Buscar

Breve História das Políticas de Saúde no Brasil

Prévia do material em texto

1
ORGANIZAÇÃO E POLÍTICAS DE SAÚDE (OPS)
AULA 3
Profª. Rafaelle Queiroz
 Breve história das políticas de saúde no Brasil. O movimento da reforma sanitária. 
1
Breve história das políticas de saúde no Brasil
Período Colonial/Imperial (1500 a 1889);
Período da Republica Velha (1889 a 1930);
A Revolta da Vacina;
Era Vargas (1930 a 1945);
Regime Militar (INPS, INAMPS, CONASP).
2
Período Colonial/Imperial (1500 a 1889)
Perfil epidemiológico 
•Doenças “pestilenciais” (cólera, peste, varíola, febre-amarela...) 
Cenário Político e econômico 
•País agrário extrativista 
Organização da saúde 
Não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde; 
Boticários; 
Curandeiros; 
Medicina liberal. 
3
4
Chegada da Família Real Portuguesa – 1808
 
•Saneamento da capital; 
•Controle de navios, saúde de portos; 
•Novas estradas; 
CONTROLE SANITÁRIO MÍNIMO 
Período da Republica Velha (1889 a 1930).
Perfil Epidemiológico 
# predomínio das doenças transmissíveis: 
•Febre amarela 
•Varíola 
•Tuberculose 
•Sífilis 
•Endemias rurais. 
5
Cenário Político e Econômico
– Instalação do capitalismo no Brasil → excedente econômico → primeiras indústrias → investimento estrangeiro. 
6
Cenário Político e Econômico
Os lucros produzidos pelo café foram parcialmente aplicados nas cidades. Isso favoreceu a industrialização, a expansão das atividades comerciais e o aumento acelerado da população urbana, engrossada pela chegada dos imigrantes desde o final do século XIX.
Precárias condições de trabalho e de vida das populações urbanas;
-Os operários na época não tinham quaisquer garantias trabalhistas, tais como: férias, jornada de trabalho definida, pensão ou aposentadoria. 
7
Cenário Político e Econômico
Surgimento de movimentos operários (duas greves gerais no país ,uma em 1917 e outra em 1919) que resultaram em embriões de legislação trabalhista e previdenciária.
LEI ELOY CHAVES (1923) 
•Organização das CAP’s (Caixas de Aposentadorias e Pensões) 
•Benefício apenas para trabalhadores urbanos → mais tarde cria-se o FUNRURAL (1960), para trabalhadores rurais 
•Marco inicial da Previdência Social no Brasil. 
8
Características das CAP’s 
•Por instituição ou empresa; 
•Financiamento e gestão: Trabalhador e Empregador; 
•Aposentadoria, pensão e assistência médica. 
9
Organização do Setor Saúde 
# Acesso da população: medicina liberal e hospitais filantrópicos; 
# IDEOLOGIA LIBERAL: o Estado deveria atuar somente naquilo que o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não pudesse fazê-lo. 
•Interesses e financiamento pelos grandes latifundiários, com o foco nas capitais. 
•Fiscalização mais efetiva para evitar doenças infecto contagiosa. 
•Construção do processo de hegemonização ao trato da doença e cura(médicos institucionalizados). 
10
Organização do Setor Saúde 
•# 1892 – Criação de laboratórios: Bacteriológico Vacinogênico e de Análises Clínicas e Farmacêuticas. Ampliados logo depois, transformaram-se, respectivamente, nos institutos Butantã, biológico e bacteriológico (Adolfo Lutz). 
•1899 – Instituto Soroterápico de Manguinhos 
•1903 – Contratação de pesquisadores estrangeiros. 
•1908 – Instituo Oswaldo Cruz. 
11
Organização do Setor Saúde 
Modelo do sanitarismo campanhista- fiscal e policial (os fins justificam os meios, o uso da força e da autoridade eram considerados os instrumentos preferenciais de ação.”) → desde o final do século XIX até 1960 
Oswaldo Cruz, cria a Lei Federal nº 1261/ out, 1904, que instituiu a vacinação anti-varíola obrigatória para todo o território nacional → onda de insatisfação 
 A REVOLTA DA VACINA 
"A Revolta da Vacina" da TV Senado, disponível no
link https://www.youtube.com/watch?v=6i6v9f_aWjg
12
Dicotomia da saúde no Brasil 
•Saúde Pública: prevenção e controle das doenças - coletiva; 
•Previdência Social: medicina individual (assistência) - exclusiva. 
Era Vargas (1930 a 1964)
Base Eugênica 
•Fascismo: Doutrina política e corrente ideológica que defendem a criação de um regime ditatorial e antidemocrático baseado na supremacia do Estado sobre a sociedade. 
•Benito Mussolini instaurou o regime fascista na Itália 1922. 
•Ariano: Raça superior 
•Nazismo: Hitler 1933. 
13
14
Perfil Epidemiológico 
# Predomínio das doenças da pobreza e aparecimento das doenças da modernidade. 
# Início da transição demográfica: envelhecimento da população.
Fracionamento da assistência
•Medicina liberal 
•Hospital beneficente ou filantrópico 
•Hospital lucrativo (empresas médicas). 
15
Organização do Setor Saúde 
•Criação do Ministério da educação e saúde 
•Compromisso de zelar pelo bem-estar sanitário da população. 
•Centralização da Saúde. 
•1943, criada a CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. Assistência médica, licença remunerada, gestante trabalhadora e a jornada de trabalho de oito horas.
16
Criação dos IAP’s (Institutos de Aposentadorias e Pensões)
• Por categorias: marítimos (IAPM), comerciários (IAPC), bancários (IAPB), transportes e cargas (IAPETEC), servidores do estado (IPASE); 
– Financiamento: 3 entes (Estado, empregado e empregadores); 
– Gerência: indicado pelo Estado; 
- Aposentadoria, pensão e assistência médica.
17
AUTORITARISMO (1964 – 1984)
Perfil Epidemiológico
Condições de saúde continuam críticas: aumento da mortalidade infantil, tuberculose, malária, Chagas, acidentes de trabalho, etc. 
Predomínio das doenças da modernidade.
18
GOLPE MILITAR EM 1964
# Regime autoritário (21 anos); 
# Governo autoritário e centralizador; 
# Urbanização e industrialização crescentes; 
# Milagre Brasileiro (1968-73); 
•# Promoveu a unificação dos IAP’s em 1966 → INPS (Instituto Nacional de Previdência Social): reunindo os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões, o Serviço de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência (SAMDU) e a Superintendência dos Serviços de Reabilitação da Previdência Social. 
19
# 1972 = previdência para autônomos e empregadas domésticas; 
# 1973 = previdência para trabalhadores rurais → FUNRURAL 
# 1974 = criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS):
# 1974=Plano de Pronta Ação (PPA) Ampliação do atendimento de emergência/urgência a toda a população nas clínicas e hospitais da previdência. 
# 1977 = criação do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social):
# Fortalecimento da relação Estado e segmento privado → Privatização das ações curativas → pagamento por quantidade de atos médicos; 
# Quase inexistia controle ou regulação → “cheque em branco”.
20
21
A saúde nos anos 80 e 90
•Falência do regime militar (inflação); 
•Crise econômica; 
•Surtos de cólera e Dengue e altos índices de pessoas atingidas por tuberculose, doença de Chagas e doenças mentais, confirmando a permanência história do trágico estado da saúde popular. 
→Na década de 80, os projetos identificados pelas siglas PREV-SAÚDE, CONASP e AIS mantiveram sempre a mesma proposta: reorganizar de forma racional as atividades de proteção e tratamento da saúde individual e coletiva, evitar as fraudes e lutar contra o monopólio das empresas particulares de saúde.
22
# FIGUEREDO 
Programa nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE): 
•iniciativa de reorganização do Sistema de saúde (maior integração dos dois ministérios e secretarias estaduais e municipais de saúde); 
•diretrizes que reforçavam a atenção primária da saúde; 
•participação da comunidade; 
•regionalização e hierarquização dos serviços; 
•referência e contra-referência; 
•integração de ações curativas e preventivas. 
23
CONASP - Conselho Consultivo de Administração Previdenciária
É criado em função da necessidade de revisão das formas de organização da assistência médica previdenciária diante do imperativo da contenção das despesas da previdência social com a assistência médica, numa conjuntura de aguda crise financeira do sistema previdenciário.
24
AIS(AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE) – 1982
– Repasse dos recursos do INAMPS para as Secretarias Estaduais de Saúde (para expansão da rede de saúde); 
– Tentativa incipiente de descentralização do poder; 
– Gestão ainda no nível federal. 
– Amplia as ações de assistência (serviços previdenciários) para a POPULAÇÃO NÃO CONTRIBUINTE. 
25
NOVA REPÚBLICA (1985 – 1988)
Perfil Epidemiológico 
 Queda da mortalidade infantil e doenças imunopreviníveis; 
 Manutenção das doenças da modernidade (aumento das causas externas); 
 Crescimento da AIDS; 
 Epidemias de dengue (vários municípios e inclusive capitais). 
O Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira
Organizado solidamente desde meados dos anos 70;
Participação de intelectuais, profissionais dos sistemas de saúde, parcela da burocracia e organizações populares e sindicais.
Luta pela garantia do direito universal à saúde e construção de um sistema único e estatal de serviços.
27
O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA
Difusão da proposta da Reforma Sanitária:
•Conceito ampliado de saúde; 
•Reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado; 
•Criação do Sistema única de Saúde (SUS); 
•Participação popular (controle social); 
•Constituição e ampliação do orçamento social. 
28
O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA
VIII Conferência Nacional da Saúde – 1986
AIS → SUDS (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde) - 1987 
•“Estratégia ponte” para instalação do SUS; 
•Apresentava certos avanços organizativos: superava a compra de serviços ao setor privado; 
•Os repasses eram feitos com base na Programação Orçamentária Integrada (POI); 
29
O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA
SUDS - 1987 
•Criaram-se os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde; 
•Descentralização: “ESTADUALIZAÇÃO” – poder político aos estados; 
•Tudo que era do antigo INAMPS passa agora à Secretaria Estadual de Saúde; 
•Os investimentos começaram a ser direcionado ao setor público e não mais ao privado: 
- 1980: público absorvia apenas 28,7%; 
- 1987: público absorveu 54,1%.
30
O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (1988) – “Constituição cidadã”: 
• Saúde como direito de todos e dever do Estado; 
• Ampliação do conceito de saúde; 
• Cria o SUS. 
31
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
 
De concreto houve apenas a integração, mesmo que imperfeita, dos serviços mantidos pelo Estado, sem a participação das empresas particulares. Surgiu assim o Sistema Unificado de Saúde (SUS), encarregado de organizar, no plano regional, as ações do Ministério da Saúde, do INAMPS e dos serviços de saúde estaduais e municipais. 
32
Mas os Problemas Permanecem... 
•Desigualdade social; 
•Desigualdade regional; 
•Subnutrição e falta de saneamento; 
•Ainda assistimos a um processo que se perpetua pela falta de efetividade e não de idéias. No Brasil, enquanto perpetuar o modelo de apropriação do “homem pelo homem” o acesso a saúde ainda é uma utopia. 
33
Saúde a Partir do Ano 2000
 
•É preciso ressaltar que a proteção a saúde depende sobretudo das decisões políticas. É a participação da sociedade o elemento mais importante para garantira a melhoria da saúde no país, através da concretização das intenções que por enquanto são apenas propostas. Somando esses fatores, talvez ainda seja possível que, até o ano 200, o Brasil cumpra uma parcela importante do compromisso selado com OMS (FILHO,1995). 
34
Antes da sala de aula: Os alunos devem ler o texto A Reforma Sanitária Brasileira,
e assistir ao vídeo intitulado: "Oitava: a conferência que auscultou o Brasil",
ambos disponíveis na SAVA. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=uWjYH5CSgv8
Após a sala de aula: Os alunos devem realizar uma síntese do Relatório final da Oitava
Conferência Nacional de Saúde, 1986, também disponível na SAVA.
A síntese deve ser entregue 
35

Continue navegando