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03/09/2018 1 Prof. Daniela Barbieri Hauschild 27 de agosto de 2018 Doenças cardiovasculares Curso de Nutrição Unidade São José DISCIPLINA FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA II Plano Programático Contextualização Dislipidemia e aterosclerose Hipertensão arterial Síndrome metabólica Infarto Agudo do Miocárdio e angina Acidente vascular cerebral Insuficiência cardíaca Fisiopatologia e Dietoterapia 2 Doenças Cardiovasculares INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Infarto agudo do miocárdio Anderson; Morrow (2017); Pesaro et al (2004) Definição Evento de necrose miocárdica causada por uma síndrome isquêmica instável Morte de cardiomiócitos causada por isquemia prolongada Foco de necrose do tecido cardíaco em consequência de baixa perfusão tecidual • Infarto Transmural: obstrução arterial promove necrose de toda a região por ele irrigada. • Infarto Não-transmural: necrose envolve o subendocárdio, miocárdio intramural ou ambos, sem afetar toda a espessura da parede ventricular. Infarto agudo do miocárdio Anderson; Morrow (2017) Diagnóstico e avaliação clínica • Avaliação clínica: Desconforto torácico típico de tipo-isquêmico ou dispneia, náusea, fraqueza não explicada ou uma combinação Pelo menos 20% dos casos de IAM são silenciosos (assintomáticos) e/ou atípicos (com esses sintomas, sem dor significativa). IAM: sinais de atividade simpática – taquicardia e hipertensão IAM: sinais de atividade parassimpática – bradicardia e hipotensão • Ecocardiograma (ECG) • Testes bioquímicos: Creatinoquinase MB (CK-MB) Troponina. Infarto agudo do miocárdio Anderson; Morrow (2017) 03/09/2018 2 Infarto agudo do miocárdio Fisiopatologia Anderson; Morrow (2017) Infarto agudo do miocárdio Fisiopatologia Infarto agudo do miocárdio Fisiopatologia Infarto agudo do miocárdio Fisiopatologia Infarto agudo do miocárdio Referencia Tratamento • Imediato: O tratamento imediato inclui oxigênio, antianginosos, drogas antiplaquetárias e anticoagulantes. • Depois da recuperação, iniciar ou continuar as drogas antiplaquetárias, betabloqueadores, inibidores de ECA e estatinas. • Repouso alimentar nas primeiras 4 a 12 horas Em caso de pacientes hemodinamicamente estáveis, porém com incapacidade de se alimentar por via oral, instituir suporte nutricional por via enteral utilizando baixa velocidade de infusão e fórmulas apropriadas para o quadro clínico/metabólico • Consistência líquida e/ou pastosa • Evitar temperaturas extremas • Pequenos volumes Infarto agudo do miocárdio Terapia Nutricional 03/09/2018 3 • Considerar: Vômitos e náuseas freqüentes nas primeiras 24 horas após IAM Necessidade de repouso absoluto em leito no primeiro dia após o evento e repouso relativo durante os dois a três dias após o evento Infarto agudo do miocárdio Terapia Nutricional Infarto agudo do miocárdio Diretriz da sociedade brasileira de cardiologia sobre tratamento do IAM com supradesnível do segmento ST, 2015 Terapia Nutricional • Recomenda-se a dieta da American Heart Association para prevenção após-IAM: Ingestão reduzida de gorduras saturadas e colesterol; Opções de terapêutica dietética para melhorar redução de LDL (esteróis [2 g/dia] e aumento de fibra solúvel [10-25 g/dia]); Redução de peso; Aumento de atividade física regular; Restrição calórica variável (de acordo com o IMC) -> ajustada para perda de 7 a 10% do peso, de 6 a 12 meses. Infarto agudo do miocárdio Diretriz da sociedade brasileira de cardiologia sobre tratamento do IAM com supradesnível do segmento ST, 2015 Terapia Nutricional IMC (kg/m2) Redução kcal/dia Possível perda de peso semanal (g) 25 a 27 500-1.000 454 a 908,4 >27 1.000-1.500 908,4 a 1.806,8 Tabela - Valores energéticos para perda de peso, de acordo com o IMC. Infarto agudo do miocárdio Diretriz da sociedade brasileira de cardiologia sobre tratamento do IAM com supradesnível do segmento ST, 2015 Terapia Nutricional Tabela - Recomendação de macronutrientes Componente Recomendação Gorduras 25-35% VET* saturadas <7% VET monoinsaturadas até 20% VET poli-insaturadas até 10% VET Proteínas ± 15% VET Carboidratos 60-50% VET* Fibras 20-30 g/dia Colesterol dietético <200 mg/dia Infarto agudo do miocárdio Angina • Síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto em tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores, desencadeada ou agravada com atividade física ou estresse emocional, com duração de 30” a 15’, atenuada pelo repouso e/ou nitrato, cujas características não se alteram no período de 2 meses Infarto agudo do miocárdio 03/09/2018 4 Infarto agudo do miocárdio Angina • Estável • Instável: relacionada ao infarto agudo do miocárdio • Tratamento: Recomenda-se repouso Evitar o stress Refeições pouco volumosas, que não demandem muito esforço digestivo Acidente vascular cerebral Acidente vascular cerebral Definição • Sinônimo = Acidente vascular encefálico (AVE) • Principal causa de incapacidade no mundo: ~70% não retorna ao trabalho após um AVC e 50% ficam dependentes de outras pessoas • AVC vem crescendo cada vez mais entre os jovens: 10% com menos de 55 anos • Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization) prevê que uma a cada seis pessoas no mundo terá um AVC ao longo de sua vida. Sociedade brasileira de doenças cerebrovasculares Acidente vascular cerebral Definição • Desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios focais e/ou globais da função cerebral, com sintomas de duração igual ou superior a 24 horas, de origem vascular, provocando alterações nos planos cognitivo e sensório--motor, de acordo com a área e a extensão da lesão • AVC isquêmico: obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral causando falta de circulação no seu território vascular 85% dos casos • AVC hemorrágico: causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravazamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóide) principal fatorde risco: hipertensão arterial Sociedade brasileira de doenças cerebrovasculares; Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com AVC (2013) Acidente vascular cerebral Definição Sociedade brasileira de doenças cerebrovasculares Acidente vascular cerebral Definição: isquêmico 03/09/2018 5 Acidente vascular cerebral Definição: hemorrágico Subtipode AVC de pior prognóstico Acidente vascular cerebral Manifestações clínicas Acidente vascular cerebral Manifestações clínicas • Início súbito de qualquer dos sintomas abaixo: Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo Confusão, alteração da fala ou compreensão Alteração na visão (em um ou ambos os olhos) Alteração do equilíbrio, coordenação , tontura ou alteração no andar Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente Sociedade brasileira de doenças cerebrovasculares Tratamento: meta dos 30 minutos Acidente vascular cerebral Tratamento • Atendimento inicial • Tratamento clínico • Tratamento cirúrgico • Cuidados intensivos • Complicações • Reabilitação e prevenção secundária Sociedade brasileira de doenças cerebrovasculares Acidente vascular cerebral Tratamento: isquêmico • Início entre seis e 24 horas do início dos sintomas • Trombólise Endovenosa: se indicado • Usualmente: mantem-se o paciente em jejum por 24 horas pelo risco de hemorragia e necessidade de intervenção cirúrgica de urgência • Após as 24 horas do tratamento trombolítico, o tratamento do AVCsegue as mesmas orientações do paciente que não recebeu trombólise, isto é, antiagregante plaquetário ou anticoagulação. Ministério da Saúde. Manual de rotinas para atenção ao AVC. 2013 Acidente vascular cerebral Tratamento: hemorrágico Sociedade brasileira de doenças cerebrovasculares 03/09/2018 6 Acidente vascular cerebral Terapia nutricional • Prevenção primária: modificações de estilo de vida • Desnutrição é considerada mau prognóstico: esforços devem ser dirigidos para manutenção e/ou recuperação do estado nutricional • Dificuldade de alimentação são determinados pela extensão do acidente vascular disfagia é um preditor de mortalidade • Suplementação oral e/ou nutrição enteral pode ser necessária temporariamente até a recuperação das funções da deglutição Acidente vascular cerebral Terapia nutricional • Disfagia: distúrbio transitório ou persistente de deglutição • Sinais sugestivos de disfagia: perda de peso, modificações no tipo de dieta utilizada, ingestão de menor quantidade de alimento, aumento do tempo gasto nas refeições, diminuição do prazer de se alimentar e isolamento social • Plano nutricional: objetivo de reduzir os fatores de risco para um novo evento Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com AVC (2013) Acidente vascular cerebral Terapia nutricional: disfagia • Consistência dos alimentos deve ser adaptada à tolerância e aceitação do paciente parecer do fonoaudiólogo • Espessastes alimentares podem ser utilizados: são capazes de conferir aos alimentos diferentes consistências (néctar, mel, pudim) • Orientações: • Adicionar espessantes • Preferir consistência pastosa • Fracionar em 6x/dia • Administrar água em pequenos goles, com uma colher, para evitar a bronco aspiração • Evitar alimentos com textura seca Waitzberg et al. (2013) Acidente vascular cerebral Terapia nutricional: disfagia • Aumentar o aporte energético: Adicionar leite ou creme de leite em sopas, purês e mingau Adicionar leite em pó no leite, iogurte, sopas, purê, pudim • Para engrossar: Espessantes comerciais Fécula de batata, batata amassada Flocos de cereais, como milho, arroz, aveia, maisena Bater frutas em consistência de purê Waitzberg et al. (2013) Acidente vascular cerebral Terapia nutricional: disfagia • Para engrossar: Waitzberg et al. (2013) Ingredientes (g) Néctar (1-2%) Mel (3-4%) Pudim (5-7%) Maisena 2-4 6 10-14 Farinha de aveia 2-4 6 10-14 Fubá 2-4 6 1-14 Acidente vascular cerebral Terapia nutricional: disfagia 03/09/2018 7 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Insuficiência cardíaca Costa; Nasakato; Vieira (2009) Definição • Síndrome clínica caracterizada pela falência da função cardíaca e congestão circulatória, devido ao desenvolvimento ou progressão do remodelamento do ventrículo • Incapacidade do coração em ejetar quantidade suficiente de sangue para atender às necessidades metabólicas dos diferentes tecidos • Síndrome clínica em que a anormalidade estrutural ou funcional torna o coração incapaz de bombear o sangue em quantidades proporcionais às necessidades do organismo Insuficiência cardíaca Epidemiologia • Problemas de saúde pública devido alta prevalência e mortalidade altos custos • Países desenvolvidos – prevalência de 1 a 2% • Brasil – poucos dados, mas estima-se que a prevalência deva multiplicar até 2025 Costa; Nasakato; Vieira (2009) Insuficiência cardíaca Etiologia • Principal fator de risco: doença isquêmica do coração • Hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, fumo e obesidade • Doença de Chagas • Doença reumática Costa; Nasakato; Vieira (2009) Insuficiência cardíaca Fisiopatologia Insuficiência cardíaca Moreira (2007) Fisiopatologia 03/09/2018 8 Insuficiência cardíaca Fisiopatologia Insuficiência cardíaca congestiva (ICC): É a incapacidade do coração de bombear sangue suficiente para satisfazer às necessidades de oxigênio e nutrientes por parte dos tecidos. Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Congestiva Insuficiência cardíaca Fisiopatologia Lado direito II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda 2009/2011 DIREITO ESQUERDO EDEMA Insuficiência cardíaca Fisiopatologia Lado esquerdo II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda 2009/2011 EDEMA DE PULMÃO DIREITO ESQUERDO Insuficiência cardíaca Classificação • Aguda: início rápido ou mudança clínica dos sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, resultando na necessidade urgente de terapia. Pode ser uma condição nova ou devido à piora de uma IC pré-existente (IC crônica descompensada) • Crônica: final comum da maioria das doenças que acometem o coração, sendo um dos mais importantes desafios clínicos atuais na área da saúde • Diretrizes: II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda 2009/2011 III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica - 2012 Insuficiência cardíaca II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda 2009/2011 Insuficiência Cardíaca Aguda • Pode ser uma condição nova ou devido à piora de uma IC pré- existente (IC crônica descompensada) • Usualmente caracterizada por congestão pulmonar. Em alguns pacientes, no entanto, a apresentação clínica dominante pode ser de baixo débito com hipoperfusão tecidual • Definições: Congestão: acumulação excessiva ou anormal de um fluido Congestão pulmonar: acúmulo de fluido nos pulmões diminuindo a eficiência das trocas gasosas = insuficiência respiratória Perfusão tecidual: produto do fluxo capilar pelo conteúdo de nutrientes e de oxigênio oferecidos aos tecidos depende de fluxo sanguíneo e conteúdo de oxigênio 03/09/2018 9 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Aguda • Lesão inicial no músculo cardíaco perda progressiva de massa muscular ou prejuízo na habilidade de gerar força e manter sua função contrátil • Inicialmente podem ser assintomáticos: mecanismos adaptativos • À longo prazo acontece remodelamento muscular deterioração da disfunção cardíaca Costa; Nasakato; Vieira (2009) Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica • Síndrome clínica complexa de caráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo para atender necessidades metabólicas tissulares, na presença de retorno venoso normal • Brasil: principal etiologia é a cardiopatia isquêmica crônica associada à hipertensão arterial • É a causa mais frequente de internação por doença cardiovascular III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica • Mecanismo responsável pelos sintomas e sinais clínicos pode ser decorrente da disfunção sistólica, diastólica ou de ambas, acometendo um ou ambos os ventrículos III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica • Inapropriada perfusão tecidual • Início: se manifesta durante o exercício, e com a progressão da doença ele diminui no esforço até ser observado sua redução no repouso Débito Cardíaco • Aumento da demanda dos tecidos ou da capacidade de transportar oxigênio • Exemplo: anemia Débito Cardíaco III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica: classificação • Baseado na intensidade de sintomas em 4 classes propostas pela New York Heart Association: • Classe I - ausência de sintomas (dispneia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante à esperada em indivíduos normais; • Classe II - sintomas desencadeados por atividades cotidianas; • Classe III- sintomas desencadeados em atividades menos intensas que as cotidianas ou pequenos esforços; • Classe IV - sintomas em repouso. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica: classificação • Baseado na progressão: Estágio A - Inclui pacientes sob risco de desenvolver insuficiência cardíaca, mas ainda sem doença estrutural perceptível e sem sintomas atribuíveis à insuficiência cardíaca. Estágio B - Pacientes que adquiriram lesão estrutural cardíaca, mas ainda sem sintomas atribuíveis à insuficiência cardíaca. Estágio C - Pacientes com lesão estrutural cardíaca e sintomas atuais ou pregressos de insuficiência cardíaca. Estágio D - Pacientes com sintomas refratários ao tratamento convencional, e que requerem intervenções especializadas ou cuidados paliativos. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 03/09/2018 10 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica: tratamento • Orientação nutricional: parte integrante e indispensável da terapêutica III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Insuficiência Cardíaca Crônica: tratamento • Orientação nutricional: • Maior equilíbrio da doença • Melhora qualidade funcional e de vida • Impacto positivo na morbidade e mortalidade III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Avaliação nutricional Componente essencial na assistência nutricional para estabelecer plano nutricional • Avaliação do consumo alimentar: ingestão de líquidos, energia, macro e micronutrientes • Antropometria: peso, estatura, dobras cutâneas, circunferência muscular do braço Perda > 10% em 6 meses ou %% em 2 semanas: sinal de desnutrição • Bioquímicos: proteínas séricas (albumina), contagem de linfócitos • Subjetivos: parâmetros da ASG Costa; Nasakato; Vieira (2009) Insuficiência cardíaca Avaliação nutricional • Monitoramento do peso: Diário Redução não planejada > 6% em 6 meses caquexia cardíaca Aumento inesperado ≥ 2kg em 3 dias retenção hídrica III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Caquexia cardíaca • Doença inflamatória, diferente da desnutrição – mais difícil de ser revertida • Caracterizada pela perda de massa muscular • Prevalência da caquexia cardíaca varia entre 8 e 42% • Etiologia da caquexia associada à IC é multifatorial e os mecanismos fisiopatológicos subjacentes não estão bem estabelecidos: Redução da ingestão de alimentos, anormalidades gastrointestinais, ativação imunológica e neuro-hormonal, e um desequilíbrio entre os processos anabólicos e catabólicos. Okoshi et al. (2016) Insuficiência cardíaca Caquexia cardíaca • Perda de 5% de perda de peso corporal livre de edema nos 12 meses anteriores (ou um índice de massa corporal < 20 kg/m²) • E, pelo menos, três dos seguintes critérios: Diminuição da força muscular Fadiga Anorexia Baixo índice de massa livre de gordura Aumento dos marcadores inflamatórios [proteína C-reativa, interleucina (IL)-6, anemia (Hb < 12 g/dL) Baixas concentrações de albumina sérica (< 3,2 g/dL) Okoshi et al. (2016) 03/09/2018 11 Insuficiência cardíaca Caquexia cardíaca • Segundo DITEN 2011: “Caquexia cardíaca pode ser sugerida quando da perda de 6% do peso magro (ausência de edema) em seis meses.” DITEN (2011) Caquexia aumenta a mortalidade de pacientes com ICC Insuficiência cardíaca Necessidades nutricionais • Energia: Excesso de energia pode contribuir para progressão da IC por meio da glicotoxicidade e lipotoxicidade Pacientes graves 20 a 25 kcal/kg Pacientes ambulatoriais 25 a 30 kcal/kg Caquexia cardíaca 40 a 45 kcal/kg Pacientes obesos e sobrepeso: atenção com a perda de peso pois podem perdem massa muscular III Diretriz Brasileira de Insuficiência Crônica: Pacientes com estado nutricional adequado: 28kcal/kg de peso Pacientes nutricionalmente depletados: 32kcal/kg de peso Peso do paciente sem edemas Costa; Nasakato; Vieira (2009); III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Necessidades nutricionais • Proteína: 15 a 20% Avaliar se paciente com catabolismo 1,0 a 1,5 g/kg Caquexia 1,5 a 2,0 g/kg • Carboidrato: 50 a 55% - carboidratos integrais com baixa carga glicêmica, evitando os refinados (açúcar) • Lipídeos: 30 a 35% - ênfase às gorduras mono e poli-insaturadas (ômega 3) Costa; Nasakato; Vieira (2009); III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Costa; Nasakato; Vieira (2009); Terapia nutricional Objetivos: • Preservar a composição corporal ou minimizar efeitos do catabolismo • Manter o estado funcional • Atingir as necessidades nutricionais • Reconhecer a caquexia cardíaca • Contribuir para minimizar a descompensação, progressão e internações • Evitar sobrecarga de fluidos e edemas Insuficiência cardíaca Costa; Nasakato; Vieira (2009); Terapia nutricional • Preferencialmente via oral • Consistência: normal a pastosa – avaliar padrão de mastigação e respiração • Fracionamento: maior fracionamento para evitar saciedade precoce e plenitude gástrica Insuficiência cardíaca Terapia nutricional • Sódio: 2 a 3g/dia Atualização de 2012: dieta saudável com adição de até 6 g de sódio, individualizada conforme as características do paciente • Álcool: abstinência • Líquido: restrição irá depender da condição clínica Ingestão usualmente recomendada: 1000 a 1500 mL Pacientes graves: restrição hídrica menor que 1000mL pode ser necessária III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 03/09/2018 12 Insuficiência cardíaca Terapia nutricional • Suplemento nutricional: Pacientes com baixa ingestão alimentar, má absorção, e em estado hipermetabólico Casos de anorexia importante: indicação de nutrição enteral provisória Anticoagulação oral com dicumarínicos (varfarina) devem evitar a variabilidade de ingestão alimentos ricos em vitamina K, a exemplo de folhosos (alface, brócolis, couve, dentre outros). III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 2009 Insuficiência cardíaca Costa; Nasakato; Vieira (2009); Terapia nutricional • Impossibilidade de atingir as necessidades: nutrição enteral • Preferir fórmulas concentradas: 1,5 a 2,0kcal/mL e estrutura polimérica Obrigada! danielahauschild@yahoo.com.br Referências • BERNE, R.M.; LEVY, M.N.; KOEPPEN, B.M.; STANTON, B.A. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2004. • FAUCI, A.S.; BRAUNWALD, E.; KASPER, D.L.; HAUSER, S.L.; LONGO, D.L.; JAMESON, J.L. Harrison: Medicina Interna. 17 ed. Rio de Janeiro: Editora McGraw-Hill, 2008. • MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12 ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2011. • Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 109, n. 2, supl. 1, 2017. • AMERICAN ASSOCIATION OF CLINICAL ENDOCRINOLOGISTS AND AMERICAN COLLEGE OF ENDOCRINOLOGY GUIDELINES FOR MANAGEMENT OF DYSLIPIDEMIA AND PREVENTION OF CARDIOVASCULAR DISEASE, 2017 • Sociedade Brasileira de Cardiologia. 7ª DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIALISSN-0066-782X • Volume 107, Nº 3, Supl. 3, Setembro 2016 • SAAD, M.A.N. et al. Prevalência de Síndrome Metabólica em Idosos e Concordância entre Quatro Critérios Diagnósticos. Arq Bras Cardiol. 2013; [online].ahead print, PP.0-0 • WAIZTBERG, D.L. Nutrição oral, enteral, parenteral na prática clínica? 2009
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