pressuposta, não mais se pode falar em ordenamentos jurídicos estatais únicos, mas apenas como base do direito internacional". 
O monismo dará margem, por sua vez, à outra dissenção, havendo origem comum para as normas nacionais e internacionais, esta é propugnada pela supremacia do Direito Interno, reconhecendo, in casu, o Direito Internacional como mero desdobramento do Direito Interno; pode-se defender a tese da supremacia das normas internacionais, considerando então que a autonomia estatal encontra seu limite no ordenamento internacional; e, por fim, há a chamada corrente do monismo moderado, que vê equivalência entre as normas nacionais e internacionais, devendo possível conflito ser suprimido mediante critérios próprios, como o da revogação da lei mais antiga pela mais recente. 
Por fim, eis o que se conclui que, o Direito Internacional é divergente perante a relação jurídica do Direito Interno, por não determinar um órgão especifico que sanciona referente os tratados estabelecidos, obedecendo portanto, uma igualdade perante ambos Estados e uma relação de coordenação, que vai contra a relação de subordinação, que tem o Estado como sua autoridade máxima, dando-lhe o poder de sancionar e delimitar o que é ato ilícito. 
JOSÉ LUCAS DOS SANTOS RODRIGUES
	
Referências 
¹ VASCONCELOS, Arnaldo. Teoria geral do direito: teoria da norma jurídica. 4. ed. Revista. São Paulo: Malheiros Editores, 1996, p.26.² BORTOLOZZI JUNIOR, Flávio. Pluralismo Jurídico e o paradigma no Direito Moderno: breves apontamentos. Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais, UNIBRASIL, 2010. 
Disponível em: 
<http://apps.unibrasil.com.br/revista/index.php/direito/article/viewFile/358/308>. Acesso em: 20 de fev. 2010. 
³ SILVA, Roberto Luiz. Direito internacional público. 2. Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002, p. 125.
4 GUERRA, Sidney. Direito Internacional Público. 3. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2007.
5 KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Trad. J. Cretella Jr e Agnes Cretella. São Paulo: RT, 2001.

Outros materiais