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E-BOOK ESTABILIDADE Sistemas estruturais - Definições de estrutura APRESENTAÇÃO Ao longo da história da Engenharia de Estruturas, muitos sistemas estruturais foram desenvolvidos. Os sistemas estruturais são oriundos da associação de elementos estruturais, que podem ser linerares, de supeficie ou de volume. Cada elemento estrutural tem comportamento próprio e sua presença em determinado sistema estrutural confere características específicas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender as características dos elementos estruturais, os tipos de sistemas construtivos lineares, de superfície e de volume, e como são utilizados em fundações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir sistemas estruturais e seus elementos estruturais principais.• Caracterizar as estruturas lineares e elementos estruturais de superfície. • Reconhecer os elementos estruturais de fundações.• DESAFIO As estruturas são compostas por um conjunto de elementos estruturais, com características específicas que, quando interligados, formam um sistema. Esse sistema tem um comportamento bem definido, influenciado pelas características individuais de cada elemento. As pontes suspensas do tipo estaiada são um exemplo de integração entre elementos estruturais. As pontes são constituídas por um tabuleiro, composto por vigas, sustentado por meio de torres em forma de coluna. A ligação entre o tabuleiro e as torres é feita por meio de cabos de aço. Sendo assim, como você explicaria o comportamento estrutural, no que se refere à incidência de carregamentos e distribuição de esforços? INFOGRÁFICO Os elementos estruturais lineares são aqueles em que, uma das dimensões, denominada comprimento, é relativamente maior que as outras duas, que formam a seção transversal. Os elementos lineares podem ser classificados de acordo com a forma de atuação dos esforços internos em três categorias: tirantes, colunas e vigas. No Infográfico, você aprenderá como se dá a atuação dos esforços internos nos elementos estruturais lineares. CONTEÚDO DO LIVRO Arquitetos e engenheiros que planejem atuar na área de projeto e cálculo estrutural devem conhecer o comportamento dos principais sistemas estruturais. Os sistemas são compostos por um conjunto de elementos estruturais, associados entre si, cada qual com comportamentos próprios. Os sistemas estruturais podem ser planos ou espaciais e formados por elementos lineares, de superfície ou de volume. As características dos sistemas estruturais determinam sua aplicação, seja em edificações residenciais, pontes, fundações, entre outras. No capítulo Sistemas estruturais - Definições de estrutura, da obra Sistemas Estruturais III – que é base teórica desta Unidade de Aprendizagem –, você aprenderá o que são sistemas e elementos estruturais, os principais tipos de sistemas e como se aplicam em fundações. Boa leitura. SISTEMAS ESTRUTURAIS III Diego da Luz Adorna Sistemas estruturais — definições de estrutura Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir sistemas estruturais e seus elementos estruturais principais. � Caracterizar as estruturas lineares e os elementos estruturais de superfície. � Reconhecer os elementos estruturais de fundações. Introdução Os sistemas estruturais são formados por elementos estruturais devida- mente interligados, de modo a formar arranjos estruturais. De acordo com Hibbeler (2013), tais arranjos têm a função de resistir aos carregamentos incidentes na estrutura e transmiti-los ao solo. De acordo com a disposição dos elementos construtivos, os sistemas estruturais podem ser planos ou espaciais. Cada sistema estrutural tem características próprias de carregamento e transmissão de esforços, e os arquitetos e engenheiros devem saber reconhecer os tipos de sistema, de modo a prever o comportamento estrutural de uma edificação. Neste capítulo, você estudará os sistemas estruturais e verá como são formados. Também lerá sobre como se comportam estruturas lineares e elementos estruturais de superfície, além de ver quais são os elementos estruturais de fundações. Sistemas estruturais As primeiras tribos humanas sobreviviam da caça, pesca e coleta de frutos, e, em função da disponibilidade de recursos para a subsistência, precisavam mudar constantemente de região. A partir da descoberta da agricultura e da pecuária, o homem pode residir em um local fixo, surgindo, assim, a neces- sidade de construção de edificações. Ao longo da história da humanidade, muitas concepções construtivas foram desenvolvidas, permitindo a construção de monumentos que perduram até os tempos atuais, como as pirâmides de Gizé e o Coliseu de Roma. Essas estruturas foram construídas por meio de técnicas empíricas, decorrentes da observação do comportamento e do arranjo dos materiais. Atualmente, existem inúmeros software de cálculo estrutural, que permi- tem a análise do comportamento de uma estrutura sob diferentes condições ambientais e a realização de simulações, auxiliando o projetista na escolha da estrutura de melhor desempenho e custo-benefício. Entre os vários software de cálculo estrutural disponíveis, destacam-se o REVIT, o TQS e o EBERICK. No link a seguir, você encontra um texto sobre os prin- cipais software utilizados na construção e na elaboração de projetos estruturais. https://qrgo.page.link/DF5gP Elementos e sistemas estruturais O objetivo do cálculo estrutural é dimensionar os elementos estruturais que formam uma estrutura, de modo a garantir que ela resista aos carregamentos decorrentes da edificação e do meio ambiente. Ao conjunto de elementos estruturais que formam uma estrutura é dado o nome de sistema estrutural. Sistemas estruturais — definições de estrutura2 Santos (2017) define sistema estrutural como um conjunto de elementos interco- nectados cuja função é suportar os carregamentos incidentes sobre a estrutura e transmiti-los, de forma segura, para o solo. Os sistemas estruturais podem ser formados por elementos lineares, ele- mentos de superfície ou elementos de volume. A NBR 6118, de 26 de abril de 2014, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014), define esses três tipos de elementos estruturais da seguinte maneira: � Elementos lineares: consistem em elementos unidimensionais, cujo comprimento longitudinal é, pelo menos, três vezes superior às dimen- sões da seção transversal. Os principais tipos de elementos lineares são: os tirantes, que consistem em elementos submetidos à tração axial; as colunas, que consistem em elementos submetidos à compressão axial; e as vigas, que consistem em elementos submetidos à flexão transversal e cisalhamento. � Elementos de superfície: consistem em elementos bidimensionais, cuja espessura é relativamente pequena, quando comparada as outras duas dimensões. Os principais tipos de elementos de superfície são as placas, as chapas e as cascas. As placas são elementos submetidos a carregamentos perpendiculares ao plano principal, como, por exemplo, as lajes. As chapas são elementos submetidos a carregamentos paralelos ao plano principal, como, por exemplo, as vigas-parede. As cascas, por fim, são elementos de superfície curvos, submetidos a carregamentos perpendiculares e dimensionados de modo a sofrer apenas esforços de compressão axial. Podem ser muito flexíveis, assumindo a forma de tendas (HIBBELER, 2013). � Elementos de volume: consistem em elementos tridimensionais, que possuem as três dimensões equivalentes. O principal tipo de elemento estrutural de volume é o bloco, utilizado, normalmente, na construção de fundações. 3Sistemas estruturais — definições de estrutura Sistemas estruturais planos e espaciais O comportamento de uma estrutura está condicionado ao arranjo espacial dos seus componentes. A disposição dos elementos estruturais governa a forma de carregamentoe de transmissão dos esforços. Os sistemas estruturais podem, portanto, ser classificados de acordo com o seu arranjo espacial e a consequente forma de absorção e transmissão de esforços. Do ponto de vista do arranjo espacial, os sistemas estruturas podem ser classificados em sistemas estruturais planos e sistemas estruturais espaciais. No sistema estrutural plano, representado na Figura 1a, os elementos estru- turais são dispostos de maneira a formar um único plano, vertical, horizontal ou inclinado, de modo que os carregamentos estejam distribuídos em duas direções. No sistema estrutural espacial, representado na Figura 1b, os elementos estruturais são dispostos nos três planos do espaço, formando elementos tridimensionais. Neste tipo de estrutura, o carregamento pode estar disposto em qualquer direção. Figura 1. (a) Pórtico plano e (b) pórtico espacial. Fonte: Adaptada de Kimura (2007, p. 121-122). Sistemas estruturais — definições de estrutura4 Os elementos estruturais absorvem os carregamentos incidentes na estrutura e os transferem até o solo por meio dos elementos de fundação. Arquitetos e engenheiros devem, portanto, compreender a importância do arranjo espacial dos elementos estruturais, de modo a idealizar estruturas que permitam a transferência de cargas de forma segura e eficiente. Os software de cálculo estrutural auxiliam no projeto, contudo não idealizam a estrutura por conta própria. Essa responsabilidade é do projetista. Estruturas lineares e elementos de superfície Estruturas lineares Estruturas lineares são formadas, de acordo com Hibbeler (2013), em decorrên- cia da associação de elementos unidimensionais, ou seja, a partir da interação entre tirantes, colunas e vigas. A disposição dos elementos rege a forma com que os carregamentos serão aplicados e como os esforços serão transmitidos, definindo o comportamento da estrutura. As principais estruturas lineares são: vigas Gerber, pórticos, treliças, grelhas, cabos e arcos. A seguir, serão apresentadas as características com- portamentais desses sistemas estruturais. 5Sistemas estruturais — definições de estrutura Vigas Gerber As vigas Gerber, assim denominadas em homenagem ao engenheiro alemão Heinrich Gerber (1822–1912), são sistemas estruturais formados pela associação sucessiva de vigas (SORIANO, 2010). Neste tipo de estrutura, vigas não estáveis são apoiadas em vigas estáveis, como pode ser visto na Figura 2, por meio de apoios denominados dentes Gerber. São muito utilizadas na construção de estruturas pré-fabricadas, como galpões industriais e pontes. Assim como as vigas comuns, as vigas Gerber estão submetidas a carregamentos transversais, estando, portanto, submetidas a esforços de flexão transversal e cisalhamento. Figura 2. Viga Gerber em ponte. Fonte: Frederico Fazzini/Shutterstock.com. Sistemas estruturais — definições de estrutura6 Pórticos Os pórticos são estruturas rígidas formadas pela associação de vigas e pilares. Os elementos construtivos podem ser retos, curvos ou inclinados, e o sistema estrutural pode ser plano ou espacial, conforme observado anteriormente, na Figura 1. As vigas, submetidas a carregamentos transversais, transmitem esforços de flexão e compressão para os pilares, que, por sua vez, os transmitem para os elementos de fundação. Os pórticos podem ser submetidos, ainda, a carregamentos horizontais, decorrentes de efeitos de segunda ordem e vento. Eles são utilizados em estruturas corriqueiras de concreto armado ou aço, conforme observado na Figura 3. Figura 3. Pórtico em estrutura de concreto armado. Fonte: Dmitrii Iarusov/Shutterstock.com. 7Sistemas estruturais — definições de estrutura Treliças As treliças são estruturas formadas por elementos lineares interligados entre si pelas extremidades, dispostos, normalmente, em padrões triangulares. De acordo com Leet, Uang e Gilbert (2010), os carregamentos são aplicados, obrigatoriamente, nos pontos de conexão entre barras retas, denominados nós. Desse modo, a estrutura fica submetida, unicamente, a esforços de tração e compressão axiais. Assim como os pórticos, as treliças podem ser planas ou espaciais, conforme a disposição espacial dos elementos lineares. Veja, na Figura 4, um exemplo de treliça espacial, utilizado na construção de uma estrutura de ponte. Figura 4. Treliça utilizada em estrutura de ponte. Fonte: Takaeshiro/Shutterstock.com. Sistemas estruturais — definições de estrutura8 Grelhas As grelhas são estruturas compostas por vigas, dispostas de modo a formar uma malha ao longo do plano horizontal. Os elementos lineares podem ser retos ou curvos, e a ligação entre eles pode ser rígida ou articulada, de acordo com Salles et al. (2015). As vigas são elementos submetidos a carregamentos transversais, portanto transmitem esforços internos de cisalhamento e de flexão transversal. Em função do arranjo espacial da estrutura, isso acarreta a transmissão de esforços de torção entre os elementos lineares, conforme indicado na Figura 5. Figura 5. Deformações e esforços internos em uma barra de grelha. Fonte: Kimura (2007, p. 118). 9Sistemas estruturais — definições de estrutura Cabos Os cabos são elementos estruturais formados por cordoalhas de fio de aço ou por barras rígidas de aço, associadas de modo a se comportarem como uma cordoalha. São elementos submetidos a carregamentos transversais distribu- ídos ou concentrados, transmitindo, contudo, apenas esforços de tração axial. O formato que os cabos assumem depende do caminho que as forças percorrem até atingir os apoios, e esse caminho é denominado funicular (REBELLO, 2000). Os cabos são muito utilizados na construção de pontes suspensas do tipo pênsil ou estaiada, como a mostrada na Figura 6. Figura 6. Cabos de suspensão em ponte estaiada. Fonte: Christine Bird/Shutterstock.com. Sistemas estruturais — definições de estrutura10 Arcos Os arcos são elementos rígidos submetidos a carregamentos transversais. O formato dos arcos é semelhante ao funicular dos cabos, porém seu sentido é inverso e está submetido apenas a esforços axiais de compressão, de acordo com Rebello (2000). Os arcos foram estruturas muito utilizadas pelos romanos na construção de aquedutos e do Coliseu de Roma, em função da estabilidade que conferem à estrutura. Hoje, os arcos são utilizados, principalmente, na construção de pontes, como a apresentada na Figura 7. Figura 7. Ponte construída com estrutura em arco. Fonte: Veerababu Achanta/Shutterstock.com. 11Sistemas estruturais — definições de estrutura Elementos de superfície Os elementos de superfície são aqueles que possuem uma dimensão, normal- mente denominada espessura, muito inferior às outras duas dimensões, que formam um plano. Podem ser construídos com materiais rígidos, como concreto e aço, ou com materiais flexíveis, como tecidos e lonas. Os principais tipos de estruturas de superfície são: as placas, as chapas e as cascas. Placas As placas são elementos de superfície, normalmente horizontais, cujo car- regamento se dá de maneira perpendicular ao plano, como apresentado na Figura 8. Portanto, as placas são estruturas submetidas a esforços de flexão transversal e cisalhamento, de maneira semelhante às vigas; contudo esses esforços se distribuem em toda a área do plano, diferentemente das vigas, cuja distribuição dos esforços é linear. Figura 8. Carregamentos incidentes sobre uma placa. Fonte: Salles et al. (2005, p. 11). Sistemas estruturais — definições de estrutura12 Chapas As chapas são elementos de superfície semelhantes às placas, ou seja, com a espessura muito inferior às outras duas dimensões, que formam um plano. Contudo, nas chapas, o carregamento incide paralelamente ao plano, con- forme mostrado na Figura 9. As chapas são elementos submetidos a esforços transversais de flexão e cisalhamento. A principal utilização das chapas é na construção de reservatórios constituídos por vigas-parede. Figura 9. Carregamentos incidentes sobreuma chapa do tipo viga-parede. Fonte: Salles et al. (2005, p. 11). 13Sistemas estruturais — definições de estrutura Cascas As cascas são elementos superficiais carregados transversalmente. Os carre- gamentos aplicados às cascas resultam em esforços internos de compressão, que atuam no plano do elemento (LEET; UANG; GILBERT, 2010). Podem ser construídas com materiais rígidos ou com materiais flexíveis, dando origem a uma categoria de estrutura denominada estrutura tipo membrana, na qual tecidos ou lonas tensionadas são dispostas na forma de uma casca em curva, como você pode ver Figura 10. Figura 10. Elemento de superfície em casca em estrutura do tipo membrana. Fonte: francesco cepolina/Shutterstock.com. Elementos estruturais de fundações As fundações são sistemas estruturais cuja função é transmitir, de forma segura, os esforços provenientes do carregamento incidente na estrutura para o solo. As fundações, de acordo com a forma de transmissão das cargas para o solo, podem ser classificadas em: Sistemas estruturais — definições de estrutura14 � Fundações superficiais: também denominadas fundações diretas ou rasas, transmitem os esforços provenientes da estrutura diretamente para o solo em contato com a fundação (REBELLO, 2008). A transmissão de cargas é realizada pela base do elemento de fundação. � Fundações profundas: também denominadas fundações indiretas, de acordo com Rebello (2008), transmitem os esforços provenientes da estrutura indiretamente para o solo, por meio de estacas de grande comprimento, de modo a atingir camadas mais profundas e resistentes do solo. A transmissão da carga é realizada por meio do atrito da lateral da estaca de fundação e pela ponta da estaca. Assim como os demais sistemas estruturais, o comportamento das funda- ções depende do tipo de elemento estrutural utilizado na sua concepção. Entre os diversos tipos de fundação, merecem especial destaque, do ponto de vista do arranjo espacial, os radiers, os blocos e sapatas e as estacas. Radier A fundação superficial do tipo radier consiste em uma laje apoiada sobre o solo, que transmite, por meio de sua base, os carregamentos provenientes da edificação para o solo. O radier é um elemento de superfície do tipo placa, como você pode ver na Figura 11. Os carregamentos são transmitidos per- pendicularmente ao plano, gerando esforços internos de flexão e compressão, que são transmitidos ao solo. Figura 11. Fundação do tipo radier. Fonte: LALS STOCK/Shutterstock.com. 15Sistemas estruturais — definições de estrutura Blocos e sapatas Os blocos e as sapatas são fundações do tipo superficial, ou seja, transmitem as cargas para o solo através da sua base. Os blocos são utilizados também como ancoragem entre os pilares e as estacas de fundação. Blocos e sapatas consistem em elementos de volume, pois têm todas as dimensões equivalentes, conforme observado na Figura 12. São submetidos a carregamos concentrados de compressão e a momentos de flexão, provenientes dos pilares da estrutura, transmitindo esses esforços ao solo. Figura 12. Bloco de fundação. Fonte: Worakit Sirijinda/Shutterstock.com. Sistemas estruturais — definições de estrutura16 Estacas As estacas são fundações profundas. São classificadas como elementos line- ares, visto que apresentam comprimento muito superior à seção transversal. As estacas recebem os carregamentos transmitidos pela estrutura por meio do bloco de coroamento e as transmitem ao solo por meio da ponta inferior e do atrito lateral (SANTOS, 2017). Existem diversos tipos de estacas, cada um com suas vantagens e desvantagens, sendo responsabilidade do projetista identificar qual o tipo ideal de estaca a ser utilizado no projeto. Na Figura 13, são apresentadas estacas de concreto cravadas no solo. Figura 13. Estacas de concreto cravadas no solo. Fonte: minorva52/Shutterstock.com. Os sistemas estruturais apresentam características e comportamentos próprios, decorrentes do arranjo espacial e do tipo de elementos estruturais utilizados na sua concepção. Arquitetos e engenheiros devem reconhecer os aspectos referentes a cada tipo de sistema estrutural, de modo a conceber estruturas com as características necessárias para garantir segurança, fun- cionalidade e economicidade para a obra. 17Sistemas estruturais — definições de estrutura Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. HIBBELER, R. C. Análise das estruturas. 8. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. KIMURA, A. Informática aplicada em estruturas de concreto armado: cálculos de edifícios com o uso de sistemas computacionais. São Paulo: PINI, 2007. LEET, K. M.; UANG, C. H.; GILBERT, A. M. Fundamentos da análise estrutural. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. REBELLO, Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2000. REBELLO, Y. C. P. Fundações: guia prático de projeto, execução e dimensionamento. 3. ed. São Paulo: Zigurate, 2008. SALLES, J. J. et al. Sistemas estruturais: teoria e exemplos.São Carlos: EESC-USP, 2005. SANTOS, J. S. Desconstruindo o projeto estrutural de edifícios: concreto armado e proten- dido. São Paulo: Oficina de Textos, 2017. SORIANO, H. L. Estática das estruturas. 2. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2010. Sistemas estruturais — definições de estrutura18 DICA DO PROFESSOR O comportamento estrutural de uma edificação depende dos sistemas estruturais que a compõem e dos carregamentos que incidem sobre ela. Os carregamentos geram esforços internos e deformações, que influenciam na segurança e na funcionalidade da estrutura. O projetista deve conhecer os carregamentos atuantes em uma estrutura, de modo a escolher sistemas e elementos estruturais que sejam capazes de resistir, de forma segura, a eles. Na Dica do Professor, você aprenderá quais os tipos de carregamentos incidentes sobre uma estrutura e quais os esforços internos e deformações decorrentes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Os sistemas estruturais são compostos pela associação de elementos estruturais, arranjados de forma que suas características se complementem. Analise as afimativas a seguir, referentes aos tipos de elementos estruturais: I. Os tirantes e as colunas são tipos de estruturas lineares, submetidos a esforços transversais de tração e de compressão, respectivamente. II. Os elementos de superfície são aqueles que possuem uma dimensão, denominada espessura, muito inferior às outras duas, que formam um plano. III. Os elementos de volume são aqueles que possuem dimensões equivalentes, sendo muito usados na execução de fundações diretas. IV. As vigas são elementos estruturais unidirecionais, submetidas a esforços transversais de flexão e cisalhamento. Assinale a alternativa que indica as afirmativas corretas. A) Apenas as afirmativas I e II. B) Apenas as afirmativas II e III. C) Apenas as afirmantivas II, III e IV. D) Apenas as afirmativas I, II e IV. E) As afirmativas I, II, III e IV. 2) Marcelo é arquiteto e projetou um edifício de quatro pavimentos em estruturas de concreto armado. Para o projeto da estrutura, Marcelo fez uso de vários tipos de elementos estruturais. Preencha as colunas a seguir, relacionando os elementos estruturais utilizados por Marcelo no projeto da estrutura da edificação. 1. Estruturas lineares 2. Estruturas de superfície 3. Estruturas de volume ( ) Vigas ( ) Pilares ( ) Vigas-paredes ( ) Lajes ( ) Sapatas ( ) Cabos de contraventamento Assinalea alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo. A) 3 – 2 – 2 – 3 – 3 – 1 B) 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 1 C) 1 – 1 – 1 – 2 – 3 – 1 D) 1 – 2 – 2 – 1 – 3 – 2 E) 2 – 1 – 2 – 3 – 2 – 1 3) No projeto estrutural de um edifício comercial, uma arquiteta fez uso de um sistema aporticado em estruturas de concreto armado. Em determinado ponto, para manter um vão maior, ela decidiu fazer uso de vigas-Gerber, de modo a evitar a construção de pilares no meio de uma sala ampla. Analise as afirmativas a seguir. I. Vigas-Gerber consistem em um sistema estrutural em que vigas não estáveis se apoiam diretamente em pilares estáveis. II. Pórticos são sistemas estruturais formados pela associação entre vigas e pilares, podendo este arranjo se dar no plano ou no espaço. III. As vigas-Gerber, assim como as vigas comuns, estão submetidas à esforços de flexão longitudinais. IV. Os pilares do pórtico transmitem os esforços de flexão e de compressão provenientes da viga para as fundações. Assinale a alternativa que indica as afirmativas corretas. A) Apenas a afirmativa I. B) Apenas a afirmativa IV. C) Apenas as afirmativas II e III. D) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. E) As afirmativas I, II, III e IV. 4) Estruturas de superfície são aquelas que apresentam uma das dimensões, denominada espessura, muito inferior às outras duas dimensões, que formam um plano. Relacione as colunas, no que se refere aos tipos de estruturas de superfície. 1. Membrana tensionada em cobertura de estádio de futebol. 2. Laje maciça de concreto executada em uma edificação residencial. 3. Viga-parede utilizada como muro de contenção em subsolo de edifício. ( ) Placas ( ) Chapas ( ) Cascas Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo. A) 1 – 2 – 3 B) 2 – 1 – 3 C) 1 – 3 – 2 D) 3 – 2 – 1 E) 2 – 3 – 1 Os elementos de volume são utilizados, principalmente, em sistemas estruturais aplicados em fundações diretas. Contudo, outros tipos de elementos estruturais podem ser aplicados em fundações. Relacione as colunas, referente aos tipos de elementos estruturais utilizados em fundações. 1. Os blocos de coroamento são elementos intermediários, que fazem a ligação entre o pilar e as estacas, distribuindo, igualmente, os esforços provenientes da estrutura. 5) 2. O radier consiste em uma laje executada sobre o solo, transmitindo a este as cargas provenientes da edificação por meio de sua base. 3. As estacas são sistemas de fundações profundas, que transmitem as cargas para o solo, por meio do atrito lateral e pela ponta que fica enterrada. ( ) Elemento de superfície. ( ) Elemento de volume. ( ) Elemento linear. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. A) 1 – 2 – 3 B) 2 – 1 – 3 C) 1 – 3 – 2 D) 3 – 2 – 1 E) 2 – 3 – 1 NA PRÁTICA As fundações são estruturas com a função de absorver e transmitir os esforços provenientes da edificação, de forma segura, para o solo. Elas devem ser projetadas com elementos estruturais apropriados, de modo que os esforços sejam bem distribuídos no solo. As fundações podem ser executadas com elementos lineares, de superfície ou de volume, ou, ainda, pela combinação deles. Confira, Na Prática, como analisar um sistema estrutural de fundação, do ponto de vista dos elementos estruturais utilizados. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Vigas-Gerber com Dentes Múltiplos: Dimensionamento e Detalhamento As vigas-Gerber são muito utilizadas em estruturas pré-moldadas. Consistem no apoio de uma viga não estável em vigas estáveis, propiciando a construção com maiores vãos. No link a seguir, você aprenderá um pouco mais sobre este sistema construtivo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que é treliça? As treliças são sistemas estruturais utilizados para vencer grandes vãos. Conferem estabilidade para a estrutura e diminuição de peso, quando comparadas a vigas maciças. No link a seguir, você aprenderá um pouco mais sobre as características das treliças. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Vetores de Força – análise bidimensional APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! A análise de situações reais, mesmo considerando algumas idealizações que facilitam o estudo, é um processo bastante complexo. Quando você estuda um objeto em movimento, considerando um ponto fixo em sua superfície, a cada instante esse ponto se encontra em uma determinada posição. Já quando você pretende analisar um objeto que está em repouso, as forças que atuam sobre ele podem variar com o tempo, por exemplo, devido às deformações do material. Por isso, em ambos os casos, torna-se interessante você representar a atuação das forças em cada momento específico, explicitando sua direção, seu sentido e, também, sua intensidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar a ferramenta matemática que lhe permite representar as forças graficamente e realizar operações com elas em duas dimensões: os vetores. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os princípios da álgebra vetorial.• Aplicar a regra do paralelogramo para determinar a força resultante de um sistema.• Utilizar as coordenadas cartesianas para expressar a intensidade, a direção e o sentido de grandezas vetoriais. • DESAFIO A cultura do fast food que tomou conta do século XX, deixou heranças desastrosas para as novas gerações: aumento da obesidade, doenças como hipertensão infantil e altos índices de enfarto em pessoas jovens. Felizmente, frente a isso, surge, no século XXI, uma consciência em relação aos hábitos saudáveis de vida, que possibilitam o bem-estar, aumentando a expectativa de vida, não apenas em anos, mas em qualidade. Além de procurar manter uma alimentação saudável, as pessoas se conscientizaram dos benefícios da prática de atividades físicas regularmente. Com isso, cresce cada vez mais o número de academias espalhadas pelas cidades, cuja prática é bastante comum para trabalhar diversos músculos superiores, como pode ser observado na imagem a seguir: Supondo que as hastes formam um ângulo de 90° entre si e que a força resultante é de 150 N, apresente um gráfico ilustrando as componentes x e y, bem como a direção dessa força resultante, descritas em coordenadas cartesianas. Para facilitar, posicione o sistema de eixos sobre as hastes, de forma que a haste da mão esquerda corresponda ao eixo y positivo. INFOGRÁFICO A utilização de vetores na resolução de problemas na engenharia facilita muito a análise dos enunciados. Vetores são operadores matemáticos que apresentam propriedades e operações específicas, todas elas muito úteis, na prática. Veja no Infográfico a seguir, como funcionam as operações com vetores e a decomposição de forças resultantes. CONTEÚDO DO LIVRO A engenharia, por se tratar de uma física aplicada ao cotidiano, desenvolveu métodos próprios para a resolução de problemas. Por isso, é muito importante o engenheiro conhecer as ferramentas que vão lhe auxiliar na análise das situações reais do cotidiano. Uma das principais ferramentas matemáticas para a sua profissão são os vetores. Com eles você pode esboçar graficamente as forças que atuam em um objeto, avaliando a intensidade, a direção e o sentido das forças que sua estrutura deverá ser capaz de suportar. Assim, o dimensionamento e a escolha dos materiais a serem utilizados serão feitos com segurança. Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Vetores de força: análise bidimensional, da obra Estática, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. ESTÁTICA Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza Vetores de força: análise bidimensional Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificaros princípios da álgebra vetorial. � Aplicar a regra do paralelogramo para determinar a força resultante de um sistema. � Utilizar as coordenadas cartesianas para expressar a intensidade, a direção e o sentido de grandezas vetoriais. Introdução A análise de situações reais, mesmo considerando algumas idealizações que facilitam o estudo, é um processo bastante complexo. Quando você estuda um objeto em movimento, considerando um ponto fixo em sua superfície, a cada instante esse ponto se encontra em uma determinada posição. Já quando você pretende analisar um objeto que está em re- pouso, as forças que atuam sobre ele podem variar com o tempo, por exemplo, devido a deformações do material. Por isso, em ambos os casos, torna-se interessante poder representar a atuação das forças em cada momento específico, explicitando sua direção, seu sentido e, também, sua intensidade. Neste capítulo, você vai estudar a ferramenta matemática que lhe permite representar as forças graficamente e realizar operações com elas em duas dimensões: os vetores. Vetores: uma ferramenta valiosa A álgebra linear está presente em todo e qualquer programa de computador que se destine a cálculos. Em 1843, William Rowan Hamilton apresentou a ferramenta básica principal para a representação gráfica de sistemas em duas e três dimensões: o vetor. Associado ao plano cartesiano, ferramenta fundamental da Geometria Analítica apresentada por René Descartes, permite descrever com precisão as situações de interesse da Engenharia. Em Mecânica, os vetores são utilizados para representar grandezas como: força, velocidade, aceleração, momento, entre outras. “Vetores são definidos como expressões matemáticas que têm intensidade, direção e sentido, que se somam segundo a lei do paralelogramo” (BEER et al., 2012, p. 19). Veja, a seguir, os conceitos e operações envolvidos no cálculo vetorial: � Vetor: segmento de reta finito e orientado, representado graficamente por uma flecha. Ou seja, possui origem e extremidade que definem uma direção, um tamanho e um sentido. � Módulo: representa o tamanho do vetor. Quando o vetor representa uma grandeza física, o módulo constitui seu valor numérico, ou seja, sua intensidade. � Direção: reta que representa graficamente o vetor (corpo da flecha). Em geral designada por um ângulo, é denominada de horizontal quando esse ângulo é de 0º ou 180º; quando esse ângulo é de 90º ou 360º, a denominamos de vertical. � Sentido: orientação do vetor (ponta da flecha). Cabe destacar que cada direção pode assumir Quando utilizados para representar grandezas, eles precisam, também, informar a dimensão dessa grandeza, por isso, vêm associados a uma unidade. Veja no Quadro 1 como representar os vetores graficamente/matematicamente. Vetores de força: análise bidimensional2 Componente Representação gráfica Representação matemática Vetor Desenho de uma flecha designada por sua representação matemática. A (negrito) ou A → Módulo Comprimento da flecha. A ou | A |→ Direção Reta que contém a flecha. Ângulo: Â ou Ɵ (alfabeto grego) Sentido Seta na extremidade da flecha. Sinal: + ou – Dimensão Não contemplada. Unidade da grandeza Quadro 1. Representação gráfica/matemática dos vetores. Na prática, como os vetores são utilizados para representar grandezas físicas, na ilustração de situações reais essas formas de representação aparecem associadas. Observe as Figuras 1 e 2. Figura 1. Exemplo de vetor. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 18). 3Vetores de força: análise bidimensional Figura 2. Exemplo de vetor. F1 = – 15N; F2 = 7N; P = 25N. P F1 F2 Com base nas Figuras, você pode descrever as seguintes situações: 1. Em uma esfera, é aplicada uma força de 10N na direção 30° horizontal, para a direita. 2. Sobre o bloco atuam três forças: ■ F1: horizontal, para a esquerda, com intensidade de 15N. ■ F2: horizontal, para a direita, com intensidade de 7N. ■ P: vertical, para baixo, com intensidade de 25N. Quando trabalhamos com vetores, o sinal (+) e o sinal (–) na frente dos valores numéricos indicam o sentido da grandeza. Se você precisa representar, na mesma figura, duas grandezas contrárias, vai desenhar flechas com sentidos opostos (Figura 2). Por outro lado, se você precisa representar matematicamente essas duas grandezas, uma delas será representada com sinal positivo e, a outra, com sinal negativo. Assim, depois de resolvida a equação, o sinal do resultado também representará o sentido da grandeza resultante. Por exemplo, a força resultante na horizontal da Figura 2 seria calculada da seguinte maneira: FR = F1 + F2 FR = – 15 + 7 = – 8N ou seja, 8N para esquerda Vetores de força: análise bidimensional4 Na representação de grandezas, os vetores podem ser: � Fixos ou ligados: se alterada a posição do vetor, as condições da situação descrita serão alteradas. � Livres: alterando a posição do vetor, as condições da situação descrita permanecem inalteradas. � Deslizantes: podem ser deslocados ao longo de suas linhas de ação (BEER et al., 2012, p. 20). � Iguais: vetores que possuem mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido, independente do ponto de aplicação. � Opostos: vetores que possuem mesmo módulo e mesma direção, porém sentidos contrários. Observe as Figuras 3 a 6 e leia com atenção suas legendas acerca dos vetores nelas representados. Figura 3. Os vetores aqui representados são fixos e iguais, pois, apesar de terem mesma intensidade, mesma direção e mesmo sentido, o ponto no qual são aplicados altera a situação: a torneira vai abrir ou fechar. Fonte: adaptada de VERSUSstudio/Shutterstock.com. 5Vetores de força: análise bidimensional Figura 4. Os vetores são iguais e livres, ou seja, têm mesma intensidade, mesma direção, mesmo sentido e independente do ponto no qual são representados, a situação permanece inalterada: o bloco se move para a direita. Figura 5. O vetor, que representa a tensão no cabo, é deslizante, pois pode ser representado ao longo da sua linha de ação. Fonte: adaptada de superjoseph/Shutterstock.com. Vetores de força: análise bidimensional6 Figura 6. Empilhadeira. Os vetores, peso (P) e normal (N), são opostos, ou seja, possuem mesmo módulo, mesma direção e sentidos contrários. Fonte: adaptada de Pissanu Jirakranjanakul/Shutterstock.com. Força resultante: adição de vetores Estabelecer as relações entre as forças que atuam nas situações reais de mo- vimento ou de equilíbrio pode ser bastante complexo. Os vetores facilitam essa análise, pois nos permitem, com base na representação gráfica, encontrar soluções. Para isso, vamos conhecer algumas ferramentas utilizadas na adição de vetores para determiner a força resultante dos sistemas. Vetores na mesma direção Basta realizar a soma algébrica dos módulos dos vetores em questão. Lembre- -se de levar em consideração o sentido de cada força a ser adcionada, que, no caso, é dado pelos sinais (+) e (–) que antecedem os valores numéricos. 7Vetores de força: análise bidimensional Graficamente, une-se o início de um vetor ao final do outro, respeitando seus sentidos (regra ponta-a-cauda). Confira um exemplo na Tabela 1. F1 (N) F2 (N) Resultante (FR) (N) (seta larga) Algebricamente Graficamente 10 20 10 + 20 = 30 – 10 – 20 – 10 – 20 = – 30 – 10 20 – 10 + 20 = 10 Tabela 1. Soma algébrica dos módulos dos vetores. Ao trabalhar com vetores, é sempre interessante ter uma régua, um esquadro e um transferidor em mãos, pois uma vez que os desenhos sejam feitos em escala, você poderá medir as retas e ângulos para obter ou conferir suas respostas. Você já refletiu sobre como isso pode ajudar a resolver exercícios? Vamos analisar as situações a seguir e a Figura 7. Vetores de força: análise bidimensional8 Figura 7. Forças horizontais. Fonte: adaptada de Darla Hallmark/Shutterstock.com. Na Figura 7, supondo que o bloco permaneça parado e que as únicas forças que atuem sobre ele estejam as representadas na figura, você pode concluirque: � A resultante será dada pela soma algébrica das forças em vermelho. Então, você pode escrever: FR = ∑F FR = F1 + F2 � A resultante do sistema deverá ser nula, uma vez que ele permanece parado: F1 + F2 = 0. Se F1 é a força aplicada da esquerda para a direita, considerada (+), e F2 é a força aplicada da direita para a esquerda, considerada (–), teremos: + F1 + (– F2) = 0 que é o mesmo que escrever: F1 – F2 = 0 9Vetores de força: análise bidimensional Ou seja, em módulo, F1 = F2. Por outro lado, se o bloco se desloca, por exemplo, para a esquerda, no caso de F2 > F1, você pode concluir que: � A resultante é uma força para a esquerda que gera uma aceleração pro- porcional à massa do bloco (Lei de Newton). Então, você pode escrever: F1 – F2 = m · a Digamos que F1 = 5N e F2 = 8N e que o bloco tenha massa de 50kg. Você pode determinar a aceleração: 5N – 8N = 50 kg · a – 3N = 50kg · a a = – 3N50kg = – 0,06m/s 2 Mas o que significa esse sinal? O sinal indica que a aceleração é para a esquerda. Vetores que não estão na mesma direção Nesse caso, não podemos somar algebricamente o módulo das forças para obter a resultante. Existem duas maneiras de determiná-la: � Regra do Paralelogramo: para começar, você precisa desenhar os ve- tores a partir de um mesmo ponto (A), de forma que suas origens fiquem unidas. Em seguida, projete um vetor na extremidade do outro. Para isso, trace linhas paralelas, como as pontilhadas ilustradas na Figura 8. Vetores de força: análise bidimensional10 Figura 8. Paralelogramo. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 20). A força resultante P + Q será a diagonal do paralelogramo construído que passa pelo ponto A, ou seja, o vetor que tem origem em A e extremidade no ponto de junção das duas projeções. Observe a Figura 9. Figura 9. Regra do paralelogramo. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 20). 11Vetores de força: análise bidimensional � Regra do Triângulo: deriva da regra anterior, seguindo o padrão ponta- -a-cauda. Consiste em considerar o triângulo formado ao unirmos a ponta de um vetor com a cauda do outro quando estes não têm a mesma direção. Como as projeções dos vetores P e Q são vetores iguais a eles, podemos considerar apenas metade do paralelogramo. Assim, do paralelogramo das Figuras 8 e 9, podemos extrair dois triângulos, conforme ilustra a Figura 10. Figura 10. Regra do Triângulo. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 21). Vetores de força: análise bidimensional12 Mas quando optar por utilizar a Regra do Paralelogramo ou a Regra do Triângulo? Tudo vai depender da situação que você está analisando. Em geral, quando temos forças em direções no mesmo plano (coplanares), a regra do triângulo facilita a solução. Já quando as forças estão em planos diferentes, a regra do paralelogramo torna-se mais interessante. � Regra do Polígono: consiste em uma variação da regra do triângulo, utilizada para adicionar três ou mais vetores de forças coplanares. Ao aplicar o padrão ponta-a-cauda em todos os vetores a serem adicionados, tem-se como resultado um polígono, e a resultante será o vetor que une a origem do primeiro vetor à extremidade do ultimo adicionado. Observe a Figura 11. Figura 11. Regra do Polígono. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22). 13Vetores de força: análise bidimensional Veja que, para obter o vetor força resultante P + Q + S da Figura 11, você também poderia ter aplicado a regra do triângulo para adicionar os vetores P e Q, obtendo o vetor força resultante P + Q e, a esse vetor, adicionar o vetor S (Figura 12): Figura 12. Soma vetorial. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22). Ou, de maneira análoga, adicionar o vetor Q e S, obtendo o vetor força resultante Q + S, e, a esse vetor, adicionar o vetor P (Figura 13): Figura 13. Soma vetorial. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22). A regra do triângulo é sempre aplicada para adicionar dois vetores de maneira que formem um triângulo. Ela pode ser aplicada sucessivamente até termos adicionado todos os vetores desejados. Vetores de força: análise bidimensional14 Assim como nas operações algébricas, as operações com vetores possuem propriedades. Vamos analisar as seguintes situações: 1. Os dois triângulos da Figura 10. Quando você soma o vetor P com o vetor Q (a), ou o vetor Q com o vetor P (b), obtém como resultante o vetor força P + Q. Ou seja, a soma de vetores é comutativa, por isso podemos escrever: P + Q = Q + P 2. Agora, quando você precisa somar três ou mais vetores no mesmo plano, vai aplicar a regra do polígono ou sucessivas regras do triângulo. Cada vez que você aplica a regra do triângulo, obtém um vetor força resultante (soma) e a ele adiciona outro vetor, ou seja, como ilustrado na Figura 12, você está fazendo: P + Q (P + Q) +S Ou, como na Figura 13, você está fazendo: Q + S (Q + S) + P Das duas maneiras, você chegará no mesmo resultado obtido através da regra do polígono (Figura 11): P + Q + S. Então, podemos escrever: P + Q + S = (P + Q) + S = P + (Q + S) 15Vetores de força: análise bidimensional Ou seja, a soma vetorial é associativa. 3. Além disso, você pode multiplicar um vetor força por um escalar (nú- mero). Como consequência, você obterá uma vetor força de mesma direção, com módulo proporcional ao escalar e sentido designado pelo sinal do escalar. Observe: Considere o vetor P da Figura 14, digamos que ele tem módulo P = 2: ■ quando multiplicado pelo escalar 1,5, obtém-se o vetor 1,5P com módulo 1,5P = 3 (1,5 x 2), e esse vetor tem a mesma direção e o mesmo sentido do vetor P; ■ quando multiplicado pelo escalar – 2, obtém-se o vetor – 2P com módulo – 2P = – 4 (– 2 x 2),e esse vetor tem a mesma direção, porém sentido contrário, ao vetor P. Observe a Figura 14. Figura 14. Produto por escalar. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 22). Vetores de força: análise bidimensional16 Na Figura 15, duas forças representadas pelos vetores P e Q atuam sobre o parafuso A. Determine o vetor força resultante. Figura 15. Forças no parafuso. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24). a) Solução gráfica: regra do paralelogramo: Reproduzindo o desenho em escala, pela regra do paralelogramo, você encontra como vetor força resultante o vetor R (Figura 16): Figura 16. Forças no parafuso. Com auxílio de uma régua e de um transferidor, você pode medir o comprimento do vetor R e do ângulo A que representa a direção do vetor força resultante R. Você terá que o vetor força resultante tem módulo R = 98N e direção α = 35°. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24). 17Vetores de força: análise bidimensional b) Solução trigonométrica: regra dos triângulos: Adicionando os vetores P e Q seguindo o padrão ponta-a-cauda, você encontra o vetor força resultante R (Figura 17): Figura 17. Regra do triângulo. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24). Traçando o prolongamento da reta que contém o vetor P e uma reta perpendicular que, do ponto D, a une à extremidade do vetor R, você pode aplicar relações trigono- métricas e comparar os triângulos obtidos para determinar o módulo e a direção da força resultante sobre o parafuso. Observe a Figura 18. Figura 18. Relações no triângulo. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 24). No triângulo BCD: CD = Q sen25° = 60N sen25° = 25,36N BD = Q cos25° = 60N sen25° = 54,38N Vetores de força: análise bidimensional18 No triângulo ADC: tan A = CD AD = 25,36 94,38 = 0,268 então A = tan–1 0,268 = 15° sin A = CD R = 25,36 R 25,36 sin 15 25,36 0,26 então R = = = 97,53N α = 20° + A, então α = 20 + 15,04 = 35° Resposta: a força resultante sobre o parafuso tem intensidade de 97,53N e direção 35°. Vetores e o plano cartesiano: decomposição de forças Assim como você pode adicionar vetores para obter um vetor soma resultante, também pode fazer o contrário: partir do vetor soma, encontrar os vetores que lhe deram origem. Para isso, você precisa decompor o vetor soma (resultante) em duas componentes, veja como ésimples: � Na origem do vetor soma (R), trace duas retas perpendiculares entre si, montando um sistema de eixos; por convenção, costuma-se designá-los por x e y. A direção do vetor R será descrita pelo ângulo α. � Em seguida, partindo da extremidade do vetor soma, trace retas pon- tilhadas perpendiculares aos eixos desenhados até encontrá-los; por convenção, essas projeções são denominadas componentes do vetor e são designadas por componente x (Rx) e componente y (Ry) do vetor em questão. Observe a imagem a seguir: y Ry Rx R x α 19Vetores de força: análise bidimensional Com base nas relações trigonométricas fundamentais, você pode determinar os valores das componentes x e y do vetor R: Rx = R cos α e Ry = R sen α Por convenção, a medida do ângulo α sempre é feita partindo do eixo x positivo. Dessa forma, se uma força tem sua componente x para o lado negativo no eixo, seu ângulo será maior que 90°. Nesse caso, costuma-se utilizar o ângulo suplementar β e considerar o sinal negativo no módulo de F da componente que está no lado negativo do eixo, isso facilita os cálculos. Observe a imagem a seguir: y Fx FyF β α α > 90° β = 180 – α β < 90° Neste caso: Fx = – F cos β Fy = F sen β Essa relação pode ser aplicada às forças que atuam em um objeto retratado em uma situação real. A decomposição das forças em suas components x e y simplifica os cálculos, pois você poderá efetuar as somas algébricas das com- ponentes em x e em y para, depois, determinar o vetor resultante do sistema, utilizando o Teorema de Pitágoras. Vetores de força: análise bidimensional20 Observe a Figura 19, que traz um esboço que representa três forças que atuam sobre um objeto. Vamos determinar a força resultante através de suas componentes x e y: Figura 19. Forças coplanares. Dados: F1 = 5N direção 30°; F2 = 8N direção 150°; F3 = 4N direção 315°. Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]). Ao decompor as forças, teremos o que aponta a Figura 20 e o desenvolvimento a seguir. Figura 20. Decomposição de forças. Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]). 21Vetores de força: análise bidimensional F1x = 5 cos 30° = 5 · 0,86 = 4,3N F1y = 5 sen 30° = 5 · 0,5 = 2,5N Agora em F2 e F3, usamos os ângulos suplementares: 180° – 150° = 30° e 360° – 315° = 45° Assim, teremos: F2x = – 8 cos 30° = – 8 · 0,86 = – 6,9N F2y = 8 sen 30° = 8 · 0,5 = 5N F3x = 4 cos 45° = 4 · 0,70 = 2,8N F3y = – 4 sen 45° = – 4 · 0,70 = – 2,8N Agora, podemos calcular as componentes da força resultante (R): Rx = F1x + F2x + F3x = 4,3N – 6,9N + 2,8N = 0,2N Ry = F1y + F2y + F3y = 2,5N + 5N – 2,8N = 4,7N Aplicando o teorema de Pitágoras, teremos: R2 = Rx 2 + Ry 2 Ou seja, R = √Rx 2 + Ry 2 R = √0,22 + 4,72 = √0,04 + 22,09 R = 4,7N Na direção: α = tan–1 Ry Rx α = tan–1 4,7 0,2 = tan–1 23,5 α = 87,5° Vetores de força: análise bidimensional22 De forma análoga, pode-se utilizar os vetores unitários do plano cartesiano i e j para escrever os vetores de força na forma cartesiana (Figura 21). Figura 21. Vetores cartesianos. Fonte: adaptada de Vetores... ([201-?]). O vetor resultante F pode ser expresso como um vetor cartesiano: F = Fxi + Fyj Para o vetor resultante do exemplo anterior, você poderia escrever: Rxi = (F1x + F2x + F3x)i = (4,3N – 6,9N + 2,8N)i = (0,2N)i Ryj = (F1y + F2y + F3y)j = (2,5N + 5N – 2,8N)j = (4,7N)j R = 0,2i + 4,7j Tanto o módulo quanto a direção são calculados da mesma maneira que foi demonstrada no exemplo. Vejamos outra situação: 23Vetores de força: análise bidimensional Na Figura 22, a pessoa está puxando a corda com uma força de 300N. Determine as componentes x e y da força, bem como sua direção e represente o vetor resultante em notação cartesiana. Figura 22. Esboços para a realização do exercício sobre os componentes da força. Fonte: adaptada de Beer et al. (2012, p. 31); Lineicons freebird/Shutterstock.com; Yaroslavna Zemtsova/Shutterstock.com. Vetores de força: análise bidimensional24 Com base na Figura 22(a), pode-se representar graficamente a situação como de- monstrado na Figura 22(b). Pelo esboço (b), teremos: Fx = 300 cos α Fy = – 300 sen α Pelo esboço (a), teremos: tan α = 6 8 3 4 = 3 4 α = tan–1 = 36,8° Então: Fx = 300 cos 36,8 = 300 · 0,8 = 240N Fy = – 300 sen 36,8 = – 300 · 0,6 = – 180N Assim, podemos representar a resultante: F = 240i – 180j na direção 36,8° BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. VETORES de força. [201-?]. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/profes- sor/49/TE224/Aula%202%20Vetores.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2018. Leitura recomendada VESTIBULAR1. Física, cinemática, vetores: exercício específico de física, cinemática, vetores. 2000. Disponível em: <http://www.vestibular1.com.br/simulados/simulados- -por-exercicios/exercicio-de-fisica/fisica-cinematica-vetores/>. Acesso em: 15 fev. 2018. 25Vetores de força: análise bidimensional DICA DO PROFESSOR Ao trabalhar com vetores, é sempre interessante se ter uma régua, um esquadro e um transferidor em mãos, pois uma vez que os desenhos sejam feitos em escala, você poderá medir as retas e ângulos para obter ou conferir suas respostas em um exercício que exija calcular o módulo e a direção da resultante de maneira gráfica. Acompanhe o vídeo a seguir e veja a resolução de dois exercícios, um com gráfico e outro com álgebra vetorial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Em um suporte tipo gancho, pendurado no teto de uma casa, atuam as forças F1 = 75 N e F2 = 125 N. Fazendo, respectivamente, ângulos de 20° e 35° com a vertical. A força resultante sobre ele é de aproximadamente: A) 178,9 N. B) 102 N. C) 45 N. D) 2123 N. E) 15 N. 2) Determine a força resultante sobre um bloco de concreto que está sendo puxado para a esquerda por uma força horizontal de 7 N, e para a direita com uma força horizontal de 12 N. A) 19 N para a esquerda. B) 5 N para a esquerda. C) 19 N para a direita. D) 5 N para a direita. E) Nula. 3) O vetor força resultante que se obtém ao adicionar os vetores A = 12i + 5j, B = 15i – 12j e C = - 22i + 15j, corresponde ao vetor R representado na alternativa: A) R = 49i + 32j. B) R = 5i + 8j. C) R = 5i - 2j. D) R = - 49i - 32j. E) R = 8i + 5j. 4) Considere o esquema de forças que atuam em um objeto conforme ilustrado na figura. Sabendo que F1 = 40N, F2 = 30N e F3 = 20N, a força resultante que atua no objeto tem módulo e direção respectivamente de: A) 25,7 N e166,5°. B) 55 N e 60°. C) 46 N e 4°. D) 25 N e 76,5°. E) 45,5 N e 30°. 5) Um homem puxa a corda da figura com uma força de 200 N, ele está a 10 m do prédio e a uma distância vertical de -5 m do suporte da corda. Nessas condições, as componentes x e y da força aplicada pelo homem são, respectivamente: A) (198N)i e (1,6N)j. B) (198N)i e (0,02N)j. C) (88N)i e (178N)j. D) (11,2N)i e (125N)j. E) (179N)i e (90N)j. NA PRÁTICA O cálculo das forças resultantes que atuam sobre um objeto, a Segunda Lei de Newton e todas as operações com vetores, são peças fundamentais, capazes de garantir a segurança das obras de engenharia que invadem nossas vidas. Um dos maiores cartões postais brasileiros é o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, inaugurado em 1912. O teleférico foi idealizado pelo engenheiro Augusto Ferreira Ramos, com intuito de facilitar o acesso ao cume do morro, inspirado pela evolução técnica da engenharia na época. No início, o bondinho só fazia o trecho da Praia Vermelha ao Morro da Urca e seus carrinhos tinham capacidade para transportar 22 pessoas. Devido ao sucesso do empreendimento, em janeiro de 1913, o passeio já se estendia até o Pão de Açúcar. No início da década de 1950, um dos cabos de sustentação do bondinho se rompeu, pois o material importado da Alemanha, de fabricação inglesa, não resistiu à tensão devido ao peso de transportar os passageiros. Felizmente, nesse caso, não houve mortes, mas a situaçãode pânico tomou conta da população na época. O acidente foi retratado no jornal Imprensa Popular, do dia 22 de fevereiro de 1951. Veja na imagem a seguir, de que modo esse acidente reforça a relevância de se levar em conta as forças resultantes no dimensionamento e na escolha dos materiais a serem empregados nessas obras. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Decomposição de forças Veja como determinar uma força resultante a partir da decomposição de outras forças, no eixo x e y do plano cartesiano. Assim como o ângulo em relação ao eixo x positivo da força resultante. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Regra do Paralelogramo Acompanhe neste vídeo de que forma é possível resolver um exercício contendo conceitos básicos como Regra do Paralelogramo, Lei dos Senos e Lei dos Cossenos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Exercícios de fixação Teste seus conhecimentos por meio desta lista de exercícios sobre Decomposição de Forças. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Momento de uma força – análise bidimensional e tridimensional APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Em situações reais, os corpos não são totalmente rígidos quando submetidos à ação de forças, entretanto, as pequenas deformações que possam sofrer, desde que não afetem as condições de equilíbrio ou movimento, na perspectiva da estática, podem ser consideradas desprezíveis. Nesses casos, você pode considerá-los como corpos rígidos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar o efeito de forças sobre um corpo rígido, além de aprender como simplificar a análise de situações reais por meio da substituição do sistema real por outro equivalente mais simples. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o conceito de momento de uma força em duas e três dimensões.• Discutir a aplicação do conceito de momento de binário.• Determinar as resultantes de sistemas de forças e momentos em duas e três dimensões.• DESAFIO Você foi visitar sua irmã no final de semana e, ao chegar na casa dela, se deparou com seu sobrinho de 6 anos tentando desmontar uma bicicleta. Ao lado dele havia uma maleta de ferramentas cheia de chaves diferentes. Curioso, ele começou a testar cada uma delas. Logo percebeu que nem todas encaixavam no parafuso, tratou imediatamente de separar as que serviam. Alguns minutos depois, você estava conversando com a mãe dele, quando ele vem ao seu encontro, mostra uma chave de boca com a haste bem curta e outra com uma haste maior e lhe pergunta: - Por que esse cabo é maior se elas são iguais?, Você simplesmente diz: - Porque essa é para um parafuso grande; e a outra, para um menor. Ele se dá por satisfeito e volta à sua atividade. Entretanto, sua irmã diz que não entendeu e lhe pergunta: - Para um parafuso maior, não bastaria aumentar o tamanho da boca? Por que aumenta também o comprimento da haste? Elabore um parágrafo explicando melhor sua resposta para ela. INFOGRÁFICO No Infográfico a seguir, você verá que os sistemas de forças e os momentos resultantes são encontrados em diversas aplicações da Engenharia. Conhecer essa grandeza e suas particularidade é fundamental para o seu desenvolvimento profissional. CONTEÚDO DO LIVRO As situações reais analisadas pela Engenharia, são, muitas vezes, demasiadamente complexas. Entretanto, existe uma maneira de simplificar a análise: substituindo o sistema real por outro equivalente, basta conhecer alguns conceitos fundamentais. No capítulo Momento de uma Força: análise bidimensional e tridimensional, da obra Estática, você irá aprender sobre o efeito de rotação que a ação de um sistema de forças gera sobre um corpo rígido. Boa leitura. ESTÁTICA Beatriz Alice Weyne Kullmann de Souza Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o conceito de momento de uma força em duas e três dimensões. � Discutir a aplicação do conceito de momento de binário. � Determinar as resultantes de sistemas de forças e momentos em duas e três dimensões. Introdução Em situações reais, os corpos não são totalmente rígidos quando subme- tidos à ação de forças. Entretanto, as pequenas deformações que possam sofrer, desde que não afetem as consições de equilíbrio ou movimento, na perspectiva da Estática, podem ser consideradas desprezíveis. Nesses casos, você pode considerá-los como corpos rígidos. Neste capítulo, você vai estudar o efeito de forças sobre um corpo rígido, ou seja, aquele que não sofre deformações consideráveis para o estudo da Estática. Você vai aprender como simplificar a análise de situ- ações reais através da substituição do sistema real por outro equivalente mais simples. Para isso, você será apresentado a conceitos fundamentais, como: momento de uma força e binário. Momento de uma força Para começar, vamos fazer uma experiência: pegue seu celular e coloque sobre a mesa, posicione a lateral maior alinhada com você. Agora, usando apenas o dedo indicador, posicionado na extremidade direita da base, empurre o celular e observe seu movimento. Para que lado ele se moveu? Repita a experiência, agora posicionando seu dedo na extremidade esquerda do aparelho e observe. Nesse caso, para que lado ele se move? Essa experiência simples ajuda você a compreender o conceito de momento de uma força. Quando você empurrou a extremidade direita, o celular iniciou um movimento de rotação para esquerda, ou seja, no sentido anti-horário, não é mesmo? Já quando você empurrou a extremidade esquerda, ele tendeu a girar para no sentido horário, certo? A grandeza momento de uma força traduz exatamente essa tendência que um corpo tem de girar em torno de um ponto ou de um eixo quando submetido à ação de uma determinada força F. Provavelmente, duas questões lhe vêm à mente: Que ponto/eixo é esse? Por que, se eu empurrar no centro, e não em uma das extremidades, o celular não gira, apenas se desloca para frente? Para responder a essas questões, vamos estudar mais detalhadamente essa grandeza. Princípio da transmissibilidade e forças equivalentes Com a experiência do celular que você realizou, pôde observar que, dependendo do ponto onde é aplicada a força, o resultado muda. Isso porque você foi levado a aplicar forças em linhas de ação diferentes. Agora, pensando em apenas uma das extremidades (direita ou esquerda), se você tivesse posicionado seu dedo ao longo daquela lateral (direita ou esquerda), ao invés de posicioná-lo na extremidade, o resultado seria o mesmo, pois você estaria aplicando a força na mesma linha de ação. O princípio da transmissibilidade se refere, exatamente, a esse fato. Observe seu enunciado: [...] as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo rígido perma- necem inalteradas se a força F, aplicada num dado ponto do corpo rígido, for substituída por uma força F ćom a mesma intensidade, a mesma direção e o mesmo sentido, aplicada num outro ponto, desde que estas duas forças tenham a mesma linha de ação (BEER et al., 2012, p. 77). Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional2 Observe a Figura 1, considerando que você posicione seu dedo no lado esquerdo do celular: Figura 1. Linha de ação de F. Fonte: Sichon/Shutterstock.com. Linha de ação F F Você pôde verificar o princípio da transmissibilidade quando repetiu o experimento posicionando seu dedo na lateral do celular, não é mesmo? Ou seja, se a força aplicada tiver a mesma direção, o mesmo sentido, a mesma intensidade e for aplicada em outro ponto sobre a mesma linha de ação da primeira, ela vai gerar o mesmo resultado sobre o corpo e, por isso, pode ser considerada uma força equivalente. O vetor que representa essa força F, por poder se deslocarao longo de uma linha de ação, é dito deslizante. 3Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Observe a Figura 2, ela representa o princípio da transmissibilidade: Figura 2. Princípio da Transmissibilidade. Fonte: Beer et al. (2012, p. 78). A A A A B B B B B B A A P1 P1 P1 P1 P2 P2 P´2 P´2 (a) (b) (c) (f )(e )(d ) Nos casos (a) e (b), o corpo está sob tração; já nos casos (d) e (e), está sob compressão. O efeito final do sistema é o mesmo, (c) e (f), ou seja, como as forças são equivalentes, quando aplicadas simultaneamente sobre o corpo rígido, a resultante é nula. Porém, se os corpos não forem completamente rígidos, as forças internas e defor- mações, resultam em um efeito bem diferente, observe: � (a) e (b) forças de tração, efeito: aumento do comprimento da barra; � (c) e (d) forças de compressão, efeito: diminuição do comprimento da barra. Por isso, o princípio da transmissibilidade deve ser aplicado com cautela em casos nos quais os corpos não podem ser considerados completamente rígidos. Momento de uma força em relação a um ponto A força aplicada sobre um corpo rígido pode ser representada por um vetor em um ponto específico do corpo. O efeito que essa força gera no corpo rígido depende do ponto no qual ela é aplicada. Esse ponto, que vamos chamar de ponto de aplicação, também pode ser representado por um vetor, chamado vetor posição. Mas essa posição refere-se a um outro ponto, no caso, aquele para o qual se deseja determinar o momento da força aplicada. Observe a Figura 3: Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional4 Figura 3. Força no corpo rígido. Fonte: Beer et al. (2012, p. 83). MO O r d F A θ A força F é aplicada no ponto A do objeto ilustrado, que está a uma distância r do ponto O. O vetor r é o vetor posição de A em relação ao ponto O, para o qual se deseja determinar o momento de F, designado por (MO). Na Figura 3, você também tem representado: � A linha de ação de F; � A linha de ação de r; � O plano definido por r e F; � O momento de F em relação a O (MO); � O ângulo (θ) formado entre F e a linha de ação de r; � A distância (d) perpendicular de O até a linha de ação de F. Os elementos ilustrados na Figura 3 nos permitem definir o momento de F em relação à O como o produto vetorial: MO = r × F MO é um vetor perpendicular ao plano definido entre r e F, cujo sentido pode ser dado pela regra da mão direita e cuja intensidade pode ser calculada com base na relação a seguir: MO = rF sinθ = Fd 5Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Por convenção, quando a tendência do corpo sob a ação da força é girar no sentido horário, atribuímos o sinal negativo ao momento. Por outro lado, quando a tendência do corpo sob a ação da força é girar no sentido anti-horário, atribuímos o sinal positivo. Ou seja: � Rotação no sentido horário: momento negativo; � Rotação no sentido anti-horário: momento positivo. Produto vetorial e regra da mão direita: O produto vetorial entre os vetores P e Q resulta no vetor V, representado por V = P x Q, que tem linha de ação perpendicular ao plano formado por P e Q; cuja intensidade é dada por: V = PQ sinθ, onde θ é o ângulo formado entre P e Q, que será sempre menor que 180°; sua direção e sentido são determinados pela regra da mão direita, seguindo a orientação que leva P em direção à Q. Observe que a regra da mão direita é aplicada conforme indica o produto vetorial, no caso P x Q. Na Figura 4, você pode entender melhor essa diferença e suas consequências: Figura 4. Regra da mão direita. Fonte: Vetores... ([201-?]). Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional6 Em relação às propriedades da multiplicação, o produto vetorial não é nem comuta- tivo, nem distributivo, ou seja, P x Q ≠ Q x P, e (P x Q) x S ≠ P x (Q x S), mas é distributivo, ou seja, P x (Q1 + Q2) = P x Q1 + P x Q2; Em coordenadas cartesianas, o produto vetorial V = P x Q pode ser representado por: V = (PyQz – PzQy)i + (PzQx – PxQz)j + (PxQy – PyQx)k Você pode representar o produto vetorial acima sobre a forma de um determinante e, depois, calcular suas componentes: V = i j k Px Py Pz Qx Qy Qz O produto vetorial entre vetores de mesma direção é nulo. Por isso, ao multiplicar os vetores unitários, você obterá os seguintes resultados (Figura 5): Figura 5. Produto vetorial dos vetores unitários i, j e k. Fonte: Beer et al. (2012, p. 82). i × i = 0 j × i = k k × i = j i × j = k j × j = 0 k × j = –i i × k = –j j × k = i k × k = 0 A dimensão da grandeza momento, no sistema internacional de unidades, é dada em N.m, pois a força é em Newtons, e a distância, em metros. Observe que o momento depende da intensidade, da linha de ação e do sentido da força, mas não depende da posição do ponto de aplicação sobre essa linha de ação. Portanto, ele não caracteriza essa posição. Ou seja, conhecer o momento não lhe permite definir em que ponto a força foi aplicada, apenas estabelecer sua linha de ação: essa deve estar no plano que contém O, ser perpendicular à MO, a distância d é obtida pelo quociente MO F , e o sentido do momento define de que lado do ponto O está essa linha de ação da força. 7Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Conhecendo, agora, o momento de uma força, você pode complementar seu conceito de forças equivalentes, acrescentando que elas devem, além de ter mesma intensidade, mesma direção e mesmo sentido, ter momentos iguais em relação a um determinado ponto O. Observe a Figura 6 e determine o momento da força F em relação aos pontos A, B, C e D: Figura 6. Força F em relação aos pon- tos A, B, C e D. Fonte: Vetores... ([201-?]). 1,25 m 0,5 m 1,5 m 1 m F = 800NC D B A Pela relação: MO = rF sinθ = Fd Teremos: MA = 800 N . 2,5 m = 2000 N.m, no sentido horário (ou MA = – 2000 N.m). MB = 800 N . 1,5 m = 1200 N.m, no sentido horário (ou MB = – 1200 N.m). MC = 0, pois o ponto está sobre a linha de ação da força F, ou seja, d = 0. MD = 800 N . 0,5 m = 400 N.m, no sentido anti-horário (ou MD = + 400 N.m). Fonte: Vetores... ([201-?]). Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional8 Momento de uma força em três dimensões Para determinar o momento de uma força em três dimensões, você precisa representar tanto a força quanto sua posição na forma vetorial cartesiana, pois isso facilita a resolução do produto vetorial que lhe resultará no momento: MO = r × F Para resolver o produto vetorial acima, você pode montar o determinante, que envolve o vetor posição do ponto em questão: MO = i j k x y z Fx Fy Fz Calculando o determinante, você obtém o momento, que pode ser escrito na forma cartesiana: MO = Mxi + Myj + Mzk De forma análoga, você pode determinar o momento de uma força, aplicada no ponto A, em relação a um outro ponto qualquer B. Basta você escrever o vetor posição rAB , ou seja, definir um vetor que una os dois pontos em questão, e considerá-lo como vetor posição. O momento será dado por: MO = (rA- rB) × F cujo determinante a ser calculado, será: MO = i j k xA – xB yA – yB zA – zB Fx Fy Fz Vamos analisar uma situação exemplo, pois, na prática, fica mais fácil de você entender como pensar os vetores posição: 9Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional A Figura 7 representa um poste sobre o qual atua uma força F = 60 N, na direção de C para B. Determine a intensidade do momento que F gera em relação ao suporte A: Figura 7. Poste sobre o qual atua uma força F = 60 N, na direção de C para B. Fonte: Vetores... ([201-?]). z A B 1 m 2 m 3 m 2 m 4 m x y C F = 60 N Com base nos dados da figura, você começa escrevendo os vetores posição: rAB = (xB – xA) i + (yB – yA) j + (zB – zA) k = 1i + 3j + 2k rAC = (xC – xA) i + (yC – yA) j + (zC – zA) k = 3i + 4j + 0k Então, o vetor posição será: rCB = – 2i –1j + 2k, cujomódulo vale 3 m Calculando o vetor unitário uCB, você obtém: uCB= – 0,666i – 0,333j + 0,666k E pode determinar a força F = F . uCB = (– 40i – 20j + 40k) N Finalmente, você pode determinar o momento, calculando o determinante: MAB = i j k 1 3 2 –40 –20 40 Você encontra: MAB = (160i – 120j + 100k) N.m, cuja intensidade é 224 N.m. Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional10 O momento de uma força também pode ser calculado em relação a um eixo. Para isso, você calcula o produto vetorial que lhe determina o momento (r x F) e multiplica pelo vetor unitário do eixo em questão (ue). Essa relação pode ser descrita por: Me = ue ∙ (rOA x F) Ou, simplesmente: Me = uex uey uez rx ry rz Fx Fy Fz Vejamos um exemplo: A força F atua no ponto A mostrado na Figura 8 a seguir. Determine o momento de F em relação ao eixo x. Figura 8. Atuação da força F sobre o ponto A. Fonte: Vetores... ([201-?]). z A O x y 4 m 3 m 6 m (a) rA ua F = {–40i + 20j + 10k} N 11Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional O vetor força foi dado: F = – 40i + 20j + 10k O vetor posição, você determina: OA = – 3i + 4j + 6k Como se deseja determinar o momento em relação ao eixo x, você deve utilizar o vetor unitário que o representa, então: ux = i ou seja, 1i + 0j + 0k Com esses valores, você monta o determinante: Mx = uex uey uez rx ry rz Fx Fy Fz 1 0 0 –3 4 6 –40 20 10 Calculando o determinante, você encontra Mx = – 80 N.m Lembre-se de que o sinal negativo significa que o momento, em relação ao eixo x, está entrando no plano da folha, e a tendência é o corpo girar no sentido horário. Momento de binário Sempre que temos um par de forças paralelas entre si, de mesma intensidade, de sentidos opostos e separadas por uma distância “d” atuando sobre um corpo dizemos que temos um binário de forças. Quando um binário age sobre um objeto, gera uma rotação, ou uma tendência de rotação, para um determinado sentido. A Figura 9 ilustra um binário: Figura 9. Binário. Fonte: Vetores... ([201-?]). F –F d Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional12 Vamos ver uma situação representada graficamente para determinar o momento do binário (Figura 10): Figura 10. Momento de Binário. Fonte: Beer et al. (2012, p. 110). y B O z x d θ A M –F F r rB rA Como as forças agem simultaneamente, adicionando os momentos de cada uma delas, você encontra o momento de binário: M = (rA – rB) x F Sua intensidade pode ser determinada pela relação: M = rF sinθ = Fd Onde d é a distância perpendicular entre as linhas de ação das forças que compõem o binário, e o sentido é dado pela regra da mão direita. Por se tratar de um vetor livre, uma vez que o vetor posição relativa não está vinculado a ponto nenhum, o momento de binário pode ser aplicado em qualquer ponto. 13Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Binários equivalentes Dois binários são considerados equivalentes se produzem o mesmo momento. Para que isso aconteça, as forças do segundo binário devem estar no mesmo plano das forças do primeiro ou em um plano paralelo a ele, de forma que suas direções coincidam. Vamos ver uma aplicação prática no exemplo a seguir: A engrenagem da Figura 11 está sob a ação de um binário. Substitua esse binário por outro equivalente, posicionado nos pontos A e B: Figura 11. Engrenagem sob a ação de um binário (a). Fonte: Vetores... ([201-?]). 40 N 40 N (a) A B 0,3 m 0,3 m0,1 m O momento do binário representado pode ser calculado pela relação: M = F.d = 40 . 0,6 = 24 N.m no sentido anti-horário Agora, você deve calcular a intensidade das forças que são capazes de gerar um momento igual a esse, ou seja, 24 N.m. Para isso, você usa a mesma relação, porém, agora, sua incógnita é F : 24 N.m = F . 0,2 m F = 24N.m 0,2m = 120N aplicadas da seguinte maneira, para que a engrenagem mantenha o giro no sentido anti-horário (Figura 12): Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional14 Figura 12. Engrenagem sob a ação de um binário (c). Fonte: Vetores... ([201-?]). –F F BA (c) 0,2 m Sistema de forças e momentos Quando você tem várias forças agindo sobre um corpo rígido, consequen- temente terá vários momentos, uma vez que cada força gera um momento, independente dele ser nulo ou não. Nesse caso, costumamos dizer que o corpo está sob a ação de um sistema de forças e momentos. Para trabalhar com um sistema de forças, você busca traduzí-las em uma única força resultante e representar o momento dessa força resultante, que será o momento do sistema. Assim como a força resultante de um sistema é dada pela soma das forças que atuam sobre o corpo, o momento resultante corresponde à soma dos momentos das forças que atuam no sistema. Ou seja: FR = ∑1 n Fn = F1 + F2 + ... + Fn e MR = ∑1 n Mn = M1 + M2 + ... + Mn 15Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Vamos verificar a atuação de um sistema de forças nos exemplos a seguir: Substitua as forças que atuam na viga ilustrada na Figura 13 por uma força e um momento resultante. Figura 13. Exemplo de viga para exercício (a). Fonte: Vetores... ([201-?]). y A x100 N 600 N 400 N 45º 0,3 m 0,4 m 0,4 m (a) Decompondo F: F400x = – 400 N . cos 45° = – 282,8 N F400y = – 400 N . sen 45° = – 282,8 N Calculando as componentes da resultante: Rx = F400x + F100x = – 282,8 – 100 = – 382,8 N Ry = F400y + F600y = – 282,8 – 600 = – 882,8 N Então, R = (– 382,8 N)i + (– 882,8 N)j , cuja intensidade será de 962 N e a direção θ = 66,6° Agora vamos calcular o momento resultante em A: MR = 100 N . 0 m + (- 600 N . 0,4 m) + (– 282,8 N . 0,8 m) + (– 282,8 N . 0,3 m) = – 551 N.m, ou seja, 551 N.m, no sentido horário. Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional16 Então, o sistema equivalente será (Figura 14): Figura 14. Exemplo de viga para exercício (b). Fonte: Vetores... ([201-?]). MRA = 551 N ∙ m A 66,6º FR = 962 N (b) Na Engenharia, um caso especial de sistemas de força e momento é muito utilizado: o torsor. Configura-se um torsor, quando a força resultante e o momento resultante do sistema, em relação a um mesmo ponto, não são per- pendiculares entre si. Esse caso pode ser reduzido a um sistema de força e momento resultante colineares, que geram um efeito particular sobre o objeto no qual atuam: rotação e translação sobre seu eixo. Observe a Figura 15, ela ilustra o caso que nos conduz a um torsor: Figura 15. Torsor. Fonte: Hibbeler (2011, p. 143). FR FR FR MRO MROθ θ O O O M|| M|| Ma a a a b b bd P b 17Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional Observe que, se você mover a resultante para um ponto P situado a uma distância d = M / FR , eliminará M , restando apenas M║, que pode ser movido para o ponto P, pois trata-se de um vetor livre. O eixo do torsor está na mesma linha de ação da força resultante, por isso o efeito rotação-translação é gerado. BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. VETORES de força. [201-?]. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/profes- sor/49/TE224/Aula%202%20Vetores.pdf>. Acesso em: 08 abr. 2018. Momento de uma força: análise bidimensional e tridimensional18 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Analisar situações em que várias forças atuam sobre um corpo rígido, ou até mesmo sobre uma partícula, em geral, não é muito fácil. Entretanto, a Álgebra Vetorial fornece ferramentas capazes de lhe auxiliar e que, muitas vezes, facilitam o processo de análise. No vídeo a seguir, você será apresentado a uma dessas ferramentas. Conteúdo
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