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Resumo de Insuficiencia Cardíaca na Infância

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Insuficiência Cardíaca na Infância 
 
Definição: síndrome clínica na qual o coração se torna incapaz de manter um débito cardíaco suficiente para manter 
uma perfusão adequada dos tecidos e órgãos ou manter um transporte de oxigênio que atenda as necessidades 
metabólicas destes tecidos. 
 
Epidemiologia: a causa mais frequente de insuficiência cardíaca em lactentes e crianças são os defeitos cardíacos 
congênitos. A incidência de cardiopatia congênita na criança é de aproximadamente 0,8/1.000 nascidos vivos e que as 
cardiomiopatias (afecções primárias do miocárdio associadas a disfunção cardíaca), em países desenvolvidos 
apresenta incidência entre 0,8-1,3 caso por 100.000 crianças na faixa etária de 0-18 anos. As cardiomiopatias são a 
principal causa de insuficiência cardíaca, sendo que 60% chegam a necessitar de transplante cardíaco. 
Alguns exemplos desses defeitos congênitos são: 
• Comunicação Interventricular (CIV): consiste na ausência de tecido septal, o qual permite a comunicação entre 
os ventrículos. É a malformação cardíaca congênita mais comum, a frequência desse defeito é de 2-6/1000 
recém-nascidos vivos ou aproximadamente 35%; 
• Comunicação Interatrial (CIA): é uma abertura entre os átrios, que permite a passagem do sangue do átrio 
esquerdo para o átrio direito. Corresponde a cerca de 10-12% de todas as cardiopatias congênitas. Por ser uma 
cardiopatia com hiperfluxo pulmonar, resultante de uma sobrecarga de volume de câmaras direitas, e não de 
pressão, raramente leva a sintomas significativos na faixa etária pediátrica; 
• Persistência do Canal Arterial (PCA): é caracterizada pelo não fechamento do canal arterial após o nascimento. 
Durante a vida fetal, a maior parte do sangue arterial pulmonar é desviada através do canal arterial para a 
aorta, em situações normais, deve ocorrer o fechamento deste canal logo após o nascimento. É um problema 
comum em recém-nascido prematuro. 
• Tetralogia de Fallot: consiste em obstrução do trato da saída do ventrículo direito (estenose pulmonar), 
comunicação interventricular (CIV), dextroposição da aorta com cavalgamento septal e hipertrofia ventricular 
direita. 
No Brasil, é importante ressaltar que a febre reumática representa causa de IC, principalmente em escolares e 
adolescentes. 
 
Quadro Clínico: o primeiro sintoma pode ser simplesmente o cansaço. Com o avanço da doença, pode haver 
dificuldades para respirar durante os esforços, e eventualmente um “encurtamento” da respiração durante o repouso, 
podendo tornar-se ofegante. Pode haver uma tosse crônica devido ao acúmulo de fluidos nos pulmões (congestão 
pulmonar). 
Observa se o aumento do trabalho respiratório levando a taquipneia, nos lactentes observa se dificuldade nas 
mamadas, aumento do trabalho respiratório (uso de musculatura acessória, retrações intercostais, batimentos de 
aletas nasais, gemido e sibilos). Da perfusão sistêmica inadequada (baixo débito cardíaco), taquicardia, perfusão 
periférica lentificada, hepatomegalia, oligúria, edema periférico, alteração do nível de consciência. Pode ocorre 
também intolerância alimentar, vômitos, baixo ganho ponderal, o que pode gerar crescimento inadequado. 
 
Diagnóstico: geralmente, os sintomas costumam ser suficientes para estabelecer o diagnóstico de insuficiência 
cardíaca. Os sintomas seguintes confirmam o diagnóstico inicial: um pulso fraco e muitas vezes rápido, uma pressão 
arterial baixa, certas anomalias nos ruídos cardíacos, um aumento do tamanho do coração, veias do pescoço 
dilatadas, líquido nos pulmões, um fígado aumentado, um rápido aumento de peso e edema no abdômen ou nas 
pernas. A radiografia do tórax pode mostrar a dilatação do coração e a acumulação de líquido nos pulmões. Muitas 
vezes, o funcionamento do coração é avaliado através de exames adicionais, como um ecocardiograma, que utiliza 
ultrassom para fornecer uma imagem do coração e um electrocardiograma, que examina a sua atividade elétrica. 
 
Avaliação Nutricional: 
o Avaliação Antropométrica: os mesmos métodos adotados para crianças sadias podem ser utilizados, porém 
sempre considerando as conseqüências da doença, que podem alterar as correlações entre medidas 
antropométricas. 
o Avaliação clínica: crianças com insuficiência cardíaca são frequentemente desnutridas devido a múltiplos 
fatores, como alterações no trato digestório, como compressão gástrica e congestão hepática, o que 
ocasiona sensação de plenitude pós-prandial; edema de alças intestinais, que leva a uma diminuição da 
capacidade absortiva, além do hipermetabolismo da doença. Esse aumento do metabolismo é decorrente 
ao aumento do gasto energético basal, devido ao maior consumo de oxigênio pelo miocárdio e aumento 
do trabalho respiratório. Em lactentes, a dificuldade de sucção provocada pela dispnéia, fadiga e 
taquicardia contribui para menor aceitação alimentar. 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
Faculdade de Nutrição – Departamento de Nutrição e Dietética. 
Disciplina: Nutrição Clínica Infantil 
Professoras: Rosane Rito e Ana Lúcia Pires Augusto; Monitora: Aléxia Abreu Rodrigues 
o Avaliação bioquímica: Hemograma: hematócrito, hemoglobina e leucócitos; Exame de urina: função renal; 
Gasometria: pode ocorrer acidose metabólica (DC → hipóxia =  ác. lático); Glicemia: pode ocorrer 
hipoglicemia (DC → Glicogênio Hepático). 
 
Tratamento: medicamentoso e/ou cirúrgico. 
 
Tratamento Dietético: 
• Energia: de acordo com a recomendação da FAO/OMS 2004 multiplicados pelo fator injuria compatível, 
levando em consideração a situação clínica e nutricional de cada criança, ou segundo alguns autores de 150 
a 175 Kcal/Kg/dia (KELTZ & JONES); 
• Carboidrato: 35 – 60% do VET; 
• Proteínas: até 4g/kg/dia; 
• Lipídios: 25 - 30% do VET, priorizando o consumo de gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas; 
• Vitaminas e minerais: hipossódica – menos de 2 mEq/kg (prevenção da retenção hídrica), aumento de 
potássio (em torno de 4 mEq/kg ou mais) pela dieta ou se necessário suplementação medicamentosa 
(pacientes que utilizam diuréticos que espoliam o potássio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões – Insuficiência Cardíaca na Infância 
 
1. Assinale a opção correta quanto ao tratamento dietético de crianças com insuficiência cardíaca: 
a) Restringir a alimentos fontes de cálcio e magnésio. 
b) Alimentos fontes de sódio são restritos somente em crianças que apresentam Tetralogia de Fallot. 
c) Restringir o potássio da dieta. 
d) Prevenir a hipopotassemia. 
 
 
2. Assinale a opção que apresenta um fator que contribua para a desnutrição na insuficiência 
cardíaca: 
a) Edema de alças intestinais, pois acarreta saciedade precoce. 
b) Compressão gástrica, porque provoca má absorção. 
c) Dispnéia, pois limita a ingestão alimentar. 
d) Congestão hepática, porque leva à taquicardia. 
 
3. Considerando um lactente com insuficiência cardíaca, assinale as alternativas abaixo envolvidas 
em agravos ao quadro: 
a) Dispnéia durante a amamentação. 
b) Saciedade precoce e redução da capacidade absortiva. 
c) Retenção hídrica e redução da produção de insulina. 
d) Redução da taxa metabólica basal. 
 
a) a e c 
b) a e b 
c) b e c 
d) a e d 
 
4. Em relação ao aporte energético ofertado a crianças com cardiopatias congênitas e desnutrição é 
incorreto afirmar: 
a) Tais crianças são hipometabólicas, por isso deve ser ofertada uma dieta de normo a hipocalórica 
b) Aportes entre 150 e 175 kcal/kg/dia normalmente atendem as necessidades de tais pacientes 
c) As necessidades energéticas podem ser estimadas a partir da FAO 2004 com acréscimo para injúria 
d) Dietas hipercalóricas são utilizadas para minimizar o quadro de desnutrição previamente a tratamento cirúrgico 
 
 
5. A causa mais comum de insuficiência cardíaca na infância relaciona-se à: 
a) Uso precoce de sódio na dieta; 
b) Gestação de mãe diabética; 
c) Malformações anatômicas 
d) Desmameprecoce 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
Faculdade de Nutrição – Departamento de Nutrição e Dietética. 
Disciplina: Nutrição Clínica Infantil 
Professoras: Rosane Rito e Ana Lúcia Pires Augusto; Monitora : Aléxia Abreu Rodrigues