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aula 2 processo civil

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06/05/2019
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
Prof. Franck Mattos
www.youtube.com/canaldofranck
Aula 002
Tema: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
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PRINCÍPIOS
Noções gerais
No estudo de qualquer ramo do direito, é muito importante
pesquisar os seus princípios, visto serem eles o caminho para
alcançar o estado de coisas ideal visado na aplicação do conjunto
de normas analisado.
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Princípios
Funções dos Princípios para o Direito
Informadora, porque inspira o legislador a legislar a favor do
bem jurídico que deve ser tutelado, e que vai servir de
fundamento para o ordenamento jurídico.
3
Princípios
Funções dos Princípios para o Direito
Interpretadora, pois opera como critério orientador do juiz
ou do intérprete, quando a norma comportar mais de uma
interpretação razoável, o intérprete deverá optar por aquela
mais favorável ao trabalhador.
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Princípios
Funções dos Princípios para o Direito
Normativo supletivo, acessório ou secundário quando supre
e integra as lacunas legais, servindo como fonte supletiva. A
regra concreta existe, mas não prevê determinada nuança ou
hipótese. O princípio preenche esse vazio normatizando o
caso.
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Princípios
Funções dos Princípios para o Direito
Diretiva e unificadora, porque unifica o ordenamento e
indica a direção a ser tomada pelo legislador, operadores do
direito e intérpretes. Não permite analisar a norma de forma
isolada.
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PRINCÍPIOS
Dentre esses princípios universais, respeitados pelo moderno
Estado Democrático de Direito, destacam-se:
a) o princípio da legalidade;
b) o princípio lógico;
c) o princípio dialético;
d) o princípio político;
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PRINCÍPIOS
Princípio da Legalidade
No Estado regido por Constituição Democrática, como a
brasileira, figura, entre os direitos do homem, a garantia
fundamental de que “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”
(CF, art. 5º, II).
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PRINCÍPIOS
Princípio da Legalidade
É nisso que consiste o princípio da legalidade, que vale
para limitar o exercício do poder público, em qualquer
terreno de atuação, e assegurar a todos “a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade” (CF, art. 5º,
caput).
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PRINCÍPIOS
Princípio da Legalidade
No direito processual, o princípio da legalidade encontra
adoção expressa no art. 8º do Código de Processo Civil,
ao atribuir ao juiz o dever de “aplicar o ordenamento
jurídico”, deixando expresso que a atuação do Poder
Judiciário, no desempenho da função jurisdicional, tem
de observar o princípio da legalidade, tal como prevê o
art. 37, caput, da Constituição. 10
PRINCÍPIOS
Princípio da Legalidade
A lei a que as partes se submetem (CF, art. 5º, II), e que
ao juiz compete aplicar na composição dos litígios, não
se confunde com lei em sentido estrito, isto é, com o
texto normativo oriundo do Poder Legislativo sob o
rótulo de lei. O ordenamento jurídico referido pelo art. 8º
do NCPC compreende a lei e todo e qualquer
provimento normativo legitimamente editado pelo Poder
Público. Compreende, outrossim, além das regras, os
princípios gerais, mormente os constitucionais. 11
PRINCÍPIOS
Princípio Lógico
O princípio lógico é aquele que impõe aos atos e decisões
das autoridades públicas uma sustentação racional, de
modo que, ao aplicar a lei, sempre delibere dentro da
racionalidade. No processo, o princípio lógico se cumpre
por meio da exigência de serem as decisões judiciais
obrigatoriamente fundamentadas, sob pena de nulidade
(CF, art. 93, IX).
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PRINCÍPIOS
Princípio Dialético
O princípio dialético consiste na observância pelo jurista e
pelo operador do direito de critérios lógicos que não são
aqueles próprios das ciências exatas. Nas ciências
humanas e, particularmente no Direito, a lógica é a da
razoabilidade, que se apura por meio do debate e da
argumentação em torno da melhor e mais adequada
interpretação das normas presentes no ordenamento
jurídico.
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PRINCÍPIOS
Princípio Político
O princípio político retrata-se na sujeição do juiz ao dever
de dar efetivo cumprimento, por seus atos decisórios, às
normas, princípios e valores com que a Constituição
organiza, soberanamente, o Estado Democrático de Direito.
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PRINCÍPIOS
Princípio Político
A sentença não pode representar apenas a aplicação das
leis vigentes; tem, acima de tudo, de fazer efetivos os
direitos e princípios fundamentais, otimizando os critérios
de interpretação e aplicação do direito, de modo a tornar o
processo não apenas um instrumento de aplicação
concreta das leis, mas, sim, de realização da justiça
prometida e assegurada pela Constituição.
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PRINCÍPIOS
Princípios informativos e normas fundamentais do processo
Vários são os princípios consagrados na doutrina processual.
Alguns decorrem da construção histórica da própria função
jurisdicional, outros se acham transformados em normas do
direito positivo, qualificadas como fundamentais ao processo.
Entre os princípios universais, merecem destaque:
a) o princípio do devido processo legal;
b) o princípio da verdade real;
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PRINCÍPIOS
Princípios informativos e normas fundamentais do processo
c) o princípio do duplo grau de jurisdição;
d) o princípio da oralidade;
e) o princípio da economia processual;
f) o princípio da eventualidade e da preclusão.
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PRINCÍPIOS
Princípios informativos e normas fundamentais do processo
Pelo novo Código de Processo Civil, por outro lado, adquiriram o
caráter de normas fundamentais vários princípios consagrados
como inerentes ao processo democrático de nosso tempo, entre
eles, o inquisitivo e o dispositivo, a demanda, o contraditório, a
boa-fé objetiva, a legalidade, o acesso à justiça, a publicidade, a
isonomia, a duração razoável do processo, bem como todos os
que a Constituição manda aplicar aos serviços públicos em geral.
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PRINCÍPIOS
Princípio do devido processo legal
Jurisdição e processo são dois institutos indissociáveis. O direito à
jurisdição é, também, o direito ao processo como meio
indispensável à realização da Justiça. A Constituição, por isso,
assegura aos cidadãos o direito ao processo como uma das
garantias individuais (art. 5º, XXXV).
A justa composição da lide só pode ser alcançada quando
prestada a tutela jurisdicional dentro das normas processuais
traçadas pelo Direito Processual Civil, das quais não é dado ao
Estado declinar perante nenhuma causa (CF, art. 5º, LIV e LV). 19
PRINCÍPIOS
Princípio do devido processo legal
A garantia do devido processo legal, porém, não se exaure na
observância das formas da lei para a tramitação das causas em
juízo. Compreende algumas categorias fundamentais, como a
garantia do juiz natural (CF, art. 5º, XXXVII) e do juiz competente
(CF, art. 5º, LIII), a garantia de acesso à Justiça (CF, art. 5º, XXXV),
de ampla defesa e contraditório (CF, art. 5º, LV) e, ainda, a de
fundamentação de todas as decisões judiciais (art. 93, IX).
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PRINCÍPIOS
Processo legal e processo justo
O moderno processo justo traz em seu bojo significativa carga
ética, tanto na regulação procedimental como na formulação
substancial dos provimentos decisórios.
É importante, todavia, não se afastar do jurídico, para
indevidamente fazer sobrepujar o ético como regra suprema e,
portanto, capaz de anular o direito positivo. Moral e direito
coexistem no terreno da normatização da conduta em sociedade,
mas não se confundem, nem se anulam reciprocamente, cada
qual tem sua natureza, seu método e seu campo de incidência.21
PRINCÍPIOS
Processo legal e processo justo
A moral se volta acima de tudo para o aperfeiçoamento íntimo
da pessoa e se sujeita a sanções também íntimas e pessoais, que,
todavia, não se revestem da imperatividade própria da lei
jurídica. Ao contrário da moral, a regra de direito éobjetivamente
traçada por órgão político, no exercício de atividade soberana. A
transgressão de seus preceitos implica censura do poder estatal,
manifestada por meio de sanções típicas do caráter coercitivo das
regras jurídicas.
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PRINCÍPIOS
Processo legal e processo justo
Nessa ordem de ideias, o processo, para ser justo, nos moldes
constitucionais do Estado Democrático de Direito, terá de
consagrar, no plano procedimental:
a) o direito de acesso à Justiça;
b) o direito de defesa;
c) o contraditório e a paridade de armas (processuais) entre as
partes;
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PRINCÍPIOS
Processo legal e processo justo
d) a independência e a imparcialidade do juiz;
e) a obrigatoriedade da motivação dos provimentos judiciais
decisórios;
f) a garantia de uma duração razoável, que proporcione uma
tempestiva tutela jurisdicional.
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PRINCÍPIOS
Princípio da verdade real
O processo evoluiu do conceito privatístico que o primitivo
direito romano forjara (ordo iudiciorum privatorum) para um
caráter acentuadamente publicístico. A função da jurisdição
deixou de ser apenas a de propiciar instrumentos aos litigantes
para solução de seus conflitos, passando a desempenhar
relevante missão de ordem pública na pacificação social sob o
império da lei.
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PRINCÍPIOS
Princípio da verdade real
Nesse processo moderno, o interesse em jogo é tanto das partes
como do juiz, e da sociedade em cujo nome atua. Todos agem,
assim, em direção ao escopo de cumprir os desígnios máximos da
pacificação social. A eliminação dos litígios, de maneira legal e
justa, é do interesse tanto dos litigantes como de toda a
comunidade.
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PRINCÍPIOS
Princípio da verdade real
O juiz, operando pela sociedade como um todo, tem até mesmo
interesse público maior na boa atuação jurisdicional e na justiça e
efetividade do provimento com que se compõe o litígio. Sob esse
aspecto é que, consoante bem assinalou Rui Portanova, “a
adoção plena no processo civil do princípio da verdade real é
uma consequência natural da modernidade publicística do
processo”.
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PRINCÍPIOS
Princípio da verdade real
Embora a verdade real, em sua substância absoluta, seja um ideal
inatingível pelo conhecimento limitado do homem, o
compromisso com sua ampla busca é o farol que, no processo,
estimula a superação das deficiências do sistema procedimental.
E é, com o espírito de servir à causa da verdade, que o juiz
contemporâneo assumiu o comando oficial do processo
integrado nas garantias fundamentais do Estado Democrático e
Social de Direito.
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PRINCÍPIOS
Princípio da verdade real
A formação do convencimento, nos termos do art. 371, fica
limitada ao juiz, para garantia das partes, em dois sentidos:
a) sua conclusão deverá basear-se apenas “na prova constante
dos autos”; e
b) a sentença necessariamente deverá conter “as razões da
formação de seu convencimento”.
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PRINCÍPIOS
Princípio da verdade real
Deve-se lembrar que o Código de Processo Civil admite, em
várias hipóteses, a presunção de veracidade de fatos que não
chegam a ser objeto de prova (arts. 341,35 344,36 374, IV, 37 do
NCPC, art. 750 do CPC/1973, em vigor em razão dos arts. 1.052,
30738 do NCPC etc.)
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PRINCÍPIOS
Princípio da recorribilidade e do duplo grau de jurisdição
Todo ato do juiz que possa prejudicar um direito ou um interesse
da parte deve ser recorrível, como meio de evitar ou emendar os
erros e as falhas que são inerentes aos julgamentos humanos.
Os recursos, todavia, devem acomodar-se às formas e às
oportunidades previstas em lei, para não tumultuar o processo e
frustrar o objetivo da tutela jurisdicional em manobras
caprichosas e de má-fé.
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PRINCÍPIOS
Princípio da recorribilidade e do duplo grau de jurisdição
Não basta, porém, assegurar o direito de recurso, se outro órgão
não se encarregasse da revisão do decisório impugnado. Assim,
para completar o princípio da recorribilidade existe, também, o
princípio da dualidade de instâncias ou do duplo grau de
jurisdição.
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PRINCÍPIOS
Princípio da oralidade
A discussão oral da causa em audiência é tida como fator
importantíssimo para concentrar a instrução e o julgamento no
menor número possível de atos processuais.
Os elementos que caracterizam o processo oral em sua pureza
conceitual são:
a) a identidade da pessoa física do juiz, de modo que este dirija o
processo desde o seu início até o julgamento;
b) a concentração, isto é, que em uma ou em poucas audiências
próximas se realize a produção das provas e o julgamento da
causa; 33
PRINCÍPIOS
Princípio da oralidade
Quanto à irrecorribilidade das decisões interlocutórias, a
orientação do Código foi totalmente contrária ao princípio da
oralidade pura, pois admite o agravo de grande número de
decisões proferidas ao longo do curso do processo (art. 1.015),
muito embora sem efeito suspensivo (art. 995).
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PRINCÍPIOS
Princípio da economia processual
O processo civil deve-se inspirar no ideal de propiciar às partes
uma Justiça barata e rápida, do que se extrai a regra básica de
que “deve tratar-se de obter o maior resultado com o mínimo de
emprego de atividade processual”.
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PRINCÍPIOS
Princípio da duração razoável do processo
Diante da evidência do mal causado pela morosidade dos
processos, a Emenda Constitucional nº 45, de 30.12.2004, incluiu
mais um inciso no elenco dos direitos fundamentais (CF, art. 5º):
o de nº LXXVIII, segundo o qual, “a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” .
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PRINCÍPIOS
Princípio da eventualidade ou da preclusão
O processo deve ser dividido numa série de fases ou momentos,
formando compartimentos estanques, entre os quais se reparte o
exercício das atividades tanto das partes como do juiz.
Dessa forma, cada fase prepara a seguinte e, uma vez passada à
próxima, não mais é dado retornar à anterior. Assim, o processo
caminha sempre para a frente, rumo à solução de mérito, sem
dar ensejo a manobras de má-fé de litigantes inescrupulosos ou
maliciosos. 37
PRINCÍPIOS
Princípio da eventualidade ou da preclusão
Pelo princípio da eventualidade ou da preclusão, cada faculdade
processual deve ser exercitada dentro da fase adequada, sob
pena de se perder a oportunidade de praticar o ato respectivo.
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PRINCÍPIOS
Tradicionalmente, o processo civil costuma ser dividido em
quatro fases:
a) a postulação = pedido do autor e resposta do réu;
b) o saneamento = solução das questões meramente processuais 
ou formais para preparar o ingresso na fase de apreciação do 
mérito;
c) a instrução = coleta dos elementos de prova; e
d) o julgamento = solução do mérito da causa (sentença).
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