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Planilha Orçamentária (Módulo 3)

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3.1 A Planilha Orçamentária: principais conceitos e como ela deve ser 
exigida 
3.1.1 Os diferentes tipos de orçamento (expedito, preliminar e detalhado) 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Analisar os diferentes tipos de orçamento e identificar a sua correta 
aplicação. 
Um dos itens que integram o pacote de projeto, o orçamento para a execução da obra, 
após a quantificação dos seus materiais e serviços, é o elemento que possibilitará a 
formação do preço de venda do objeto. A quantificação, ou seja, a mensuração dos 
insumos e serviços do projeto, é uma das responsabilidades do projetista. A ABNT NBR 
13531:1995 – Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas, cancelada em 
2017, determinava, no seu item 3.4 (Contratação de prestação de serviços técnicos 
especializados de projetos), alínea "c" , que o cronograma físico-financeiro da obra era 
uma das etapas que deviam estar previstas na contratação de um projeto. A ABNT NBR 
13532:1995 – Elaboração de projeto de edificações – Arquitetura determinava que o 
Projeto Executivo de arquitetura deveria trazer entre os seus elementos o “memorial 
quantitativo dos componentes construtivos e dos materiais de construção” (ABNT, 1995, 
item 4.4.9.2, alínea “b”).46 
Ambas as normas foram substituídas pelo conjunto de normas ABNT NBR 16636. 
A norma técnica ABNT NBR 16636-1:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços 
técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes e 
terminologia, traz, no seu item 3 (Termos e definições), o subitem 3.40, conceituando 
orçamento: 
 
3.40 - Elaboração de orçamento 
Atividade que envolve o levantamento de custos, de forma sistematizada, de todos 
os elementos inerentes ao projeto e à execução de determinado objeto de construção 
(ABNT, 2017). 
A norma técnica ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e desenvolvimento de 
serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 2: 
Projeto arquitetônico, traz como uma das responsabilidades do projetista, na etapa de 
Projeto Executivo, a elaboração de memoriais quantificativos e de planilhas 
orçamentárias como documentos de texto a serem apresentados no projeto (item 6.4.7.2, 
alínea “b”). Pode ser que essa seja uma novidade para você, mas saiba que poucos 
profissionais de projeto, principalmente aqueles que atuam na iniciativa privada, têm o 
domínio dessa informação. Esse fato ocorre pela tendência que temos de que, finalizado 
o projeto, a responsabilidade pelo seu orçamento seja do orçamentista, elaborado de 
forma distante e dissociado do seu projetista, muitas vezes contratado pela construtora 
somente no momento prévio à execução da obra. 
Os tipos de orçamento podem variar em precisão e complexidade de acordo com o 
objetivo pretendido. O orçamento que servirá como uma referência inicial para a 
avaliação da viabilidade de um empreendimento terá menos complexidade e trará maior 
margem de erro do que um orçamento final, para obra, advindo de um Projeto Executivo. 
Esse último, embora de grande complexidade, terá ainda margem de erro aceitável, 
menor, porém, do que a margem de erro admitida para o primeiro. 
Conforme o TCU, por meio da Portaria Segecex nº 33, de 7 de dezembro de 2012,47 
os orçamentos de obra podem ser classificados em expedito, preliminar e detalhado. 
3.1.1 Os diferentes tipos de orçamento (expedito, preliminar e detalhado) 
As avaliações expeditas podem ser feitas com base em custos históricos, índices, 
gráficos, estudos de ordens de grandeza, correlações ou comparação com projetos 
similares. Podem, por exemplo, ser utilizados índices específicos conhecidos no mercado, 
a exemplo do CUB, para avaliação expedida do custo de construção de edificações. O 
CUB é o custo por unidade de área construída para alguns tipos de projetos padronizados 
estabelecidos pela ABNT NBR 12721:2006 – Versão Corrigida 2:2007 – Avaliação de 
custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para 
condomínios edifícios – Procedimento. Outros exemplos de estimativas de custo são o 
custo por MW (megawatt) de potência instalada, no caso de usinas termoelétricas, ou a 
estimativa de custo de rodovias mediante o uso de um custo médio por quilômetro de 
rodovia construída. 
Dessa forma, as avaliações expeditas têm como vantagem: 
a) Possibilitar a análise da viabilidade dos empreendimentos e a escolha da 
alternativa a ser desenvolvida na etapa de detalhamento dos projetos, sem impor o elevado 
ônus da elaboração de um orçamento detalhado. 
b) Não requerer muitas informações detalhadas sobre o projeto, e, por isso, o seu custo é 
muito menor do que o custo de elaborar um orçamento completo, muito embora a elaboração de 
uma estimativa requeira muita experiência do estimador, além de conhecimento, sensibilidade e 
informações atualizadas. 
c) Avaliar preliminarmente os orçamentos de obras públicas para indicar se o valor global 
do empreendimento está adequado ou não, apesar de ser um método simples e de pouca precisão 
(BRASIL, 2012, p. 29). 
O orçamento preliminar é mais detalhado do que a avaliação expedita de custos, pois 
pressupõe o levantamento de quantidades e requer pesquisa de preços dos principais 
insumos e serviços. Enquanto a avaliação expedita é utilizada no estudo de viabilidade, o 
orçamento preliminar costuma ser utilizado na fase de anteprojeto. Os orçamentos 
preliminares normalmente são elaborados quando a execução do projeto de engenharia 
de detalhamento já foi contratada, o que propiciará a geração de muitos dados, embora 
não definitivos, para servirem de base para o orçamento. Dessa forma, estarão disponíveis 
para o orçamentista dados como os custos dos serviços de engenharia que já foram 
contratados, especificações preliminares de equipamentos de processo e de utilidades e 
listas preliminares de materiais. Também poderá dispor de dados sobre o tipo de 
fundações e plantas arquitetônicas das edificações. Apesar do menor grau de incerteza do 
orçamento preliminar, o orçamentista ainda pode fazer uso de levantamentos expeditos 
de algumas quantidades e atribuição de custos para alguns serviços. 
Exemplos de levantamentos expeditos que podem ser utilizados em um orçamento 
preliminar de obra de edificação: 
 
 
 
O orçamento detalhado é elaborado com base nas composições de custos unitários e 
extensa pesquisa de preço dos insumos. Esse tipo de orçamento procura chegar a um valor 
bem próximo do custo real da obra, com uma reduzida margem de incerteza e a sua 
elaboração ocorre nas fases de Projeto Básico ou Executivo, ou seja, o orçamento 
detalhado só é justificável se o projeto apresentar elevado grau de desenvolvimento, o 
que possibilitará a obtenção de listas completas de materiais. A sua função é servir de 
base para a licitação da obra, podendo também ser uma ferramenta para o controle de 
custos de implantação do empreendimento. Eventuais aditivos de contrato, quando da 
execução da obra, deverão sempre se pautar nesse tipo de orçamento (BRASIL, 2012, p. 
30). 
Você sabia que, atualmente, a tecnologia BIM é poderoso instrumento para a 
extração de listas completas de materiais e insumos de um projeto, trazendo grande 
ajuda na sua quantificação para a elaboração do orçamento detalhado? 
Em relação à precisão esperada para os diferentes tipos de orçamento, a Orientação 
Técnica IBR nº 004/2012 do Ibraop48 assim os define: 
 
3.1.2 Como deve ser o orçamento vinculado ao projeto? 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Observar a necessidade de adequação do orçamento gerado na fase de projeto 
(orçamento de referência da Administração) ao Decreto nº 7.983/2013. 
As regras para os orçamentos das obraspúblicas eram dadas pela Lei de Diretrizes 
Orçamentárias anualmente, até o ano de 2013. Na ocasião da edição de cada uma daquelas 
leis, eram definidos os critérios que deveriam ser obedecidos pela Administração Pública 
na sua elaboração. Ponto comum entre tais leis era a adoção das tabelas do Sistema 
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), mantidas pela 
Caixa Econômica Federal, por meio de pesquisa de preços no mercado, feita pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a observação de extração de medianas para 
os custos apontados naquelas tabelas. 
No ano de 2013 foi editado o Decreto n° 7.983, de 8 de abril de 2013, que, 
consolidando o entendimento recorrente daquelas leis de diretrizes orçamentárias, 
estabeleceu regras e critérios para a elaboração do orçamento de referência de obras e 
serviços de engenharia contratados e executados com recursos dos orçamentos da União. 
Observe que no mesmo ano, complementando a jurisprudência sobre o tema, o TCU 
editou o Acórdão nº 2.622/2013 – TCU – Plenário, que retomava o posicionamento da 
corte dado no Acórdão nº 2.369/2011 – TCU – Plenário, com análise da incidência do 
Benefício e Despesa Indireta (BDI) sobre os orçamentos de obras públicas e que teve 
abordagem complementar por meio do Acórdão nº 2.440/2014 – TCU – Plenário. 
Para que possamos entender a aplicação do Decreto nº 7.983/2013 aos orçamentos 
das obras públicas, é necessário retomar alguns conceitos previstos no seu texto: 
Custo unitário de referência - Valor unitário para execução de uma unidade de medida do 
serviço previsto no orçamento de referência e obtido com base nos sistemas de referência de 
custos ou pesquisa de mercado. 
Composição de custo unitário - Detalhamento do custo unitário do serviço que expresse 
descrição, quantidades, produtividades e custos unitários dos materiais, mão de obra e 
equipamentos necessários à execução de uma unidade de medida. 
Custo total de referência do serviço - Valor resultante da multiplicação do quantitativo do 
serviço previsto no orçamento de referência por seu custo unitário de referência. 
Custo global de referência - Valor resultante do somatório dos custos totais de referência de 
todos os serviços necessários à plena execução da obra ou do serviço de engenharia. 
3.1.2 Como deve ser o orçamento vinculado ao projeto? – Parte 2 
Uma das questões definidas no Decreto nº 7.983/2013 é a ênfase na utilização das 
medianas dos custos unitários previstos nas tabelas do Sinapi para a obtenção do custo 
global de referência: 
Art. 3º O custo global de referência de obras e serviços de engenharia, exceto os 
serviços e obras de infraestrutura de transporte, será obtido a partir das composições dos 
custos unitários previstas no projeto que integra o edital de licitação, menores ou iguais à 
mediana de seus correspondentes nos custos unitários de referência do Sistema Nacional 
de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – Sinapi, excetuados os itens 
caracterizados como montagem industrial ou que não possam ser considerados como de 
construção civil (BRASIL, 2013)49.A demonstração do custo global de referência é feita 
por meio do orçamento sintético da obra. Conforme Baeta (2012)50, o orçamento 
sintético, ou planilha orçamentária, é a relação de todos os serviços de uma obra com as 
respectivas unidades de medida, quantidades e preços unitários. Ou seja, o orçamento 
sintético é a planilha que demonstra a soma dos custos totais de referência dos serviços, 
estes conforme o conceito apresentado no Decreto nº 7.983/2013. 
O orçamento analítico é a apresentação de cada um dos custos unitários dos serviços 
que integram o orçamento (BAETA, 2012, p. 77). 
Saiba que é bastante comum, até mesmo entre fiscais de projetos e obras da 
Administração Pública, o erro na interpretação desses dois conceitos. Muitas vezes 
entende-se o orçamento sintético como sendo apenas um resumo dos itens globais de 
uma obra (mobilização, infraestrutura, supraestrutura, instalações, etc.) que, por 
conta da palavra “sintético” do seu nome, transmite a ideia de síntese e, por 
consequência, confere ao orçamento analítico a ideia de uma relação completa de 
itens que permitiria a “análise” dos custos da obra. Efetivamente, o orçamento 
sintético é a peça que contém a relação completa dos custos unitários de referência 
(ou de serviço), e que pela sua soma é definido o valor da obra (ou projeto). O 
orçamento analítico é peça que contém a relação completa das composições de custos 
unitários, ou seja, o detalhamento de cada um dos custos unitários de serviço 
apresentados no orçamento sintético. 
3.1.2 Como deve ser o orçamento vinculado ao projeto? 
O Projeto Básico finalizado deve disponibilizar o orçamento de referência da 
Administração, que é uma das peças que integrarão o futuro edital de licitação da obra, 
devendo trazer obrigatoriamente o orçamento sintético, o orçamento analítico, a 
composição do BDI, o cronograma físico-financeiro da obra, o critério de aceitabilidade 
dos preços51 e as cotações de mercado. Esse último item não deve constar do edital nem 
ser disponibilizado às licitantes, servindo apenas de instrumento de consulta da 
Administração para o momento da fase externa da licitação, quando da análise dos 
orçamentos apresentados pelas proponentes. As cotações de mercado deverão ser feitas 
para aqueles itens que não constam das tabelas de referência oficiais (Sinapi, Sistema de 
Custos Referenciais de Obras – Sicro, Sistema de Orçamento de Obras de Sergipe – 
Orse/SE, Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap/DF, Secretaria 
de Infraestrutura do Ceará – Seinfra/CE etc.), legalmente aceitas para as composições de 
custos dos orçamentos da Administração, e têm de ser apresentadas com, no mínimo, três 
cotações para cada item (BRASIL, 2011)52. 
Na apresentação do orçamento pela licitante deve constar o orçamento sintético, 
o orçamento analítico, a composição do BDI da proponente, o cronograma físico-
financeiro da obra e a indicação do responsável técnico pelo orçamento, com sua 
formalização. 
A responsabilidade técnica pelo orçamento será configurada por meio da Anotação 
de Responsabilidade Técnica (ART) – sistema Confea/Crea – de um engenheiro ou de 
Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) – CAU/BR – de um arquiteto e urbanista. 
3.1.3 Preço: conceito e forma de composição 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Analisar os itens formadores do preço de uma obra e entender o conceito 
de preço de venda. 
Aprofundando o tópico anterior, veremos, a seguir, o critério de formação do preço 
de venda para uma obra. 
O orçamento referencial para a licitação de uma obra da Administração Pública é 
elaborado na fase do Projeto Básico pelo projetista e seu orçamentista, que iniciará o seu 
trabalho pela análise dos projetos. Tanto melhor e mais preciso será o orçamento quanto 
mais completo for o projeto. Essa é a principal razão pela qual há intensa campanha dos 
conselhos profissionais, para que as licitações sejam feitas adotando-se o Projeto 
Executivo de uma obra, e não o Projeto Básico, conforme permitido pela Lei nº 
8.666/1993. 
Pela análise do projeto é possível a listagem dos serviços previstos e a sua 
quantificação. A etapa seguinte é o cálculo do custo unitário de cada serviço, o orçamento 
analítico, com a apresentação das composições de custos unitários. O orçamento analítico 
permitirá a consolidação do orçamento sintético e a aplicação do BDI. Conforme o 
Decreto nº 7.983/2013, sobre o custo global de referência (advindo do orçamento 
sintético), deve ser aplicada a taxa de BDI contendo, minimamente, os seguintes itens: 
1. Taxa de rateio da Administraçãocentral. 
2. Percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídos 
aqueles de natureza direta e personalística que oneram o contratado. 
3. Taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento. 
4. Taxa de lucro. 
Há ainda outros itens que poderão integrar o BDI, representando as despesas 
aplicadas à realidade de cada tipo de empresa, como as despesas administrativas e as 
despesas financeiras. A primeira refere-se ao desembolso quando da contratação de 
serviços com alocação de postos de trabalho. A segunda, “aos gastos relacionados à perda 
decorrente da defasagem entre a data do efetivo desembolso e a data da receita 
correspondente” (BRASIL, 2001)53. 
O Acórdão n° 325/2007 – TCU, no entanto, fundamenta que tais despesas não devem 
incidir sobre equipamentos, e que a despesa financeira não deve incidir sobre serviços54. 
Há, no entanto, itens não recomendados para inclusão no BDI (MENDES, 2013, 
p. 42), quando da elaboração do orçamento de referência pela Administração, 
embora possam constar do BDI ofertado pela licitante no momento da licitação. São 
eles: o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o 
Lucro Líquido (CSLL). Ao incluí-los, a licitante deve apresentá-los de forma 
destacada na composição do BDI. 
A fórmula de cálculo do BDI para as obras da Administração Pública consta do 
Acórdão nº 2.369/2011 – TCU – Plenário, consolidada no Acórdão nº 2.622/2013 – TCU 
– Plenário. Esse último traz ainda valores médios orientativos para o BDI e seus 
componentes, conforme o tipo de obra, e que servem de referência para a montagem do 
orçamento da Administração. 
3.1.3 Preço: conceito e forma de composição 
Com o cálculo do BDI, finalmente é possível obter o preço de venda (PV), que é 
o resultado da aplicação do percentual do BDI ao custo direto da obra (BRASIL, 
2013, art. 2º, inciso VI), dado pela fórmula abaixo: 
PV = CD (1 + %BDI) 
onde: 
CD é o custo direto da obra. 
No caso de obras e serviços de engenharia, na oferta do BDI deve ser considerado 
também o BDI reduzido para materiais e equipamentos de natureza específica e que 
representem valor significativo da obra. Vejamos o que destaca o Decreto n° 7.983/2013, 
no seu art. 9º, parágrafo 1º: 
§ 1º Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do objeto da 
licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de fornecimento de materiais e 
equipamentos de natureza específica que possam ser fornecidos por empresas com 
especialidades próprias e diversas e que representem percentual significativo do preço 
global da obra devem apresentar incidência de taxa de BDI reduzida em relação à taxa 
aplicável aos demais itens (BRASIL, 2013).Esses equipamentos e materiais podem ser, 
por exemplo, máquinas de ar-condicionado, elevadores, grupos geradores, divisórias, 
mobiliário, estabilizadores e nobreaks, ou seja, todos aqueles cuja fabricação ou 
montagem tenham processo que não seja de domínio da licitante (ou contratada), e que, 
dada a sua especificidade, tenham fornecedores que detenham tal domínio. 
O Acórdão nº 2.452/2017 – TCU – Plenário informa que uma taxa de BDI acima do 
limite referencial da Administração Pública não representa, por si só, superfaturamento, 
desde que o preço contratado (preço de venda) esteja compatível com o preço de mercado. 
3.1.4 O lançamento do percentual do ISS na planilha de composição do 
BDI 
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de: 
• Identificar a forma correta de lançamento do tributo Imposto sobre 
Serviços de Qualquer Natureza (ISS) na composição do BDI em relação às 
diferentes legislações municipais. 
Um dos tributos incidentes no cálculo do BDI é o ISS. A incidência desse imposto 
segue legislação municipal, ou seja, varia conforme o município onde será executada a 
obra. 
Por essa razão deve-se ter muito cuidado quando do seu lançamento na composição 
do BDI. Além de ter variação de alíquota conforme o município, ainda pode haver 
variação da incidência da alíquota. Alguns municípios têm na sua legislação a previsão 
de incidência da alíquota sobre todo o orçamento (material e mão de obra previstos na 
planilha orçamentária). Outros, no entanto, fazem incidir tal alíquota somente sobre a mão 
de obra, isentando sua incidência sobre materiais. 
Nesses casos, para efeitos de facilitação do cálculo do BDI e para que não se incorra 
em erro ou descuido no percentual do ISS a ser considerado, o que poderia configurar o 
enriquecimento da contratada, exigindo eventualmente a revisão de contrato, é feito 
cálculo de uma alíquota proporcional do ISS, que, considerada somente sobre a mão de 
obra, pode ser lançada diretamente na planilha do BDI que será aplicado a todos os itens 
da planilha orçamentária. 
A fórmula de cálculo do ISS proporcional é assim descrita: 
ISSdif = [VMO (sem BDI) / VT (sem BDI)] x % ISSmun 
onde: 
ISSdif = ISS diferenciado; 
VMO (sem BDI) = soma dos valores da mão de obra sem a incidência do BDI; 
VT (sem BDI) = valor total da obra (material e mão de obra) sem a incidência 
do BDI; 
% ISSmun = alíquota do ISS conforme legislação municipal. 
Assim, calculado esse ISS diferenciado, pode-se lançá-lo diretamente na planilha de 
cálculo do BDI. 
3.1.4 O lançamento do percentual do ISS na planilha de composição do 
BDI 
Vejamos, a seguir, as duas formas de cálculo do BDI, considerando ISS incidente 
somente sobre a mão de obra para um dado município. A primeira é a forma incorreta, ao 
fazer incidir a alíquota do ISS em todos os itens da planilha orçamentária, indistintamente. 
A segunda é fazendo incidi-la somente sobre a mão de obra, pelo cálculo do ISS 
proporcional, conforme a fórmula acima demonstrada. 
 
 
 
Tabela 1 – Exemplo de ISS lançado de forma incorreta na planilha de cálculo do BDI 
 
Tabela 2 – Exemplo de ISS lançado de forma correta na planilha de cálculo do BDI 
 
Na tabela 1, a alíquota de 4% do ISS foi incluída integralmente no cálculo do BDI. 
Essa iniciativa está incorreta, pois para o município em questão a legislação municipal 
considera tal tributo incidindo apenas sobre a mão de obra. Como o BDI é um valor 
percentual corretamente aplicado sobre todo o custo do contrato (R$ 4.000.00,00), essa 
alíquota é transportada indiretamente também para os valores do material. 
Na tabela 2, ao calcular-se a alíquota proporcional do ISS, ainda que o BDI resultante 
seja aplicado sobre o custo global do contrato, a incidência do ISS proporcionalmente 
será apenas sobre a mão de obra. 
Observe que, no exemplo em questão, para o valor aproximado da obra de R$ 
5.000.000,00, equivalente a um prédio de 3.300 m², de padrão médio, o erro na 
estimativa do seu preço seria aproximadamente de R$ 150.000,00. Caso a obra a ser 
construída tivesse área total de 33.000 m², ou seja, dez vezes maior que a do nosso 
exemplo, o erro no valor do orçamento pelo simples equívoco na forma de 
lançamento do ISS seria da ordem de R$ 1.580.000,00. 
Encerramento 
Neste Módulo 3 destacou-se exclusivamente a elaboração de planilhas 
orçamentárias, devido à sua importância dentro do processo licitatório. Tratou-se 
inicialmente do orçamento de referência da Administração para a contratação das suas 
obras, cuja forma de elaboração é definida em decreto da Presidência da República. 
Para os estudos preliminares de uma obra, foi feita a distinção entre os possíveis tipos 
de orçamento (expedito, preliminar e detalhado), a forma de composição do preço (preço 
de venda) de uma obra e a formação do BDI, com a particularidade de correta definição 
do percentual do ISS nele incidente. Esses conceitos também serviram de base para a 
discussão da forma e das possibilidades de eventual concessãode aditivos de obra, um 
dos temas a serem discutidos no próximo módulo.

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