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Negociações Internacionais Embrapa Centro de Estudo das Negociações Internacionais/USP Site: www.caeni.com.br E-mail: caeni@caeni.com.br Brasília, Outubro/2013 CONTEÚDO 1. Elementos principais. 2. Método e técnicas de barganha. 3. Cultura & negociações. 4. Modelo PON/Havard e Jogos de 2 Níveis (J2N). MÉTODO DO CURSO ANALISTA: CONCEITOS ABORDAGENS TEORIA PRATICANTE: SIMULAÇÕES TÁTICAS TÉCNICAS efeito de retroalimentação Caeni/USP Site: www.caeni.com.br Departamento de Ciência Política/USP Centro de treinamento e pesquisa em negociações internacionais. É um laboratório ligado ao Departamento de Ciência Política da USP. Publicações e linha de pesquisa: on line. PON Program on Negotiation Site: www.pon.harvard.edu Harvard Law School Programa de pesquisa sobre Negociações Internacionais da Universidade de Harvard. Criado em 1979 tem como quatro áreas de destaque: teorias de NI, treinamento, técnicas de negociações e publicações. PIN Processes of International Negotiation Site: www.pin-negotiation.org/ IIASA (International Institute for Applied Systems Analysis), Áustria Think tank especializado na área de negociações internacionais. Publicações: Principais livros e newsletter PIN Points. I. Elementos de um processo de negociações ELEMENTOS DAS NEGOCIAÇÕES 1. TIPO DO OBJETO 2. NEGOCIADORES: número e perfil 3. ESTRUTURA: relação de poder 4. CONJUNTURA: contexto 5. REGRAS: métodos de decisão 6. ESTRATÉGIAS 7. TÁTICAS: barganha e impasse Tipos de Objetos (4 atributos) 1. Tangibilidade 2. Integralidade 3. Proporcionalidade 4. Obtenção de ganhos . Tipos de Objetos (4 atributos) 1. Tangibilidade: relativo à concretude e subjetividade do objeto. 2. Integralidade: relativo ao montante total do objeto (Ut) 3. Proporcionalidade: proporcionalidade de ganhos 4. Obtenção de ganhos: como varia o ganho de um em função do ganho do outro. . 1. Tangilidade do objeto Objetos tangíveis: mensuração e referência podem atuar como elementos indutores positivos. Objetos intangíveis: ausência de referência ou parâmetros dificultam a identificação da utilidade e dos termos de troca. µtpós-acordo 2. Integralidade do objeto µa µa µa µb µb µb JSV- µt0= utilidade total pré-acordo. µt1= utilidade total pós-acordo. µtSQ JSV+ JSK Soma constante (JSK) Soma Variável (JSV) Definição: bolo não muda de tamanho com o acordo. Se a constante for igual a zero: JSZ Definição: bolo muda de tamanho com o acordo*. - Se aumenta: JSV + - Se diminui: JSV - Barganha distributiva Barganha integrativa 2. Integralidade do objeto Probabilidade de acordo: JSV+ > JSK > JSV (tendência) (tendência) 3. Proporcionalidade do objeto Ganhos absolutos: negociador está preocupado apenas com seus próprios ganhos. Negociador coopera se µa 1> µa 0 . Ganhos relativos: negociador está preocupado com a proporção de ganhos (portanto também com o ganho do outro). → a coopera se: µa 1/Ut 1 > µa 0 /Ut 0 4. Obtenção de ganhos Tipos de Barganha (2 atributos) Ub Ua Barganha Integrativa (JSV+) Barganha Integrativa Ganha Perde (BIGP) Desintegrativa Ganha Perde (BDGP) SQ BDGP BIGG BDPP BIGP Barganha Desintegrativa (JSV-) Tipos de barganha (2 atributos) I. Barganha Distributiva II. Barganha Integrativa ß Integrativa Ganha-Perde ß Integrativa Ganha-Ganha III. Barganha Desistegrativa ß Desintegrativa Ganha-Perde ß Desintegrativa Ganha-Ganha Barganha distributiva Barganha integrativa Negociação não cria valor novo. Bolo fica do mesmo tamanho. Negociação cria valor novo. Bolo cresce não-acordo acordo ESTRATÉGIAS Fórmula Negociadora Coopetição x Comperação 1.COOPERAR 2.COMPETIR 3. COMPERAR 4. COOPETIR Estratégia Pura Estratégia Mista compete → coopera Ex: Integração Regional coopera → compete Ex: Programa ETANOL Negociador posicional Negociador flexível Posições fixas/rigidez Baseado em posições Dogmático Posições flexíveis Baseado em interesses Pragmático Barganha distributiva Barganha integrativa PERFIL DOS NEGOCIADORES (tendência) (tendência) II. Método e técnicas de barganha MÉTODOS DE BARGANHA 1. Efeito catraca 2. Colheita breve 3. Pacote único 4. Massa crítica 5. Acordos lateral 6. Acordos plurilaterais TÉCNICAS DE BARGANHA 1. Controle da agenda 2. TILI (pegar ou largar) 3. Overshoot (undershoot) 4. Escalada de demanda 5. Meio-termo (falso meio- termo) SUPERAÇÃO DE IMPASSE I. Gradualismo 1. fatiamento (salame) 2. fragmentação ß faseamento II. Incrementalismo incorporação de novos temas. - trocas inter-temáticas. III. Mediação T1 T2 T3 T4 T5 T6 F2 F1 1. Fragmentação + Faseamento 2. Incrementalismo Pré-técnicas SUPERAÇÃO DE IMPASSE ESTRUTURA DA MESA barganha distributiva (não-cooperativa) barganha integrativa (cooperativa) II. A INFLUÊNCIA DACULTURA NAS NEGOCIAÇÕES CULTURA E SUAS DIMENSÕES Heurística, atalho na formação de preferências Dimensão moral e sistemas de crenças Distribuição de funções Processamento de informação e erros de avaliação Produção e reprodução de valores Produção e reprodução de valores TABU & NEGOCIAÇÕES inegociável (tabu) negociável+ negociável++ Camadas: 1. Negociável++: corriqueiro. 2. Negociável+: dilemático. 3. Inegociável: tabu. A composição das três camadas variam de acordo com a cultura. Divergência = impasse. Distância cultural. DIMENSÕES CULTURAIS ATRIBUTOS PARÂMETRO TIPO 1 TIPO II I. Inclusão Distância cultural unicultural multicultural Distância de poder horizontal hierárquico Distância de gênero machista igualitário II. Gestão Imediatismo gradualismo imediatismo Formalismo informal contratual Aversão ao risco averso propenso Estatismo estatista liberal II. Relacionamento Coletivismo coletivista individualista Personalismo pessoal profissional Linguagem indireta direta III. CULTURA E NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS: 3 Casos (EUA, Japão e Índia) -32 1. O NEGOCIADOR NORTE-AMERICANO Abordagem: direta, objetiva, combativa, assertiva, afirmativa. Ritmo de negociações: acelerado. Individualismo: elevado. Estrutura da equipe: mandato negociador. Baixa ênfase nas relações inter-pessoais. Formalidade: peso de fatores contratuais. -33 2. O NEGOCIADOR JAPONÊS Abordagem: não-confrontacional Ritmo de negociações: lento Processo decisório: coletivo Formalidade, deferência, hierarquia Humildade, silêncio, modéstia Aspectos emocionais: sensibilidade (valorizada)/emotividade (não revelada) -34 2. O NEGOCIADOR JAPONÊS Estratégia de negociação: apresentação de questões (agrupadas)/concessões (lentas) Estilo Low-profile: baixo perfil internacional Linguagem: vaga, ambígua, não comprometedora Estratégia do “watch and wait”. Fatores contratuais: necessidade moderada -35 3. O NEGOCIADOR INDIANO Abordagem: não-confrontacional Princípio: ahimsa (não-violência, negativa direta é considerada rude). Dimensão religiosa é central. Linguagem corporal: acentuada. Ênfase: relacionamento inter-pessoal e construção de confiança. IV. MODELO PON PROJECT ON NEGOTIATION Bibliografia Básica MÉTODO PON QUATRO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS • Separar pessoas e problemas • Focar em interesses e não em posições • Insistir em critérios objetivos • Criar opções de ganhos mútuos GANHOS MÚTUOS CONCEITO DE BATNA • Best Alternative To Non-Agreement (BATNA) - Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo (MAANA). • Fornece subsídios à formulação da estratégia negociadora. • Custos do não acordo para ambas as partes negociadoras. EXEMPLIFICAÇÃO • Valor Estimado da Empresa: $ 20 mi • Shapiro: 49% da empresa - Posição: $ 10 mi • Oferta de Stevenson: $ 8,5 mi • Cálculo do BATNA de Shapiro: (0.7 x $10mi) Pr (Vitória)/Ganho + (0.3 x $3mi) Pr (Derrota)/Perda – ($500,000) Custo do litígio legal $7.4mi Valor de Reserva DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA DO EXEMPLO US$ 7,4 mi BATNA do Shapiro US$ 8,5 mi BATNA do Stevenson ZOPA PREPARAÇÃO PRÉ-NEGOCIAÇÃO 1. Listar suas alternativas 2. Avaliar as alternativas 3. Determinar o seu BATNA 4. Calcular o seu valor de reserva RESULTADOS ESPERADOS N1 demandante N2 permissivo Baixa Probabilidade de Negociação Negociação Provável e baixo nível de conflito N1 permissivo N2 demandante B A T N A N 1 BATNA N2 A L T O ALTO B A IX O BAIXO O CASO DO MINÉRIO DE FERRO • Negociação internacional entre fornecedores da commodity minério de ferro e compradores da mesma (siderúrgicas). • Caso: CVRD + Rio Tinto (RT) + BHP X Siderúrgicas Chinesas ANTECEDENTES • 2005 – CVRD + BHP + RT 71,5% • 2007 – CRVD x BHP + RT – discordâncias no frete • 2008 - A CISA (Chinese Iron and Steel Association), liderada pela Baosteel, coordena as negociações das compradoras chinesas. PRINCIPAIS FORNECEDORES DE MINÉRIO DE FERRO NO MUNDO Países Milhões de Toneladas (2006) Austrália 271 Brasil 251 Índia 89 Canadá 33 África do Sul 27 Suécia 18 Mauritânia 12 Venezuela 7 Chile 7 Peru 5 Principais empresas produtoras Principais países produtores Fonte: CSN (2006) Fonte: CSN (2006) PRINCIPAIS COMPRADOES DE MINÉRIO DE FERRO NO MUNDO País Produção de aço CHINA 423 JAPÃO 116 USA 99 RÚSSIA 71 CORÉIA DO SUL 49 ALEMANHA 47 Demanda mundial de aço (em milhões de toneladas) Produção de aço em milhões de toneladas Fonte: BNDES (2006) Fonte: BNDES (2006) ANÁLISE DO BATNA BATNA FORTE BATNA FRACO CVRD+BHP+RT(2005) Siderúrgicas chinesas (2005) CISA (2008) CVRD(2008) RESULTADO DA NEGOCIAÇÃO NEGOCIADOR ESPERADO OBTIDO CVRD 70-80% 65-71% BHP + RT 100% 96% CISA 30% 65-96% Fonte: Valor Econômico (2008) O CASO DAS NEGOCIAÇÕES DE DOHA NA OMC • Principal foco da negociação: subsídios agrícolas • Principais Envolvidos: EUA + UE X G20 (Brasil + Índia) CONTEXTO INSTITUCIONAL DA OMC • single undertaking: os membros da OMC devem aceitar todos os acordos como um conjunto não dissociável. Tabela 1. Processo Decisório na OMC. Regra Decisória Tipo de Tema Unanimidade Emendas relacionadas a princípios gerais como o da não- discriminação Maioria ¾ Interpretações acerca de provisões da OMC e atos disciplinares a membros da OMC Maioria 2/3 Emendas relacionadas a qualquer assunto que não seja princípios gerais Consenso Todos os outros temas Fonte: Hoekman and Kostecki (2001) CENÁRIOS POSSÍVEIS 1) Nenhum Acordo 2) Compromisso Modesto em Agricultura 3) Amplo Compromisso apenas para os Países Desenvolvidos 4) Amplo Compromisso para Todos os Países PREFERÊNCIAS DOS PRINCIPAIS ATORES ENVOLVIDOS • Brasil: 4>3>1>2 - país competitivo em bens agrícolas; interesse em liberalizar os mercados dos PDs. • Índia: 3>1>2>4 - país defensivo em agricultura por conta da segurança alimentar • União Europeia: 2>1>4>3 - manutenção de algum nível de proteção agrícola ao mesmo tempo em que viabiliza a negociação de outros temas de seu interesse • EUA 2>4>3>1 - lhe interessa a aprovação da proposta conjunta para liberar a agenda Fonte: Pereira e Miranda, 2008 ANÁLISE BATNA BRASIL ÍNDIA UE BATNA FORTE BATNA FRACO EUA 56 PRINCIPAIS COMPONENTES DA PROPOSTA CONJUNTA EUA-UE • EUA: US$ 22 bi US$ 14,5 bi anuais • UE: 80% dos subsídios - Teto de US$ 36 bi • 140% das importações agrícolas: países poderão elevar tarifas. OUTROS IMPORTANTES PONTOS DA PROPOSTA • Corte médio de tarifas industriais na ordem de 54%. • Países Emergentes: tarifa consolidada industrial entre 20% e 25%. • Brasil: automóveis = 24%. • UE Brasil: cota de 1,4 mi toneladas de etanol com tarifa de 10% até 2020. Tarifa de 35% ao excedente. Conclusão • Brasil aceita a proposta – BATNA fraco, rompendo com o G20. • China, Índia, Argentina, África do Sul, entre outros PED, não aceitaram a proposta por conta da não inclusão de salvaguardas para países em desenvolvimento. • Índia - BATNA forte – necessidade do BR deixar a coalizão que liderava?
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