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Centro Universitário Estácio de Santa Catarina Paulo Cesar Martins Penteado 2019 Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 2 Apresentação Esta apostila, longe de ser original, consiste em um apanhado de trechos de autores consagrados, relacionados na Bibliografia Básica e na Bibliografia Complementar, assim como de outras referências, e tem por objetivo dar uma visão geral dos principais tópicos, conceitos e aplicações da teoria a ser desenvolvida durante o semestre e facilitar o estudo do acadêmico. Torna-se importante destacar que a consulta aos livros das Bibliografias é fundamental para o bom andamento e desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para o prosseguimento dos estudos nas disciplinas que se seguirão. As críticas, sugestões e correções dos eventuais erros serão sempre bem-vindas. Paulo Cesar Martins Penteado Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 3 MECÂNICA DOS SÓLIDOS CCE1596 Índice 1. A MECÂNICA DOS SÓLIDOS .... ............................................................................................................. 5 1.1 Contextualização ..................................................................................................................... 5 1.2 Ementa .................................................................................................................................... 5 1.3 Conteúdos ............................................................................................................................... 5 1.4 Bibliografia ............................................................................................................................... 6 2. INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS ............................................................................................ 7 2.1 Definição de Mecânica ............................................................................................................. 7 2.2 Mecânica dos corpos rígidos ..................................................................................................... 7 2.3 O Sistema Internacional de Unidades – Prefixos ....................................................................... 7 2.4 Grandezas físicas fundamentais da Mecânica ......................................................................... 8 2.5 Grandezas escalares ................................................................................................................. 8 2.6 Grandezas vetoriais .................................................................................................................. 8 3. VETOR ................................................................................................................................................... 9 3.1 Operações com vetores ........................................................................................................... 9 3.2 Produto de um número real por um vetor ............................................................................... 9 3.3 Soma de vetores ....................................................................................................................... 9 3.4 Lei dos senos ............................................................................................................................ 10 3.5 Lei dos cossenos ....................................................................................................................... 10 3.6 Componentes ortogonais de um vetor ..................................................................................... 10 3.7 Notação vetorial cartesiana ...................................................................................................... 11 3.8 Produto escalar e produto vetorial ........................................................................................... 11 4. FORÇA ................................................................................................................................................... 12 Exercícios – Série 1..................................................................................................................................... 12 5. FORÇA RESULTANTE .............................................................................................................................. 15 Exercícios – Série 2 ..................................... ............................................................................................. 15 6. MOMENTO DE UMA FORÇA ................................................................................................................. 20 6.1 Definição .................................................................................................................................. 20 6.2 Momento – Formulação escalar ............................................................................................... 20 6.3 Momento – Formulação vetorial .............................................................................................. 20 6.4 Teorema de Varignon ............................................................................................................... 21 6.5 Binário ‒ Momento de um binário .......................................................................................... 21 6.6 Sistema força-binário ............................................................................................................... 22 Exercícios – Série 3 .................................................................................................................................... 22 7. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE ................................................................................................................. 28 8. CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO DO PONTO MATERIAL................................................................................. 28 Exercícios – Série 4 .................................................................................................................................... 28 9. EQUILÍBRIO DOS CORPOS EXTENSOS RÍGIDOS ....................................................................................... 31 9.1 Tipos de apoios e suas reações ................................................................................................. 31 9.2 Condições para o equilíbrio do corpo extenso rígido ................................................................ 32 Exercícios – Série 5 .................................................................................................................................... 32 10. TRELIÇAS PLANAS ISOSTÁTICAS ............................................................................................................ 34 10.1 Projeto de treliças ................................................................................................................... 35 10.2 Elemento de duas forças ........................................................................................................ 35 10.3 Estaticidade das treliças .......................................................................................................... 36 10.4 Método dos nós ..................................................................................................................... 36 Exercícios – Série 6 .................................................................................................................................... 36 10.5 Método das seções ................................................................................................................. 39 Exercícios − Série 7 .....................................................................................................................................39 11. SISTEMA DE FORÇAS DISTRIBUÍDAS .................................................................................................... 41 11.1 Intensidade da força resultante.............................................................................................. 42 11.2 Ponto de aplicação da força resultante .................................................................................. 42 Exercícios – Série 8 .................................................................................................................................... 43 12. REAÇÕES DOS APOIOS EM VIGAS ........................................................................................................ 44 Exercícios – Série 9 .................................................................................................................................... 45 Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 4 13. ESFORÇOS INTERNOS EM VIGAS .......................................................................................................... 46 13.1 Esforços internos .................................................................................................................... 46 13.2 Convenção de sinais dos esforços internos ............................................................................ 47 Exercícios – Série 10 ................................................................................................................................... 47 13.3. Diagramas de esforços internos ............................................................................................ 49 13.4 Análise e obtenção dos diagramas de esforços ...................................................................... 49 13.5 Relações entre carga, força cortante e momento fletor .......................................................... 50 Exercícios – Série 11 .................................................................................................................................. 52 14. TENSÕES ............................................................................................................................................... 54 14.1 Tensão normal ........................................................................................................................ 54 14.2 Tensão normal média em barra com carga axial ..................................................................... 55 Exercícios – Série 12 ................................................................................................................................... 55 14.3 Tensão de cisalhamento ......................................................................................................... 59 14.4 Reciprocidade das tensões de cisalhamento ........................................................................... 59 14.5 Tensão de cisalhamento média .............................................................................................. 60 14.6 Cisalhamento puro em conexões ........................................................................................... 60 Exercícios – Série 13 .................................................................................................................................. 61 15. DEFORMAÇÕES ................................................................................................................................... 63 15.1 Deformação normal ............................................................................................................... 63 15.2 Deformação por cisalhamento ................................................................................................ 64 Exercícios – Série 14 .................................................................................................................................. 64 16. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS ...................................................................................... 65 16.1 O ensaio de tração e compressão.......................................................................................... 65 16.2 Diagrama tensão-deformação e a lei de Hooke ...................................................................... 66 16.3 Materiais dúcteis e materiais frágeis ....................................................................................... 67 Exercícios – Série 15 .................................................................................................................................. 68 16.4 Coeficiente de Poisson ........................................................................................................... 70 16.5 O diagrama tensão-deformação de cisalhamento ................................................................. 70 Exercícios – Série 16 .................................................................................................................................. 71 17. TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO............................................................................................................ 71 17.1 Procedimento de análise ....................................................................................................... 72 17.2 Exemplo de aplicação ............................................................................................................. 72 17.3 Equações para a transformação de tensão ............................................................................. 73 17.4 Tensões principais e planos de tensões principais .................................................................. 74 17.5 Tensão de cisalhamento máxima no plano ............................................................................. 75 17.6 O Círculo de Mohr .................................................................................................................. 75 Exercícios – Série 17 .................................................................................................................................. 77 RESPOSTAS ............................................................................................................................................... 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 92 Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 5 1. A MECÂNICA DOS SÓLIDOS 1.1 Contextualização A disciplina Mecânica dos Sólidos faz parte do quarto semestre do curso de graduação em Engenharia Civil. Trata-se de uma matéria nuclear do curso de Engenharia Civil, constituindo uma introdução clássica ao estudo do comportamento das estruturas. Em geral, o objetivo desta disciplina é analisar o comportamento mecânico de corpos deformáveis, a resistência e o desempenho físico de estruturas, conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para a formação do profissional em Engenharia Civil. Em outras palavras, o estudo da mecânica dos sólidos é fundamentado na análise do comportamento físico de corpos rígidos sob carga, onde busca-se equacionar esse comportamento atendendo aos requisitos de equilíbrio, compatibilidade de deformações e comportamento do material. Tal estudo necessita do conhecimento prévio do aluno adquirido em disciplinas anteriores de cálculo, álgebra e física, para a compreensão dos conceitos e adequado acompanhamento do conteúdo. E ao fim da disciplina, o aluno terá a base necessária para dar continuidade aos estudos dos materiais de construção civil, seu comportamento estrutural, e seu correto dimensionamento. Por se tratar de disciplina híbrida, sua carga horária abrange tanto as aulas presenciais quanto o auto estudo ouas atividades online, articulando a sala de aula presencial com o ambiente virtual. 1.2 Ementa ● Sistemas Equivalentes de força. ● Equilíbrio de corpos rígidos. ● Equilíbrio em três dimensões. ● Forças em vigas. ● Geometria das massas. ● Equilíbrio de estruturas, esforços, tensões e deformações em corpos elásticos. ● Análise de estado plano de tensão. 1.3 Conteúdos Unidade 1: Sistemas de Forças 1.1 Forças e componentes cartesianas 1.2 Momento de uma força e de um binário 1.3 Resultantes de um sistema de forças Unidade 2: Equilíbrio dos Corpos Rígidos 2.1 Vínculos de uma estrutura bidimensional 2.2 Condições de equilíbrio para um corpo rígido 2.3 Diagramas de corpo livre 2.4 Reações nos vínculos de uma estrutura bidimensional Unidade3: Estruturas 3.1 Treliças Planas 3.1.1 Geometria, tipos e comportamento 3.1.2 Método dos nós 3.1.3 tração, compressão e corte 3.1.4 Método das seções 3.1.5 Modelagem computacional 3.2 Vigas 3.2.1 Geometria e Carregamentos 3,2,2 Flexão e Cisalhamento 3.2.3 Diagramas de estado 3.3 Modelagem Computacional Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 6 Unidade 4: Tensão x Deformação 4.1 Tensão 4.1.1 Tensão normal 4.1.2 Tensão de cisalhamento direto (corte) 4.1.3 Tensão de esmagamento 4.1.4Tensão em seções inclinadas 4.2 Deformação 4.2.1 Deslocamento, deformação e deformação específica 4.2.3 Deformação específica normal 4.2.4 Deformação por cisalhamento 4.2.5 Deformação específica térmica 4.3 Propriedades mecânicas dos Materiais 4.3.1 Ensaio de tração e diagrama Tensão x Deformação 4.3.2 Comportamento dos materiais sob tensão 4.3.3 Lei de Hooke 4.3.4 Coeficiente de Poisson Unidade 5: Projeto 5.1 Segurança 5,2 Tensão Admissível 5.3 Princípio de Saint Venant 5.4 Sistemas de barras carregadas axialmente 5.5 Elementos estaticamente indeterminados 5.6 Efeito térmico Unidade 6: Estado Plano de Tensões 6.1 Tensão em um ponto geral de um corpo carregado arbitrariamente 6.2 Estado plano de tensões 6.3 Tensões Principais e Tensão cisalhante máxima 6.4 Círculo de Mohr do Estado Plano de tensões 1.4 Bibliografia Bibliografia Básica 1. BEER, F. P.; JOHNSTON Jr., R. Estática e mecânica dos materiais. Porto Alegre: AMGH, 2013. 2. HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais (biblioteca virtual). 7ª edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. 3. Philpot, Timothy A. Mecânica dos materiais: um sistema integrado de ensino. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Bibliografia Complementar 1. Craig Jr., Roy R. Mecânica dos materiais. 2ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 2. HIBBELER, R.C. Estática: mecânica para engenharia (biblioteca virtual). 10ª edição. São Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2005. 3. MACIEL, Carla Isabel dos Santos. Mecânica Geral. Rio de Janeiro: SESES, 2015. 4. RILEY, W. F.; STURGES, L. D.; MORRIS, D. H. Mecânica dos materiais. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 5. SHAMES, Irving H. Estática: mecânica para engenharia (biblioteca virtual). 4ª edição. São Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2002. Vol. 1. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 7 2. INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS A mãe natureza é tão rigorosa que, na medida em que conhecemos suas regras, podemos fazer previsões confiáveis sobre o comportamento de seus filhos, o mundo dos objetos físicos. Em particular, para praticamente todos os fins práticos, todos os objetos que os engenheiros estudam segue estritamente as leis da mecânica newtoniana. Então, se você aprender as leis da mecânica, isto poderá ajudá-lo a ser capaz de fazer os cálculos quantitativos para prever como as coisas se comportam. Você também vai desenvolver a intuição de como o mundo físico funciona. Os futuros engenheiros muitas vezes iniciam um curso como este pensando a mecânica como algo vago e complicado. O nosso objetivo é mudar este pensamento e mostrar que a mecânica é algo concreto e simples. Este breve trabalho tem por objetivo expor aos estudantes de engenharia os conceitos básicos da Mecânica, ciência física que explora os efeitos de forças atuantes sobre objetos. 2.1 Definição de Mecânica A mecânica pode ser definida como o ramo das ciências físicas dedicado ao estudo do estado de repouso ou movimento de corpos sujeitos à ação de forças. Normalmente o estudo da mecânica é dividido em três partes: a mecânica dos corpos rígidos, a mecânica dos corpos deformáveis e a mecânica dos fluidos. 2.2 Mecânica dos corpos rígidos A mecânica dos corpos rígidos pode ser dividida em estática (equilíbrio de um corpo rígido) e dinâmica (movimento de um corpo rígido). A estática tem por finalidade o estudo do equilíbrio de um corpo em repouso ou em movimento com velocidade constante. A dinâmica, por sua vez, pode ser caracterizada como a parte da mecânica dos corpos rígidos dedicada ao estudo do movimento de corpos sob a ação de forças, ou seja, movimentos de corpos acelerados. 2.3 O Sistema Internacional de Unidades - Prefixos O sistema de unidades utilizado hoje em dia no Brasil e na maioria dos países é o denominado Sistema Internacional de Unidades, abreviadamente SI, derivado do antigo Sistema Métrico Decimal. O SI é composto de sete unidades de base, de duas unidades suplementares, de unidades derivadas e de múltiplos e submúltiplos de todas elas. Qualquer grandeza física pode ser definida como uma relação entre as sete fundamentais e tais grandezas são chamadas de grandezas derivadas. O diagrama a seguir mostra as unidades de base e as suplementares com suas respectivas grandezas associadas, unidades de medidas e os símbolos correspondentes. A linguagem utilizada pela Física e por muitas outras ciências exatas é a linguagem dos números. A diversidade dos números que aparecem no mundo físico é enorme. Para se ter uma ideia, a massa da Terra, por exemplo, é de cerca de 5.980.000.000.000.000.000.000.000 quilogramas (kg), enquanto o diâmetro de um próton é de cerca de 0,000 000 000 000 001 metro (m). Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 8 A grande quantidade de zeros torna a representação desses números bastante inconveniente e, por esse motivo, usamos uma maneira mais prática para escrever valores muito grandes ou muito pequenos. Usando potência de dez, podemos escrever a massa da Terra como 5,98·1024 kg, e o diâmetro do próton como 10‒15 m. Visando facilitar ainda mais a notação das grandezas, é bastante comum a utilização de prefixos representando as potências de dez. A tabela a seguir traz a denominação dos principais prefixos de acordo com regulamentação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Os prefixos mais usados foram colocados em negrito. 2.4 Grandezas físicas fundamentais da Mecânica ● Comprimento: Grandeza essencial que localiza a posição de um ponto no espaço. A partir do comprimento é possível descrever com exatidão a dimensão de um sistema físico. No sistema internacional de unidades (SI), a unidade básica de comprimento é o metro (m). ● Massa: A massa de um corpo representa uma quantidade absoluta que independe da posição do corpo e do local no qual o mesmo é colocado. No sistema internacional de unidades (SI), a unidade básica de massa é o quilograma (kg). A massa representa uma propriedade da matéria que permite comparar a ação de um corpo em relação a outro e de um modo geral pode ser interpretada com a resistência que um corpo oferece a mudanças em seu movimento de translação. ● Tempo: Pode ser definido como o intervalo entre dois eventos consecutivos. Medições desse intervalo podem ser realizadas por comparações, como por exemplo, eventos repetitivos tal como a rotação da Terraao redor de seu próprio eixo. No sistema internacional de unidades (SI), a unidade básica de tempo é o segundo (s). Como o presente curso trata apenas dos problemas de estática, a quantidade tempo não possui influência significativa na solução dos problemas, porém em problemas de dinâmica, o tempo é uma grandeza muito importante para descrever as variações de posição, velocidade, aceleração e forças em um corpo. ● Força: Pode ser definida como a ação de um corpo em outro corpo. Como um corpo não pode exercer uma força em um segundo corpo a menos que este ofereça uma resistência, pode-se concluir que uma força nunca existe só, ou seja, as forças sempre ocorrem aos pares, e as duas forças possuem a mesma intensidade e sentidos contrários. No sistema internacional de unidades (SI), a unidade básica de força é o newton (N), que é representado a partir da seguinte relação: 1 N = 1 kgm/s². 2.5 Grandezas escalares Uma grandeza escalar é caracterizada por um número real e sua respectiva unidade de medida. Como exemplo de escalares podem se citar: o tempo, a massa, o comprimento, a área, o volume, etc. 2.6 Grandezas vetoriais Uma grandeza vetorial é caracterizada pela dependência de três elementos fundamentais, ou seja, representa um ente matemático que possui intensidade (ou módulo), direção e sentido. Em problemas de estática é muito comum a utilização de grandezas vetoriais como posição, força e momento. A grandeza física vetorial é representada graficamente por um ente geométrico denominado vetor. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 9 3. VETOR Um vetor pode ser representado por um segmento de reta (indicando a direção da grandeza) dotado de uma seta, indicativa de seu sentido e trazendo ainda seu valor seguido da unidade de medida (indicação de seu módulo ou intensidade). Geralmente a grandeza vetorial é indicada por uma letra encimada por uma setinha, por exemplo, �⃗� ou em negrito sem a setinha, v. O módulo ou intensidade do vetor �⃗� é representado por |�⃗�| ou, mais resumidamente, por v (em itálico e sem a setinha). Graficamente o módulo de um vetor é proporcional ao comprimento do segmento de reta orientado; a direção é definida através do ângulo formado entre um eixo de referência e a linha de ação do vetor (reta suporte do vetor); o sentido é indicado pela extremidade da seta. A figura ao lado mostra a representação gráfica de dois vetores força atuando ao longo dos cabos de fixação de um poste, o ponto O é chamado de origem do vetor e os pontos P1 e P2 representam suas extremidades. Dizemos que dois vetores, �⃗�1 e �⃗�2, são iguais, ou seja, �⃗�1 = �⃗�2, se e somente se �⃗�1 e �⃗�2 tiverem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo módulo. 3.1 Operações com vetores A Matemática permite efetuar um grande número de operações com vetores, mas para suprir nossas necessidades imediatas para o estudo da Mecânica, vamos nos limitar a explorar, por enquanto, apenas duas dessas operações: o produto de um número real por um vetor e a soma de vetores. 3.2 Produto de um número real por um vetor Seja um número real qualquer e �⃗� um vetor, também qualquer. O produto · �⃗� tem como resultado um vetor �⃗⃗�, sempre com a mesma direção de �⃗� e módulo u = | |·v. O sentido do vetor �⃗⃗� é determinado pelo sinal do número real : ● se for positivo ( > 0), então �⃗⃗� terá o mesmo sentido que �⃗�; ● se for negativo ( < 0), então �⃗⃗� terá sentido oposto ao de �⃗�. 3.3 Soma de vetores Apesar de estarmos familiarizados com a soma de números reais, a soma de vetores segue regras diferentes. Existem diferentes métodos para efetuarmos a soma de vetores e todos, obviamente, devem conduzir a um mesmo resultado final. Dentre os diferentes métodos, o mais geral deles é, provavelmente, o método do polígono. Podemos obter graficamente o vetor soma pelo método do polígono de maneira relativamente simples. Inicialmente devemos deslocar e representar sequencialmente todos os vetores que serão somados. Por sequencialmente queremos dizer que, a partir de um primeiro vetor, a origem do próximo deverá coincidir com a extremidade do anterior. A ordem em que os vetores são dispostos não altera o resultado final. O vetor soma, resultado da soma dos vetores, é o vetor que fecha o polígono, com sua origem na origem do primeiro vetor da sequência e extremidade na extremidade do último vetor da sequência. A figura a seguir mostra o vetor V obtido pela soma dos vetores v1, v2, v3, v4 e v5. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 10 O método do polígono pode ser aplicado a um número qualquer de vetores. A soma de dois vetores com direções diferentes pode ser feita pelo método do paralelogramo, um caso particular do método do polígono. A figura a seguir mostra os vetores �⃗�1 e �⃗�2, que serão somados usando-se o método do paralelogramo (a). Os vetores, �⃗�1 e �⃗�2, que serão somados, devem ser posicionados de maneira que suas origens coincidam. A seguir, pela extremidade de cada um dos vetores, traça-se uma reta paralela ao outro vetor, obtendo-se, assim, um paralelogramo (b). O vetor soma �⃗⃗� é o vetor com origem na origem comum dos vetores �⃗�1 e �⃗�2 e extremidade no vértice oposto do paralelogramo (c). v1 v1 v1 v2 v2 v2 V a) b) c) 3.4 Lei dos senos A lei dos senos estabelece a relação entre a medida de um lado de um triângulo e o seno do ângulo oposto a esse lado. Considere um triângulo ABC, com lados a, b, c e ângulos internos α, β e ϒ, como mostrado na figura ao lado. A lei dos senos estabelece que: 𝑎 sen 𝛼 = 𝑏 sen 𝛽 = 𝑐 sen 𝛾 A B C ab c b g 3.5 Lei dos cossenos A partir do mesmo triângulo ABC e seus ângulos internos α, β e ϒ, a lei dos cossenos estabelece que o quadrado da medida de um lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos outros dois, menos o dobro do produto das medidas desses dois lados pelo cosseno do ângulo oposto ao primeiro lado. Matematicamente: 𝑐2 = 𝑎2 + 𝑏2 − 2 ∙ 𝑎 ∙ 𝑏 ∙ cos 𝛾 3.6 Componentes ortogonais de um vetor Dado um vetor �⃗� qualquer, sempre existirão dois vetores �⃗�x e �⃗�y, perpendiculares entre si, tais que: �⃗� = �⃗�x + �⃗�y Os vetores �⃗�x e �⃗�y são as componentes ortogonais do vetor �⃗�. A partir da regra do paralelogramo, podemos obter graficamente as componentes ortogonais do vetor �⃗�, isto é, �⃗�x e �⃗�y, nas direções dos eixos x e y. A figura a seguir mostra-nos um vetor �⃗� e um sistema de eixos ortogonais x, y. Note que o vetor �⃗� forma com o eixo das abscissas, o eixo x, um dado ângulo . Quais são as componentes ortogonais �⃗�x e �⃗�y do vetor �⃗�? Da trigonometria, aplicada ao triângulo retângulo destacado na figura, podemos obter os módulos vx e vy das componentes ortogonais do vetor 𝑣: sen 𝜃 = cateto oposto hipotenusa ⟹ sen 𝜃 = 𝑣𝑦 𝑣 ⟹ 𝑣𝑦 = 𝑣 ∙ sen 𝜃 cos 𝜃 = cateto adjacente hipotenusa ⟹ cos 𝜃 = 𝑣𝑥 𝑣 ⟹ 𝑣𝑥 = 𝑣 ∙ cos 𝜃 Note que se conhecermos os módulos vx e vy das componentes ortogonais podemos, com o teorema de Pitágoras, obter o módulo v do vetor �⃗�: 𝑣2 = 𝑣𝑥 2 + 𝑣𝑦 2 x y 0 v vx vy Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 11 3.7 Notação vetorial cartesiana Além de suas componentes ortogonais �⃗�x, �⃗�y e �⃗�z, um vetor �⃗� também pode ser representado em função dos vetores cartesianos unitários 𝑖, 𝑗 e �⃗⃗�. Os vetores unitários costumam ser representados por 𝑖,̂ 𝑗̂ e �̂�. Cada um desses vetores possui módulo igual a 1 e, portanto, pode ser usado para designar as direções e sentidos,respectivamente, dos eixos x, y e z, como mostrado na figura ao lado. x k j i z y 0 Dessa maneira, um vetor �⃗�, cujas componentes ortogonais têm intensidades vx, vy e vz, pode ser representado por: �⃗� = ±𝑣𝑥 ∙ 𝑖̂ ± 𝑣𝑦 ∙ 𝑗̂ ± 𝑣𝑧 ∙ �̂� . O sinal positivo (+) é usado se a componente estiver no mesmo sentido do eixo correspondente; caso contrário, utiliza-se o sinal negativo (‒). O módulo de �⃗� é dado por: 𝑣 = |�⃗�| = √𝑣𝑥 2 + 𝑣𝑦 2 + 𝑣𝑧2 3.8 Produto escalar e produto vetorial Já estudamos duas operações que podem ser efetuadas com vetores: o produto de um número real por um vetor e a soma de vetores. Veremos agora mais duas operações: o produto escalar e o produto vetorial. Produto escalar Vamos considerar dois vetores, �⃗� e �⃗⃗� que formam entre si um ângulo θ. Esses vetores, em notação cartesiana são representados como: �⃗� = 𝑎𝑥 ∙ 𝑖̂ + 𝑎𝑦 ∙ 𝑗̂ + 𝑎𝑧 ∙ �̂� e �⃗⃗� = 𝑏𝑥 ∙ 𝑖̂ + 𝑏𝑦 ∙ 𝑗̂ + 𝑏𝑧 ∙ �̂� O produto escalar entre os vetores �⃗� e �⃗⃗� será representado por �⃗� ⦁ �⃗⃗� e o resultado dessa operação é uma grandeza escalar c, tal que: 𝑐 = �⃗� ⦁ �⃗⃗� = 𝑎𝑥 ∙ 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 ∙ 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 ∙ 𝑏𝑧 Pode-se demonstrar que: 𝑐 = |�⃗�| ∙ |�⃗⃗�| ∙ cos θ Produto vetorial Vamos considerar dois vetores, �⃗� e �⃗⃗� que formam entre si um ângulo θ. Esses vetores, em notação cartesiana são representados como: �⃗� = 𝑎𝑥 ∙ 𝑖̂ + 𝑎𝑦 ∙ 𝑗̂ + 𝑎𝑧 ∙ �̂� e �⃗⃗� = 𝑏𝑥 ∙ 𝑖̂ + 𝑏𝑦 ∙ 𝑗̂ + 𝑏𝑧 ∙ �̂� O produto vetorial entre os vetores �⃗� e �⃗⃗� será representado por �⃗� × �⃗⃗� e o resultado dessa operação é uma grandeza vetorial 𝑐, tal que: 𝑐 = �⃗� × �⃗⃗� = | 𝑖̂ 𝑗̂ �̂� 𝑎𝑥 𝑎𝑦 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑏𝑦 𝑏𝑧 | O vetor 𝑐 tem direção perpendicular ao plano definido pelos vetores �⃗� e �⃗⃗� e sentido dado pela regra da mão direita, de �⃗� para �⃗⃗�, como na a figura a seguir. Demonstra-se que: |𝑐| = |�⃗�| ∙ |�⃗⃗�| ∙ sen θ Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 12 4. FORÇA Força é uma grandeza física vetorial. Assim, para caracterizar uma força devemos conhecer sua direção, seu sentido e sua intensidade, também denominado módulo ou magnitude. No SI, a intensidade de uma força é medida em newton, cujo símbolo é o N. Note que: 1 N = 1 kg·m/s2. Exercícios – Série 1 1. As forças F1, F2 e F3, todas atuando no ponto A do suporte, são especificadas de três modos diferentes. Determine os componentes escalares em x e em y de cada uma destas três forças. 2. Uma força F de 500 N é aplicada à haste vertical como mostrado ao lado. a) Escreva F em função dos vetores unitários i e j e identifique seus componentes vetoriais e escalares. b) Determine os componentes escalares do vetor força F ao longo dos eixos x’ e y’. c) Determine os componentes escalares de F ao longo dos eixos x e y. 3. A linha de ação da força F de 9,6 kN passa pelos pontos A e B, como mostrado na figura. Determine os componentes escalares x e y de F. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 13 4. A força F = 900 N atua sobre a estrutura. Decomponha essa força nas componentes que atuam ao longo dos membros AB e AC, e determine a intensidade de cada componente. 5. Decomponha a força horizontal de 600 N da figura ao lado nas componentes que atuam ao longo dos eixos u e v e determine as intensidades dessas componentes. 6. A força F de intensidade igual a 500 N é decomposta em duas componentes segundo as direções a-a e b-b. Determine o ângulo α, sabendo que a componente de F ao longo da linha a-a é de 350 N. 7. A força F de intensidade igual a 800 N é decomposta em duas componentes segundo as direções a-a e b-b. Determine o ângulo α, sabendo que a componente de F ao longo da linha b-b é de 120 N. 8. Para satisfazer limitações de projeto é necessário determinar o efeito da força trativa de 2 kN atuando no cabo, sobre o cisalhamento, a tração e a flexão da viga em I engastada. Com este objetivo, substitua esta força por outra equivalente em A, formada por duas forças Ft, paralela, e Fn, perpendicular à viga. Determine Ft e Fn. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 14 9. O cabo AB evita que a barra AO gire no sentido horário em torno do pivô O. Se a força trativa no cabo vale 750 N, determine os componentes n e t desta força, atuando no ponto A da barra. 10. A inclinação da força F de 4,8 kN está especificada como mostrado na figura. Expresse F como um vetor, em termos dos vetores unitários i e j. 11. A força F de 1800 N é aplicada à extremidade da viga em I. Expresse F como um vetor, usando os vetores unitários i e j. 12. Uma corda é tracionada por uma força F = 100 N, conforme mostrado na figura ao lado. Determine �⃗�. 13. O homem mostrado na figura ao lado puxa a corda com uma força de intensidade 700 N. Represente esta força, que atua no suporte A, como um vetor cartesiano. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 15 14. A figura ao lado mostra as forças F1, F2, F3 e F4, todas atuando em um mesmo ponto. a) Escreva cada uma das forças usando os vetores unitários i e j. b) Obtenha a força resultante no ponto A, isto é, FR = F1 + F2 + F3 + F4 c) Determine o valor do produto escalar G = F1 ∙ F2 d) Determine o vetor H dado pelo produto vetorial F3 × F4, isto é, H = F3 × F4 e seu módulo H. 15. Usando produto escalar, determine o ângulo θ entre os vetores �⃗⃗� = 𝑖 + 𝑗 + 4�⃗⃗� e �⃗� = −2𝑖 + 4𝑗 + 4�⃗⃗�. 16. Usando produto vetorial, determine o valor de sen θ, em que θ é o ângulo entre os vetores: �⃗⃗� = 𝑖 + 2𝑗 + 3�⃗⃗� e �⃗� = 3𝑖 + 2𝑗 + 1�⃗⃗�. 5. FORÇA RESULTANTE Consideremos um corpo sujeito a um sistema de forças F1, F2, F3, ..., Fn. Denomina-se força resultante FR à força tal que: FR = F1 + F2 + F3 + ... + Fn. Seja, por exemplo, as forças F1, F2, agindo sobre o pino da figura a seguir (a). Essas forças podem ser somadas para se obter a força resultante FR que atua sobre o pino. Essa força resultante pode ser obtida pelo método do paralelogramo (b) ou pelo método do polígono (c). (a) (b) (c) Exercícios – Série 2 1. Combine em uma única força resultante R as duas forças P e T que atuam no ponto B da estrutura fixa. 2. As forças F1 e F2 atuam no suporte, como mostrado ao lado. Determine: a) o módulo da resultante R; b) a projeção Fb da resultante R sobre o eixo b. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 16 3. O gancho mostrado na figura está sujeito a duas forças F1 e F2. Determine o módulo e a direção da força resultante. 4. Determine a intensidade da força resultante que atua sobre a argola e sua direção, medida no sentido horário a partir do eixo x. 5. Duas forças atuam sobre o gancho. Determine a intensidade da força resultante. 6. O parafuso tipo gancho mostrado na figura está sujeito a duas forças F1 e F2. Determine o módulo e a direção da força resultante. 7. Determine a intensidade da força resultante e sua direção, medida no sentido anti-horário a partir do eixo x positivo. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 17 8. Duas lanchas rebocam um barco de passageiros que se encontra com problemas em seus motores. Sabendo-se que a força resultante é igual a 30 kN, encontre suas componentes nas direções AC e BC. 9. Os dois elementos estruturais,um sob tração e o outro sob compressão, exercem as forças indicadas no nó O. Determine o módulo da resultante R das duas forças e o ângulo θ que R faz com o eixo x positivo. 10. Determine a intensidade da força resultante e indique sua direção, medida no sentido anti-horário, em relação ao eixo x positivo. 11. A chapa está submetida a duas forças FA e FB como mostra a figura. Se θ = 60°, determine a intensidade da força resultante e sua intensidade em relação ao eixo horizontal. 12. Determine o módulo Fs da força trativa atuando na mola, para que a resultante de Fs e de F seja uma força vertical. Determine o módulo R desta força resultante vertical. 60°30° O 3 kN 2 kN x Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 18 13. Duas forças são aplicadas ao olhal a fim de remover a estaca mostrada. Determine o ângulo θ e o valor da força F de modo que a força resultante seja orientada verticalmente para cima no eixo y e tenha uma intensidade de 750 N. 14. Um automóvel avariado está sendo puxado por meio de duas cordas como mostra a ilustração ao lado. Se a resultante das duas forças exercidas pelos cabos é de 1500 N, paralela ao eixo do automóvel, pede-se determinar: a) a tração em cada uma das cordas sendo α = 30°; b) o valor de α para que a tração no cabo 2 seja mínima. 15. A caminhonete mostrada é rebocada por duas cordas. Determine os valores de FA e FB de modo a produzir uma força resultante de 950 N orientada no eixo x positivo, considere θ = 50°. 16. A tora de madeira é rebocada pelos dois tratores mostrados, sabendo-se que a força resultante é igual a 10 kN e está orientada ao longo do eixo x positivo, determine a intensidade das forças FA e FB. Considere θ = 15°. 17. Em que ângulo θ a força de 800 N deve ser aplicada para que a resultante R das duas forças tenha um módulo de 2000 N? Para esta condição, determine o ângulo β entre R e a vertical. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 19 18. Os cabos de sustentação AB e AC estão presos no topo da torre de transmissão. A força trativa no cabo AC vale 8 kN. Determinar a força trativa T necessária no cabo AB, tal que o efeito resultante das duas forças trativas nos cabos seja uma força direcionada verticalmente para baixo no ponto A. Determine o módulo R desta força. 19. As duas forças mostradas atuam no ponto A da barra dobrada. Determine a resultante R das duas forças. 20. Determine a resultante do sistema de forças, indicado na figura ao lado. São dados: F1 = 1 N; F2 = F3 = √18 N OA = OB = OC = 3 m. x y z A B C O F1 F2 F3 21. A cobertura, mostrada na figura ao lado, é suportada por cabos. Se os cabos exercem forças FAB = 100 N e FAC = 120 N no gancho da parede em A, determine a força resultante que atua em A. Expresse o resultado como um vetor cartesiano. A B C 40 m50 m 20 m 40 m Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 20 6. MOMENTO DE UMA FORÇA 6.1 Definição O momento de uma força em relação a um ponto, ou a um eixo, é uma grandeza vetorial que fornece uma medida da tendência dessa força provocar a rotação de um corpo em torno do ponto ou do eixo. A tendência de rotação também é chamada de torque, momento de uma força ou simplesmente momento. Para problemas em duas dimensões é mais conveniente utilizar uma formulação escalar e para problemas em três dimensões a formulação vetorial é a mais indicada. 6.2 Momento – Formulação escalar A figura ao lado mostra um corpo bidimensional submetido a uma força F, atuando em seu plano. O módulo M do momento, ou a tendência da força de girar o corpo em torno do eixo O-O perpendicular ao plano do corpo, é proporcional tanto ao módulo da força, F, quanto ao braço de alavanca d, que é a distância perpendicular do eixo até a linha de ação da força. Dessa maneira, o módulo do momento M é definido como: 𝑀 = 𝐹 ∙ 𝑑 Quanto maior a força ou a distância (braço de momento), maior é o efeito da rotação. O momento é um vetor M perpendicular ao plano do corpo. O sentido de M depende da direção na qual F tende a girar o corpo. A regra da mão direita é usada para identificar este sentido. De acordo com esta regra, representamos o vetor momento M apontando no sentido indicado pelo polegar da mão direita, quando os dedos são curvados no sentido da tendência da rotação. A figura ao lado, mostra o vetor M orientado de acordo com esta regra. Quando lidarmos com forças que atuam todas em um mesmo plano, falaremos em momento em relação a um ponto. Com isto queremos dizer, momento em relação a um eixo normal ao plano e que passa pelo ponto. No caso da figura ao lado, o momento de F em relação ao ponto A tem módulo M = F·d e é anti-horário (que indicaremos por ). Caso o momento fosse horário, indicaríamos por . No Sistema Internacional, o momento de uma força é medido em N·m. 6.3 Momento – Formulação vetorial Em sua formulação vetorial, o momento M da força F, em relação ao ponto A, ou ao eixo OO pode ser obtido com o produto vetorial: M = r × F Nessa expressão r é um vetor posição que vai do ponto de referência do momento, ponto A, para qualquer ponto da linha de ação da força F. O produto vetorial anterior pode ser obtido fazendo-se: �⃗⃗⃗� = 𝑟 × �⃗� = | 𝑖 𝑗 �⃗⃗� 𝑟𝑥 𝑟𝑦 𝑟𝑧 𝐹𝑥 𝐹𝑦 𝐹𝑧 | O módulo M do vetor momento M pode ser obtido com a propriedade do produto vetorial e dado por: 𝑀 = 𝐹 ∙ 𝑟 ∙ sen 𝛼 = 𝐹 ∙ 𝑑 Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 21 6.4 Teorema de Varignon Uma ferramenta bastante usada na Mecânica é o princípio dos momentos, que, algumas vezes, é referido como o teorema de Varignon, estabelecido originalmente pelo matemático francês Pierre Varignon (1654-1722). Tal princípio estabelece que: “O momento de uma força, em relação a qualquer ponto, é igual à soma dos momentos dos componentes desta força em relação ao mesmo ponto.” A demonstração de tal princípio é imediata visto que o produto vetorial obedece á propriedade distributiva da multiplicação: M = r × F = r × (F1 + F2) = r × F1 + r × F2 6.5 Binário ‒ Momento de um binário Denomina-se binário o sistema constituído por duas forças de mesma direção, mesma intensidade F e sentidos opostos, separadas por uma distância perpendicular d. Como a força resultante é nula, o único efeito de um binário é produzir uma rotação ou tendência de rotação em torno de uma direção específica. Podemos determinar o momento do binário encontrando a soma dos momentos das duas forças que compõem o binário em relação a qualquer ponto arbitrário. Na figura ao lado, os vetores posição rA e rB estão direcionados do ponto O para os pontos A e B situados na linha de ação de –F e F. Portanto, o momento do binário, em relação a O é: M = rB × F + rA × –F = (rB – rA) × F Entretanto, rA + r = rB ou r = rB – rA Portanto: M = r × F Este resultado indica que o momento de um binário é um vetor livre, ou seja, ele pode agir em qualquer ponto, visto que M depende apenas do vetor posição r. Em sua formulação escalar, o momento M de um binário M é dado por: M = F · d , em que F é a intensidade de uma das forças e d a distância perpendicular, ou braço do momento, entre as forças. Mudar os valores de F e d não altera um binário, desde que o produto F · d permaneça constante. Do mesmo modo, um binário não é alterado se as forças atuarem em um plano diferente, porém paralelo. A figuraa seguir mostra quatro diferentes configurações de um mesmo binário M. Em cada um dos quatro casos, os binários são equivalentes e são descritos pelo mesmo vetor livre, que representa as tendências idênticas de rotação dos corpos. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 22 6.6 Sistema força-binário O efeito de uma força agindo sobre um corpo é a tendência de empurrar ou puxar o corpo na direção da força, e de girar o corpo em relação a qualquer eixo fixo que não intercepte a linha de ação da força. Podemos representar este efeito dual mais facilmente substituindo a força dada por uma força igual e paralela e por um binário que compense a mudança no momento devido à força. A substituição de uma força por uma força e um binário está ilustrado na figura seguinte, na qual a força dada F, atuando no ponto A, é substituída por uma força igual F em um ponto B qualquer e pelo binário anti-horário M = F · d. A modificação está ilustrada na figura do meio, em que forças iguais e opostas, F e ‒F são adicionadas no ponto B, sem introduzir qualquer efeito externo sobre o corpo. Vemos agora que a força original em A e a força igual e oposta em B formam um binário M = F · d, que é anti-horário para o exemplo escolhido, como mostrado na figura da direita. Assim, substituímos a força original em A pela mesma força atuando em um ponto diferente B e por um binário, sem alterar os efeitos externos da força original sobre o corpo. A combinação da força com o binário, na parte à direita da figura anterior, é denominada sistema força- binário. Exercícios – Série 3 1. Determine o momento da força em relação ao ponto O em cada uma das barras mostradas. 2. Determine os momentos da força de 800 N em relação aos pontos A, B, C e D. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 23 3. Determine o momento das forças que atuam na estrutura mostrada em relação ao ponto O. 4. Determine o momento da força de 200 N em relação ao ponto A. 5. Uma força de 800 N atua sobre um suporte, conforme mostra a ilustração ao lado. Determine o módulo do momento da força em relação ao ponto B. 6. Calcule o módulo do momento da força F, de intensidade 600 N, em relação ao ponto O da base. 4 m 2 m 40° A O F 7. Determine o momento da força em relação ao ponto O. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 24 8. Para levantar o mastro OC, uma armação leve OAB é presa ao mastro e uma força de tração de 3,2 kN é aplicada ao cabo de sustentação pelo guincho em D. Calcule o momento desta força de tração em relação à dobradiça no ponto O. 9. Ao se levantar o poste a partir da posição mostrada, a força de tração T no cabo deve gerar um momento de 72 kN·m em torno de O. Determine T. 10. Calcule o momento MO da força de 250 N em relação ao ponto O na base do robô. 11. A força exercida pelo amortecedor AB sobre a porta vale 50 N e está direcionada ao longo da linha AB. Esta força tende a manter a porta fechada. a) Calcule o momento desta força em relação à dobradiça O. b) Que força FC, normal ao plano da porta, deve ser exercida sobre a porta pelo batente em C, de modo que o momento combinado das duas forças em relação a O seja zero? 400 400 25 100 75 A B C O Dimensões em milímetros Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 25 12. Determine o momento da força F em relação ao ponto O. Expresse o resultado como um vetor cartesiano. 13. A força F = (600·i + 300·j – 600·k) N, atua na extremidade da viga. Determine o momento dessa força em relação ao ponto A. 14. O poste mostrado está sujeito a uma força de 60 N na direção de C para B. Determine a intensidade do momento criado por essa força em relação ao suporte no ponto A. 15. Determine o momento da força F em relação ao ponto O. Expresse o resultado como um vetor cartesiano. 16. A força P de intensidade 80 N atua ao longo da linha BD da cantoneira ilustrada ao lado. Determine: a) o momento de P em relação a O na forma cartesiana. b) o módulo do momento de P em relação a O. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 26 17. O conjunto roda-suporte está submetido ao par de forças de 400 N mostrado. Determine o momento associado a essas forças. 18. Como parte de um teste, os dois motores de um avião são acelerados e as inclinações das hélices são ajustadas de modo a resultar em um empuxo para frente e para trás, como mostrado. Que força F deve ser exercida pelo chão em cada uma das duas rodas principais freadas em A e B, para se opor ao efeito giratório dos empuxos das duas hélices? Despreze quaisquer efeitos da roda do nariz, C, que está girada de 90° e não está freada. 19. Os efeitos do atrito do ar sobre as pás do ventilador criam um momento de binário MO = 6 N·m sobre as mesmas. Determine a intensidade das forças de binário na base do ventilador de modo que o momento de binário resultante no ventilador seja nulo. 20. Cada hélice de um navio de duas hélices desenvolve um empuxo de 300 kN na velocidade máxima. Ao manobrar o navio, uma hélice está girando a toda velocidade para frente e a outra a toda velocidade no sentido reverso. Que empuxo P cada rebocador deve exercer no navio para contrabalançar o efeito das hélices? Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 27 21. Uma chave de roda é usada para apertar um parafuso de cabeça quadrada. Se forças de 250 N forem aplicadas à chave como mostrado, determine o módulo F das forças iguais exercidas nos quatro pontos de contato na cabeça de 25 mm do parafuso, de modo que seu efeito externo sobre o parafuso seja equivalente ao das duas forças de 250 N. Considere que as forças são perpendiculares aos lados planos da cabeça do parafuso. 22. Uma matriz está sendo usada para fazer uma rosca em uma barra. Se forças de 60 N são aplicadas como mostrado, determine o módulo F das forças iguais exercidas na barra de 6 mm de diâmetro por cada uma das quatro superfícies, de forma que seu efeito externo sobre a barra seja equivalente ao das duas forças de 60 N. 23. Determine o momento de binário resultante que age sobre a viga. 24. Determine o momento de binário resultante que age sobre a chapa triangular. 25. Determine a intensidade da força F de modo que o momento de binário resultante que age sobre a viga seja 1,5 kN·m no sentido horário. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 28 26. O sistema força-binário indicado está aplicado a um pequeno eixo localizado no centro da placa. Substitua esse sistema por uma única força e especifique a coordenada do ponto sobre o eixo x através do qual passa a linha de ação dessa força resultante. 27. O suporte está soldado a ponto à extremidade do eixo no ponto O. Para mostrar o efeito da força de 900 N sobre a solda, substitua a força por seu equivalente formado por uma força e seu binário M em O. Expresse M em notação vetorial. 7. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Nesta disciplina lidaremos, principalmente, com a descrição das condições necessárias e suficientes para manter o equilíbrio de forças e momentos em estruturas de Engenharia. O passo mais importante ao se estabelecer as condições necessárias e suficientes para manter o equilíbrio de qualquer estrutura é o diagrama de corpo livre. O diagramade corpo livre é um esquema simplificado do corpo, livre de vínculos físicos, no qual se representam todos os esforços (forças e/ou momentos) que atuam sobre o corpo. 8. CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO DO PONTO MATERIAL Um ponto material encontra-se em equilíbrio estático desde que esteja em repouso ou então possua velocidade constante. Para que essa condição ocorra, a soma de todas as forças que atuam sobre o ponto material deve ser nula, portanto: ∑ �⃗� = 0 ⟹ ∑ 𝐹𝑥𝑖̂ + ∑ 𝐹𝑦𝑗̂ + ∑ 𝐹𝑧�̂� = 0 Essa condição pode ser imposta de forma escalar: ∑ 𝐹𝑥 = 0, ∑ 𝐹𝑦 = 0 e ∑ 𝐹𝑧 = 0 A solução é obtida por um sistema de três equações e três incógnitas. Logicamente, se o sistema for plano teremos um sistema de duas equações e duas incógnitas. Exercícios – Série 4 1. Determine a tensão nos cabos AB e AD para o equilíbrio do motor de peso 2500 N mostrado na figura ao lado. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 29 2. Na figura abaixo, os fios são ideais e o corpo C tem peso 100 N. Determine a intensidade das trações nos fios 1, 2 e 3. Dados: sen θ = 0,6 e cos θ = 0,8. 3. O sistema mostrado na figura abaixo está em equilíbrio. Os fios são ideais e o corpo suspenso tem peso 200 N. Determine as intensidades das forças de trações nos fios 1, 2 e 3. 4. Determine a tração nos cabos AB e BC necessária para sustentar o cilindro de peso 600 N. 5. Na figura os fios são ideais e o corpo C tem peso 10 N. Determine a tração no fio AB e a intensidade da força �⃗� que mantém o sistema em equilíbrio. 6. A caixa de massa 200 kg da figura a seguir é suspensa usando as cordas AB e AC. Cada corda pode suportar uma força máxima de 10 kN antes de se romper. Se AB sempre permanece horizontal, determine o menor ângulo θ para o qual a caixa pode ser suspensa antes que uma das cordas se rompa. Adote g = 9,81 m/s2. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 30 7. Determine o ângulo θ e a intensidade de F de modo que o ponto material esteja em equilíbrio estático. 8. Determine a força necessária nos cabos AB e AC para suportar o semáforo de peso 120 N. 9. Determine as forças necessárias nos cabos AB e AC da figura para manter a esfera D de peso 200 N em equilíbrio. Considere F = 300N. 10. Os três cabos são usados para suportar a luminária de peso 800 N. Determine a força desenvolvida em cada cabo para a condição de equilíbrio. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 31 9. EQUILÍBRIO DOS CORPOS EXTENSOS RÍGIDOS Em nosso curso de Mecânica Geral analisaremos estruturas, na maior parte dos casos, bidimensionais, ou seja, estruturas planas com carregamento neste mesmo plano. Para o equilíbrio deste tipo de estrutura, existem três movimentos a restringir. Supondo uma estrutura situada no plano x-y, os movimentos a restringir são as translações nas direções Ox e Oy e a rotação em torno de um eixo perpendicular ao plano, no caso a direção Oz. A seguir descreveremos os apoios utilizáveis para impedir estes movimentos: 9.1 Tipos de apoios e suas reações Apoio de 1º gênero (Rolete ou Apoio Móvel) Este tipo de apoio é, basicamente, um suporte sobre o qual se assenta a estrutura (podendo ou não ter roletes) e que impede o movimento em uma única direção e nesta direção aparecerá uma reação de apoio R. No caso do apoio da foto ao lado, ele impede o movimento da estrutura na direção vertical. A representação esquemática deste apoio é mostrada abaixo. Apoio de 2º gênero (Articulação ou Pino) Se no apoio do 1º gênero substituirmos os roletes por uma chapa presa completamente ao plano suporte, estaremos impedindo todas as translações possíveis, permanecendo livre apenas a rotação, assegurada pelo pino. Na direção das translações impedidas aparecerão as reações H e V, indicadas no esquema abaixo, e cuja composição vetorial nos dará a reação de apoio resultante no apoio do 2º gênero. Apoio de 3º gênero (Apoio fixo ou Engastamento) Se ancorarmos a estrutura em um bloco de dimensões que possam ser consideradas infinitas em comparação com as dimensões da estrutura, na seção de contato ente ambos o bloco estará impedindo, por sua enorme rigidez, todos os movimentos possíveis da estrutura e dizemos, então, que ele engasta a estrutura. Um engaste será representado esquematicamente da forma indicada abaixo, aparecendo na direção de cada movimento impedido (2 translações e 1 rotação) as reações de apoio H, V e M. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 32 9.2 Condições para o equilíbrio do corpo extenso rígido Um corpo extenso e rígido encontra-se em equilíbrio estático desde que esteja em repouso e que não esteja sofrendo nenhuma rotação. Para que essas condições sejam satisfeitas, a soma de todas as forças que atuam sobre o ponto material deve ser nula (∑ �⃗� = 0) e o momento resultante de todas as forças atuantes, em relação a qualquer ponto, deve ser nulo (∑ �⃗⃗⃗� = 0). Essas condições podem ser impostas de forma escalar: ∑ 𝐹𝑥 = 0, ∑ 𝐹𝑦 = 0 e ∑ 𝐹𝑧 = 0 (impede a translação do corpo) ∑ 𝑀𝑥 = 0, ∑ 𝑀𝑦 = 0 e ∑ 𝑀𝑧 = 0 (impede a rotação do corpo) A solução, em um sistema tridimensional, é obtida por um sistema de seis equações e seis incógnitas. Se o sistema for plano teremos um sistema de três equações, sendo duas relativas às forças e uma dos momentos, e três incógnitas. Exercícios – Série 5 1. Um carpinteiro carrega uma tábua uniforme com peso igual a 90 N, como mostrado. Qual é o valor da força direcionada para baixo que ele sente em seu ombro em A? 2. A plataforma uniforme, que tem uma massa por unidade de comprimento de 28 kg/m, está simplesmente apoiada sobre barras de apoio em A e em B. Um trabalhador da construção civil com 90 kg sai do ponto B e anda para a direita. Qual é a distância máxima s que ele poderá andar sobre a plataforma sem que ela gire em torno do ponto B? 3. Determine as componentes horizontal e vertical da reação no pino A e a reação da viga em C. 4. Para a estrutura mostrada na figura ao lado determine as reações nos apoios A e B. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 33 5. Para a estrutura mostrada na figura ao lado determine as reações nos apoios A e B. 6. Determine as componentes horizontal e vertical da reação no pino A e a tração desenvolvida no cabo BC usado para sustentar a estrutura de aço. 7. Determine as componentes horizontal e vertical das reações no ponto A e no ponto B para a viga mostrada na figura ao lado. 8. Uma estrutura em arco treliçado é fixa ao suporte articulado no ponto A, e sobre roletes em B num plano de 30° com a horizontal. O vão AB mede 20 m. O peso próprio da estrutura é de 100 kN. A força resultante dos ventos é de 40 kN, e situa-se a 4 m acima de A, horizontalmente, da direita para a esquerda. Determine as reações dos apoios A e B. 9. A viga da figura ao lado tem peso 1000 N e está submetida à carga concentrada de 1200 N, como representado. Determine as reações no engaste A. 10. A haste mostrada na figura é conectada por um pino em A e sua extremidade B tem o movimento limitado pelo apoio liso em B. Calcule os componentes horizontal e vertical da reação no pino A. A CG B 20 m 30° 40 kN Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 34 11. A chave de boca mostrada na figuraé utilizada para apertar o parafuso em A. Se a chave não gira quando a carga é aplicada ao seu cabo, determine o momento e a força da chave aplicados ao parafuso. 12. A barra lisa e uniforme mostrada na figura está sujeita a uma força e um momento. Se a barra é apoiada em A por uma parede lisa e em B e C, na parte superior e inferior, é apoiada por roletes, determine as reações nesses apoios. Despreze o peso da barra. 13. Para a viga mostrada ao lado, determine as reações no engaste. Despreze o peso próprio da viga. 10. TRELIÇAS PLANAS ISOSTÁTICAS A treliça é uma estrutura de elementos delgados ligados entre si pelas extremidades. Geralmente os elementos de uma treliça são de madeira ou de aço e em geral são unidos por uma placa de reforço com mostrado nas figuras abaixo. A ligação entre os elementos recebe o nome de nó. As treliças planas são aquelas que se distribuem em um plano e geralmente são utilizadas em estruturas de telhados e pontes. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 35 10.1 Projeto de treliças Hipóteses: • Todas as cargas são aplicadas aos nós. • Normalmente o peso próprio é desprezado, pois a carga suportada é bem maior que o peso do elemento. Se o peso P de cada elemento for levado em conta, podemos considerar P/2 atuando em cada extremidade do elemento. • Os elementos são ligados entre si por superfícies lisas. 10.2 Elemento de duas forças Devido às hipóteses simplificadoras, os elementos de uma treliça atuam como barras de duas forças. Se uma força tende a alongar o elemento, é chamada de força de tração. Se uma força tende a encurtar o elemento, é chamada de força de compressão. Em um elemento de duas forças em equilíbrio, as forças atuantes devem, necessariamente, ter mesma intensidade, mesma direção, mesma linha de ação e sentidos opostos. Dessa maneira, a força resultante sobre o elemento é nula e o momento resultante também é nulo. A figura a seguir mostra um elemento de duas forças, de formato curvo. Em (a), qualquer que sejam os valores de FA e FB, o elemento não se equilibra. Em (b), apesar de FA = FB = F, não existe equilíbrio, pois o momento não é nulo. Em (c), o elemento se encontra em equilíbrio. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 36 10.3 Estaticidade das treliças Dada uma treliça, substituir o apoio móvel por uma barra e o apoio fixo por duas barras. Seja b o número total de barras e n o número de nós na treliça resultante. Se b < 2·n, a treliça é hipostática (não estável quando sob carga). Se b = 2·n, a treliça é isostática e pode ser analisada apenas com as equações da estática. Este tipo de treliça é conhecido como treliça simples. Se b > 2·n, a treliça é hiperestática e o número de incógnitas é maior do que o número de equações que podem ser obtidas. Sua análise não pode ser feita apenas com as equações de equilíbrio, exige também o uso de equações da Resistência dos Materiais. Nesta disciplina, Mecânica, analisaremos apenas as treliças isostáticas. 10.4 Método dos nós Após a determinação das reações dos apoios, considerando a treliça toda como um corpo extenso, a análise é realizada a partir do diagrama de corpo livre e a imposição das condições de equilíbrio a (n – 1) nós que compõem a treliça. São válidas as equações de equilíbrio estático do ponto material. == 00 yx FF Observação: Toda treliça isostática pode ser analisada apenas pelo método dos nós. Exercícios – Série 6 1. Determine as forças que atuam em todos os elementos da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 2. Determine a força em cada elemento da treliça carregada e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. Explique porque não é necessário conhecer o comprimento dos elementos. 3. Determine a força em cada membro da treliça. Indique se os membros estão sob tração ou compressão. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 37 4. Determine a força em cada membro da treliça. Indique se os membros estão sob tração ou compressão. 5. Determine as forças que atuam em todos os elementos da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 6. Determine a força em cada elemento da treliça carregada e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 7. Determine a força em cada elemento da treliça carregada e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 8. Determine a força em cada elemento da treliça carregada e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 38 9. Determine a força em cada elemento da treliça carregada e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. Todos os triângulos são isósceles. 10. Determine as forças que atuam em todos os elementos da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 11. Determine as forças que atuam em todos os elementos da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 12. Determine as forças que atuam em todos os elementos da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. Dados: P1 = 2 kN e P2 = 1,5 kN. 13. Determine as forças que atuam em todos os elementos da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. Dado: P = 8 kN. 14. Determine a força em cada elemento da treliça carregada e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. Utilize a simetria da treliça e do carregamento. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 39 15. Cada elemento da treliça é uma barra uniforme de 8 m e peso 4000 N. Calcule a tração ou compressão média em cada elemento, devida aos pesos dos elementos. 16. Determine as forças nos elementos BC e BG da treliça carregada e indique se estão sob tração ou compressão. 10.5 Método das seções O método das seções, também conhecido como método de Ritter, é utilizado para se determinar as forças atuantes dentro de um elemento estrutural. Esse método baseia-se no princípio de que se um corpo está em equilíbrio, qualquer parte dele também está. O método consiste em seccionar o elemento estrutural no ponto que se deseja determinar os esforços e aplicar as equações de equilíbrio estático do corpo extenso e rígido na região seccionada. Exercícios − Série 7 1. Determine as forças que atuam nos elementos GE, GC e BC da treliça mostrada na figura e indique se os elementos estão sob tração ou compressão. 2. Determine as forças nos elementos CG e GH e indique se estão sob tração ou compressão. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 40 3. Determine as forças nos membros BC, CF e FE. Indique se os membros estão sob tração ou compressão. 4. Determine a força no elemento AE da treliça carregada e indique se está sob tração ou compressão. 5. Determine a força no elemento BE da treliça carregada e estabeleça se está sob tração ou compressão. 6. Calcule as forças nos elementos BC, BE e EF e indique se está sob tração ou compressão. 7. Na treliça a seguir, submetida à carga W, determine, usando o método das seções, a força nas barras CG e GH e diga-se se estas barras estão comprimidas (C) ou se estão tracionadas (T). 60ºW 4 m4 m 4 m 4 m 4 m 4 m 4 m A B C F D E GHJ Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 41 8. Calcule as forças nos elementos DE e DL e indique se está sob tração ou compressão. 9. A treliça de ponte Howe está sujeita ao carregamento mostrado. Determine as forças nos membros HD, CD e GD e indique se os membros estão sob tração ou compressão. 10. A treliça de ponte Howe está sujeita ao carregamento mostrado. Determine as forças nos membros HI, HB e BC e indique se os membros estão sob tração ou compressão. 11. SISTEMA DE FORÇAS DISTRIBUÍDAS Uma força é distribuída quando sua aplicação em um corpo é feita em mais do que um ponto. Com relação à distribuição, as forças distribuídas podem ser classificadas em: ◼ Forças distribuídas volumetricamente: que são aquelas distribuídas pelo volume de um corpo. Por exemplo, temos a força peso. No Sistema Internacional de Unidades, a intensidade de uma força distribuída volumetricamente é medida em N/m3. ◼ Forças distribuídas superficialmente: que são aquelas distribuídas pela superfície de um corpo. Por exemplo, temos a pressão. No Sistema Internacional de Unidades, a intensidade de uma força distribuída superficialmente é medida em N/m2. ◼ Forças distribuídas linearmente: que são aquelas distribuídas ao longo de uma linha. Embora, da mesma maneira que a força concentrada, este tipo de força é uma aproximação. No Sistema Internacional de Unidades, a intensidade de uma força distribuída linearmente é medida em N/m. Se considerarmos, por exemplo, uma força distribuída aplicada na parte superior de uma viga retangular, como mostrado a seguir, e se levarmos em conta que a largura onde está aplicada a carga é muito pequena, quando comparada com o comprimento da viga, podemos considerar que a carga está distribuída apenas ao longo do comprimento da viga. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 42 Nesta disciplina trataremos, quase que exclusivamente, deste tipo de distribuição de força. Seja uma força linearmente distribuída ao longo de um comprimento L e w(x) a função de distribuição da força, como mostrado a seguir. 11.1 Intensidade da força resultante A intensidade da força resultante é equivalente à soma de todas as forças atuantes no sistema e em muitos casos deve ser calculada por integração, uma vez que existem infinitas forças atuando sobre o sistema. ● A força resultante é igual à área total sob o diagrama de carga. 𝐹𝑅 = ∫ 𝑤(𝑥) ∙ 𝑑𝑥 𝐿 = ∫ 𝑑𝐴 𝐴 = 𝐴 11.2 Ponto de aplicação da força resultante ● A localização da linha de ação da força resultante em relação ao eixo x pode ser determinada pela equação de momentos da força resultante e da distribuição de forças em relação ao ponto O. ● A força resultante tem uma linha de ação que passa pelo centroide da área definida pelo diagrama de carregamento. �̅� = ∫ 𝑥 ∙ 𝑤(𝑥) ∙ 𝑑𝑥𝐿 ∫ 𝑤(𝑥) ∙ 𝑑𝑥𝐿 = ∫ 𝑥 ∙ 𝑑𝐴𝐴 ∫ 𝑑𝐴𝐴 Abaixo mostramos os casos mais corriqueiros de cargas q, distribuídas linearmente, assim como a força resultante equivalente F e seu ponto de aplicação. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 43 Exercícios – Série 8 1. Determine a intensidade e a localização da força resultante equivalente que atua no eixo mostrado na figura. 2. Um carregamento distribuído com w = 160 · x N/m atua no topo de uma superfície de uma viga como mostra a figura. Determine a intensidade e a localização da força resultante equivalente. 3. Determine, para a viga mostrada ao lado, a intensidade da força resultante e seu ponto de aplicação, medido a partir do ponto A. 4. O suporte de alvenaria gera a distribuição de cargas atuando nas extremidades da viga. Simplifique essas cargas a uma única força resultante e especifique sua localização em relação ao ponto O. 5. Substitua as cargas atuantes por uma única força resultante e especifique sua localização sobre a viga em relação ao ponto O. 6. Substitua as cargas atuantes por uma única força resultante e especifique sua localização sobre a viga em relação ao ponto A. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 44 7. Substitua as cargas atuantes por uma única força resultante e especifique sua localização sobre a viga em relação ao ponto A. 8. Substitua as cargas atuantes por uma única força resultante e especifique sua localização sobre a viga em relação ao ponto O. 9. Substitua as cargas atuantes por uma única força resultante e especifique sua localização sobre a viga em relação ao ponto O. 10. Substitua as cargas atuantes por uma única força resultante e especifique sua localização sobre a viga em relação ao ponto A. 12. REAÇÕES DOS APOIOS EM VIGAS As vigas são elementos estruturais projetados para suportar cargas externas aplicadas perpendicularmente a seu eixo. Geralmente, as vigas têm área de seção transversal constante e são longas e retas. As vigas mais utilizadas em projetos estruturais são a viga simplesmente apoiada, com uma extremidade apoiada com pino e com um rolete na outra, e a viga em balanço, com uma extremidade engastada e a outra livre. A seguir mostramos a classificação dos tipos mais comuns de vigas. a) Simplesmente apoiada Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 45 b) Biengastada (fixa) c) Engastada- Apoiada d) Em balanço e) Em balanço nas extremidades Exercícios – Série 9 1. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios. 2. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e C. 3. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e B. 4. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e B. Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 46 5. Calcule as reações dos apoios A e B para a viga submetida às duas cargas distribuídas com variação linear. 6. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e B. 7. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e B. 8. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e B. 9. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e B. 10. Para a estrutura mostrada na figura determine as reações nos apoios A e D. 13. ESFORÇOS INTERNOS EM VIGAS 13.1 Esforços internos Para projetar e dimensionar um elemento estrutural ou mecânico é necessário conhecer as cargas ‒forças e momentos‒ que atuam dentro do elemento, a fim de garantir que o material possa resistir a essas cargas. Consideremos a viga em balanço engastada em A, mostrada na figura ao lado, sujeita às cargas F1 e F2 e um ponto B, ao longo de seu comprimento. Os esforços internos que atuam na seção transversal da viga que passa pelo ponto B podem ser determinadas usando o método das seções. A B F1 F2 Para a viga que estamos considerando, teremos: Mecânica dos Sólidos Paulo Cesar Martins Penteado 47 A B F1 F2 MA Ax Ay BB F1 F2VB NB MB MB NB VB A componente de força NB, que atua perpendicularmente à seção transversal, é chamada de esforço normal. A componente de força VB, que é tangente à seção transversal é chamada de esforço cortante. O momento de binário MB é
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