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0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MARISTELA LIRA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO PESQUISA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COM OS FUNCIONÁRIOS DA PHIPASA AUTOMÓVEIS Biguaçu 2009 1 MARISTELA LIRA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ELABORAÇÃO DE UMA PESQUISA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COM OS FUNCIONÁRIOS DA PHIPASA AUTOMÓVEIS Trabalho de conclusão de estágio apresentado ao curso de Administração do Centro de Educação da UNIVALI – Biguaçu, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Professora: Dra. Simone Regina Dias. Biguaçu 2009 2 MARISTELA LIRAITO), PESQUISA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COM OS FUNCIONÁRIOS DA PHIPASA AUTOMÓVEIS Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi considerado adequado para a obtenção do título de Bacharel em Administração e aprovado pelo Curso de Administração, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu. Área de Concentração: Recursos Humanos Biguaçu, 25 de novembro de 2009. Prof. Dra. Simone Regina Dias UNIVALI - CE de Biguaçu Orientadora Profª. M. Eng. Ely Teresinha Dionísio UNIVALI - CE de Biguaçu Prof. MSc. João Carlos D. Carneiro UNIVALI - CE de Biguaçu 3 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, à minha mãe Anair e aos meus irmãos Luiz Vanderlei e Valdécio. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre me iluminando, me protegendo, e me guiando, de modo a superar todos os obstáculos que surgiram durante toda a minha vida À minha mãe Anair e irmãos Luiz Vanderlei e Valdécio, que eu amo muito, pela educação, compreensão, carinho, paciência nos momentos difíceis e por terem acreditado em mim e me apoiado durante esta caminhada. Vocês são a razão da minha vida! A todos os professores, pelos ensinamentos adquiridos, em especial minha orientadora, professora Simone Regina Dias, pelo carinho, atenção, paciência e contribuição no meu trabalho. A todas as minhas amigas de faculdade, com as quais compartilhei momentos inesquecíveis, em especial, Bruna, Daiana, Fernanda, Meline e Shirlene. Trilharemos caminhos diferentes de agora em diante, mas tenho certeza que nossa amizade será para sempre. Vocês já fazem parte da minha vida. À empresa Phipasa Automóveis, que permitiu a realização desta pesquisa, em especial, a Joyce Soares, Gerente de Recursos Humanos, que me auxiliou durante todo o trabalho. A todos os meus familiares e amigos que me deram força nos momentos dificíeis e estimularam para o alcance dos meus objetivos. A todos, meu muito obrigado! 5 O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. José de Alencar 6 RESUMO LIRA, Maristela. Elaboração de uma pesquisa de qualidade de vida no trabalho com os funcionários da Phipasa Automóveis. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2009. Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada na empresa Phipasa Automóveis, com o intuito de analisar a percepção dos funcionários da empresa sobre os fatores que determinam a Qualidade de Vida no Trabalho, conforme o modelo de Walton. Para tanto, os objetivos específicos contemplados foram: detectar aspectos relativos à Qualidade de Vida no Trabalho dos funcionários; analisar a percepção dos funcionários sobre os fatores da QVT; e, por fim, apresentar sugestões para a melhoria dos indicadores pesquisados. O método utilizado na pesquisa foi o questionário semi-estruturado. A população alvo foram 53 funcionários da empresa pesquisada, aplicado com três setores, sendo eles: administração, peças e vendas. Na análise dos resultados, podê-se constatar que os fatores de destaque foram a Relevância Social da Vida no Trabalho; Integração Social na Organização e Garantias Constitucionais e os fatores que merecem atenção foram Trabalho e Espaço Total de Vida; Oportunidades de Crescimento e Segurança; Utilização e Desenvolvimento de Capacidades e Condições de Segurança e Saúde no Trabalho. Para estes fatores, foi proposto um plano de ação com as devidas melhorias. Conclui-se que as ações propostas neste estudo, se implantadas pela empresa, poderão contribuir para o melhor desempenho de cada funcionário, visando melhorias no ambiente e na qualidade de vida dos mesmos. Palavras-chave: Gestão de pessoas; Qualidade de vida no trabalho; Satisfação. 7 ABSTRACT LIRA, Maristela. Elaboração de uma pesquisa de qualidade de vida no trabalho com os funcionários da Phipasa Automóveis. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2009. This paper presents a survey the company Phipasa Automóveis, in order to assess the perception of the company's employees on the factors that determine the Quality of Working Life, as the model of Walton. Therefore, the specific objectives addressed were: to detect aspects of the Quality of Working Life staff; analyze the perceptions of employees about the factors of QWL, and finally, provide suggestions for improving the indicators measured. The method used in the research was the semi-structured questionnaire. The target population were 53 employees of the company studied, applied to three sectors, namely: administration, parts and sales. In analyzing the results, we could see that the factors highlighted were the Social Relevance of Life at Work: Social Integration in the Organization and Constitutional Guarantees and the factors that deserve attention are Labor and Total Living Space, Growth Opportunities and Security; Use and Capacity Development and Safety and Health at Work. For these factors, was proposed an action plan with the necessary improvements. We conclude that the actions proposed in this study, if implemented by the company, may contribute to the performance of each employee, in order to improve the environment and quality of life for them. Keywords: People management; Quality of work life; Satisfaction. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Organograma da empresa Phipasa...................................................... 45 Figura 2 - Fator Condições de Saúde e Segurança no Trabalho.......................... 47 Figura 3 - Fator Utilização e Desenvolvimento de Capacidades........................... 49 Figura 4 - Fator Oportunidades de Crescimento e Segurança.............................. 51 Figura 5 - Fator Integração Social na Organização............................................... 52 Figura 6 - Fator Garantias Constitucionais............................................................ 54 Figura 7 - Fator Trabalho e Espaço Total de Vida................................................. 55 Figura 8 - Fator Relevância Social da Vida e do Trabalho.................................... 57 Figura 9 - Dados pessoais dos funcionários.........................................................58 Figura 10 - Dados pessoais dos funcionários....................................................... 59 Quadro 1 - A evolução do termo Qualidade de Vida no Trabalho......................... 28 Quadro 2 - Estrutura do questionário..................................................................... 42 Quadro 3 - Fatores e questões com as menores médias...................................... 63 Quadro 4 - Plano de ação...................................................................................... 65 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Médias gerais de todos os fatores....................................................... 46 Tabela 2 - Fator Condições de Segurança e Saúde no Trabalho......................... 47 Tabela 3 - Fator Utilização e Desenvolvimento de Capacidades.......................... 49 Tabela 4 - Fator Oportunidades de Crescimento e Segurança............................. 50 Tabela 5 - Fator Integração Social na Organização............................................. 52 Tabela 6 - Fator Garantias Constitucionais........................................................... 53 Tabela 7 - Fator Trabalho e Espaço Total de Vida................................................ 55 Tabela 8 - Fator Relevância Social da Vida e do Trabalho................................... 56 Tabela 9 - Porcentagem de Concordância e Discordância junto a Média geral dos Fatores................................................................................................................... 60 Tabela 10 - Fatores que merecem destaque e fatores que merecem atenção.................................................................................................................. 60 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................12 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13 1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................ 13 1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................... 13 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15 2.1 GESTÃO DE PESSOAS .................................................................................... 15 2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL ......................................................................... 18 2.2.1 Elementos da cultura organizacional .......................................................... 21 2.2.2 Fatores que influenciam a cultura ............................................................... 21 2.3 MOTIVAÇÃO ..................................................................................................... 22 2.4 SAÚDE E SEGURANÇA .................................................................................... 24 2.5 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ................ 27 2.6 CONCEITOS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ................................. 29 2.7 MODELOS DE QVT ........................................................................................... 32 2.7.1Modelo de Walton (1973) ............................................................................... 32 2.7.2 Modelo de Westley (1979) ............................................................................. 36 2.7.3Modelo de Werther e Davis (1983) ................................................................ 37 2.7.4 Modelo de Hackman e Oldhan (1975) .......................................................... 37 2.7.5 Modelo de Nadler e Lawler (1983) ................................................................ 39 2.7.6Modelo de Belanger (1973) ............................................................................ 39 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 41 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ......................................................................... 41 3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................ .41 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ..................................................... .41 3.4 INSTRUMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS ................................................... ..43 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................... .44 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ....................................................... ..44 4.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA.................................................46 5 PLANO DE AÇÃO..................................................................................... ..............62 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................66 7 9999 11 REFERÊNCIAS.................................................................................................... .. 68 APÊNDICE............................................................................................................ . 71 12 1 INTRODUÇÃO Diante das constantes evoluções tecnológicas e do alto nível de competitividade, as organizações têm enfrentado vários desafios para permanecer no mercado. Para atender às novas exigências, as empresas vêm aprimorando seus processos, investindo em novas tecnologias, no sentido de oferecer melhores condições de trabalho a seus funcionários e, assim, consequentemente, atingir altos níveis de resultados. A qualidade de vida é uma preocupação cada vez mais frequente nas organizações. Assim, para a empresa obter sucesso, é necessário que se preocupe com a Qualidade de Vida no Trabalho, oferecendo condições adequadas e respeitando o ser humano como profissional, pois é na organização que as pessoas passam a maior parte de suas vidas. Portanto, deve ser um lugar onde elas devem se sentir bem, sentir prazer para execução do seu trabalho com qualidade de vida, satisfação e alegria. Vieira e Hanashiro (apud VIEIRA, 1996) conceituam QVT como melhorias nas condições de trabalho, envolvendo as variáveis comportamentais, ambientais e organizacionais, além das políticas de recursos humanos, de forma a humanizar o trabalho, satisfazendo, assim, não só a organização, como também os trabalhadores. As pessoas são o grande diferencial para a organização, portanto, quanto melhor suas condições de trabalho e de vida, mais lucrativa e competitiva torna-se a empresa, visto que, ao promover a saúde e o bem estar dos seus funcionários, obtém-se aumento da motivação, da satisfação e do desempenho dos trabalhadores. Nesse escopo, o presente trabalho tem por objetivo elaborar uma pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho com os funcionários da empresa Phipasa Automóveis –, localizada na cidade de Florianópolis. Então, a pergunta que se busca responder neste trabalho é a seguinte: Qual a percepção dos funcionários da empresa Phipasa Automóveis sobre os fatores que determinam a Qualidade de Vida no Trabalho? 13 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Elaborar uma pesquisa de qualidade de vida no trabalho com os funcionários daempresa Phipasa Automóveis, localizada na cidade de Florianópolis, no período de março a novembro de 2009. 1.1.2 Objetivos específicos Detectar aspectos relativos à Qualidade de Vida no Trabalho dos funcionários da Phipasa Automóveis; Analisar a percepção dos funcionários sobre os fatores da Qualidade de Vida no Trabalho; Apresentar sugestões para a melhoria dos indicadores pesquisados. 1.2 JUSTIFICATIVA O presente trabalho tem como objetivo contribuir para a melhoria do desempenho de cada funcionário, propiciando melhores condições de vida e de trabalho, que, por consequência indicará as ações necessárias para incrementar sua produtividade, aumentar a satisfação no emprego, ajudando a melhorar o desempenho da própria empresa e do ambiente de trabalho. A empresa mantém um bom relacionamento com seus colaboradores e, por isso, a qualidade de vida das pessoas que lá atuam é fator predominante para o alcance dos objetivos da empresa e, consequentemente, para manter uma boa imagem junto aos fornecedores e clientes. Os resultados servirão de apoio para o planejamento e desenvolvimento de ações, a partir de estratégias a serem indicadas ao fim do trabalho, visando melhorias no ambiente e na qualidade de vida dos seus funcionários. A empresa se colocou disponível para a realização do estudo, considerando-o de grande relevância para a organização, tendo em vista que já possui um sistema de qualidade, mas está sempre buscando a melhoria do ambiente de trabalho e a 14 valorização de seus funcionários. O estudo é viável de ser realizado no período de março a novembro de 2009. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo tem por objetivo a apresentação dos principais conceitos teóricos necessários ao desenvolvimento deste trabalho. A seguir, serão abordados os seguintes temas: Gestão de Pessoas, Cultura Organizacional, Motivação, Saúde e Segurança, conceituação e história da Qualidade de Vida no Trabalho, bem como os modelos de QVT propostos pelos autores. 2.1 GESTÃO DE PESSOAS Gestão de pessoas é um tema de extrema importância para as empresas e para as pessoas inseridas, pois é no ambiente de trabalho que as pessoas passam a maior parte de suas vidas e é delas que as empresas dependem para poderem funcionar e alcançar seus objetivos (VERGARA, 2000, p. 9). Segundo Barros e Prates (1996, p. 90), “as organizações precisam estabelecer um processo que mantenha seus componentes unidos em torno dos mesmos objetivos, canalizando esforços de modo convergente para sua missão”. A área de gestão de pessoas das organizações, segundo Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 25), deve prezar por valores, tendo em vista que o aprendizado e o aperfeiçoamento devem ser contínuos, pois a gestão não pode ser regida apenas por regras e papéis. Chiavenato (2004, p.16) acrescenta que “novas formas e modelos de organização serão necessários, bem como uma nova mentalidade dos administradores será imprescindível para os novos tempos”. Nestes novos tempos, a delegação de autoridade deve ser buscada no sentido de motivar as pessoas a descobrirem seu poder pessoal e aprenderem a usá-lo de forma construtiva. Também é necessário reestruturar as rotinas administrativas, atribuindo mais responsabilidades e poder a todos que interagem com os clientes (TACHIZAWA, FERREIRA e FORTUNA, 2001, p.36). A área de gestão de pessoas assume um papel de destaque nas empresas que sofrem mais fortemente a influência da concorrência global e acirrada. Mesmo nas empresas que não possuem um departamento específico, a função de gerir pessoas não deixa de ser executada, e ganha importância para se atingir os objetivos da organização (OLIVEIRA e LIMONGI-FRANÇA, 2005). 16 Enquanto as pessoas buscam satisfazer às suas necessidades, a empresa busca profissionais engajados, comprometidos e que ofereçam qualidade ao seu trabalho (KNAPIK, 2006, p. 40). O conhecimento passou a ser o diferencial entre as corporações. Chiavenato (1999, p. 6) salienta que: A área de gestão de pessoas é uma área muito sensível a mentalidade das pessoas que predomina nas organizações. É contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como a cultura que existe em cada organização, a estrutura organizacional adotada, as características do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes. Na mesma concepção, Ribeiro (2003, p.124) comenta que os objetivos das organizações devem mudar para atender as mudanças do ambiente, dos indivíduos e da própria organização. Precisamos estar atentos às atuais tendências de mercado, não se devendo insistir naqueles incompatíveis com a realidade. Captar e compreender as futuras tendências é tão vital para a gestão de pessoas quanto administrar os problemas do dia-a-dia (TACHIZAWA, FERREIRA e FORTUNA, 2001, p. 21). Nesse sentido, Dutra (1996, p. 138) afirma que, para agregar vantagens competitivas, as empresas necessitam de maior envolvimento das pessoas e, ao mesmo tempo, as pessoas buscam cada vez mais autonomia e liberdade em sua relação com as organizações e têm sido estimuladas a participar das decisões que lhe dizem respeito. Segundo Chiavenato (2004, p. 90), as organizações estão adotando novos modelos de gestão de pessoas integrados e orientados para focar e valorizar o talento humano e, consequentemente, conduzir a organização ao sucesso em sua estratégia organizacional. Para Fischer (2002, p. 12), “o modelo de gestão de pessoas pode ser entendido como a maneira pela qual a empresa se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho”. Para isso, as empresas precisam saber onde querem chegar, qual a sua missão, estabelecendo objetivos e metas definidas para estar bem posicionadas hoje e, futuramente, no cenário globalizado (VERGARA, 2000, p. 88). 17 Vale lembrar que as pessoas passam grande parte da sua vida trabalhando dentro das organizações, portanto, o contexto da Gestão de Pessoas é formado por pessoas e organizações. Assim, as pessoas dependem das organizações para atingirem seus objetivos e estas dependem delas para poderem funcionar e alcançar sucesso. Cada uma das partes depende da outra. Para isso, a organização precisa saber concentrar os seus objetivos da melhor maneira possível, para que ambas sintam-se satisfeitas (CHIAVENATO, 2004, p. 4). Em perspectiva similar, Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 25) sugerem que a administração de pessoas proporcione aos seus funcionários um ambiente adequado e agradável, para que estes tenham um estímulo de permanecer na organização, visto que, com a perda de funcionários, a empresa é afetada, pois são seus trabalhadores os criadores de novos produtos e serviços quando estão motivados e treinados. De forma mais abrangente, Chiavenato (2004, p.10) afirma que a administração de pessoas está relacionada com as decisões que influenciam a eficiência e a eficácia dos colaboradores e das organizações. Os gestores devem motivar seus funcionários, devem ser solidários, respeitar as condições do desenvolvimento humano, aceitar as possibilidades e limites das pessoas, mostrando a importância que seus serviços têm para a empresa e recompensando dentro das possibilidades de cada empresa. Cabe a cada líder investir na gestão pessoal de sua empresa, que é de suma importância para um bom rendimento da mesma (VERGARA, 2000, p. 70). Segundo Robbins (1999, p. 98), “empregados querem sistemas de pagamento e políticas de promoção queeles percebam como justos, sem ambiguidade e alinhados com suas expectativas”. Daí a importância de a organização estabelecer um relacionamento adequado com seus colaboradores, em bases sólidas que só podem ser conseguidas com valores positivos, com políticas e diretrizes compatíveis com a realidade de mercado, com praticas de relações trabalhistas justas e bem aceitas e com um ambiente seguro e agradável (TACHIZAWA, FERREIRA e FORTUNA, 2001, p. 127). Chiavenato (2004, p. 14) menciona que “gestão de pessoas é um conjunto integrado de processos dinâmicos e interativos”. Os seis processos básicos mencionados pelo autor são: 18 Agregar pessoas: que são processos utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Aplicar pessoas: processo de alocar e posicionar as pessoas em suas atividades na organização. Recompensar pessoas: são os processos utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas. Desenvolver pessoas: processos utilizados para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas. Manter pessoas: processos utilizados para criar condições ambientais psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas. Monitorar pessoas: processos utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. A avaliação dos resultados de gestão de pessoas também tem um papel importante em ambientes empresariais competitivos, pois instrumentaliza os gestores de negócios e profissionais da área a monitorar as práticas de gestão de modo a propiciar e monitorar a realização dos objetivos da empresa (OLIVEIRA e LIMONGI-FRANÇA, 2005). Conclui-se que todos esses processos de gestão de pessoas estão relacionados entre si e tendem a favorecer ou prejudicar uns aos outros, quando bem ou mal utilizados. No próximo tópico, será abordada a cultura organizacional, que é de fundamental importância diante desse cenário altamente competitivo, sendo que as empresas precisam de pessoas que agreguem valor aos seus bens e serviços através da criatividade e adaptação destes profissionais à cultura da organização. 2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL O mundo está mudando rapidamente e profundamente, e com isso, as organizações sofrem grandes transformações. E diante deste novo cenário, as organizações necessitam estar aptas a serem competitivas o suficiente para sobreviver e prosperar. As organizações necessitam ser flexíveis e capazes de se antecipar, prevendo suas mudanças. Desta forma, os elementos culturais são de 19 suma importância para a percepção e sua consequente gestão, na medida em que sua compreensão auxilia a adequá-la neste novo contexto. Segundo Chiavenato (2004, p. 164), a cultura organizacional, no âmbito das organizações, é um conjunto de hábitos, crenças, costumes, regras estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização. A cultura organizacional representa as percepções dos dirigentes e funcionários da organização e reflete a mentalidade que predomina na organização. Por esta razão, ela condiciona a administração das pessoas. Chiavenato (2004, p.165) ainda menciona que: A cultura representa o universo simbólico da organização e proporciona um referencial de padrões de desempenho entre os funcionários, influenciando a pontualidade, produtividade e a preocupação com qualidade e serviço ao cliente. Para Srour (1998, p. 174), a cultura organizacional serve de chave para distinguir diferentes grupos e é construída ao longo do tempo. Exprime a identidade da organização, é aprendida, transmitida e compartilhada. Na mesma concepção, Fleury e Fischer (1996, p. 24) mencionam que: A cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas. Para Barros e Prates (1996, p.16), a cultura é o resultado de uma invenção social, que pode ser modificada ao longo dos tempos. Isto porque os costumes estão referenciados a um conjunto de valores e crenças aceitos pela sociedade que podem ser influenciados por novas mudanças culturais, econômicas, sociais e políticas. Motta e Caldas (1997, p. 16) reforçam que a cultura é a adaptação em si, uma forma pela qual as pessoas determinam seu perfil em função da necessidade de adaptação ao meio em que vivem. As organizações reconhecem que cada vez mais seu sucesso não depende apenas de mudanças nas estruturas organizacionais, mas essencialmente das 20 mudanças em atitudes e percepções de seus indivíduos (MOTTA; CALDAS, 1997, p. 39). Observar o comportamento das pessoas é o primeiro passo para compreender e identificar a cultura predominante na organização (SUCESSO, 2002, p. 39). Segundo Robbins (1999, p. 376), a cultura serve como um mecanismo de fazer sentido e controle que guia e molda as atitudes e comportamento dos empregados. Cabe evidenciar que a cultura organizacional é a soma de todas as pessoas que nela participam. É refletida através do cotidiano das organizações e tem como objetivo influenciar os que da organização participam buscando o equilíbrio organizacional, uma vez que a organização procura induzir a adaptação do comportamento do indivíduo de acordo com os critérios da organização e estes, por sua vez, procuram influenciar a organização com o intuito que o trabalho lhe proporcione satisfação e o alcance de seus objetivos pessoais (CHIAVENATO, 2004, p. 174). Para Fleury e Fischer (1996, p.37), a cultura serve tanto a sobrevivência da organização, como à sobrevivência de uma comunidade. Pode ser entendida de modo a favorecer aos indivíduos uma representação da realidade e, portanto, conferindo sentido e significado à condição real. Chiavenato (2004, p. 165) enfatiza que a cultura organizacional pode ser forte ou fraca; ela é forte quando as pessoas têm seus valores e princípios compartilhados de uma forma clara. Cada organização tem seu conjunto de valores e quanto mais estes valores são partilhados, a cultura da organização se torna mais forte. Assim, irá envolver os empregados e determinar o que a empresa espera deles (SUCESSO, 2002, p. 37). Conclui-se, a partir daí, que cada organização adquire e conserva a sua própria cultura. E por isso algumas são conhecidas por algumas peculiaridades próprias que devem ser mantidas durante toda sua existência ou, pelo menos, durante parte dela, indicando os caminhos a serem seguidos em determinadas etapas. 21 2.2.1 Elementos da Cultura Organizacional Há vários elementos que constituem a cultura organizacional, segundo Chiavenato (2004, p. 168). São eles: O cotidiano do comportamento observável: como as pessoas se interagem, seus gestos, rituais, rotinas e procedimentos comuns. As normas: padrões ou regras de conduta que envolvem os grupos e seus comportamentos. Os valores dominantes: defendidos por uma organização, como o respeito pelas pessoas, a qualidade de seus produtos ou preços baixos. A filosofia administrativa: que guia e orienta as políticas da organização quanto aos funcionários, clientes e acionistas. As regras do jogo: como as coisas funcionam, o que um novo funcionário deve aprender para sair-se bem e ser aceito como membro de umgrupo. O clima organizacional: as características das pessoas e a maneira como elas agem entre si, com os clientes ou elementos externos. A conscientização da importância desses elementos é fator determinante para o sucesso do diagnóstico da empresa. A partir daí, podemos concluir que a cultura organizacional é constituída de elementos que dão às organizações uma maneira particular de ser. 2.2.2 Fatores que influenciam a cultura Luz (2003, p. 19) explicita alguns fatores que influenciam a cultura de uma organização. São eles: Seus fundadores: esses marcam a história da organização com crenças, valores, seus estilos etc. Seu ramo de atividade: as empresas têm um perfil que as caracterizam. E esse perfil pode sofrer influências do ramo no qual as empresas atuam, devido ao mercado em que atuam. E isso acaba tendo impacto na tecnologia, 22 na estrutura, no grau de sofisticação dos processos de trabalho e na qualidade de seus recursos humanos. Como consequência, a cultura também é influenciada. Dirigentes atuais: também geram forte influência sobre a cultura de uma empresa. E o ingresso de um executivo também pode modificar a cultura, tudo depende do grau de poder e da personalidade desse novo executivo. A área geográfica na qual a empresa atua: também pode exercer forte influência sobre a sua cultura. A escolaridade, o padrão cultural e o nível socioeconômico de uma determinada população vão fixar valores, crenças e outros aspectos, os quais irão refletir na cultura das empresas. Sucesso (2002, p.40) menciona que são os valores e estilo do fundador que definem a cultura inicial, pois o mesmo impõe sua visão, sua filosofia de trabalho de como a empresa deve funcionar. A mesma autora (2002, p. 40) ainda menciona que certas práticas, como símbolos, adesivos, bottons, crachás, além da marca e a imagem que se quer transmitir, reforçam para manter os valores iniciais da cultura. No próximo tópico, iremos abordar a importância da motivação nas empresas, visto que, hoje, o estímulo da equipe requer uma nova visão do ambiente de trabalho e da própria empresa, somada a ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos empregados e a promoção de seu bem-estar. 2.3 MOTIVAÇÃO Em um mercado cada vez mais competitivo, manter as pessoas motivadas é um grande desafio para as empresas, visto que o desempenho de uma empresa depende da contribuição das pessoas que a compõem e da forma como estas são organizadas e estimuladas no ambiente de trabalho. Percebe-se que o conceito de motivação tem recebido diferentes interpretações dos diversos autores que se debruçam sobre o tema. Para Chiavenato (2004, p. 448), a motivação está relacionada com o desempenho das pessoas, ou seja, para alcançarem seus objetivos, as organizações precisam de pessoas motivadas, que participem ativamente nos seus trabalhos, e que sejam adequadamente recompensadas pelas suas contribuições. 23 Para isso, as lideranças precisam estar atentas aos sinais de desmotivação, para que se evite perda de mercado e de produtividade, influenciando na retenção de seus talentos. Robbins (2005, p. 132) define a motivação como “o resultado da interação do indivíduo com a situação”. O nível de motivação varia tanto entre indivíduos como em apenas um único indivíduo, dependendo da situação. O mesmo autor (2005, p. 132) enfatiza três componentes na motivação: a intensidade, direção e persistência. Para ele, os indivíduos motivados se mantêm na realização da tarefa até que seus objetivos sejam alcançados. Tamayo e Paschoal (2003) afirmam que a motivação no trabalho manifesta- se pela orientação do empregado para realizar as suas tarefas e persistir na sua execução até conseguir o resultado previsto ou esperado. Para isso, os gestores devem incentivar a criatividade de seus colaboradores, criar um clima saudável, para que estes se sintam satisfeitos e possam trabalhar com produtividade. Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 245) mencionam que “motivar as pessoas é certamente uma difícil missão para os gestores em geral”. Os autores afirmam que o processo motivacional é complexo e que não há uma maneira certa de se obter a motivação e o comprometimento dos seus funcionários. Em contrapartida, Bergamini (1997) argumenta que a motivação é um aspecto intrínseco às pessoas: uma pessoa não pode jamais motivar outra, o que ela pode fazer é estimular a outra. A problemática de que uma pessoa siga uma orientação de ação desejável está diretamente ligada à força de um desejo. A motivação passa a ser entendida como fenômeno comportamental único e natural e vem da importância que cada um dá ao seu trabalho, do significado que é atribuído a cada atividade desse trabalho e que cada pessoa busca o seu próprio referencial de auto-estima e de auto-identidade. O que pode ser observado é que os fatores extrínsecos estimulam as pessoas e provocam uma reação, ou resposta, porém, o que não pode ser afirmado é qual será a reação ou resposta de cada indivíduo. Pode-se concluir que, condicionadas, as pessoas sentem que perderam a possibilidade de se comportarem com autonomia e autenticidade e usando-se de pressão ou castigo, pode-se muito frequentemente chegar à submissão e, com ela, as suas consequências negativas (BERGAMINI, 1997). 24 Herzberg (apud BERGAMINI 1997, p. 77) propõe sua teoria e faz uma importante diferenciação quando distingue fatores de motivação e fatores de higiene, sendo que os primeiros estão ligados ao próprio indivíduo e ao tipo de trabalho que ele desenvolve, e os segundos, às características que estão fora do indivíduo, ligadas ao ambiente periférico ou extrínsecas ao indivíduo. Os fatores de higiene não têm nada a ver com a motivação, apenas têm o papel de atender as necessidades primárias do indivíduo e dizem respeito a como as pessoas são tratadas pela organização. Já os fatores motivacionais estão ligados ao próprio indivíduo, ao uso que a organização faz da energia motivacional de cada colaborador. Bergamini (1997) explica que para manter as pessoas motivadas, é preciso identificar suas necessidades e oferecer fatores de satisfação para tais necessidades. No entanto, trabalhar com pessoas motivadas exige muita sensibilidade para que seja possível detectar as diferentes necessidades de cada um dos diferentes indivíduos, bem como levar em conta a variabilidade entre os estados de carência que podem ocorrer internamente a um mesmo sujeito. Aí está a grande transformação e o principal desafio para as empresas neste final de século (BERGAMINI, 1997, p. 90). Como podemos observar, as pessoas têm motivos próprios e são capazes de mudar a si mesmas e o ambiente em que vivem. É preciso aceitar o caráter individual da motivação e termos consciência que jamais conseguiremos estar completamente satisfeitos, pois existirá sempre uma necessidade não atendida que dirigirá novas condutas motivacionais (BERGAMINI, 1997). No próximo tópico, será abordado o tema Saúde e Segurança, que é de suma importância para as empresas, sendo que a inclusão dos mesmos na gestão da empresa visa aumentar a competitividade na medida em que estimula a prevenção, evita doenças e acidentes do trabalho, reduz custos e melhora a imagem da empresa. 2.4 SAÚDE E SEGURANÇA A melhoria das condições de vida e da saúde tem sido um tema de crescente importância, tendo em vista seu impacto de forma direta ou indireta na produtividade 25 das pessoas e nos resultados obtidos pelas organizações (FERNANDO e GUTIERREZ, 1998 apudOLIVEIRA e LIMONGI-FRANÇA, 2005). A preservação da saúde e segurança dos funcionários é um dever das organizações, que devem garantir condições adequadas ao bem-estar dos trabalhadores. Criar e manter um ambiente de trabalho seguro e saudável é fundamental para as empresas que zelam pela sua imagem e preocupa-se com os crescentes custos decorrentes dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais. Não resta dúvida de que o investimento aplicado à área do ambiente de trabalho resulta em maior produtividade e melhor qualidade de vida para os empregados (TACHIZAWA, FERREIRA e FORTUNA, 2001, p. 229). Chiavenato (2004, p. 431) afirma que “um ambiente de trabalho agradável pode melhorar o relacionamento interpessoal e a produtividade, bem como reduzir acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade do pessoal”. Segundo Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 233), as principais medidas para prevenir acidentes de trabalho são: Manter uma equipe especializada na prevenção de acidentes; Comprometer todos os membros da organização num esforço comum para prevenir acidentes; Fixação de cartazes advertindo sobre os cuidados a tomar no local de trabalho; fornecer equipamentos de proteção individual; Manter o ambiente de trabalho limpo, iluminado e com temperatura adequada e sem ruídos excessivos; Verificar as condições físicas das instalações e dos equipamentos corrigindo eventuais deficiências; Instalar equipamento contra incêndio; Manter corredores, portas e escadas desobstruídos; ter um planejamento físico adequado, que evite aglomerações e permita a livre circulação de pessoas. É preciso identificar as situações de riscos no ambiente de trabalho, definir sua importância, estabelecer prioridades e criar as condições necessárias a sua implementação. Só assim será possível desenvolver práticas seguras de prevenção 26 de acidentes (SALIM et al., 2003, p. 51). E para almejar esses bons resultados, a empresa precisa treinar o funcionário sobre o uso correto dos equipamentos de segurança, tornar obrigatório o seu uso e manter esses equipamentos sempre em boas condições. Para Souto (2007, p. 20), “o estado de saúde pode ser entendido como o resultado de um contínuo e bem-sucedido equilíbrio entre o indivíduo e o meio que o cerca”. Em linha distinta, Chiavenato (2004, p. 431) considera que a saúde pode ser definida como um estado físico, mental e social de bem-estar, e pode ser prejudicada por doenças, acidentes ou estresse. Para o mesmo autor (2004, p. 432), os principais problemas relacionados à saúde nas organizações são: Alcoolismo e dependência química de drogas, medicamentos, fumo etc. AIDS: síndrome da deficiência imunológica que ataca o sistema que protege o organismo de doenças. Estresse no trabalho. Exposição a produtos químicos perigosos. Exposição a condições ambientais frias, quentes, contaminadas, úmidas, barulhentas, etc. Hábitos alimentares inadequados: obesidade ou perda de peso. Vida sedentária, sem contatos sociais e sem exercícios físicos. Automedicação sem cuidados médicos e adequados. Daí a importância de um programa de saúde no trabalho, pois é no trabalho que as pessoas passam a maior parte de seu tempo e é por meio dele que realizam grande parte de suas aspirações (SILVA e MARCHI, 1997, p. 31) Os mesmos autores (1997, p. 39) abordam que é preciso diagnosticar a situação da empresa em relação à saúde, ou seja, determinar os riscos aos quais os empregados estão expostos e, também, aferir seus interesses e necessidades. Segundo Chiavenato (2004, p. 431), “os gerentes também devem assumir a responsabilidade de cuidar do estado geral de saúde de seus funcionários, incluindo seu bem-estar psicológico”. 27 Em perspectiva similar, Mendes (1999 apud LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 39) define como meta permanente que os profissionais da área da saúde devem ter a responsabilidade e o dever de detectar precocemente os agravos relacionados ao trabalho, aos quais os seus funcionários estão expostos, tendo em vista que os mesmos são por eles acompanhados, às vezes, durante anos. Saúde e Segurança são imprescindíveis quando o propósito é manter um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Pode-se concluir, então, que se as condições de trabalho não forem adequadas, podem ocorrer problemas também para a empresa, como a alta rotatividade dos empregados e o absenteísmo. No próximo tópico, será abordado o tema Qualidade de Vida no Trabalho que, como vimos, está intimamente ligado a fatores relacionados ao ambiente e à saúde do trabalhador. Observa-se, diante das profundas mudanças e da crescente competitividade empresarial, que conservar a qualidade de vida no trabalho pode trazer benefícios tanto para a empresa como para o indivíduo. 2.5 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO O termo Qualidade de Vida no Trabalho passou por muitas alterações no decorrer de sua história. E muitos autores participaram e contribuíram para sua evolução. No quadro a seguir, será demonstrada a evolução da Qualidade de Vida no entendimento de alguns autores. Evolução do termo Qualidade de Vida no Trabalho 1930 Escola das Relações Humanas Aspectos psicossociais e motivacionais, a fim de proporcionar maior bem estar ao trabalhador e sua adaptação na execução de suas tarefas. 1950 QVT surge como nova abordagem na literatura Eric Trist e colaboradores desenvolveram uma abordagem sociotécnica, a fim de compreender a organização do trabalho a partir da análise e reestruturação da tarefa. 28 1960 QVT ganhou impulso A conscientização dos trabalhadores e o aumento das responsabilidades sociais da empresa contribuíram, de forma decisiva, para que cientistas e dirigentes organizacionais pesquisassem melhores formas de realizar o trabalho. Início da década de 1970 Desaceleração dos estudos da QVT As organizações tiveram suas atenções desviadas para a alta inflação e a substituição de petróleo. A necessidade de sobrevivência das empresas fez com que os interesses dos funcionários passassem a ter uma importância secundária. 1979 Ressurgimento da QVT QVT passa a ser vista como um conceito global, como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade. 1980 Participação Maior participação dos trabalhadores nas decisões organizacionais, busca de soluções participativas. 1990 Saúde na Organização Preocupação dos que buscam a QVT, de que ela não seja tratada como mais um modismo administrativo, e sim como um processo necessário e conceitualmente considerado pelos gerentes e trabalhadores das organizações. Atualmente Difundida e desenvolvida Visando atender as necessidades psicossociais dos trabalhadores, elevando seus níveis de satisfação no trabalho. Quadro 1 – A evolução do termo Qualidade de Vida no Trabalho Fonte: Búrigo (1997); Rodrigues (1999); Sampaio (1999). Como podemos observar, a Qualidade de Vida recebeu diversas conotações no decorrer de sua trajetória, sendo que seu objetivo principal é voltado para a conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, criar uma organização mais humanizada, buscando a satisfação e bem-estar dos indivíduos e, consequentemente, maior produtividade para a empresa. Nessa nova concepção, os trabalhadores são estimulados a sugerir melhorias no processo de trabalho, e o alcance da qualidade de vidapassa a ser condição necessária para a qualidade de seu trabalho. 29 No entanto, para muitos cientistas sociais, observa-se que o que está ocorrendo nos dias atuais era totalmente imprevisível. É notável que muitas empresas ainda não tenham conseguido pôr em prática essa nova forma de gerir os negócios e continuam perdendo oportunidades de gerar um ambiente de trabalho mais agradável e, por consequência, mais produtivo. A seguir, abordam-se alguns conceitos do tema central deste estudo: a Qualidade de Vida no Trabalho. 2.6 CONCEITOS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar aos funcionários na execução de suas tarefas, a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) expressa uma forma especial de pensar a respeito das pessoas, do seu trabalho e das organizações nas quais suas carreiras são realizadas. Todas as organizações devem ser administradas visando ao sucesso, mas também à satisfação das pessoas que fazem o trabalho (SCHERMERHORN JR., HUNT e OSBORN, 1999, p. 34). As questões de trabalho e de vida na comunidade e na família visam promover e assegurar a qualidade do bem-estar do ser humano. Por isso, tão importante quanto às condições de vida das comunidades são as práticas desenvolvidas pelas empresas, já que é nas empresas que o ser humano desenvolve uma parte significativa de sua vida: o trabalho (OLIVEIRA e LIMONGI- FRANÇA, 2005). Os programas de qualidade de vida no trabalho são exigência dos tempos. Expressam um compromisso com os avanços da ciência, da civilização, da cidadania. E ainda, por isso, um desafio para muitos. (DE LUCCA, 1999, apud LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 43). Vivemos a era do conhecimento, onde a agilidade e a velocidade das informações fazem parte desse novo contexto. As novas exigências atingem e modelam interativamente pessoas e instituições de qualquer tipo. As novas referências de gestão são o autocontrole, o comprometimento, os círculos e as células de produção, a qualidade de processos e produtos, os ambientes virtuais, a gestão em redes de conhecimento, as inovações tecnológicas e o questionamento da credibilidade das instituições (LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 22). 30 Para Tolfo e Piccinini (2001), a QVT engloba aspectos como motivação, satisfação, condições de trabalho, estilos de liderança, etc., e esses aspectos são fatores determinantes de competitividade das empresas. Guest (1979 apud VIEIRA, 1996, p. 37) conceitua a QVT como um processo pelo qual uma organização tenta revelar a criatividade dos seus funcionários, envolvendo-os em decisões que afetam suas vidas no trabalho, focando assim, melhorias na produtividade e eficiência em si. Walton (1973 apud BÚRIGO, 1997, p. 34) aborda que a QVT possui um conceito abrangente, que inclui fatores pessoais, como necessidades, expectativas, crenças e valores do trabalhador, e fatores situacionais como tecnologia, sistema de recompensa e ambiente de trabalho. Além desses fatores, a QVT está intrinsecamente relacionada à satisfação das necessidades dos trabalhadores, ao seu desempenho e ao desenvolvimento organizacional. Sucesso (2002, p. 26) enfatiza que: Qualidade de vida não decorre apenas de salário acima do mercado e de invejável plano de benefícios. Resulta também do tratamento humano, da gentileza, de leveza nas relações, da possibilidade de expressão de pontos de vista divergentes, do relacionamento sincero, do respeito aos ausentes e do orgulho pelo que se faz. Atenção, elogio e consideração constituem ingredientes indispensáveis quando se buscam lealdade, qualidade e produtividade. Búrigo (1997, p. 30) menciona que o objetivo da Qualidade de Vida no Trabalho é humanizar as relações de trabalho, mantendo uma relação estreita com a produtividade e com a satisfação do trabalhador no seu ambiente de trabalho. De forma mais abrangente, Walton (apud FERNANDES, 1996, p. 36-37) enfatiza que a meta de um programa de QVT é: gerar uma organização mais humanizada, na qual o trabalho envolve, simultaneamente, relativo grau de responsabilidade e de autonomia a nível de cargo, recebimento de recursos de “feedback” sobre o desempenho, com tarefas adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho e com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo. 31 Conforme relata Gramigna (2002, p. 130), “receber feedback consiste em reconhecer como seus comportamentos estão sendo percebidos ou como estão afetando as outras pessoas, as equipes de trabalho, os resultados”. É importante enfatizar que a qualidade de vida depende de condições adequadas de trabalho, porém há outros aspectos que podem melhorar o prazer dos funcionários, refletindo na sua produtividade. São fatores organizacionais, ambientais e comportamentais que administrados corretamente, influenciam o projeto de cargos, aumentando a satisfação do trabalhador e a produtividade nas empresas (FERNANDES, 1996, p. 44). Para Sucesso (2002, p. 34), são as pessoas que fazem a organização funcionar, que mudam as organizações. Além do trabalho em si, são as características das pessoas que a compõem que determinam a qualidade de vida. A mesma autora (2002, p. 34) menciona que a conquista da qualidade de vida depende do próprio indivíduo, da sua auto-estima, do seu comprometimento profissional, político e social, ou seja, além de ser uma responsabilidade da empresa, é uma conquista pessoal. Para isso, o ser humano precisa estar em total equilíbrio, gozando de saúde, mental, psíquica e emocional. É preciso garantir atividade física e condições de trabalho adequadas, uma alimentação adequada. O bem-estar do indivíduo é fundamental para sua vida particular e para a sua capacidade de realizar o trabalho (VIEIRA, 2005, p. 43). Nesse sentido, o ambiente organizacional revela-se como um aspecto importante na qualidade de vida dos trabalhadores, o que justifica a preocupação atual das organizações em avaliá-lo. De acordo com Vieira e Hanashiro (1990 apud VIEIRA, 1996, p. 39), o conceito de QVT é amplo e contingencial, traduzido por: (...) melhoria nas condições de trabalho – com extensão a todas as funções de qualquer natureza e nível hierárquico, nas variáveis comportamentais, ambientais e organizacionais que venham, juntamente com políticas de Recursos Humanos condizentes, humanizar o emprego, de forma a obter-se um resultado satisfatório, tanto para os empregados como para a organização. Isto significa atenuar o conflito existente entre o capital e o trabalho. Um trabalho de qualidade é considerado aquele que fornece a possibilidade material da classe trabalhadora reproduzir-se em suas condições materiais, através de uma política de salários justa, com participação na produtividade, e também um 32 ambiente democrático no qual o trabalhador possa expor suas ideias e influenciar nas decisões que afetam sua condição de vida na organização (VIEIRA, 1996, p. 107). A partir daí, conclui-se que existem diversos fatores que influenciam na qualidade de vida das pessoas, os quais podem ser utilizados para se aferir a Qualidade de Vida no Trabalho nas organizações. 2.7 MODELOS DE QVT Neste tópico serão apresentados alguns modelos de QVT, sob a ótica de alguns autores, considerados como determinantes na qualidade de vida no trabalho por atenderem às necessidades humanas de um modo geral. 2.7.1 Modelo de Walton (1973) O modelo de Walton (1973, apud FERNANDES, 1996. p. 49), define oito categorias conceituais que caracterizam as experiências do trabalhador no seu ambiente de trabalho. São eles: Compensação justa e adequada:visa mensurar a qualidade de vida no trabalho em relação à remuneração recebida pelo trabalho realizado, desdobrando-se em três critérios: - Remuneração adequada: remuneração necessária para o empregado viver dignamente dentro das necessidades pessoais e dos padrões culturais, sociais e econômicos da sociedade em que vive. - Equidade interna: equidade na remuneração entre outros membros de uma mesma organização. - Equidade externa: equidade na remuneração em relação a outros profissionais no mercado de trabalho. Condições de trabalho: mede a QVT em relação às condições existentes no local de trabalho, apresentando os seguintes critérios: - Jornada de trabalho: número de horas trabalhadas, previstas ou não pela legislação, e sua relação com as tarefas desempenhadas. 33 - Carga de trabalho: quantidade de trabalho executados em um turno de trabalho. - Ambiente físico: local de trabalho e suas condições de bem-estar e organização para o desempenho do trabalho. - Material e equipamento: quantidade e qualidade de material disponível para a execução do trabalho. - Ambiente saudável: local de trabalho e suas condições de segurança e de saúde em relação aos riscos de injúria ou de doenças. - Estresse: quantidade percebida de estresse a que o profissional é submetido na sua jornada de trabalho. Uso e desenvolvimento de capacidade: visa à mensuração da QVT em relação às oportunidades que o empregado tem de aplicar, no seu dia a dia, seu saber e suas aptidões profissionais. Entre os critérios, destacam-se os seguintes: - Autonomia: medida permitida, ao indivíduo, de liberdade substancial, independência e descrição na programação e execução do seu trabalho. - Significado da tarefa: relevância da tarefa desempenhada na vida e no trabalho de outras pessoas, dentro ou fora da instituição. - Identidade da tarefa: medida da tarefa na sua integridade e na avaliação do resultado. - Variedade da habilidade: possibilidade de utilização de uma larga escala de capacidades e de habilidades do indivíduo. - Retroinformação: informação ao indivíduo acerca da avaliação do seu trabalho como um todo, e de suas ações. Oportunidade de crescimento e segurança: focaliza basicamente às oportunidades de carreira que a instituição estabelece para o desenvolvimento e o crescimento pessoal de seus empregados e para a segurança do emprego. Os critérios que expressam a importância do desenvolvimento e a perspectiva de aplicação são os seguintes: - Possibilidade de carreira: viabilidade de oportunizar avanços na instituição e na carreira, reconhecidos por colegas, membros da família, comunidade. - Crescimento pessoal: processo de educação continuada para o desenvolvimento das potencialidades da pessoa e aplicação das mesmas. 34 - Segurança de emprego: grau de segurança dos empregados quanto à manutenção dos seus empregos. Integração social na organização: objetiva medir o grau de integração social existente na instituição. Os critérios definidos dessa categoria são: - Igualdade de oportunidades: grau de ausência de estratificação na organização de trabalho, em termos de símbolos de status, e de descrição quanto à raça, sexo, credo, origens, estilos de vida ou aparência. - Relacionamento: grau de relacionamento marcado por auxílio recíproco, apoio sócio-emocional, abertura interpessoal e respeito às individualidades. - Senso comunitário: grau do senso de comunidade existente na instituição. Constitucionalismo: tem por finalidade medir o grau em que os direitos do empregado são cumpridos na instituição. Os critérios dessa categoria são os seguintes: - Direitos trabalhistas: observância ao cumprimento dos direitos do trabalhador, inclusive o acesso a apelação. - Privacidade pessoal: grau de privacidade que o empregado possui dentro da instituição. - Liberdade de expressão: forma como o empregado pode expressar seus pontos de vista aos superiores, sem medo de represálias. - Normas e rotinas: maneira como normas e rotinas influenciam o desenvolvimento do trabalho. Trabalho e espaço total de vida: objetiva mensurar o equilíbrio entre a vida pessoal do empregado e a vida no trabalho. Os critérios são os seguintes: - Papel balanceado no trabalho: equilíbrio entre jornada de trabalho, exigências de carreira, viagens, e convívio familiar. - Horário de entrada e saída no trabalho: equilíbrios entre horários de entrada e saída do trabalho e convívio familiar. Relevância social da vida no trabalho: visa mensurar a QVT através da percepção do empregado em relação à responsabilidade social da instituição na comunidade, a qualidade de prestação dos serviços e ao atendimento aos seus empregados. Entre os critérios destacam-se os seguintes: 35 - Imagem da instituição: visão do empregado em relação a sua instituição de trabalho; importância para a comunidade, orgulho e satisfação pessoal de fazer parte da instituição. - Responsabilidade social da instituição: percepção do empregado quanto à responsabilidade social da instituição para a comunidade, refletida na preocupação de resolver problemas da comunidade e também de não lhe causar danos. - Responsabilidade social pelos serviços: percepção do empregado quanto à responsabilidade da instituição com a qualidade dos serviços postos a disposição da comunidade. - Responsabilidade social pelos empregados: percepção do empregado quanto a sua valorização e participação na instituição, a partir da política de RH. Para Mônaco e Guimarães (2000, p. 75), o modelo de Walton é o mais amplo, contemplando os processos de diagnóstico de Qualidade de Vida no Trabalho, levando em consideração os fatores internos e externos da empresa. Dessa forma, o objetivo do modelo proposto por Walton é dar origem a uma organização mais humanizada, onde o trabalhador possa ter autonomia e responsabilidade, tarefas adequadas a seu cargo, uma variedade de atividades e a valorização de seu desempenho juntamente com seu desenvolvimento pessoal. Além desses fatores, a QVT pode ainda ser afetada por questões comportamentais, como a identidade de tarefas e retroinformação, que dizem respeito às necessidades humanas e aos tipos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho (FERNANDES e GUTIERREZ, 1998 apud LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 34). Um estudo realizado por Tolfo e Piccinini (2001) discute o resultado de uma pesquisa sobre as melhores empresas para trabalhar no Brasil, divulgada pela revista Exame, nos anos de 1997, 1999 e 2000, tendo como referencial o modelo proposto por Walton (1973). A base para análise foi a avaliação do conjunto das políticas de recursos humanos adotadas pelas empresas, no que se refere a salários, benefícios, clima de trabalho estimulante, perspectivas de desenvolvimento na carreira, possibilidade de desenvolvimento e realização profissional. 36 Segundo Tolfo e Piccinini (2001), a análise dos dados demonstra que as organizações cujas práticas foram melhor avaliadas pelos seus empregados encontram similaridades nos resultados em 1997 e 1999. O orgulho do trabalho e da empresa é citado como mais representativo, enquanto que salários e benefícios se mostram como os aspectos mais limitantes. Relacionando os resultados arrolados com a abordagem teórica, verifica-se que as organizações proporcionam qualidade de vida no trabalho em relação à relevância social da vida no trabalho, ao passo que a compensação nem sempre é considerada justa e adequada. No ano 2000, a oportunidade de carreira e treinamento foi mais valorizada, indicandoa possibilidade de crescimento e desenvolvimento, ao passo que a clareza e abertura na comunicação foram os itens menos encontrados nas organizações. Dessa forma, os dados demonstram que predominam nas empresas os aspectos relacionados a uma perspectiva sistêmica e que não apresenta reflexos diretos sobre as condições específicas de trabalho e de vida do empregado (TOLFO e PICCININI, 2001). 2.7.2 Modelo de Westley (1979) Os indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho, segundo o modelo de Westley (FERNANDES, 1996), são: Econômico: equidade salarial, remuneração adequada, benefícios, local de trabalho, carga horária, ambiente externo; Político: segurança no emprego, atuação sindical, retroinformação, liberdade de expressão, valorização do cargo, relacionamento com a chefia; Psicológico: realização potencial, nível de desafio, desenvolvimento pessoal, desenvolvimento profissional, criatividade, auto-avaliação, variedade de tarefa, identificação com a tarefa; Sociológico: participação nas decisões, autonomia, relacionamento interpessoal, grau de responsabilidade, valor pessoal. Para o autor, os esforços para humanizar os locais de trabalho e com isso resolver ou minimizar esses problemas passam por propostas que visam ao enriquecimento do trabalho no âmbito individual e projetos sócio-técnicos para grupos de trabalho (WESTLEY, 1979 apud ASFORA e DIAS, 2006). 37 2.7.3 Modelo de Werther e Davis (1983) Fernandes (1996, p. 54) destaca que o modelo de Werther e Davis (1983) baseia-se em um projeto de cargos que leva em consideração vários aspectos relacionados a fatores organizacionais, ambientais e comportamentais: Os fatores organizacionais: dizem respeito ao fluxo de trabalho e às práticas de trabalho, evitando-se uma abordagem mecanicista. Os fatores ambientais: envolvem as habilidades e a disponibilidade de empregados, e as expectativas sociais. Os fatores comportamentais: dizem respeito às necessidades humanas, aos modos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho, que são de alta importância, tais como: autonomia, variedade, identidade de tarefa e retroinformação, entre outros. Para Werther e Davis (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 36), os cargos de trabalho representam não apenas uma fonte de renda para os trabalhadores, mas também um meio de satisfazerem suas necessidades de forma a melhorar a sua qualidade de vida. 2.7.4 Modelo de Hackman e Oldhan (1975) Para Hackman e Oldhan, as dimensões do cargo produzem estados psicológicos críticos que conduzem a resultados pessoais e de trabalho que afetam a QVT. Chiavenato (2004, p. 450) destaca as dimensões do referido modelo: Variedade de habilidades: o cargo deve requerer várias habilidades, conhecimentos e competências da pessoa. Identidade da tarefa: o trabalho deve ser realizado do início até o fim para que a pessoa possa perceber que produz um resultado palpável. Significado da tarefa: a pessoa deve ter uma clara percepção de como o seu trabalho produz consequências e impactos sobre o trabalho das outras. 38 Autonomia: a pessoa deve ter responsabilidade pessoal para planejar e executar as tarefas, autonomia própria e independência para desempenhar. Retroação do próprio trabalho: a tarefa deve proporcionar informação de retorno à pessoa para que ela própria possa auto-avaliar seu desempenho. Retroação extrínseca: deve haver o retorno proporcionado pelos superiores hierárquicos ou clientes a respeito do desempenho da tarefa. Inter-relacionamento: a tarefa deve possibilitar contato interpessoal do ocupante com outras pessoas ou com clientes internos e externos. Como podemos observar, este modelo permite sistematizar as dimensões do cargo que os autores consideram ser determinantes da QVT pelo fato de oferecerem recompensas intrínsecas que produzem satisfação no cargo e automotivam as pessoas para o trabalho (MACEDO apud BÚRIGO, 1997, p. 40). A aplicação desse modelo pode ser vista no estudo realizado por Honório e Marques (2001), que relata o resultado de uma pesquisa cujo objetivo consistia em aprofundar o conhecimento a respeito da QVT de gerentes e técnicos de segundo e terceiro graus que atuavam em uma empresa pública de telefonia celular no estado de Minas Gerais. A partir da pesquisa feita por Honório e Marques (2001), ficou nítida a carência dos empregados quanto a: Processos e procedimentos operacionais mais bem definidos; Aproximação entre determinadas áreas que realizavam projetos ou trabalhos afins; Instrumentos de avaliação de resultados e de acompanhamento gerencial; Plano de cargos e salários que minimizasse o incômodo com as diferenças salariais existentes e os critérios informais de reconhecimento do trabalho; Adequação do espaço físico. Honório e Marques (2001) concluem a dinâmica da pesquisa afirmando que a Qualidade de Vida no Trabalho se relaciona diretamente à maneira como o trabalho está estruturado e organizado. Supõe-se que, pelo fato de a empresa encontrar-se em fase de estruturação, tal situação pode estar conduzindo os trabalhadores a sentimentos de descontentamento, frustração ou sublimação quanto ao 39 equacionamento das questões consideradas causadoras de insatisfação no trabalho. 2.7.5 Modelo de Nadler e Lawler (1983) Esse modelo pode ser definido através de atividades que se compreendem como representativas dos esforços empreendidos para alcançá-la. Para Nadler e Lawler (1983 apud VIEIRA, 1996, p. 40), os fatores que prevêem o sucesso dos projetos de QVT são: Participação nas decisões; Reestruturação do trabalho através de enriquecimento de tarefas e grupos de trabalho autônomo; Inovação no sistema de recompensas com influência no clima organizacional; Melhora do ambiente de trabalho no que se refere à hora de trabalho, condições, regras e meio ambiente físico, entre outros. Os autores afirmam que as organizações têm dado ênfase as práticas de qualidade de gerenciamento e ao impacto que estes fatores têm sobre os indivíduos e que a QVT focaliza fatores positivos que têm grande potencial para o engrandecimento do desempenho organizacional (NADLER e LAWLER, 1983 apud RODRIGUES, 1999, p. 93). Observa-se assim, no modelo proposto por Nadler e Lawler, que o indivíduo começa a fazer parte das organizações e apresenta uma evolução da importância das pessoas para a empresa, participando das suas decisões e do seu planejamento. 2.7.6 Modelo de Belanger (1973) O modelo de Belanger (apud FERNANDES, 1996, p. 55) aponta para os seguintes aspectos para a análise da qualidade de vida nas organizações: Trabalho em si: criatividade, variabilidade, autonomia, envolvimento e feedback. 40 Crescimento pessoal e profissional: treinamento, oportunidades de crescimento, relacionamento no trabalho, papéis organizacionais. Tarefas com significado: tarefas completas, responsabilidade aumentada, recompensas financeiras/não-financeiras, enriquecimento. Funções e estruturas abertas: clima de criatividade, transferência de objetivos. É possível que outras variáveis intervenientes na QVT possam ser agregadas aos modelos citados, entretanto, acredita-se que os modelos abordados sejam suficientes para os objetivos propostos neste estudo. 41 3 METODOLOGIA Neste capítulo, será apresentado o referencial metodológico adotado para se obter os resultados da pesquisa. 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDOA pesquisa realizada se caracteriza como quantitativa e descritiva. Conforme explica Oliveira (2001, p. 115), a pesquisa quantitativa é um método que utiliza técnicas estatísticas, significa quantificar opiniões, dados, nas formas de coleta de informações. Já o método descritivo tem como objetivo descrever os fatores e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987, p. 31). Segundo Vergara (2000, p. 47), a pesquisa descritiva expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza. 3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO A pesquisa foi realizada na Empresa Phipasa Automóveis, localizada na Av. Ivo Silveira, n° 1601, no bairro Estreito, Florianópolis, SC, no período de março a novembro de 2009. A presente pesquisa teve como população alvo 53 funcionários da empresa, compreendendo três setores: administração, peças e vendas. Para Vergara (2000, p. 50), a população consiste no “conjunto de elementos (empresa, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo”. Trata-se, neste caso, de uma pesquisa censitária. 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Foi empregado um questionário, tendo como objetivo avaliar a percepção dos funcionários, proporcionando exatidão para com o objetivo da pesquisa, que pela primeira vez será efetuada na organização em estudo. Para Roesch (1999, p.142), o questionário é um instrumento de coleta de dados que busca mensurar alguma coisa. É o instrumento mais utilizado em 42 pesquisa quantitativa, principalmente em pesquisas de grande escala, como as que se propõem levantar a opinião política da população ou a preferência do consumidor. O presente questionário (apêndice A) foi elaborado a partir do modelo de Walton (1973), composto por 29 questões, as quais foram distribuídas em 7 blocos, cujas dimensões são demonstradas na sequência: Bloco Questões Critérios de avaliação segundo modelo de Walton 1 1;2;3;4;5;6;28 Condições de segurança e saúde no trabalho 2 7;8;9 Uso e desenvolvimento de capacidades 3 10;11;12;13;14 Oportunidades de crescimento e segurança 4 15;16;17;18;19 Integração social na organização 5 24;25;26;27 Constitucionalismo 6 20 Trabalho e espaço total de vida 7 21;22;23 Relevância social do trabalho Quadro 2: Estrutura do questionário. Fonte: Elaborado a partir de Fernandes (1996). Para o perfil, foram analisados o tempo de empresa e o nível de escolaridade dos funcionários. Em relação ao fator Compensação Justa e Adequada, os gestores solicitaram que o mesmo não fosse aplicado, a fim de não se criar expectativas com relação ao referido fator. Para avaliar o nível de concordância das afirmativas, as questões foram elaboradas através de uma escala de concordância segundo o modelo de Likert, composta de cinco alternativas, que são: 1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo e Nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente O questionário foi aplicado no dia 23 de julho de 2009, na própria empresa, pela pesquisadora. 43 Foi disponibilizada uma sala para que os funcionários fossem em um número de cinco por vez para responder as questões, sendo que a estagiária e a gerente de Rh ficaram à disposição dos mesmos para instruções e quaisquer dúvidas. Além disso, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. O que difere ambas, essencialmente, é a natureza das fontes, conforme explica Gil (1991, p. 51), ao afirmar que a pesquisa bibliográfica se utiliza basicamente de contribuições dos diversos autores, enquanto que a pesquisa documental se utiliza de materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. 3.4 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS Foi utilizado o método da análise estatística, onde os dados foram traduzidos em tabelas e gráficos e, posteriormente, analisados à luz da teoria. Foi efetuado o cálculo da média dos fatores. Para Gil (1997, p. 166), “a análise tem por objetivo organizar e sumariar os dados, de forma tal que possibilite o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação”. Os dados foram tratados e analisados comparando as diferenças e interpretando cuidadosamente suas respostas, e assim efetuar ajustes nas necessidades encontradas, propondo melhorias relativas à QVT a partir dos resultados da pesquisa. 44 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO A empresa Philippi Automóveis S/A, mais conhecida pelo seu nome fantasia Phipasa, foi fundada em 06 de março de 1976 pelo Sr. Altamiro Rogério Philippi. A empresa está localizada na Av. Ivo Silveira, n° 1601, no bairro Estreito, Florianópolis, SC, onde até hoje concentra a administração, o showroom e assistência técnica. Passou dos iniciais 1.600m² de área construída na época, para 11.000m² atualmente. É uma empresa de origem familiar que atua no ramo de concessionária da marca Fiat, sendo que a natureza da empresa é a distribuição e assistência técnica de veículos da marca Fiat. Tem como objetivo a comercialização de automóveis, bem como a venda de peças e acessórios e oficina e funilaria para manutenção de veículos. Sua missão é comercializar veículos da Marca Fiat, satisfazendo seus clientes e cumprindo as diretrizes estratégicas de comercialização. Ao longo dos seus 33 anos de mercado, abriu uma filial no Centro de Florianópolis, operando com a comercialização de veículos e centralizou na Loja da Av. Ivo Silveira, além da comercialização de veículos, vendas de peças e acessórios e manutenção de veículos da oficina e funilaria. Possui uma grande estrutura e conta com um quadro de pessoal composto por 145 funcionários. Possui cinco setores, que são: vendas; peças; assistência técnica; funilaria e pintura e administração. A assistência técnica também recebe veículos que chegam no guincho 24 horas e atende todas as companhias de seguro. Como podemos observar, a empresa emprega um grande número de funcionários que se relacionam diariamente. Para isso, a importância desta pesquisa, no intuito de colaborar com o bom desempenho da empresa e, consequentemente, na satisfação e bem-estar dos seus funcionários, avaliando as atuais condições de trabalho. A seguir, apresenta-se o organograma da empresa. 45 Figura 1 - Organograma da empresa Phipasa Fonte: Dados da empresa (2005) DIRETORIA ADMINISTRATIVA FINANCEIRA GERÊNCIA ADMINISTRATIVA FINANCEIRA GERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DIRETORIA DE VENDAS GERÊNCIA DE VENDAS DIREÇÃO GERAL 105 46 4.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA A pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho foi realizada na empresa Phipasa Automóveis, com 53 funcionários, no mês de julho de 2009. A pesquisa realizada se caracteriza como censitária, aplicada aos setores de administração, peças e vendas, obtendo todos os questionários respondidos. Relembrando que o fator Compensação justa e adequada não pôde ser incluído no questionário. Então, na fase de pré-teste, o instrumento precisou ser reelaborado a fim de que os gestores dessem o aval para a efetiva aplicação da pesquisa. Para a realização da pesquisa, a acadêmica contou com o total apoio e auxílio da Gerente de Recursos Humanos para a sensibilização dos funcionários. A seguir, serão apresentados os resultados da pesquisa. Primeiramente,
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