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Contabilidade de Custo UN2

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Aula 1 Elementos de custos 
A Contabilidade de Custos é imprescindível para que as organizações possam fixar o preço de 
venda de cada produto. Para tanto, é necessário conhecer o custo de cada produto a ser produzido. 
Como a Contabilidade brasileira é regulamentada pelas leis e pelos órgãos de classe, 
inicialmente iremos tratar sobre os Princípios Contábeis relativos a custos. 
Princípios contábeis são regras seguidas e aceitas que constituem a teoria que fundamenta a 
Ciência Contábil. No Brasil, os princípios contábeis são os estabelecidos pela Resolução CFC 750/93, 
alterada pela Resolução CFC nº 1.282/10, em conformidade com o processo de convergência às 
normas internacionais de Contabilidade. Com a divulgação da nova resolução, a denominação 
“Princípios Fundamentais de Contabilidade” foi alterada para “Princípios de Contabilidade”. 
Os princípios originaram-se da necessidade do estabelecer um conjunto de conceitos, 
fundamentos e procedimentos que além de disciplinar o comportamento do profissional no exercício 
da Contabilidade, permite fixar padrões de comparabilidade e credibilidade das demonstrações 
financeiras. 
 
Os Princípios Contábeis relativos a custos são: 
 
Agora que você já conheceu os Princípios Contábeis relativos a custos, iremos estudar os Elementos 
de Custos. 
 
Elementos de Custos 
Sabemos que o custo total de produção é o valor que se obtém pela soma de todos os gastos 
coletados e identificados como pertencentes a um objeto de custo em um intervalo de tempo, sendo 
composto por: Materiais Diretos (MD), Mao de obra direta (MOD) e Custos Indiretos de Fabricação 
(CIF). 
Assim, veremos que os elementos de custos se constituem nos custos associados ao processo 
de fabricação. Eles relacionam-se diretamente às atividades organizacionais. 
A seguir, estudaremos os elementos de custos mais detalhadamente: 
 
 
Elementos do Custo Industrial 
Você sabe o que são empresas industriais? São aquelas que adquirem matéria-prima e a partir 
da utilização de máquinas, equipamentos e mão de obra especializada, transformam a matéria-prima 
em produto acabado (OLIVEIRA; PEREZ JR., 2012). 
Vejamos a seguir alguns exemplos: 
 
 
 
• Materiais Diretos (MD): componentes que são transformados e se tornam parte do objeto de custo. 
Como exemplo, podemos citar: alumínio para as latas de refrigerante, papel para compor um livro. É 
o material que pode ser identificado à unidade do produto fabricado e que sai da fábrica incorporado 
ao produto ou utilizado como embalagem. Assim, podemos afirmar que são custos facilmente 
identificáveis e coletados. 
Conforme a IAS 2 / CPC 16, para compor o custo dos Materiais Diretos é necessário 
contabilizar todos os gatos incorridos para a colocação do ativo em pleno funcionamento. 
 
• “O custo dos estoques devem incluir todos os custos de aquisição, custos de transformação, e 
outros custos incorridos para trazer à sua condição e localização atuais”. Sendo que no Custo 
de aquisição:devem incluir o preço de compra, impostos (que não sejam os recuperáveis), custo 
de transporte, de manuseio e outros custos diretos. Na aquisição dos estoques a prazo, existe 
um custo financeiro embutido no preço. Este custo deverá ser mantido como custos de 
aquisição. 
A Norma Internacional estabelece que os elementos financeiros de uma compra a prazo 
estendido fora das condições normais de negociação entre as empresas sejam reconhecidos como 
despesa. A norma brasileira não contém referência a esse respeito; menciona que os juros não são 
geralmente considerados necessários para se colocar os estoques em condição e localização atuais. Em 
casos de juros relativos a empréstimos e financiamento e não os relativos a prazo dado pelo fornecedor 
que seja considerado normal. 
Quando os itens do estoque são vendidos, o custo correspondente baixado da conta de estoques 
deverá ser registrado como despesa do período em que a venda tenha sido reconhecida. 
A Norma Internacional prevê outros custos que não são incorporados aos custos dos estoques 
– contabilizados como despesa: 
 Perdas anormais de materiais desperdiçados, mão de obra e outros custos de produção; 
 Custos com armazenamento, a menos que o custo seja estritamente necessário no processo produtivo 
até que o bem seja transferido para a próxima etapa de produção; 
 Despesas administrativas não relacionadas com o processo produtivo; 
 Despesas de vendas. 
 
O montante de baixas e perdas deve ser registrado como despesa no momento em que a baixa 
ou perda tenha ocorrido. 
 
Veremos um exemplo prático a seguir: 
 
 
Matéria-prima (I) 
A Indústria de Embalagens “Embale Bem”, localizada em Maceió/AL adquiriu, no mês de 
fevereiro, 10.000 quilos de matéria-prima plástica junto ao fornecedor “Fornece Tudo”, localizado em 
Salvador/BA. O preço de venda deste fornecedor é de R$ 60,00 por quilo de matéria-prima. A Indústria 
de Embalagens “Embale Bem” pagou R$ 8.000,00 de frete para o transporte da matéria-prima da Bahia 
até Alagoas. Pagou também, R$ 4.000,00 de seguros. 
Com base nestas informações, o custo de aquisição total e unitário desta matéria-prima foi de: 
 
 
Podemos afirmar que cada quilo custou R$ 61,20, após a inclusão do frete e do seguro pagos 
pela empresa compradora. Caso a produção utilize em março, 7.400 quilos desta matéria-prima serão 
imputados ao custo de produção o total de R$ 452.880,00 (resultado da multiplicação entre 7.400 kg 
por R$ 61,20), restando como estoque da matéria-prima o valor de R$ 159.120,00 (2.600 kg x 61,20). 
 Agora iremos calcular o custo da matéria-prima na aquisição com impostos. 
 
Matéria-prima (II) 
Impostos Recuperáveis – Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre a Circulação 
de Mercadorias e Serviços (ICMS). 
Nas empresas industriais, os tributos diretos, IPI e ICMS pagos pela empresa adquirente em 
decorrência de compra de matéria-prima, materiais de embalagem e demais materiais utilizados na 
produção, representam, conforme estabelecido na legislação, crédito da empresa compradora com o 
Governo. 
Estes créditos tributários são compensados com os impostos da mesma natureza que são 
devidos pela mesma empresa por ocasião das vendas dos produtos acabados. 
Assim sendo, os valores dos impostos recuperáveis pagos na compra as matérias-primas e dos 
demais materiais utilizados na fabricação dos produtos não devem compor o custo de aquisição que 
será incorporado aos estoques. 
Estes impostos devem ser registrados em conta específica de ativo, a qual representará o direito 
da empresa com o Governo. 
 
Como assim? Vamos esclarecer com um exemplo? 
A Indústria de Vestuário “Bem Vestida S.A.” adquiriu em setembro várias matérias-primas, 
totalizando R$ 250.000,00, incluindo R$ 45.000,00 de ICMS e R$ 25.000,00 de IPI, as quais são 
utilizadas na produção de 10 modelos de vestuários diferentes. 
Durante o mês de setembro foram vendidos diversos produtos acabados, produzidos com as 
matérias-primas compradas em setembro ou nos meses anteriores. O valor das receitas com as vendas 
totalizou R$ 400.000,00, incluindo R$ 72.000,00 de ICMS e R$ 48.000,00 de IPI. 
Com base nestas informações foram apurados os seguintes valores: 
A) 
 
B) 
 
 
C) 
 
 
 
 
 
 
Matéria-prima (III) 
Agora iremos estudar, ainda no elemento de custo Matéria-Prima, a incidência do frete Preço 
CIF e Preço FOB. Mas, qual o significado de CIF? Qual o significado de FOB? 
CIF é uma sigla em inglês, que significa “Cost, insurance and freight”, que quer dizer: “Custo, 
seguro e frete”. Nesta modalidade de frete, o pago pelo comprador inclui o valor do material adquirido, 
mais o frete e o seguro. Desse modo, o gasto
do frete e do seguro é de responsabilidade do vendedor, 
que deverá entregar a mercadoria no local indicado pelo comprador. 
FOB é outra sigla em inglês, que significa “Free in board”, que quer dizer: “Posto a bordo”. Na 
modalidade FOB, o valor pago pelo comprador é relativo apenas o valor do material adquirido. 
Desse modo, o valor do frete e do seguro é de responsabilidade do comprador. A 
responsabilidade do vendedor limita-se apenas em “por a mercadoria a bordo” do veículo com 
comprador ou de quem este indicar para fazer o transporte. Os gastos com incorridos no transporte da 
mercadoria do estabelecimento do vendedor até o estabelecimento do comprador devem ser 
acrescentados ao custo da aquisição do material para fins de determinação do valor que será 
incorporado ao estoque. 
 
 
Vamos ao nosso exemplo para compreendermos melhor? 
 
 
 
Mão de Obra Direta (MOD): 
“Mão de obra direta é aquela relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em 
elaboração, desde que seja possível a mensuração do tempo despendido e a identificação de quem 
executou o trabalho, sem a necessidade de qualquer apropriação direta ou rateio” (MARTINS, 2010). 
A mão de obra direta só se configura como tal, se esta for executada diretamente na elaboração 
de um determinado produto. O valor relativo ao salário e aos encargos, pago ao operário que atua 
diretamente na produção é considerado mão de obra direta este produto. 
 
 
Você sabia que este valor deve ser passível de mensuração? Pois é! Vamos verificar no exemplo 
a seguir? 
 
 
Um operário produz uma mesa em 2 horas. 
O valor da hora da sua mão de obra é de R$ 10,00. 
Assim, para produzir uma mesa, a empresa se gasta R$ 20,00 de mão de obra direta. 
Valores que devem ser considerados no pagamento ao funcionário: 13° salário, férias, férias 
remuneradas, adicional de férias (1/3), aviso prévio indenizado, repouso semanal remunerado, horas-
extras, vale-transporte, vale-refeição, participação nos lucros, se houver na empresa. 
 
 
São contribuições sociais a serem consideradas 
 
 
 
Veremos um exemplo prático adaptado de Martins (2010): 
A Indústria de Móveis “Du Lar” contratou um operário para trabalhar 44 horas semanais, de 
segunda a sábado, pelo valor de R$ 20,00 a hora trabalhada. Assim a jornada será: 44 horas semanais 
divididas por 06 dias = 7,3333 horas que equivalem a 7 horas e 20 minutos. 
Como o salário por hora é R$ 20,00, a remuneração anual do funcionário é assim calculada: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa maneira, o custo total deste funcionário é de R$ 59.400,67 x 37% = R$ 81.378,92. 
Como o funcionário trabalha 2.016,7 horas, ele “custa”, por hora, para a Indústria de Móveis “Du 
Lar” o valor de R$ 40,35 (R$ 81.378,92 divididos por 2.016,7 horas). 
 
Custos Indiretos de Fabricação (CIF): 
referem-se a todos os demais gastos do processo produtivo que não são facilmente 
identificáveis ao objeto de custo (unidades produzidas), e que necessitam de algum critério de 
apropriação indireta para serem agregados ao produto. 
Como exemplos, temos: 
Mão de obra Indireta: trabalho nos departamentos auxiliares nas indústrias ou prestadores de 
serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço executado. Mão de obra de 
supervisores, controle de qualidade etc. 
Materiais Indiretos: empregados nas atividades auxiliares de produção, tais como: graxas e 
lubrificantes, lixas etc. 
Outros Custos Indiretos: custos que dizem respeito à existência do setor fabril ou de prestação de 
serviços, como depreciação, seguros, energia elétrica, manutenção de equipamentos, aluguel do galpão 
da fábrica. 
 
O que isto significa? 
Significa, por exemplo, no caso do aluguel do galpão que, se a indústria produzir mais ou produzir 
menos, o aluguel permanecerá o mesmo, e não há um meio direto de vincular a produção ao valor do 
aluguel. 
 
Critério de Rateio dos Custos Indiretos 
Os custos indiretos sugerem que só podem ser apropriados de forma indireta aos produtos, por meio 
de estimativas e critérios de rateio, trazendo o subjetivismo. Por isso sempre haverá arbitrariedade no 
rateio desses custos. 
Os critérios de rateio serão definidos pela empresa, que escolherá o que considera mais justo na 
alocação dos custos indiretos aos seus produtos. A seguir, podemos verificar alguns dos possíveis 
critérios de rateio que podem ser utilizados nas empresas: metro quadrado, metro cúbico, quilowatts, 
mão de obra direta, número de funcionários, número de horas trabalhadas, número de hora-máquina, 
volume de produção, matéria prima consumida e custo direto. 
 
 
Vamos a um exemplo prático com o Cálculo da Parcela do Custo Indireto de Indústria de 
Solvente 
 
 
A seguir, veremos mais um exemplo prático de rateio de Custos Indiretos de Produção: 
 
O relatório da Contabilidade de Custos da Indústria de Vestuário “Roupa Bella” evidenciou que esta 
empresa obteve um custo de depreciação no valor de R$ 800,00. Este valor foi distribuído pelos 
produtos conforme o tempo de produção das máquinas (horas-máquinas) por produto. 
 
 
Vejamos a seguir quanto do Custo de Depreciação pode ser atribuído a cada produto: 
 
 
O objetivo do rateio foi ratear o custo da depreciação (800,00) proporcionalmente para verificar o valor 
que seria atribuído a cada produto. 
 
 
Elementos do Custo Comercial: 
• Mercadorias: bens adquiridos com a finalidade de comercialização, que fazem parte dos objetivos da 
empresa comercial, do contexto operacional e do ramo de atividade da empresa. As mercadorias, por 
se constituírem no custo da venda, requerem estudos e cuidados em quatro aspectos fundamentais, tais 
como: controle, custeio, valorização contábil e programação. 
 
 
Elementos dos Custos nos Serviços: 
O custo de um serviço pode compor-se de até quatro elementos básicos a seguir: 
 Material Aplicado nos Serviços 
 Mão de obra Aplicada 
 Custos Indiretos dos Serviços Específicos 
 Materiais indiretos 
 Mão de obra indireta 
 Outros custos dos serviços 
 
 
Custos indiretos dos serviços não específicos 
 Serviços Repetitivos: por similaridade de operações é feito de forma repetitiva, ou seja, uma vez 
definidos, serão sempre executados de forma similar. Exemplo: serviços contábeis, processamento de 
dados, turismo, entretenimento, administração de imóveis, fretes entre outros. 
 Serviços Específicos: em função de demanda específica, exigem estudos e projetos específicos, 
representando cada serviço, um projeto e um serviço diferenciado. Exemplo: serviços de instalação, 
transportes especiais, determinadas manutenções, reparos, sistemas e assessorias, entre outros. 
 Esquema de Custeio dos Serviços: custos ocorrem na execução dos serviços e não no Departamento 
de Custos. O processo de custeio é uma apuração analítica e valorização monetária do que ocorre na 
prestação de serviços, que utiliza informações operacionais e informações contábeis. 
Percebemos, portanto, que é fundamental para assegurar a eficiência, eficácia e a efetividade da 
organização, que cada elemento que é alocado ao custo do produto, mercadoria ou serviço, seja 
efetivamente identificado. 
 
 
A partir do que foi visto até aqui, sobre o custo total com mão de obra direta (salários mais 
encargos), em que os seus custos quase dobram em relação ao que é pago aos funcionários, quais as 
ações que o gestor de custos pode realizar para diminuir o impacto destes custos e para aumentar a 
lucratividade nas organizações, sem que haja demissões nem sonegação de tributos? 
A análise da lucratividade de uma empresa não deve ser efetuada de forma isolada. Todos os 
custos e receitas devem ser analisados
de forma integrada na demonstração de resultado global do 
negócio. A visão global do lucro da empresa contém importantes elementos para análise, tais como: a 
contribuição de cada produto para a lucratividade da empresa, montante dos custos fixos e variáveis, 
lucro líquido final da empresa. Na atualidade, o valor dos custos fixos pode ser modificado por meio 
de uma ação com reflexo sobre os próximos períodos, já que a empresa deve focar a sua estratégia na 
contribuição que cada produto deve gerar para que assim possa cobrir os custos e formar o lucro 
(GUERREIRO, 2011). 
As transformações ocorridas no contexto macroeconômico mundial nas últimas décadas 
levaram os gestores a inovarem quanto à busca de uma eficiência na gestão de custos. Os meios de 
produção ficaram cada vez mais desenvolvidos, contribuindo para que ocorressem grandes avanços 
tecnológicos. Assim, as empresas voltaram seu foco para a antecipação às necessidades dos clientes, 
de modo a assegurar a vantagem competitiva, devido à crescente concorrência mundial. 
Todos estes fatores geraram um impacto na contabilidade de custos das empresas, que passaram 
a necessitar, cada vez mais, de sistemas de custos mais acurados e flexíveis, adequados à nova 
realidade mundial e voltados para subsidiar as tomadas de decisões das organizações. 
Assim, a contabilidade de custos, integrada às contabilidades financeira e gerencial, produz 
informações que, por sua vez, serão utilizadas pelo planejamento estratégico, apoiando a gerência nas 
tomadas de decisões, fazendo, deste modo, as organizações atingirem a excelência gerencial 
administrativa nos seus resultados. 
 
Aula 2 Cálculo dos Custos e Produtos Vendidos (CPV) 
Nesta aula, iremos calcular e mensurar o Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Mas antes, para 
uma melhor compreensão, é importante relembramos alguns conceitos importantes, que servirão de 
base para o cálculo do CPV. 
Vimos que os custos podem ser classificados de diversas formas, tais como: 
Em relação à apropriação aos produtos fabricados, os custos são classificados em custos diretos 
e custos indiretos. 
Primeiramente iremos estudar os custos em relação ao produto: 
Em relação aos níveis de produção, os custos são classificados em custos fixos e custos 
variáveis. 
Custos fixos são aqueles cujos valores são os mesmos qualquer que seja o volume de produção da 
empresa. É o caso, por exemplo, do aluguel da fábrica. Este será cobrado pelo mesmo valor qualquer 
que seja o nível da produção, inclusive no caso de a fábrica nada produzir. 
Observe que os custos fixos são fixos em relação ao volume de produção, mas podem variar de valor 
no decorrer do tempo. O aluguel da fábrica, mesmo quando sofre reajuste em determinado mês, não 
deixa de ser considerado um custo fixo, uma vez que terá o mesmo valor qualquer que seja a produção 
do mês. 
 
Custos variáveis são aqueles cujos valores se alteram em função do volume de produção da empresa. 
Exemplo: matéria-prima consumida. Se não houver quantidade produzida, o custo variável será nulo. 
Os custos variáveis aumentam à medida que aumenta a produção. Outros exemplos: materiais indiretos 
consumidos, depreciação dos equipamentos quando esta for feita em função das horas/máquina 
trabalhadas, gastos com horas-extras na produção. 
 
Custos semivariáveis são custos que variam com o nível de produção que, entretanto, têm uma parcela 
fixa mesmo que nada seja produzido. É o caso, por exemplo, da conta de energia elétrica da fábrica, 
na qual a concessionária cobra uma taxa mínima mesmo que nada seja gasto no período, embora o 
valor total da conta dependa do número de quilowatts consumidos e, portanto, do volume de produção 
da empresa. 
Outros exemplos: aluguel de uma copiadora na qual se cobra uma parcela fixa mesmo que 
nenhuma cópia seja tirada; gasto com combustível para aquecimento de uma caldeira, que varia 
de acordo com o nível de atividade, mas que existirá, mesmo que seja num valor mínimo, 
quando nada se produza, já que a caldeira não pode esfriar. 
 
Custos semifixos são custos que são fixos numa determinada faixa de produção, mas que variam se 
há uma mudança desta faixa. Considere, por exemplo, a necessidade de supervisores de produção da 
Indústria de Cosméticos “Bella Face” evidenciada no quadro a seguir: 
 
Como você pode observar, o custo dos supervisores será de R$ 360.000,00, fixo na faixa de 
produção de 20.001 a 40.000 unidades. Se, entretanto, a produção aumentar para 50.000 unidades, o 
custo passa para outro degrau (R$ 480.000,00). 
 
Os custos variáveis são diretamente proporcionais à quantidade produzida. Por outro lado, o custo 
fixo pela sua própria definição é constante, qualquer que seja o volume de produção. 
No que se refere aos custos diretos, podemos afirmar que são aqueles que podem ser apropriados 
diretamente aos produtos fabricados, porque há uma medida objetiva de seu consumo nesta fabricação. 
 
São exemplos de custos diretos: 
Matéria-Prima: normalmente, a empresa sabe a quantidade exata de matéria-prima que está 
sendo utilizada para a fabricação de uma unidade do produto. Sabendo-se o preço da matéria-prima, o 
custo daí resultante está associado diretamente ao produto. 
Mão de obra Direta: trata-se dos custos com os trabalhadores, utilizados diretamente na 
produção. Sabendo-se quanto tempo cada um trabalhou no produto e o preço da mão de obra, é possível 
apropriá-la diretamente ao produto. 
Os custos indiretos são aqueles que dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem 
apropriados aos diferentes produtos, portanto, são custos apropriados indiretamente aos produtos. 
Ainda no que se refere aos custos diretos, cujos elementos de custos são os materiais diretos e 
mão de obra direta, visto que todo processo de produção industrial precisa ter esses dois itens, cabe 
atentar para a classificação de seus elementos. 
Portanto, iremos agora tratar dos materiais diretos e da mão de obra direta. Como vimos 
anteriormente, os materiais diretos são: 
 Matérias-primas; 
 Embalagens; 
 Componentes adquiridos prontos; 
 Demais materiais utilizados na fabricação de um produto. 
As matérias-primas são os materiais principais que participam com maior incidência na 
fabricação do produto. 
As embalagens são os materiais destinados a acondicionar ou embalar os produtos, antes que 
eles saiam da área de produção. 
Conforme Martins (2010), podemos dividir todos os problemas existentes numa empresa com 
relação a materiais em três campos: 
 
 
Tanto o controle quanto o custo do produto elaborado a programação são itens importantes, 
mas aqui iremos dar uma atenção especial em como avaliar o material direto utilizado. 
Agora que relembramos conceitos importantes, iremos aprender a calcular o Custo dos 
Produtos Vendidos (CPV). Observe que estamos tratando de indústrias. Os custos industriais referem-
se às matérias-primas consumidas, mão de obra empregada e os custos indiretos de fabricação. 
Consoante Crepaldi (2010), o Custo dos Produtos Vendidos (CPV) corresponde à soma dos 
custos incorridos na fabricação dos produtos que foram vendidos em determinado período e é 
calculado considerando-se as diversas fases pelas quais passa a matéria-prima até ser vendida como 
produto pronto, em determinado período. Corresponde aos custos incorridos na fabricação dos 
produtos, conforme destacamos a seguir: 
O custo dos produtos vendidos é formado pela soma dos Materiais Direitos (MD) mais Mão de 
obra Direta (MOD) mais os Custos Indiretos de Fabricação (CIF). A apuração do custo dos produtos 
vendidos está diretamente relacionada aos estoques de produtos acabados da empresa, pois representa 
a baixa efetuada nas contas dos estoques por
vendas realizadas no período. 
Podemos afirmar então, que a apuração do Custo dos Produtos Vendidos é o último estágio do 
controle de custos, que teve como precedentes as seguintes etapas: 
 Separação entre custos e despesas; 
 Separação entre Custos Diretos e Indiretos; 
 Apropriação dos Custos Diretos aos produtos; 
 Rateio dos custos indiretos aos produtos 
Para apuração do Custo dos Produtos Vendidos, é necessário conhecer os seguintes conceitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
A contabilidade de custos da Indústria de Calçados “Calce Bem” apresentou as seguintes 
informações no balancete em 31/12/XXX1: 
 
 
 
1ª ETAPA – Separar os custos das despesas 
 
 
CUSTOS: 
 MOD – 100.000 
 MOI – 74.000 
 Depreciação Equipamentos – 3.600 
 Seguros da Fábrica – 400 
 Energia Elétrica Fábrica – 1.600 
 Materiais consumidos pela fábrica – 4.000 
 
 
DESPESAS 
 Salários dos vendedores – 12.000 
 Salários administrativos – 8.000 
 Depreciação dos móveis do escritório - 800 
 
 
2ª ETAPA – Separar custos diretos dos custos indiretos 
 
 
CUSTOS DIRETOS 
 MOD – 100.000 
 MD – 88.000 (*) 
 MD = EI + C – EF 
 MD = 40.000 + 80.000 – 32.000 
 MD = 88.000 
 
 
CUSTOS INDIRETOS 
 MOI – 74.000 
 Materiais consumidos – 4.000 
 Depreciação Equipamentos – 3.600 
 Seguros – 400 
 Energia Elétrica Fábrica – 1.600 
 Total – 83.600,00 
 
3ª ETAPA – Calcular o Custo de Produção 
- CP = MD + MOD + CIF 
- CP = 88.000 + 100.000 + 83.600 
- CP = 271.600 
 
4ª ETAPA – Calcular o Custo da Produção Acabada 
- CPA = EIPP + CP – EFPP 
- CPA = 24.000 + 271.600– 32.000 
- CPA = 263.600 
 
5ª ETAPA – Calcular o Custo dos Produtos Vendidos 
- CPV = EIPA + CPA – EFPA 
- CPV = 24.000 + 263.600– 20.000 
- CPV = 267.600 
 
Agora iremos apurar o CPV: 
De que forma? Veremos: 
 
1º) Uma vez iniciada a produção, à medida que os elementos de custos vão sendo utilizados, eles são 
transferidos para uma conta chamada Estoque de Produtos em Processo (EPP): 
D – ESTOQUE DE PRODUTOS EM PROCESSO 
C – CUSTOS DE PRODUÇÃO (MD + MOD + CIF) 
 
2º) À medida que os produtos vão sendo concluídos, esses elementos de custos são transferidos para a 
conta Estoque de Produtos Acabados (EPA): 
D – ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS 
C – ESTOQUE DE PRODUTOS EM PROCESSO 
 
 
3º) Quando os produtos são vendidos, os elementos de custos são transferidos para a conta Custo dos 
Produtos Vendidos (CPV): 
D – CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS 
C – ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS 
 
Compreendendo o Registro Contábil da conta Custo dos Produtos Vendidos 
A conta Custo dos Produtos Vendidos recebe a seu débito o valor correspondente ao custo dos produtos 
comercializados pela empresa. Por se tratar de conta de resultado, será encerrada no final do período 
contra a conta de Apuração de Resultado. Seu valor, deduzido das Vendas Líquidas, corresponderá ao 
Lucro Bruto da empresa industrial e é também denominado de Resultado Industrial. 
 
 
“Custear é apurar os custos. Mas não significa apenas determiná-los ou calculá-los. Apuração 
de custos representa todo o trabalho da Contabilidade de Custos, desde o planejamento da 
coleta dos dados até a prestação da informação gerencial dos custos” (LEONE, 2009, p. 49). 
 
 
Você sabia que o objetivo do custeio é o nome técnico que designa a finalidade para a qual os custos 
estão sendo apurados? 
 
Aula 3 Metodologias de Custeio 
Os métodos abordados serão aqueles utilizados para custeio da produção de bens e serviços. 
Portanto, coadunamos com Leone (2009), ao afirmar que quando se fala em produção, 
compreende-se fabricação e prestação de serviços. Assim, entendemos que existem dois tipos básicos 
de produção; os demais tipos são combinações entre eles ou mesmo variações em torno de cada um 
deles. 
 
• Custeio por Absorção 
O custeio por absorção (também denominado de custeio integral) debita ao custo dos produtos 
todos os custos da área de fabricação, sejam estes custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, de 
estrutura ou operacionais. A própria denominação deste método de custeio traduz esta particularidade, 
ou seja, o procedimento é fazer com que cada produto (ou serviço) absorva parcela dos custos diretos 
e indiretos, relacionados à fabricação. Assim, os custos indiretos de fabricação são absorvidos 
totalmente pelos produtos por meio de rateio, não importando a natureza dos itens de custos que 
formam essa coletividade. 
Este método de custeio é derivado da aplicação dos princípios contábeis do Brasil e é adotado 
pela legislação comercial e pela legislação fiscal. O custeio por absorção está relacionado com a ótica 
da contabilidade societária, cuja ênfase é o atendimento a normas e princípios contábeis. 
Tal método teve a sua origem no sistema desenvolvido na Alemanha, no inicio do século XX, 
denominado Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit (RKW). Pelo método RKW, todos os gastos do 
período (custos e despesas) eram apropriados à produção por meio das fábricas de rateio, por nós, já 
estudadas. 
Naquela época, as despesas administrativas, comerciais e financeiras não eram relevantes, pois 
todos os esforços estavam concentrados na produção. Todavia, com o desenvolvimento e 
modernização das diversas economias mundiais, as despesas administrativas passaram a representar 
importante parcela dos gastos empresariais. Baseado neste novo ambiente empresarial julgou-se 
necessário segregar as despesas dos custos e apropriá-los diretamente do resultado do exercício. 
A primeira etapa da operacionalização do custeio por absorção é a separação entre custos e 
despesas do período (lembrando que custos são gastos que ocorrem no ambiente de produção e 
despesas são gastos que ocorrem fora do ambiente de produção). 
Os custos são atribuídos aos produtos e as despesas do período são consideradas gastos do 
período. O quadro a seguir, adaptado de Guerreiro ( 2011), apresenta um exemplo de gastos típicos, 
que são classificados como custos e como despesas. 
Separação entre custos e despesas: 
 
 
Em seguida, os gastos classificados como custos de produção são separados em custos variáveis 
dos custos fixos. Os custos variáveis podem ser identificados aos produtos, pois possuem a mesma 
natureza de custos diretos a unidades de produtos. Os custos fixos, por sua vez, serão distribuídos aos 
diversos produtos por meio de algum critério de rateio. Desse modo, os custos fixos são, juntamente 
com os custos variáveis, estocados e levados a resultado apenas na ocasião da venda dos produtos, ao 
invés de no momento em que ocorrem. 
A seguir, como exemplo, vamos considerar uma Fábrica de Produtos de nome “Produza 
Bem”, que produz dois produtos, com os dados demonstrados no quadro a seguir: 
 
 
A Fábrica de Produtos “Produza Bem” distribui os custos fixos a cada um dos dois produtos 
utilizando como critério de rateio a proporção de custos variáveis dos produtos. Desse modo, os 
produtos ficarão com os valores de custos fixos, custos totais e custos a seguir: 
 
 
Podemos afirmar que, como consequência da utilização do custeio por absorção, em função 
da alocação dos custos fixos aos produtos, observamos que o custo unitário do produto fica 
impactado por dois fatores: 
a. pelo critério de rateio utilizado para alocação de custos fixos aos produtos e; 
b. pelo volume de produção do período. 
A alocação dos custos fixos aos produtos depende da utilização de critérios subjetivos de rateio. 
Uma alteração do critério de rateio provoca uma modificação no custo unitário do produto. 
Tendo em vista que o volume de custo fixo permanece de certa forma constante (numerador)
e 
o volume de produção pode variar (denominador), o custo unitário varia de período para período em 
função do volume e mix de produção. Desse modo, a ociosidade, um problema decorrente da baixa 
utilização da baixa capacidade instalada, passa a ser interpretada equivocadamente como sendo um 
problema de custo unitário de produto. Nesse sentido, observamos que o CPC 16 (Estoques) trata este 
assunto de forma tecnicamente correta. 
A esquematização do custeio por absorção pode ver vista a seguir: 
 
 
 
Custeio Variável 
O método de apropriação de custos denominado de custeio variável ou custeio direto é aquele 
que distribui apenas os custos variáveis de produção às quantidades e produtos produzidos no período. 
Os custos fixos de produção não fazem parte do custo do produto e são tratados como gastos de 
produção, da mesma forma que as despesas administrativas, comerciais e financeiras. 
O custeamento variável é um critério usado para acumular os custos de qualquer objeto ou 
segmento da empresa. Normalmente, o custeio variável é aplicado ao sistema de acumulação de custos 
das operações fabris. Entretanto, o critério pode ser empregado quando o contador desejar determinar 
o custo de quaisquer outros segmentos da empresa que não seja o de produção (LEONE, 2009). Sua 
denominação decorre por tratar dos custos que variam com o parâmetro operacional adotado para ser 
a base de volume, ou da atividade, ou do segmento que estudaremos. 
O critério de custeamento variável tem por característica ser seletivo. No que tange ao 
custeamento da produção, o que se quer apurar os custos, e na verdade fazer a acumulação dos custos, 
identificar os custos dos processos, dos produtos e dos serviços da fábrica. Desta maneira, faz-se 
necessário proceder ao debito, ao processo, aos produtos, bem como aos serviços os custos realizados. 
Mas, como aplicar o custeio variável? 
O primeiro passo na aplicação da metodologia do custeio variável é a classificação dos custos 
de produção em custos fixos e custos variáveis. Em seguida, atribui-se aos produtos apenas os custos 
variáveis e os custos fixos são levados para a apuração do resultado do período. 
A partir da aplicação do método de custeio variável é efetuado o cálculo da margem de 
contribuição correspondente às receitas de vendas menos as despesas variáveis de venda e menos os 
custos variáveis dos produtos vendidos. O total da margem de contribuição gerada pelos produtos deve 
ser suficiente para cobrir todas as despesas fixas - industriais, administrativas, comerciais e financeiras 
o a proporcionar o lucro esperado da empresa. 
Tendo em vista que os custos fixos são rastreados aos produtos, o custo unitário do produto não 
sofre o impacto das oscilações de rateios e das oscilações do volume de produção e vendas. Por outro 
lado, o custo fixo afeta diretamente o lucro do período, não impactando o valor dos estoques de 
produtos. 
 O método de custeio variável é voltado especificamente para uso gerencial. Deve ser observado 
que este não é aceito para finalidades fiscais e societárias. 
 
A seguir, veremos o esquema do processo de apropriação de custos utilizando o custeio variável: 
 
Vantagens de utilização do custeio variável 
Como vimos, o custeio variável como ferramenta de auxílio no planejamento e tomadas de 
decisão nas organizações se caracteriza como um critério gerencial, interno. Conforme Leone (2009), 
seu emprego produz informações importantes para a administração interna. 
Para finalidades gerenciais, o custeamento variável separa os custos fixos em variáveis. Esta 
separação pode ser realizada quando a organização emprega o critério de custeamento por absorção, 
mas este fator não é um procedimento habitual. 
A apropriação dos custos fixos ou indiretos ao segmento é sempre feita com base em critérios 
arbitrários de rateio. O custo total do produto não é determinado completamente a não ser que se faça 
o rateio na base de um parâmetro qualquer ligado ao volume. 
Os custos fixos, quando analisados por unidade de produtos, sofrem influência do volume da 
produção. Os custos fixos não são considerados custos de produção, mas considerados custos de 
necessários para colocar a atividade pronta para produzir. Esses custos são considerados como custos 
do período nos quais eles são incorridos. Desde que sejam incorridos para as finalidades de fornecer 
capacidade de produzir dentro de um específico período de tempo. 
O custeamento variável tem estreita relação com os conceitos de custos desembolsáveis custos 
financeiros, fazendo com que seus resultados sejam mais efetivos para a compreensão por parte dos 
administradores para o processo decisório. 
 
 
Desvantagens de utilização do custeio variável 
Existem vários argumentos contrários à aplicação do custeamento variável. Veremos a seguir: 
Dentro de estreitas faixas de volume as suposições quanto à variabilidade dos custos podem 
ser feitas sem o risco de erros significativos, mas em uma operação fabril mais ampla existem 
complicações adicionais. O custeio variável não atende ao Princípio da Competência, tendo em vista 
que os custos fixos são lançados integralmente no resultado como despesas, independentemente da 
quantidade (percentual) ou dos produtos que são vendidos. 
O custeio variável não é aceito pelo fisco. Pelo fato dos custos fixos serem integralmente 
lançados no resultado como despesas, independentemente do percentual dos produtos que são 
vendidos, ocorre uma antecipação de despesas e, consequentemente, uma redução dos lucros. 
No caso de custos mistos (custos que têm parcela fixa e outra variável) nem sempre é possível 
separar objetivamente a parcela fixa da variável. O custo variável não é aceito pela auditoria externa 
das entidades que tem capital aberto. A razão disto é que o custeio variável fere os princípios 
fundamentais de contabilidade, em especial, aos princípios de realização da receita, da confrontação e 
da competência. 
Estes princípios estabelecem que os custos associados aos produtos só podem ser reconhecidos 
na medida em que são vendidos, já que, somente quando reconhecida a receita (por ocasião da venda) 
é que devem ser deduzidos todos os sacrifícios necessários a sua obtenção (custo e despesa), como o 
custeio variável admite que todos os custos fixos sejam deduzidos do resultado, mesmo que nem todos 
os produtos sejam vendidos, ele violaria tais princípios. O valor do estoque não mantém relação com 
o custo total. Isoladamente, não se aplica para formação do preço de venda. 
No quadro abaixo, temos de forma resumida, as vantagens e desvantagens da utilização do 
custeio variável: 
 
 
Veja um exemplo prático no que tange as diferenças e semelhanças do Custeio por Absorção e o 
Custeio Variável: 
 
Consideremos que a Indústria de bicicletas “Pedale com Saúde” tenha apurado os seguintes gastos em 
seu primeiro mês de atividades: 
 
 
A referida indústria vendeu 80% de sua produção e apurou receita total de 100.000,00. Comparando o 
resultado pelo custeio por absorção com o resultado apurado pelo custeio variável, temos: 
 
 
 
No quadro acima, podemos perceber que o CPV no custeio por absorção é correspondente a 
80% dos custos totais de produção, fixos e variáveis. O CPV no custeio variável é equivalente a 80% 
dos custos variáveis e os custos fixos foram apropriados como despesas operacionais. 
Em comparação com o custeio por absorção, o sistema de custeio variável antecipa a 
apropriação dos custos fixos ao resultado. Os resultados acumulados, porém, são iguais nos dois 
métodos. No custeio por absorção todos os custos fixos são apropriados ao resultado dentro do custo 
dos produtos vendidos, enquanto no custeio variável os custos fixos
são integralmente apropriados 
como se fossem despesas operacionais. 
 
Você sabia que a legislação fiscal só admite que as empresas evidenciem oficialmente o Custeio por 
Absorção? 
 
Sistemas de Acumulação de Custos: Ordem de Produção (Produção por Encomenda) e Produção 
Contínua (Sistema de Custos por Processo) 
Estudamos a metodologia de custeio, agora iremos abordar as metodologias (sistemas) de 
acumulação dos custos, que consistem na forma pela qual os custos são apropriados aos produtos. 
Os sistemas de acumulação de custos destinam-se a coletar os dados de custos identificados 
com algum objeto de custeio e organizá-lo de forma a que possam vir a contribuir para o 
desenvolvimento de informações que se destinam ao atendimento gerencial (LEONE, 2009). 
 
São dois os sistemas de acumulação dos custos, que são: 
 Sistema de Ordem de Produção (Produção por Encomenda) e 
 Produção Contínua (Sistema de Custos por Processo). 
A utilização de um sistema ou outro será conforme as características dos produtos produzidos. 
Entretanto, muitas empresas combinam os dois sistemas. 
 
 
Sistema de Ordem de Produção (OP) ou Produção por Encomenda 
Vamos estudar primeiramente o Sistema de Ordem de Produção (OP) ou Produção por 
Encomenda. 
Este sistema tem por característica apresentar custos específicos ou devidamente identificados 
para cada unidade produzida e não um custo médio. Assim sendo a OP é mais adequada quando a 
organização possui um processo produtivo não repetitivo e de cada produto ou grupo de produtos 
apresenta, de alguma forma, diferentes características entre si. 
Silva e Lins ( 2010) apresentam exemplos de organizações utilizam o OP: 
Oficinas mecânicas, hospitais, empresas de auditoria, construção civil, estaleiros etc., conforme 
os autores, nas atividades exemplificadas, o objetivo é a apuração do custo específico de determinado 
cliente ou produto, o que os autores denominam de “produtos ou serviços customizados ou por 
encomenda”. 
 
Você sabia que neste sistema de custo o interesse não é apenas na determinação do custo, mas também 
do seu controle? 
Nesse sentido, em um hospital, para cada paciente internado é aberto um prontuário no qual 
são lançados os medicamentos ministrados procedimentos médicos aplicados, tipos de equipamentos 
médicos utilizados etc. e é apurado o tempo de atendimento despendido por médicos e enfermeiros. 
No caso da construção civil, para cada obra é aberto um controle no qual são lançados todos os 
insumos consumidos na obra, tais como: tijolos, cimentos, pisos, dentre outros, bem como a hora de 
pedreiros, engenheiros, eletricistas etc. Portanto, podemos afirmar que no OP não se pode falar em 
custo médio, uma vez que todos os custos são devidamente identificados especificamente a cada objeto 
de custo. 
Os custos de mão de obra e de materiais gastos em determinada ordem são apurados a partir de 
registros mantidos para esta finalidade. Os custos indiretos são normalmente aplicados às ordem e por 
taxas predeterminadas, tendo como base, geralmente, as horas de mão de obra direta (SILVA; LINS, 
2010). 
Esta metodologia é bastante utilizada em organizações cujos contratos frequentemente preveem 
pagamentos em função dos custos. Dessa maneira, as informações fornecidas pelo sistema de ordem 
de produção compensam os possíveis custos adicionais envolvidos na manutenção do sistema. 
Agora que você já conhece o método de Ordem de Produção, convido-lhe a conhecer o método 
de Produção Contínua (Sistema de Custos por Processo). 
 
 
Sistema de Acumulação de Custos por Produção Contínua (Sistema de Custos por Processo) 
O sistema de acumulação de custos por produção contínua (Sistema de Custos por Processo) é 
utilizado geralmente em indústrias cuja produção é em larga escala, tais como: indústrias químicas e 
indústrias de cimento. 
Este sistema não requer a contabilização dos custos de itens individuais ou grupos de itens. 
Desse modo, para esse sistema, todos os custos são acumulados em centros de custos ou departamentos 
e apropriados aos produtos em bases sistemáticas. 
Sabemos que os custos podem ser acumulados por diferentes processos de produção. Assim, 
pode ser necessário ter diferentes centros de custos para diferentes produtos. Esses centros de custos 
são, na realidade, contas de produção em andamentos, existindo diferentes processos contábeis para 
cada processo de fabricação de cada produto. 
O custo de cada unidade é determinado pela média de todas as unidades produzidas no período, 
dividindo-se o total dos custos pelo volume. Não há a possibilidade de determinar o custo de fabricação 
separadamente de produtos vendidos a clientes específicos, como ocorre na produção por ondem. Os 
bens não são fabricados sob encomenda, mas estocados para serem vendidos a qualquer cliente 
(SILVA; LINS, 2010). 
 
 
Coproduto, subproduto, Custos Conjuntos e Sucatas 
Conforme Leone (2009), em todos os tipos de fabricação acontecem os fenômenos de 
coprodução, subprodução e de custos conjuntos. Todavia, eles são mais frequentes no processo de 
Acumulação de Custos por Produção Contínua. Vamos ver cada um deles: 
 
 
Coprodutos: 
São os próprios produtos principais, que contribuem substancialmente para o faturamento total da 
empresa, gerados a partir de uma mesma matéria-prima. De um mesmo lote de toras de madeira, uma 
serraria pode produzir diversos coprodutos, como vigas, pranchas, ripas, portas, rodapés, tacos, 
batentes, vigas etc. De um mesmo lote de resinas de PVC, uma indústria de plásticos pode gerar canos, 
tubos, conexões, caixas etc. 
 
 
Subprodutos: 
Produtos que surgem naturalmente do processo de produção dos coprodutos. São, normalmente, 
vendidos, mas seu faturamento é quase sempre irrelevante em relação ao faturamento total da empresa. 
O surgimento dos subprodutos decorre da evolução tecnológica dos processos produtivos, que permite 
o aproveitamento, em nível comercial, de parte das sobras ocorridas na produção. Como exemplo, 
temos o vinhoto resultante do processamento da cana-de-açúcar nas usinas que é reaproveitado 
comercialmente para a fabricação de fertilizantes. Sobras nos frigoríficos, que até recentemente eram 
incineradas ou jogadas no lixo, agora são exploradas comercialmente para a fabricação de ração 
animal. Devido a essa característica de pequena participação nas receitas da empresa e também ao fato 
de se originarem de desperdícios, deixam de ser considerados produtos propriamente ditos. 
 
 
Custo dos Produtos Conjuntos 
Fabricação de diversos produtos a partir de uma mesma matéria-prima, comum a todos os produtos 
acabados. Exemplo: uma refinaria de petróleo e derivados inicia seu processo produtivo com a 
utilização do petróleo bruto, sua matéria-prima básica. 
A partir de certo ponto do processo produtivo cessa o processamento em conjunto, iniciando, a 
produção independente de diversos produtos derivados, como: 
 gasolina; 
 querosene; 
 óleo diesel; 
 graxas; 
 óleos e resinas lubrificantes; 
 emulsão asfáltica; 
 thinner; 
 GLP etc. 
Como tratamos anteriormente, a ocorrência da produção em conjunto é mais comum nas empresas de 
produção, mas pode ocorrer também nas empresas que produzem por encomenda, como, por exemplo, 
em produtoras de móveis de madeira por encomenda: a partir de um único lote de toras, podem fabricar 
peças de diferentes tipos e qualidade. 
 
Produção conjunta: utilização do mesmo complexo industrial para a produção de diversos 
coprodutos ou subprodutos, muitas vezes com a utilização das mesmas matérias-primas, máquinas e 
mão de obra, principalmente nos seguintes setores industriais: 
 Químico e petroquímico; 
 Refinarias
de petróleo; 
 Farmacêutico; 
 Usinas de processamento de produtos agrícolas; 
 Setor alimentício; 
 Setor metalúrgico; 
 Mineração etc. 
 
 
Custos conjuntos e custos específicos 
Custos Conjuntos: são os custos de produção – matérias-primas, mão de obra, depreciação e outros 
custos indiretos – ocorridos do início até o ponto de separação dos processos em conjunto. 
Custos Específicos: referem-se a apenas uma linha de exploração. 
 
 
Custos Conjuntos e o Ponto de Separação 
Ponto de separação: é o ponto – ou etapa – do processo produtivo no qual cessa o processamento 
industrial em conjunto. A partir do ponto de separação, os derivados podem ser vendidos no estado de 
bruto ou submetidos a outros processos específicos de industrialização. 
Exemplo: em uma refinaria, a gasolina derivada do refino do petróleo bruto pode ser vendida no estado 
ou ser novamente industrializada, para a obtenção de combustíveis especiais para aeronaves, 
embarcações e veículos especiais. 
 
 
Métodos de distribuição dos custos conjuntos aos coprodutos 
a) Método do Valor de Mercado 
Mais utilizado na prática. Distribui o resultado de forma homogênea aos Coprodutos. 
 
 
Vamos a um exemplo prático: 
A distribuição dos R$ 45.000.000,00 de Custo Conjunto feita proporcionalmente à participação do 
Coproduto na receita fica: 
Coproduto A: R$15.000.000,00 
Coproduto B: R$15.000.000,00 
Coproduto C: R$15.000.000,00 
 
 
b) Método dos Volumes Produzidos 
Apropria custos iguais por unidade de volume elaborado. 
 
 
Mais um exemplo prático: 
O produto B está, por esse critério, com custo maior que seu preço de venda de R$ 200/kg. O valor de 
custo por unidade de cada coproduto poderia simplesmente ser obtido pela divisão de R$ 
45.000.000,00 por 215.000 kg. Tal método poderia ser válido se os produtos tivessem características 
muito semelhantes entre si, inclusive sem muita divergência em seus preços de mercado. 
 
 
c) Método da Igualdade do Lucro Bruto 
Distribui o Custo Conjunto de tal forma que cada produto tenha o mesmo lucro bruto por unidade. 
 
 
Ainda usamos o mesmo exemplo: 
Receita total = R$ 60.000.000,00 (PV = R$ 20.000,00,00) 
(-) Custos total conjunto = R$ 45.000.000,00 
Lucro bruto total = R$ 15.000.000,00 
 
 
d) Método das Ponderações 
Pondera-se cada coproduto em termos de grau de dificuldade, importância, facilidade de venda etc. de 
cada um. No mesmo exemplo, deveríamos apropriar custos de tal forma que cada unidade de A fosse 
equivalente ao número índice 100, cada unidade de B a 40 e cada uma de C a 65. 
 
 
Sucatas 
São produtos que podem ou não surgir do processo de produção normal, tais como sobras, 
pedaços, resíduos e aparas. Podem ser compostos de coprodutos ou subprodutos rejeitados, ou mesmo 
de um lote de materiais reprovados pelo controle de qualidade. Na maioria das vezes, as sucatas fazem 
parte do processo produtivo e não há como evitá-las. 
Uma editora de livros utiliza bobinas de 500 quilos na impressora: o volume de utilização do 
papel contido em determinada bobina irá consumir apenas 480 quilos de papel. Não há como 
reaproveitar a sobra de 20 quilos, então essa sobra será considerada como aparas de papel, e como tal 
será vendida para os sucateiros ou para as gráficas de menor porte. 
As sucatas são itens cuja venda á esporádica e realizada por valor não previsível na data em 
que surgem na produção. Mesmo que existam em quantidade razoáveis na empresa, não aparecem 
como estoque na Contabilidade. Quando ocorrer sua venda, têm sua receita contabilizada na conta 
contábil “Outras Receitas”. 
A seguir, você pode observar o quadro comparativo entre os Sistemas de Acumulação de 
Custos por Ordem de Produção e por Produção Contínua (Sistema de Custos por Processo): 
 
 
De acordo com Leone (2009), qualquer sistema de acumulação de custos pode empregar o 
custeio por absorção ou o custeio variável. Para empregar o custeio por absorção, todos os custos fabris 
devem ser tratados como custo dos produtos ou serviços. 
Quando os custos não são diretamente identificados aos produtos ou serviços, eles devem ser 
debitados a esses objetos por meio de rateios. Para o emprego do custeio variável somente serão 
considerados os custos que forem variáveis e diretos com algum parâmetro identificado com as 
operações de fabricação. Os demais custos, mesmo relacionados à atividade fabril, que não estejam 
nas condições referidas, devem ser tratados como custos relacionados ao período. 
 
Encerramento 
Qual o papel dos Elementos de Custos na formação dos custos dos produtos, mercadorias 
e serviços? 
Como estudamos, os Elementos de Custos fazem parte da formação dos custos dos produtos, 
mercadorias e serviços. Para que os gestores tomarem as suas decisões, eles necessitam saber 
quanto custa cada elemento formador do produto ou serviço, bem como qual a soma desses 
elementos em todos os estágios da produção. 
Como a apuração dos custos dos produtos vendidos contribui para uma gestão de custos 
eficaz? 
Na indústria, o custo dos produtos vendidos deve partir do custo industrial, que compreende 
mão de obra calculada especificamente para cada tipo e unidade de produto, mais a matéria-
prima e componentes, quantificados para a unidade do produto e valorados de acordo com o 
custo de entrada. Isso faz com que a apuração custos dos produtos vendidos seja realizada de 
forma acurada, possibilitado informações precisas para o processo decisório, de modo a 
permitir uma gestão de custos eficaz. 
 Quais das Metodologias de custeio que atendem à legislação fiscal? 
O esquema básico da contabilidade de custos incide na apropriação dos custos diretos e na 
alocação dos custos indiretos conforme rateio aos produtos e serviços da companhia. O 
custeio por absorção é o método tradicional de custeamento no qual para se obter o custo de 
produção, consideram-se todos os gastos industriais, diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. 
Essa metodologia de custeio é decorrente da aplicação do Princípio da Competência, válido 
para a apresentação de demonstrações contábeis e pagamento do imposto de renda. 
 
Resumo da Unidade 
Nesta unidade, tratamos sobre os elementos de custos que são considerados os custos 
associados ao processo de fabricação dos produtos. Eles são relacionados diretamente às atividades da 
empresa. Como elementos de custos existem: elementos do custo industrial, elementos do custo 
comercial e elementos dos custos nos serviços. Aprendemos que o custo dos produtos vendidos, que 
corresponde à soma dos custos incorridos na fabricação dos produtos que foram vendidos em 
determinado período e é calculado considerando-se as diversas fases pelas quais passa a matéria-prima 
até ser vendida como produto pronto, em determinado período. Aprendemos sobre as metodologias de 
custeio, que são: o custeio por absorção cuja denominação já descreve, absorve ao custo dos produtos 
todos os custos da área de fabricação e o custeio variável que distribui apenas os custos variáveis de 
produção às quantidades e produtos produzidos no período. Estudamos os coprodutos, subproduto, 
custos conjuntos e sucatas, que são casos em que de uma matéria-prima única são produzidos vários 
produtos.

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